Melhores de 2016: Por Christiano Almeida

Melhores de 2016: Por Christiano Almeida

Antes de qualquer coisa, quero deixar bem claro que esta lista é um apanhado dos melhores discos que escutei em 2016, não dos melhores dentre todos os lançamentos do ano.

Feita a ressalva, posso dizer que 2016 foi recheado de ótimos discos, o que comprova a falácia daquela velha conversa de que “não se faz mais música boa como antigamente”. Uma prova disso é a diversidade de bandas e estilos que povoam as listas publicadas pelos colaboradores deste site.

Quando comecei a escolher os meus “dez mais”, percebi que, mesmo em tempos de vertiginosa queda da indústria fonográfica, inúmeras bandas e artistas têm produzido grandes trabalhos. No entanto, é preciso ter curiosidade e boa vontade para conhecer coisas novas. Por mais paradoxal que isso possa parecer, em tempos de downloads gratuitos e de imenso tráfego de informação, temos que tomar cuidado para não buscar sempre mais do mesmo. Embora alguns dos discos que citei apresentem referências a estilos ou mesmo artistas consagrados, tive o cuidado de não selecionar meros clones ou pastiches, dando prioridade para aqueles que conseguem apontar novos horizontes partindo da referência aos clássicos. Espero que gostem.


case/lang/veirs – case/lang/veirs

Esse é um projeto que reúne três artistas com carreiras já bastante consolidadas: Neko Case, k.d. lang e Laura Veirs. O resultado da cooperação entre as três moças foi um belo álbum que transita entre o Country, Blues e algumas influências Folk. Embora essa fórmula não seja sinônimo de grandes novidades, a verdade é que conseguiram criar um dos discos mais agradáveis do ano, com arranjos sutis e um ótimo trabalho vocal, alinhando a simplicidade da música Pop à aposta em arranjos melancólicos e contemplativos.


The Last Shadow Puppets – Everything You’ve Come to Expect

Segundo lançamento da parceria entre Alex Turner (Arctic Monkeys) e Miles Kane (The Rascals), em que mantiveram as principais características de seu primeiro disco, The Age of Understantement, uma espécie de Power pop dos dias atuais. Porém, “Everything You’ve Come to Expect” é um pouco menos acelerado que seu antecessor, o que não é um ponto negativo, visto que as melodias assobiáveis e as orquestrações continuam exercendo um papel central nas composições, fazendo com que soem como ótimos frutos do artesanato pop.


Anthrax – For All Kings

Já falei sobre esse disco aqui no site. Só gostaria de acrescentar que enquanto bandas como o Metallica fazem um notável esforço para resgatar a sonoridade enérgica que tiveram em seus primeiros discos, o Anthrax, com esse último álbum, foi capaz de se afirmar como um grupo ainda bastante inventivo e com muita lenha pra queimar, e faz isso de forma muito natural.


Purson Desire’s Magic Theatre

Mais uma banda que costuma ser colocada no mesmo balaio do “Occult Rock”, só que o som desses ingleses seria melhor definido como um misto de Psicodelia, Progressivo e Hard Rock. Nesse segundo disco, essas influências são ainda mais evidentes. Em alguns momentos, como em “Electric Landlady”, somos levados a imaginar o que seria o Curved Air se tivesse surgido nos dias atuais. Aliás, os vocais de Rosalie Cunningham lembram bastante os da Sonja Kristina.

Além dos ótimos dotes vocais de Rosalie, a parte instrumental também se destaca, com arranjos muito bem elaborados e de muito bom gosto, com direito a ótimas incursões de flautas e mellotrons.


Opeth – Sorceress

Não é o melhor disco do Opeth, principalmente quando comparado ao ápice de sua fase prog: Heritage [2001]. Mesmo assim, é um ótimo álbum. Dessa vez, as composições vieram um pouco mais pesadas, talvez em uma tentativa de agradar aos antigos fãs que não assimilaram muito bem o abandono dos elementos provenientes do Death Metal. Por isso, algumas faixas, como “The Wilde Flowers” e “Chrysalis”, são mais diretas e pesadas quando comparadas ao que a banda vinha fazendo nos últimos lançamentos. Por outro lado, em muitos momentos, as influências progressivas e até mesmo de música Folk permeiam todo o disco, em maior ou menor grau. Mais uma vez, o Opeth foi capaz de registrar um grande álbum.


 Wire – Nocturnal Koreans

Na verdade, Nocturnal Koreans foi concebido com material excedente do disco homônimo do Wire, lançado em 2015. No entanto, isso não diminuiu a qualidade do material, que apresenta um Post-Punk um pouco mais introspectivo e soturno que o habitual. Ao longo de suas oito faixas, o disco mostra a banda apostando um pouco mais em sonoridades experimentais, com diversas camadas sonoras e um clima às vezes sufocante. O resultado disso foi um dos álbuns mais bonitos e cativantes de 2016.


