Discografias Comentadas: Madonna – Parte I
Por Mairon Machado
A Discografia Comentada dessa vez traz à tona os álbuns de uma das maiores artistas da história da música, Madonna Louise Veronica Ciccone, ou simplesmente, Madonna. A pedido de muitos fãs, resolvi mergulhar na obra cheia de altos e mais altos ainda de uma mulher que superou preconceitos, criou mitos, virou simbolo sexual e feminino, bateu recordes inimagináveis para um único artista, e com uma história de muita superação, colocou seu nome no Hall das grandes deusas do pop, tornando-se referência e principalmente, a Rainha do Pop.
Em duas partes, narrarei detalhes de seus treze álbuns oficiais, suas principais trilhas sonoras, bem como fatos que marcaram a carreira da menina que chegou pobre, com apenas 35 dólares, ao Brooklyn de Nova Iorque, e de garçonete e dançarina em uma boate de quinta categoria, tornou-se a artista musical feminina mais bem sucedida de todos os tempos, com mais de 300 milhões de discos vendidos ao redor do mundo.
Madonna [1983]
A estreia de Madonna é um álbum bem datado comercialmente, levado por bateria eletrônica, sintetizadores Oberheim OB-X e uma Madonna com uma voz ingênua, aguda e pouco técnica, mas capaz de chamar a atenção do público em geral. Com uma vestimenta completamente estranha para a época, de óculos escuros, cabelos desgrenhados, roupas negras revelando sua bela barriga, junto a acessórios metálicos, uma maquiagem caseira pesada e um laço na cabeça, a americana apresenta-se ao mundo através do vídeo-clipe de “Lucky Star“, Top 5 da Billboard e o grande sucesso do álbum, em uma faixa dançante que como o próprio clipe sugere, é perfeita para sacudir o esqueleto. Esse foi o quinto single do álbum, sendo que o mesmo contém oito canções em seu total, mostrando que a gravadora Sire confiava realmente no talento da garota. Além disso, a vestimenta de Madonna, fazendo hinos à libertação e toda coletada em brechós e lojas de rua Nova Iorquina, se tornou uma tendência da moda feminina dos anos 80. Musicalmente, faixas como “Burning Up” – segundo single do LP – e “Physical Attraction” revelam uma Madonna antenada com o som dos 80, empregando guitarras, baixo e sintetizadores homogeneizados com uma melodia grudenta, e cantando de forma não tão aguda, o que nos faz lembrar de bandas que posteriormente seguiram essa onda, como Roxette ou até mesmo Kid Abelha, e mesmo relegadas hoje ao status de obscuridade na vasta discografia de Madonna, são ótimas faixas. Gosto do ritmo eletrônico de “I Know It” e “Think of Me”, canções que também ficaram obscurecidas pelo sucesso das faixas que ganharam destaque nas rádios, as quais foram “Bordeline“, carregadíssima em sintetizadores e com um pequeno arranjo vocal em seu refrão, a qual foi o quarto single de Madonna e tem outro “clipe” que se tornou clássico, “Everybody“, faixa fantástica onde o ritmo dos eletrônicos e a voz de Madonna atiçam todo o corpo do vivente, e que não entendo por que é tão pouco considerada pelos fãs da artista, lembrando que que este foi o primeiro single do álbum, e “Holiday“, terceiro single e para mim a melhor faixa do álbum, através de seu refrão para cima, introdução fatal para colocar os pés na pista de dança em uma festa anos 80 e mais um clipe clássico, levando muitos jovens a ir para as academias e dançar com os passos criados pela garota da pinta no rosto, sendo que essa foi a primeira canção de Madonna a entrar nas 100 mais das paradas americanas. Os clipes de “Burning Up”, “Borderline” e “Lucky Star” foram lançados em um VHS a parte, no ano de 1984, juntos com o clipe de um novo single, “Like a Virgin”, nesta que é uma das raridades da carreira de Madonna. O que mais chama a atenção neste álbum é que a novata Madonna é responsável por compor cinco das oito canções do mesmo, e mesmo sendo letras simples sobre relacionamentos e amor, é uma audácia que já mostrava para que ela veio ao mundo. Influência fácil para o nascimento de nomes como Cindy Lauper, Paula Abdul, Britney Spears entre outros, pode se dizer que Madonna é um dos grandes discos de estreia do Pop Disco e Dance Pop, tanto que chegou a oitava posição na Billboard e já vendeu mais de dez milhões de cópias em todo o mundo (cinco milhões apenas nos Estados Unidos) mas longe de ser um dos grandes álbuns da garota de Bay City, Michigan.
