Discografias Comentadas: Creedence Clearwater Revival
por Ulisses Macedo
Ah, o Creedence! Será que existe alguém no planeta que nunca tenha escutado clássicos como “Proud Mary”, “Have Your Ever Seen the Rain?” e “Green River”? Como eu já disse em outra postagem, o Creedence foi provavelmente a primeira banda de rock que eu escutei na vida – por osmose, na verdade. Culpa do meu pai. A banda contava com Doug Clifford (bateria), Stu Cook (baixo) e os irmãos Tom (guitarra base) e John Fogerty (guitarra solo e voz).
O Creedence surgiu quando John Fogerty e Doug Clifford ainda eram adolescentes de ensino médio e, fascinados por blues e rock’n’roll, decidiram aprender juntos a tocar. Stu Cook, na época um pianista e também colega de escola, não demorou a se juntar aos rapazes, formando o The Blues Velvets e tocando em qualquer lugar da Baía de São Francisco que os aceitasse, e até sendo a banda de apoio de músicos locais. Aliás, a primeira gravação profissional do trio foi o single “Beverly Angel” (1959), do cantor James Powell. Paralelamente, o irmão mais velho de John, Tom Fogerty, também fazia certo sucesso com outros grupos locais (especialmente devido à sua voz) e, no momento em que sua banda Spider Webb and The Insects se dissolveu, resolveu se juntar ao trio. E por “se juntar”, entenda “mudar o nome para Tommy Fogerty and the Blue Velvets” e ser o vocalista. Daí, com o selo local Orchestra, lançaram um punhado de singles sem sucesso algum, como “Bonita” (1962). Levaram um belo pé na bunda da Orchestra, mas conseguiram a atenção da Fantasy Records dois anos depois, que os aconselhou a mudar de nome: primeiro foi The Visions, depois The Golliwogs. Foi durante o período Golliwogs que Stu passou a se focar somente no baixo e John passou a ser o vocalista do quarteto, pois desenvolveu uma voz gritada, forte o suficiente para compensar a pobreza dos sistemas PA dos locais que tocavam, e que tanto judiavam a voz de Tom. O single de maior sucesso nessa época foi “Brown Eyed Girl” (1965), que vendeu mais de 10,000 cópias.
Nos anos que se seguiram, a banda trabalhou pesado no circuito de bares, festas e casas de show, mas precisou ser deixada de lado por um tempo quando John e Doug foram convocados para o Exército e Stu precisou se focar na faculdade de Direito. Quando os quatro retornaram à ativa, precisaram decidir os rumos da banda. Eles juntaram as economias e investiram ainda mais na música, mas as coisas ainda não estavam tomando o rumo ideal. Nesse meio tempo, os Irmãos Weiss decidiram se aposentar, vendendo a Fantasy Records para seu Diretor de Vendas, Saul Zaentz, e seu grupo de sócios. Zaentz, que afirmou gostar dos Golliwogs, começou a dar alguns conselhos à banda, e prometeu um álbum se eles mudassem o nome. Assim, eles finalmente se tornaram Creedence Clearwater Revival, entrando em estúdio logo em seguida.
Creedence Clearwater Revival [1968]
Já com seu nome definitivo, a banda revisita alguns clássicos da época: uma perfeita versão do soul “I Put a Spell on You”, que abre o disco de forma encantadora, a adaptação de “Suzie Q”, clássico do Dale Hawkins que foi uma grande inspiração para a banda e que foi extendida a quase nove minutos sensacionais, e o R&B de “Ninety-Nine and a Half (Won’t Do)”. “I Put a Spell on You” e “Suzie Q” foram justamente os grandes hits do álbum, tendo ampla repercussão nas rádios. John, o principal compositor, mostra serviço em canções como “Porterville”, primeiro single do disco e canção da época Golliwogs que não foi alterada, embora eu dê mais destaque para “The Working Man”, que nos introduz propriamente à fórmula de riffs simples e melodias cativantes. “Gloomy”, a partir da metade, tem uma guitarra deliciosamente viajante. “Walk on the Water”, regravação de uma das composições da época dos The Golliwogs, encerra o disco com belos efeitos na guitarra, encantando o ouvinte numa sucessão de notas ao estilo swamp rock e um solo maravilhoso, evidenciado o belíssimo timbre de guitarra que o mais novo dos Fogerty conseguia tirar de seu instrumento. Um excelente começo, não é mesmo? Mas, para isso, foi necessário a mão-de-ferro e o perfeccionismo de John Fogerty no direcionamento musical da banda, gerando alguns dos primeiros atritos entre os membros no ano seguinte.