Michael Kiwanuka – Love & Hate

Segundo disco desse jovem inglês, que vem recebendo bastante atenção da crítica especializada. Em Love & Hate, Kiwanuka mantém como elemento central a Soul Music, que já moldava seu primeiro disco, Home Again [2012]. No entanto, nesse novo álbum, não temos somente um trabalho que simplesmente emula medalhões como Bill Withers e Otis Redding, pois é notável a presença de sonoridades mais contemporâneas, principalmente na timbragem dos instrumentos. Longe de ser somente um tributo aos ídolos do passado, Kiwanuka conseguiu mostrar que tem muito a oferecer para a música Soul, mantendo sua tradição e, ao mesmo tempo, apontando novos caminhos.


Sting – 57th & 9th

Faz tempo que não me interessava pelos últimos lançamentos do Sting, que, desde If on a Winter’s Night… [2009], vinha gravando discos que considero cansativos e pouco inspirados. Como sou curioso, fui conferir seu último álbum e tive uma agradável surpresa. Logo na primeira faixa, “I Can’t Stop Thinking About You”, percebi que se tratava de uma música diferenciada, com boas guitarras e ótima linha de baixo. Ao escutar o disco todo, constatei que estava diante de um belo álbum de Rock, bastante direto para os padrões do próprio Sting. Ao ler sobre as gravações, percebi que o objetivo era, realmente, produzir algo mais espontâneo e “direto ao ponto”. Enfim, o velho Sting mostrou, mais uma vez, que ainda é um grande artista, capaz de se reciclar ao longo de décadas e surpreender os admiradores de seu trabalho.


The Amazing – Ambulance

O The Amazing é uma banda sueca que orbita entre a Psicodelia, Indie Rock e algumas pitadas de Progressivo. Entre seus membros, está o guitarrista Reine Fiske, que já tocou com Landberk, Paatos, Morte Macabre, Motorpsycho e mais um monte de grupos da Suécia.

Ambulance é seu quarto disco, repleto de músicas calmas e melancólicas, com arranjos tão bonitos quanto sombrios. Em um primeiro momento, toda essa calmaria pode parecer um pouco entediante, mas a beleza que permeia todo o disco é suficientemente instigante para motivar novas audições, que facilitam a assimilação deste belo lançamento.


The Coral – Distance Inbetween

Esse disco marca o retorno do The Coral, que não gravava nada de novo desde Butterfly House [2010]. Definir o tipo de som que fazem nunca foi uma tarefa das mais fáceis, o que parece ter se complicado um pouco mais em Distance Inbetween. Mesmo assim, um traço bastante predominante no som dos ingleses é a Psicodelia, que nesse disco assumiu ares mais contemporâneos, resultando em alguma coisa próxima de uma colaboração entre Arctic Monkeys e 13th Floor Elevators. Por mais estranho e improvável que isso possa parecer, a fórmula funciona muito bem. Prova disso são músicas como “Beyond The Sun”, “Chase The Tail Of A Dream” e a faixa título. Grata surpresa.


Quase entraram na lista final:

Justice – Woman

Blood Ceremony – Lord of Misrule

Anderson/Stolt – Invention Of Knowledge

Darkthrone – Arctic Thunder

Steven Wilson – 4 ½

Ghost – Popestar

Sivert Høyem – Lioness

Karmakanic – DOT

9 comentários sobre “Melhores de 2016: Por Christiano Almeida

  1. Lista interessantemente boa, com uma leve tendência prog. Esse disco do Opeth me surpreendeu, pois achei que ia vir pior. Agora, a cara do Sting não envelhece ou foi excesso de photoshop nessa capa?

  2. Me interessei pelo Purson. Acho que vou curtir. Também acho o Heritage o melhor dessa fase do Opeth, apesar de fãs mais familiarizados com o som da banda me dizer que o seguinte é o melhor. Mesmo assim ainda não curti esse novo disco. Preciso ouvir mais. Não é a primeira vez que leio elogios ao disco do Sting. Parece que esse volta ao rock é completa já que ao vivo ele limou todos os outros instrumentos e baseou sua banda em guitarra, baixo e bateria.

  3. Finalmente vi alguém citar o Purson.. A menção honrosa ao Blood Ceremony também foi uma surpresa pra mim. Boa lista.

  4. Foi muito difícil escolher entre o Purson e o Blood Ceremony. As duas bandas lançaram ótimos discos.

  5. Vou atrás desse Purson!!!
    Acho que o Opeth estava fazendo um progressivo incrivelmente bom no meio de seus pares, mas aí decidiu resgatar seu som pregresso. Eu que não era fã dessa fase, continuei não sendo e tenho lá minhas dúvidas se eles conseguiram resgatar os fãs antigos. Tem uma passagem, acho que na faixa 2 do disco, que é incrivelmente progressiva e tinha tudo pra ser um clássico atual do estilo…mas aí pisaram muito a mão nas guitarras e na minha opinião não atingiram nem um ponto, nem outro.

  6. Durante minha pesquisa de lançamentos, ouvi esse case/laing/veirs e passou batido…não me cativou.
    Abraço!!!

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