Like a Virgin [1984]
Com seu segundo álbum, Madonna começa uma sequência inigualável de discos sensacionais e completamente necessários em qualquer prateleira de um apreciador de música, seja qual estilo for. Mais madura, a ainda morena Madonna faz aqui o álbum que mostra que ela não era apenas um produto musical para conquistar um hit, e contando com a parceria do Deus da produção Nile Rodgers (Chic), e o resultado só podia ser um disco extremamente dançante, grudento e recheado de clássicos. Daqui foram extraídos mais cinco singles, começando com “Material Girl” e seu famoso clipe com Madonna emulando Marilyn Monroe no filme Os Homens Preferem as Loiras, e com uma canção que por mais que diga que ela é uma menina materialista, não tem como os babões não se renderem a beleza da garota, em um ritmo pop muito acessível cujo refrão grudento virou rapidamente um dos ícones dos anos 80. O segundo single foi a faixa-título, cheia de nuances líricas que fazem a cabeça do vivente delirar imaginando que “está fazendo Madonna sentir-se virgem, como se tivesse sido tocada pela primeira vez”. Que baita música! Na década de 80 – e alguns anos depois – isso era um atrativo a mais para chamar a atenção da cantora, positiva e negativamente, e claro, fazer com que mais barbados fossem atrás das canções da garota, e muitas meninas tivessem finalmente alguém para expressar através da música aquilo que sentiam. O clipe de Madonna sensualizando pelos canais de Veneza também marcou época. “Angel” foi o terceiro single, em uma faixa sensualíssima, com um embalo ameno mas caprichado dos sintetizadores, e Madonna arrasando nos vocais. Essas três faixas abrem o LP, mostrando de cara toda a força de Like a Virgin, e para encerrar o lado A, surgem o pop animado de “Over and Over”, destacando o bom emprego de vocalizações e mais um refrão grudento, e “Love don’t Live Here Anymore”, uma faixa lindíssima, com um arrepiante arranjo de cordas para uma empreitada arriscada na qual Madonna se sai muito bem, e torna-se profissional a partir daqui que é a criação de baladas envolventes e tocantes, sendo que acho essa canção talvez a melhor do álbum, pois aqui a garota materialista mostra suas capacidades vocais acima de tudo. O lado B abre com o quarto single, “Dress You Up”, outra canção essencialmente pop, na linha de “Over and Over”, com emprego de eletrônicos, os quais aparecem com exagero também em “Stay” e “Pretender”, faixas bem abaixo do nível das demais, sendo excessivamente datadas para a época, mas ainda melhores do que muito material do álbum de estreia. Em compensação, não há presença efusiva de eletrônicos na semi-balada “Shoo-Bee-Doo”, levada por um embalo simples e contando com um breve solo de saxofone, em uma linha próxima ao soul (méritos claros para Rodgers). Esse é o track list original de Like a Virgin, mas as edições a partir de 1985 incluíram “Into the Groove“, uma das melhores faixas da carreira de Madonna, que foi o quinto e último single, devido ao sucesso de seu single no Reino Unido, onde atingiu a primeira posição por conta de fazer parte do primeiro filme de Madonna como atriz principal, Procura-se Susan Desesperadamente (ainda em 1985, ano de lançamento desse filme, ela tinha feito uma breve aparição como cantora em um clube noturno no filme Em Busca da Vitória, de onde saíram os singles “Crazy for You” e “Gambler”, sendo este o último single de Madonna composto apenas por ela). É mais uma genial faixa de Madonna, com um embalo feito para as pistas de dança, lembrando principalmente canções de Madonna, porém com destaque total para a interpretação de Madonna, cada vez crescendo mais musicalmente. Like a Virgin foi o primeiro dos oito álbuns de Madonna a atingir a primeira posição nas paradas americanas, bem como Alemanha, Itália, Países Baixos, Nova Zelândia, Espanha e Reino Unido. Já vendeu mais de 25 milhões de álbuns ao redor do mundo, sendo que 10 milhões apenas nos Estados Unidos, e com certeza, é um dos grandes álbuns da discografia da cantora, mas ainda não o seu melhor. Falei demais, mas o disco merece!
A turnê de promoção gerou o VHS Madonna Live: The Virgin Tour (1985), com a apresentação de Madonna em Michigan, naquele mesmo ano.
True Blue [1986]
Forte candidato a melhor disco da carreira da agora loira Madonna, True Blue marcou época em seu lançamento. A americana agora deixava o lado menina de seus dois primeiros discos e assumia uma postura de mulher, trazendo para o disco temas femininos e que fizeram as pessoas pensar, além de dançar e cantar com muito mais força e precisão. O lado A é simplesmente um dos melhores Lado A da história do pop, abrindo com as cordas de “Papa don’t Preach“, pequeno épico anti-aborto que ainda hoje faz muita gente se arrepiar com a interpretação de Madonna, e com um clipe tocante no qual Madonna surge de cabelos curtos e com um visual bem diferente dos primeiros álbuns, segue com a famigerada “Open Your Heart”, faixa proposta para ser gravada por Cindy Lauper, a qual recusou a mesma, e que coloca o salão de danças oitentista em êxtase, com a letra que apresenta os sentimentos inocentes que um garoto sente por uma garota, e com um clipe que causou polêmica por apresentar Madonna inspirada em Liza Minelli e Marlene Dietrich, fazendo uma dança erótica em um peep show, e ainda um menino que busca visualizar essa sensualidade toda, o que alguns entenderam como insinuação à pedofilia, principalmente quando Madonna beija o garoto na boca, passa por “White Heat”, homenagem à James Cagney e o filme homônimo de 1947, o