Com a faixa de abertura, o Creedence demonstra que, mesmo sem nenhum integrante nativo do sul estadunidense, sabiam cantar e tocar como sulistas. “Born on the Bayou” mostra, logo nos primeiros acordes, um notável progresso frente ao som do disco de estréia, capturando perfeitamente a atmosfera de estados confederados como Louisiana e Mississipi, além de trazer um dos melhores momentos da característica voz de John. Na sequência, a subestimada “Bootleg” traz um minimalístico som hipnótico, mas sem o apelo pop do maior hit da banda que consta aqui, “Proud Mary“, típica composição “classe média” que só podia ter aparecido por uma banda de homens casados, caretas e sem a aparência hippie de muitas bandas da época. Ike e Tina Turner fariam uma famosa versão dessa música pouco tempo depois. Outro destaque é o blues “Penthouse Pauper”, onde John vai se imaginando em diversas vidas ao longo da canção: ‘If I were a gambler, you know I’d never lose / And if I were a guitar player / Lord, I’d have to play the blues’. Em se tratanto de covers, dessa vez temos somente a ótima guitarrada faiscante de “Good Golly Miss Molly“. O ponto fraco de Bayou Country, na minha opinião, fica por conta das faixas mais longas: “Graveyard Train” e “Keep on Chooglin’”. Não que sejam ruins, mas uma maneirada em sua duração deixaria o disco redondinho, pois não possuem o brilhantismo das improvisações de uma “Suzie Q”, por exemplo. De qualquer forma, este foi apenas o primeiro dos três discos que o Creedence lançou em 1969, impulsionado ao estrelato pelo single “Proud Mary” com “Born on the Bayou” no lado B.
Aumentando ainda mais o alto nível deixado por seu predecessor, Green River mostra um Creedence distanciado das longas passagens instrumentais, focando toda a atenção em canções radiofônicas que glorificavam a vida rural sulista. A clássica faixa-título pinta um clima saudosista, com uma guitarra afiada bem à frente, que todo mundo adora. “Commotion” e sua gaita seguem numa mistura feliz de country com honky-tonk, que termina quando a pessimista “Tombstone Shadow” aparece. Outro grande destaque de Green River fica por conta da radiofônica (e apocalíptica) “Bad Moon Rising“, inspirada pelo filme O Homem que Vendeu a Alma (1941), mas existem outras canções aqui com forte apelo, como é o caso de “Lodi” e da balada “Wrote a Song for Everyone”. “Cross-Tie Walker” é outra música subestimada do quarteto, com andamento simples, porém contagiante; o mesmo vale para “Sinister Purpose”. Só não gosto muito do cover de “The Night Time Is the Right Time” mas, de resto, Green River é talvez o disco mais indicado a quem deseja conhecer o som do Creedence Clearwater Revival – o próprio John Fogerty afirma que é o seu favorito. Duas semanas após o lançamento do álbum, a banda se apresentou no famoso festival Woodstock, mas houve um porém: John não gostou das circunstâncias das filmagens, pois tocaram na madrugada de Sábado para Domingo, após um longo set do The Grateful Dead que botou todo mundo para dormir, e decidiu que a banda não deveria aparecer no documentário e nem na trilha sonora. O baixista Stu Cook, anos depois, confessou que essa recusa foi um grande erro. O leitor, entretanto, pode ver e ouvir a banda em bootlegs e nas edições comemorativas e expandidas do documentário do festival.