qual tem trechos incluídos na introdução e no encerramento da mesma, que possui uma levada funky que agrada tanto quem curte o estilo quanto os que o menosprezam, e encerra com o delírio musical de “Live to Tell“, facilmente uma das melhores canções de Madonna, que é daquelas baladas para se aninhar no sofá e simplesmente se entregar para a emoção musical que a faixa cria em seu corpo, carregada por sintetizadores climáticos, uma bateria eletrônica precisamente chapante e uma voz de Madonna que faz subir os pelos do suvaco. Que música linda! O lado B não fica atrás, apresentando pelo menos mais duas faixas emblemáticas, as quais são a própria faixa-título, com sua levada de rock ballad anos 50 carregando a voz aguda de Madonna e com um refrão tão sútil que dá vontade de colocar a cantora sobre os braços, e “La Isla Bonita“, fantástica imersão de Madonna pela música latina, com a percussão cubana sendo o centro das atenções junto com as passagens vocais cantadas em espanhol, além de um sútil violão flamenco, e com o clipe apresentando uma exuberante Madonna vestida de dançarina flamenca. Dessas seis faixas que comentei, cinco viraram singles: “Live to Tell”, “Papa Don’t Preach”, “True Blue“, “Open Your Heart” e “La Isla Bonita”, sendo que todos eles alcançaram no mínimo prata pelas vendas nos Estados Unidos e Reino Unido, com “Papa don’t Preach” sendo ouro em ambos os países. Complementando True Blue estão “Where’s the Party”, faixa que lembra bastante os ritmos dançantes de Madonna, “Jimmy Jimmy”, canção alegre na linha de “Over and Over”, e a desnecessária “Love Makes the World Go Round”, que contrasta fortemente com as boas produções que vieram anteriormente, sendo uma faixa muito aquém das qualidades totais do álbum. A versão original do LP traz um pôster de Madonna reproduzindo a imagem da capa. True Blue marcou a carreira de Madonna tanto pelo número de vendas como por modificar totalmente sua imagem para o mercado mundial, tornando-a definitivamente uma super star. Em termos de vendas, o disco foi Top 3 em quase toda a Europa Ocidental (primeiro na Alemanha, Espanha, França, Holanda, Itália, Suíça e Reino Unido, país em que conquistou a marca de platina por 7 vezes, com dois milhões de discos vendidos, segundo na Áustria, Noruega e Suécia), bem como foi o mais vendido na Austrália, Nova Zelândia, Brasil, Argentina, Canadá e Estados Unidos, onde também conquistou a marca de platina sete vezes (7 milhões de discos vendidos) e foi segundo no Japão, façanha inédita para uma cantora americana naquele país. Ao todo, foram 28 países que o tiveram na primeira posição. O disco permaneceu no topo da tabela musical European Top 100 Albums por 34 semanas, sendo até hoje o álbum que permaneceu mais tempo nessa posição. Foi o álbum feminino mais vendido da década de 80, e até hoje, já vendeu mais de 30 milhões de cópias em todo o mundo.
O novo visual de Madonna pôde ser melhor conferido no filme Shangai Surprise! (no Brasil Surpresa de Shangai) ao lado do então marido Sean Penn, para o qual True Blue foi dedicado, sendo que na época, Madonna o chamou de “O homem mais legal do planeta”. O filme, lançado também em 1986, foi um fracasso de crítica e público, tanto que teve várias indicações para o Framboesa de Ouro (espécie de Oscar invertido, já que premia os piores quesitos ligados ao Cinema), dentre eles, o de pior atriz, que foi ganho por Madonna. Mesmo assim, o sucesso de True Blue não impediu o crescimento de Madonna, que saiu em uma gigantesca turnê pela América do Norte, Europa e Ásia, para promover o álbum e seu sucessor, que acabou dando nome para a turnê, Who’s That Girl Tour, registrada nos vídeos Who’s That Girl – Live in Japan (1987) e Ciao, Italia! – Live From Italy (1988).
Who’s That Girl [1987]
Em 1987, saiu o terceiro filme com Madonna como atriz principal, Who’s That Girl, e consequentemente, a trilha sonora de um filme muito simples, uma comédia pouco inspirada que passou diversas vezes na Sessão da Tarde, mas hoje deve estar mofando nos porões da Rede Globo. Quanto à Trilha Sonora, Madonna participa com quatro canções: “Who’s That Girl“, trazendo influências latinas assim como ocorreu em “La Isla Bonita”, sendo uma balada pop muito interessante, a pegada “Causing a Commotion”, que curiosamente passou a frequentar os set lists da cantora, sendo uma faixa muito diferente, com uma levada pesada e um refrão grudento, influenciada pela conturbada relação de Madonna com Penn, o clima New Age de “The Look of Love“, que indicaria os caminhos que Madonna iria seguir durante a segunda metade dos anos 90, e “Can’t Stop”, pop leve semelhante ao feito no primeiro disco da cantora. Além de Madonna, participam da trilha nomes que estavam em baixa na gravadora Warner Bros. e precisavam de alguma força para serem divulgados, e a gravadora então não perdeu a oportunidade, os quais são Duncan Fare, Club Nouveau, Michael Davidson, Scritti Pollitti e Coati Mundi, e honestamente, todas esquecíveis. Vale pelas canções de Madonna que só aparecem aqui (com exceção da faixa-título), sendo que muitos consideram o álbum como parte da discografia da cantora, e por isso, acredito que seria injusto não creditar ele nessa matéria. Três singles saíram do álbum: a faixa-título, que fez de Madonna a primeira artista feminina a acumular seis canções no topo da tabela americana; “Causing a Commotion” e “The Look of Love”. Como marca adicional, o álbum já vendeu mais de oito milhões de cópias ao redor do mundo, nada mal para uma trilha sonora de um filme de quinta categoria.
Na entre-safra, veio a coletânea You Can Dance, que faz remixes de canções da fase inicial da americana, bem como apresenta a inédita “Spotlight“. Ao mesmo tempo, separou-se de Sean Penn, revelando o lado agressivo do ator, que o agredia constantemente, inclusive com um taco de beisebol, ou então, como ocorreu uma vez, a amarrou em uma cadeira por 9 horas, só libertando-a após a mesma fazer favores sexuais impublicáveis. Esses fatos foram desmentidos anos depois pela cantora, mas a c@g@da já havia sido feita, e a fama de pegador de gostosas (Penn também foi casado com a bela Charlize Theron, e com a sensual e eterna Jenny de Forrest Gump, Robin Wright) e de agressor de mulheres marcou a carreira de Penn a partir de então. O divórcio ocorreu em 1989, mesmo ano que começava uma nova fase na vida da americana.
Like a Prayer [1989]
Para mim, esse é o melhor álbum da americana. Álbum mais vendido em mais de 20 países, platina quádrupla nos Estados Unidos e Reino Unido (quatro milhões e um milhão e duzentas mil cópias vendidas respectivamente), platina quíntupla no Canadá (quinhentas mil cópias vendidas) mais de quinze milhões de cópias vendidas ao redor do mundo, seis singles de sucesso, primeiro colocado nas paradas americanas por seis semanas consecutiva – mais um recorde da cantora – é aqui que Madonna reinventou o pop, mesclando as batidas características do estilo com novidades que não se encontravam em nenhum outro álbum do estilo. Começando pelos grandes sucessos do LP, temos a clássica faixa-título, com seu polêmico clipe banido pelo Vaticano por trazer cruzes queimadas e um santo negro, mas que é uma história fantástica sobre a injusta prisão de um negro por um crime que ele não cometeu, e cuja música é uma incrível mistura de gospel, rock e pop de extrema qualidade, pasteurizados e condensados para atingir grandes massas, em uma faixa longa para os padrões do pop (quase seis minutos de duração), e com uma participação fundamental do baixo de Guy Pratt (ele mesmo, do Pink Floyd pós-Waters). “Cherish” e “Express Yourself” viraram clássicos indiscutíveis no repertório de Madonna, a primeira em sua simplicidade infanto-juvenil que contagiou até o coração de Renato Russo, e com o clipe insinuante de Madonna toda molhada pelo mar, e a segunda resgatando o lado alegre e dançante do álbum de estreia de 1983, mas com um trabalho vocal acima do esperado para uma cantora que ainda era tratada por não possuir grandes dotes vocais, pregando a liberdade para as mulheres e criando o clipe mais caro da história até aquele momento. Aliás, no quesito interpretação, Madonna supera-se na linda “Promise to Try”, acompanhada apenas por um quarteto de cordas e piano, revelando aos fãs que são nas obscuras faixas do álbum que ela mostra por que era Rainha não só do pop, mas também da música. Sua voz brilha em pelo menos mais três canções, começando com “Dear Jessie”, na qual as cordas também aparecem, em uma faixa de difícil classificação, já que é uma peça singular e bela, sem nenhuma batida pop, construída apenas pelas escalas de Música Clássica, e que conduzem a introdução de “Oh Father“, outra faixa soberana em Like a Prayer, com um belíssimo clipe em preto e branco, muito comovente, e musicalmente, novamente com Madonna acompanhada por piano e cordas, fazendo uma interpretação emocionante, nessa que é uma das minhas favoritas desta discografia, ao lado de outra bela faixa de Like a Prayer, “Spanish Eyes (Tears on My Pillow)”, terceira incursão seguida de Madonna por ritmos latinos, mas aqui com todo charme flamenco despejado em uma balada emocionante. O embalo dance de “Till Death Do Us Part” e “Keep It Together” mostram a força pop que a cantora conseguia criar em suas músicas, e os mais exagerados irão dizer que a participação de Prince em “Love Song” é perfeita, e para os padrões Princeanos, realmente o swing dessa balada funk ficou perfeito, principalmente pela ótima combinação vocal da dupla, mesmo reconhecendo que essa é a mais fraca do álbum, perdendo até para a experimental e insana “Act of Contrition”, com uma guitarra carregada de distorções sobre as vocalizações de “Like a Prayer” e Madonna delirando em falas doentias.
Com a turnê do álbum, a inesquecível Blond Ambition Tour, que passou por Japão, Canadá, Estados Unidos e sete países da Europa (Alemanha, Espanha, França, Holanda, Itália, Reino Unido, Suécia), Madonna começou a guiar seu espetáculo para as simulações sexuais que chocariam o mundo. Mas antes de falarmos sobre isso, é preciso lembrar que outro grande sucesso ainda veio ao mundo em 1990.