Willy and the Poor Boys [1969]
Lançado em Novembro daquele ano, Willy é talvez o disco mais animado do quarteto, a começar pela foto da capa, que os traz tocando os instrumentos do interlúdio “Poorboy Shuffle”. Começando com a feliz “Down on the Corner” (tem como não balançar a cabeça e os pés?), o set segue a todo vapor, mostrando a banda em forma. Fico espantado que a sequência do lado A, com as impecáveis “It Came Out of the Sky“, “Cotton Fields” (cover de Lead Belly) e “Feelin’ Blue”, não seja tão citada quando se fala em Creedence. Entretanto, se tem uma canção que vale o álbum, ela é “Fortunate Son“. Com forte teor de protesto à guerra do Vietnã, tudo em “Fortunate Son” é perfeito: a letra, a cozinha de Doug e Stu, o riff e a voz raivosa de John Fogerty a transformaram numa das mais famosas canções anti-guerra da história da música. Mantendo o nível alto, o lado B continua seguindo forte com a simples “Don’t Look Now”, o cover da bluesy “The Midnight Special” (também de Lead Belly) e a controversa “Effigy”, que evoca imagens das barbáries da Ku Klux Klan. Willy and the Poor Boys fecha o ano de 1969 com chave de ouro.
‘Maduro’ é a palavra que melhor descreve Cosmo’s Factory. E como não podia ser? Pouco antes da gravação do álbum, a banda havia acabado de retornar de sua primeira turnê européia. Com o nome tirado do local onde a banda ensaiava quase todos os dias (Cosmo é o apelido do baterista Doug Clifford), todas as canções demonstram criatividade e riqueza sonora inigualável, tornando este disco o mais aclamado do quarteto; tanto é que todas as canções originais, com exceção de “Ramble Tamble“, tornaram-se singles. O álbum segue flúido, com canções diretas como o hit “Travelin’ Band”, que conta com instrumentos de sopro, “Ooby Dooby” (clássico de Roy Orbison que ficou idêntico ao original) e a excelente “Up Around the Bend”. As extendidas passagens de guitarra que o Creedence adorava continuam a aparecer por aqui, mas são mais bem direcionadas – basta prestar atenção nas nuances da já citada “Ramble Tamble”. O melhor exemplo das jams que o CCR gostava de inserir no meio das canções está no cover de “I Heard It Through the Grapevine“, clássico da Motown, com pouco mais de 11 minutos, contra os três e pouco da original. Outro cover, “Before You Accuse Me” também ganhou sua versão definitiva nas mãos do quarteto; quando Eric Clapton decidiu gravar do seu jeito (em Journeyman, de 1989), ele praticamente a deixou do mesmo jeito que o Creedence. As melhores faixas de Cosmo’s Factory, entretanto, são a balada “Who’ll Stop the Rain“, o groove de “Lookin’ Out My Backdoor” e o soul de “Long as I Can See the Light”, com pequenas intervenções de saxofone que aprimoram a atmosfera emocional da faixa.