I’m Breathless: Music from and Inspired by the Film Dick Tracy [1990]
A segunda trilha sonora oficial de Madonna para muitos é um álbum descartável, e no geral, as canções são pouco inspiradas realmente. Inspirada no filme Dick Tracy, filmado ao lado do então namorado Warren Beatty e do astro Al Pacino, o qual mostra uma Madonna loira e sensualíssima, elevando seu grau de atração sexual para níveis estratosféricos, e até que recebeu certo apreço de público e crítica, ganhando três Oscars (melhor direção de arte, melhor maquiagem e melhor canção original, com “Sooner or Later“), Madonna buscou a sonoridade dos jazz de filmes clássicos de Hollywood na década de 30 / 40, a época em que Dick Tracy era publicado em quadrinhos, para construir as canções de um álbum com faixas extraídas do filme e outras apenas compostas para o disco. E até o fez com propriedade, principalmente nas ótimas “He’s a Man“, jazz de tirar o fôlego, principalmente pela levada do baterista Jeff Porcaro (Toto), e na qual podemos imaginar dançarinas de vestidos em um palco enfumaçado, e “Something to Remember”, baladaça levada pelos teclados de Patrick Leonard que acabou batizando um importante álbum de Madonna anos depois. Gosto muito do ritmo enérgico do baixo de Guy Pratt (novamente presente em um álbum de Madonna) em “Hanky Panky”, contando também com ótimas vocalizações, ritmo esse também presente em “Back in Business”, onde destaca-se o saxofone de Jeff Clayton. Porém, o ritmo latino de “I’m Going Bananas” é provavelmente um dos piores momentos da carreira de Madonna, e totalmente desnecessário aqui, assim como a infantil “Cry Baby”, jazz hollywoodiano para americanos apenas admirarem. O jazz suave de “Sooner or Later” marcou as telas do cinema, assim como as outras duas canções presentes em Dick Tracy, no caso “More”, um foxtrot tipicamente anos 30, e a baladaça “What Can You Lose”, na qual Mandy Patinkin é o responsável pelos vocais ao lado de Madonna. Outra parceria, dessa feita com Warren Beatty, é feita em “Now I’m Following You (Part I)”, a qual poderia fazer parte da trilha de “Cantando na Chuva”, mas não em um álbum de Madonna. Acho que é por isso que o disco não vingou entre os fãs de Madonna por que não há eletrônicos, sintetizadores, nada disso, apenas uma incrível banda de jazz e uma interpretação impecável de uma artista que mostrava ao mundo ser capaz de fazer o que quisesse, similar ao que Lady Gaga vem fazendo nos últimos anos. Os eletrônicos aparecem apenas na segunda parte de “Now I’m Following You” e principalmente na melhor faixa do álbum, e uma das melhores de Madonna, a qual não tem nada a ver com o resto do disco, que é o hiper-ultra-mega-hit “Vogue”. Canção dance pop com mistura de house, ela é perfeita para sair do sofá e ficar se sacudindo pela sala. Inspirada na dança de mesmo nome, tem uma levada de baixo e teclados que é de uma genialidade ímpar no mundo pop, fora a interpretação vocal de Madonna que é de arrepiar. Seu clipe também é icônico, filmado em preto e branco, no melhor estilo Hollywood, e com Madonna reinterpretando diversas cenas famosas no Cinema, além de deixar de vez o lado de Nova Garota Americana e posar como uma sensual e atraente mulher. I’m Breathless foi primeiro colocado na Austrália, Alemanha, Japão e na lista geral Europeia, ficando em segundo nos Estados Unidos, onde conquistou platina dupla. Em compensação, “Vogue” ficou em primeiro lugar em trinta países, com seu single atingindo mais de seis milhões de cópias e sendo mais uma façanha de recorde para Madonna era escrita em 1990.
Após o lançamento de I’m Breathless começou a turnê Blood Ambition. Como afirmou a revista Rolling Stone na época da turnê, ela era “elaboradamente coreografada, extravagantemente sexual e provocativo”. Foi nela que Madonna imortalizou o famoso espartilho dourado com cones no seio, criado por Jean Paul Gaultier, bem como chocou as plateias com uma simulação sexual durante “Like a Virgin“. Foi uma das maiores turnês da história da música, e parte dela foi registrada no clássico e polêmico documentário Na Cama com Madonna.
No mesmo ano, saiu a coletânea The Immaculate Collection, abrangendo seis dos sete álbuns de Madonna (nada de Who’s That Girl foi incluído) até então e trazendo duas canções inéditas, “Justify My Love” e “Rescue Me“, onde Madonna abusa (em ambas) de palavras sussurradas de forma sensualíssima. “Justify My Love” logo tornou-se um clássico. Composta em parceria com Lenny Kravitz, é uma canção sensualíssima, em estilo trip hop e porn groove, e cujo polêmico clipe – mais um a ser banido da MTV, dessa feita por trazer conteúdo pornográfico – mostra Madonna sendo seduzida dentro de hotel, e levada para uma excitante jornada de prazer pelos quartos do mesmo, através de sexo lésbico (com a modelo brasileira Amanda Cazalet, que entre outros trabalhos, ilustrou a famosa capa de Heart Still Beating, do Roxy Music), homossexual, sadomasoquismo e ménage à trois. Vale ressaltar que “Justify My Love” foi o primeiro video-single lançado no mundo, ou seja, um VHS contendo apenas o clipe da canção, e que, como só Madonna consegue, tornou-se o VHS-single mais vendido de todos os tempos, com quase 400 mil cópias somente nos EUA, único país onde foi lançado, e que curiosamente, a canção era para ter sido gravado por Paula Abdul (!). Foi esse clipe que impulsionou Madonna a entrar no mundo do sexo com tudo o que tinha direito, mas antes disso, voltando à coletânea, nela todas as faixas receberam um novo tratamento para o disco, sendo remixadas por Shep Pettibonne, e tornando-se exclusivas do álbum, não sendo nem as versões originais encontradas nos discos e nem as famosas versões editadas que saiam para as rádios ou em EPs. The Immaculate Collection vendeu cerca de 40 milhões de cópias no mundo inteiro, e é até hoje a coletânea mais vendida em todo o planeta, assim como o álbum mais vendido de Madonna. Para colecionadores, vale a pena buscar o box The Royal Box, que traz a fita cassete ou o CD de The Immaculate Collection adicionado de um VHS com todos os clipes de Madonna até a época, além de cartões com fotos da Madonna se apresentando no VMA`s de 1990.
Erotica [1992]
Lançado junto com o polêmico livro SEX e o célebre documentário Na Cama com Madonna, esse disco é odiado por muitos e amados por outros. Eu me encaixo nos segundos, pois não consigo ouvir uma nota errada nesse disco impecavelmente sensacional, o qual é erroneamente aclamado/achincalhado por ser erótico em demasia. Na verdade, Madonna soube aproveitar do sucesso e polêmica de “Justify My Love” e enveredou rapidamente para essa onda de sensualidade e libertação sexual, e a faixa-título é a continuação perfeita para as insinuações libertinas que aparecerem em “Justify My Love”, e claro, o clipe cheio de insinuações sexuais ajudou ainda mais a chamar a atenção para a sexualidade explícita da cantora. Outras faixas também trazem o prazer como tema, principalmente na voz sussurrada de Madonna, destacando-se na versão eletrônica para a clássica “Fever” (Eddie Cooley e John Davenport), na sensualíssima “Where Life Begins”, nas batidas hipnotizantes de “Waiting”. Mas o que marca musicalmente Erotica são os ritmos feitos para as casas de dança, com batidas eletrônicas e o house mandando ver,méritos da parceria formada com Shep Pettibonne, em “Deeper and Deeper“, clássico que apresenta elementos flamencos no violão, “Thief of Hearts” – como não balançar o corpo com essa faixa? – ou então a sutileza sensual de faixas amenas como as belas “Bad Girl”, “In this Life” e principalmente “Rain“, provavelmente a melhor canção do disco, com um clima muito triste que nos remete facilmente a “Live to Tell”, e que faz seu refrão ficar na cabeça por dias. Outra faixa marcante é a jazz-house “Secret Garden”, com um espetáculo a parte do piano de James Preston, o baixão de Doug Wimbish, e claro, Madonna botando sensualidade para fora através da sua voz mais que excitante, nessa faixa que ela dedicou para a própria vagina (?). Os eletrônicos sobressaem-se em “Bye Bye Baby”, “Why It’s So Hard” e “Words”, essa com pequenas citações a elementos musicais orientais, e já dão indícios dos novos caminhos musicais que Madonna iria seguir anos depois. Desnecessário apenas o rap de “Did You Do It?”, cantado por Mark Goodman e Dave Murphy. Dos discos até aqui apresentados, foi o que menos vendeu, com “apenas” sete milhões de cópias ao redor do mundo, e foi considerado um fracasso comercial, já que atingiu apenas a segunda posição tanto nos EUA quanto no Reino Unido, conquistando platina dupla em ambos os países.
Pouco antes do lançamento de Erotica, veio o documentário Na Cama com Madonna, que apresenta os dias da cantora durante a turnê Blond Ambition (a turnê também é registrada no VHS Blond Ambition World Tour Live, de 1990). Desnecessário destacar a quantidade de citações sexuais que aparecem ao longo das duas horas de documentário, e quanto a imagem de Madonna passou ainda mais a ser associada com o erotismo. Ainda em 1992, ela funda a empresa de entretenimento Maverick e participa como uma jogadora de beisebol na comédia americana Uma Equipe Muito Especial (1992), compondo a canção “This Used to Be My Playground“, mais um hit n° 1 de Madonna. Na sequência, o livro SEX, lançado em paralelo com Erotica (e que acabou ofuscando o mesmo) veio ao mundo, com 128 páginas de sexo através de histórias de diversas fantasias sexuais e muitas fotos impactantes de Madonna e artistas contratados em situações eróticas, tais como lesbianismo, sadomasoquismo, sexo oral, orgia homossexual, estupro, sexo com idoso, entre outras. As imagens de sexo com Naomi Campbell e Vanilla Ice foram umas das mais emblemáticas do livro, que foi escrito pela própria e conta com fotografias de Steven Meisel e projeto de Fabien Baron. Apesar de ser recebido de forma negativa pelos críticos e por boa parte dos fãs, que acusaram Madonna de ter ido longe demais, SEX foi um sucesso comercial, vendendo 150 mil cópias no dia do seu lançamento, e sendo um dos livros relacionados com um artista musical mais vendidos na história, com quase dois milhões de cópias. A versão original vem em uma capa de alumínio e acompanhada do CD Erotic, trazendo uma versão mixada de “Erotica”.
Para aumentar o clima de polêmica sexual, logo em seguida pintou o filme Corpo em Evidência, no qual Madonna contracena com Willem Dafoe em cenas de sexo que chocou o mundo em 1992 (a famosa cena da vela é tão emblemática quanto a da manteiga em O Último Tango em Paris), mas hoje passam despercebidas na telinha. Complementando o ciclo sexual de Madonna no início dos anos 90, a turnê The Girlie Show, registrada no DVD The Girlie Show: Live Down Under (1994), invadiu o mundo apimentada com tudo o que uma cama e um quarto podem oferecer ao sexo. Dentre as várias citações sexuais que surgiam desde o início do show (topless logo no início da apresentação, sexo à dois e sexo oral em “Fever”, dominatrix em “Erotica”, e por aí vai …), o ápice do show ficava para as encenações lésbicas de Madonna durante “Bye Bye Baby”. A turnê trouxe a americana pela primeira vez ao Brasil, com shows no Rio de Janeiro e São Paulo, e marcou o fim das aventuras sexuais explícitas de Madonna, que embarcaria em uma nova vibe a partir daqui. Depois das polêmicas sexuais com Erotica, a artista decidiu dar uma amenizada na sua carreira. Em 1994, ela grava a balada “I’ll Remember” no filme Com Mérito, e assim, parte em busca do sucesso novamente com um álbum marcante e de transição.
Bedtime Stories [1994]
Afastando-se de polêmicas sexuais, a americana investe pesado no pop com inspirações de rhythm ‘n’ blues, hip hop e street dance, além do grande uso de samplers. O álbum é uma pequena coleção de gemas pop, com destaque para as letras que retratam quase que uma autobiografia da cantora. O grande destaque é a belíssima “Secret“, com sua introdução acústica e uma levada embriagante que explode em um refrão grudento, e se tornou o primeiro single de Bedtime Stories, assim como o hip hop de “Human Nature” uma das canções mais conhecidas da nova fase de Madonna, que se tornou constante nas apresentações a partir de então, e utiliza o sampler de “What You Need”, do trio canadense Main Source. Curto bastante o ritmo explorado em “Survival”, as levadas sensuais da suave “Inside of Me”, recheada de samplers (três ao total: “Back and Forth”, de Aaliyah; “Outstanding”, da The Gap Band; e “The Trials of Life”, de Gutter Snypes) e a psicodelia arregaçadora de “Bedtime Story“, faixa criada por Björk que mostra como a islandesa possui talentos suficientes para ser uma das grandes mulheres da música. Os que apreciam uma levada mais próxima ao hip hop irão se deliciar com as linhas de “Forbidden Love”, uma balada rara na discografia de Madonna, tendo a participação do cantor Babyface e o sampler de “Down Here on the Ground”, obra criada pelo guitarrista de jazz Grant Green, e principalmente “I’d Rather Be Your Lover”, com a participação do rapper Meshell Ndegeocello e tendo o sampler do jazz “It’s Your Thing”, de Lou Donaldson. Sem medo de ser feliz, aprecie os embalos swingados de “Don’t Stop”, com sensacionais intervenções orquestrais sintetizadas, e viage com a leveza de “Love Tried to Welcome Me”, trazendo ainda mais orquestrações e um delicioso arranjo vocal, além do resgate do violão flamenco que se fez presente em alguns dos discos dos anos 80. Ainda temos o sampler de “Watermelon Man”, lançada por Herbie Hancock no excepcional Head Hunters (1973) registrada na viajante “Sanctuary”, e Babyface novamente dando as caras em “Take a Bow“, para mim a melhor de todas as canções desse disco, uma balada sensacional para fechar o disco e qualquer ligação com polêmicas. Para os colecionadores, a versão original americana mostra a imagem da capa do CD com Madonna de cabeça para baixo, um um erro corrigido nas tiragens subsequentes, e que se tornou um item cobiçado. Platina tripla nos Estados Unidos, onde chegou na terceira posição da Billboard, platina dupla no Canadá e Austrália, platina no Brasil, Alemanha, Espanha e Reino Unido, e uma marca de mais de dez milhões de cópias vendidas em todo o mundo. Era Madonna caminhando para voltar a ser a Rainha do Pop.
No ano seguinte, saiu a coletânea Something to Remember, construído apenas por baladas gravadas por Madonna ao longo de sua carreira e ainda três faixas inéditas: “You’ll See”, “One More Chance” e o cover o”I Want You”, de Marvin Gaye. A coletânea foi um sucesso estrondoso, vendendo mais de 10 milhões de cópias em todo o planeta, e com Madonna afirmando ser este o álbum favorito de sua carreira, ao lado de Like a Prayer. A nova Madonna, mais calma, acabou chamando novamente a atenção do cinema, e assim ela foi estrelar talvez sua principal obra cinematográfica: Evita, como veremos em quinze dias.
Parabéns, que ótima maneira de começar um domingo com a Diva! Sou seu fã MM!!!
Obrigado Antonio. Espero que tenhas curtido, e aguarde a segunda parte, irá no ar dia 11/12
Parece que eu já li os comentários sobre Like a Prayer na edição de “Melhores de Todos os Tempos” da Consultoria dedicado á 1989, ano em que eu nasci. Se eu não me engano o Faith no More ficou em primeiro colocado naquela lista com The Real Thing, mas pra mim a grande surpresa foi a inclusão da obra definitiva da rainha Madonna, descrita por ela como “uma coleção de canções sobre meus pais e laços com minha família”. O álbum foi dedicado à memória de sua mãe, que morreu quando a cantora ainda era pequena. Várias faixas deste disco marcaram gerações e sua vendagem repercutiu muito, tornando Madonna um sinônimo do “Show Business” mundial, entrando para a lista dos mais bem-sucedidos artistas do mundo.
Like a Prayer é um disco para ser ouvido com a mente e o coração abertos, pois álbuns como este ajudam os ouvintes a quebrar diversos tipos de preconceito e entender o fato de artistas como a Madonna serem tão importantes e relevantes para a história. Em suma: um dos 5 melhores discos do pop em todos os tempos.
Não me interesso pela carreira da Madonna e sou ouvinte casual. As músicas delas não me incomodam de forma alguma e confesso que animam qualquer festa. Texto longo e muito detalhado. Acho que é a Discografia Comentada mais detalhada desde que começamos a fazer. Parabéns Mairon!!!
Se o Mairon usasse essa energia detalhista para o bem…
To quase contratando ele para ser meu ghost writer para uma DC do Iron Maiden…
HAuahuahauhau
Agora imagina ele escrevendo dessa forma uma DC do Rick Wakeman. Acho que daria pra ouvir quase o ultimo disco todo do Dream Theater durante a leitura…
Para ouvir todo o último disco do DT tem que ser a DC do Wacko e do Zappa, beeeeeeeeeeem detalhada
Vou usar Marco, para a DC do Supertramp!!
Percebo estar ficando realmente velho, quando ainda lembro que o primeiro hit que ouvi de Madonna, de quem nunca fui fã, foi “Borderline”… Houve um momento que Madonna era realmente a rainha do pop, equivalente a um Michael Jackson, mais popular que um Prince. Na época que Madonna surgiu, preferia Cindy Lauper (o que me faz parecer com a Tonya Rock, irmã do Chris, que “todo mundo odeia”, que achava Billy Ocean melhor que o Michael Jackson). Uma coisa que nunca consegui entender é por que ela sempre foi tão superestimada. Gosto de algumas coisas dela (“Material girl” e “Vogue” são boas…), mas nunca entendi o que leva milhões de pessoas no mundo a exaltarem com tanta ênfase. No entanto, achei boa a primeira parte da discografia dela. Trouxe lembranças.
Pois então Francisco, não sei se é questão de ser superestimada, mas ela foi revolucionária, e talvez isso tenha alavancado sua imagem. Nina Hagen, Cindy Lauper, Paula Abdul, nenhuma delas conseguiu fazer discos e shows com qualidade suficiente para atrair gostos tão diversificados, e além disso, a capacidade de se expressar tão forte. Acho que o diferencial da Madonna foi e sempre será isso. Ela colocava o que pensava em suas letras – algo que as demais cantoras da época também quase não faziam – e nos shows, além de cantar (pouco playback), também inventava passos de dança como poucas.
Grande Mairon , bela retrospectiva da carreira da RAINHA DO POP , sou fã desde 89 quando comprei o Like a Prayer , e n época eu era o tipico metaleiro e meio q era um prazer secreto meu curtir os álbuns dela ! Pena q depois do Confessions , ela deu uma decaída em Hard Candy , MDNA e Rebel Heart ! N Aguardo da 2 parte ! ABRAÇO e Parabéns pelo conhecimento !
Concordo meu caro Paulo Ricardo, mas isso fica para a segunda parte. Abraços
Homenagem mais do que merecida. Grande artista! Essa é minha fase preferida da Madonna. Dentre todos esses álbuns, meu favorito é o Like a Prayer. Daí, só não gosto muito da trilha do Moby Dick (embora “Vogue” realmente seja um clássico) e do Erotica que sempre achei um trabalho razoável. Algumas músicas ótimas, outras meio chatinhas.
Cara, eu acho que dá para escrever uma resenha do Erotica para o Discos Que Parece Que Só Eu Gosto. Não consigo entender por que geral não curte o disco, e ainda malha bastante – alguns. Só por “Rain” já é melhor do que muita coisa da década de 90.
Não acho horrível, mas não acho animal. Acho mediano, mas “Rain” realmente é lindíssima. Também gosto de “Bad Girl”.
“IN this Life” tb é ótima
Excelente texto, muito detalhado mesmo, parabéns! Já vou ler a segunda parte. Um pequeno comentário aqui: está dito que o VHS-Single de Justify My Love foi o primeiro lançado neste formato por algum artista, porém se ele saiu em 1990 ele não foi o primeiro. Em 1989 o Metallica lançou o VHS-single para One, que continha o video completo (com pedaços do filme “Johnny got His Gun”) e outra versão só com o Metallica tocando.
Abraço!
Perfeito Marcel. Na verdade foi o primeiro de uma artista Pop. Obrigado pela correção
Excelente, temos uma enciclopédia sobre a Madonna aqui… Acho que o True Blue o auge da maturidade… Colo o que disse no FB
🙂
Sou muito fã dela, sou fã da libertinagem sexual dela também, acredito ser mais moral que certos mais moralistas (nessa parte sexual, gosto de vê-la e lembrar do meu psicanalista favorito Wilhelm Reich).
Belíssimas músicas, lembro agora de Borderline, que sempre imaginei ser algo de mim.
Esqueci de falar que apesar de Like a Prayer ser meu disco preferido da Madonna desde sempre, a minha canção preferida dela, por incrível que pareça, é “Frozen” (do disco Ray of Light).
Tudo por causa desse vídeo aqui: https://www.youtube.com/watch?v=0_W9ypPD8rM
Por favor assistam e entendam!
Discordo quando diz que as músicas dos outros artistas no álbum Who’s that girl são dispensáveis.
Pra mim justamente a “Turn It Up” do Michael Davidson é, de longe, a melhor música do disco.
Absolutamente fantástica, principalmente essa versão extendida…uma das melhores dos anos 80, dancei muito nas matinês. 🎶😎
https://youtu.be/Br6vVyFLDjo
Desconhecia essa versão Sergio. Mas ainda prefiro as da Madonna. Abraços
Então escute esa versão https://www.youtube.com/watch?v=RJTSDB66fNI