Alguns críticos da época começaram a reclamar do som simples do grupo, o que fez John, sempre o manda-chuva do quarteto, desejar refinar e criar um disco de estúdio mais polido. Para isso, trouxe um orgão Hammond B3 – resultado da influência dos Booker T. and the MGs -, instrumentos de sopro (tocados pelo próprio John) e coros. Além disso, é o único disco do quarteto que não traz nenhum cover; ao invés disso, eles chegaram até a investir num lado meio avant-garde e experimental no encerramento “Rude Awakening #2″, com resultado, infelizmente, bem descartável. O fato é que Pendulum não é um disco tão reconhecido como os clássicos anteriores do CCR, trazendo como hits a conhecidíssima “Have You Ever Seen the Rain?” e a sessentista “Hey Tonight“. Uma audição mais atenta, entretanto, consegue captar canções subestimadas que não fazem feio frente à discografia do grupo, tornando Pendulum um daqueles discos que demoram um pouco mais para “crescer” no ouvinte. Um exemplo disso está na ótima tríade de abertura “Pagan Baby”, “Sailor’s Lament” e “Chameleon”. Gosto muito, também, da melancólica “It’s Just a Thought”, faixa onde o orgão é empregado da melhor forma. Infelizmente, como veremos a seguir, Pendulum foi o último álbum com Tom Fogerty.
Tom Fogerty decidiu que os mandos e desmandos de seu irmão mais novo já haviam chegado ao limite e, cansado da mão de ferro de John, saiu do grupo, chegando a tentar uma (infrutífera) carreira solo. Tudo o que ele queria era contribuir com suas próprias composições e vocais. A banda cogitou chamar Duck Dunn, do Booker T. and the MG’s, para substituí-lo, mas ultimamente seguiram em frente como um trio. O diferencial de Mardi Gras fica por conta das composições divididas: agora, Clifford e Cook poderiam compor e produzir suas próprias músicas também – a dupla diz que foram forçados a compôr, ou John sairia da banda; já o frontman afirma que eles insistiram – até hoje não sabemos qual é a verdade, mas o fato é que o manda-chuva da parada também se recusou a cantar nas composições dos colegas. Não me surpreende, entretanto, que as de John sejam, no geral, as melhores do disco, sendo “Someday Never Comes” a melhor do álbum inteiro, seguida de perto pela pesada “Sweet Hitch-Hiker“. Stu, apesar da voz fraca, é quem compõe outra boa obra: “Sail Away“, que apesar de simples é uma das minhas canções prediletas da banda. Aliás, talvez a letra fosse uma indireta: ‘Spent a long time listening to the captain of the sea / Shoutin’ orders to his crew; no one hears but me’. “Door to Door” e “Take It Like a Friend” também são dele e mantém um nível razoável. Quem fica para trás é mesmo Clifford, que se rende ao country e entrega sua melhor parte somente em “What Are You Gonna Do?”. Mardi Gras, por si só, já é um disco fraco, e a coisa só fica pior quando se compara aos registros anteriores. Infelizmente, uma péssima despedida da banda: depois da turnê, em que passaram pela primeira vez pela Austrália, Nova Zelândia e Japão, ninguém se aguentava mais e cada um foi pro seu lugar.
Tom, o primeiro a pular fora do barco, lançou alguns discos esquecidos. Zephyr National (1974) se destaca por contar com a participação do restante da banda na faixa “Joyful Resurrection” (John gravou suas partes separadamente, é claro). Ele veio a falecer em 1990, vítima de de problemas causados por complicações da AIDS (adquirida numa transfusão de sangue), ainda brigado com o irmão.
Doug Clifford lançou um único álbum solo até hoje, em 1972 (Doug Cosmo Clifford). Stu Cook se juntou à banda de country rock Southern Pacific em 1986 e foi membro dela até sua dissolução em ’91. Juntos, tocaram em Groover’s Paradise (1974), de Doug Sahm, e no álbum de estréia auto-intitulado da The Don Harrison Band (1976). Posteriormente, formaram o Creedence Clearwater Revisited em 1995 junto a outros músicos, tocando os clássicos da banda da qual faziam parte. Seguem assim até hoje, mas sem a aprovação de John Fogerty (que mandou uns processinhos aqui e acolá, sem sucesso).
John Fogerty seguiu uma carreira solo de relativo sucesso, embora tenha ficado um bom tempo sem tocar as composições do CCR, de tanta raiva devido aos problemas com a Fantasy Records. O contrato do Creedence (o segundo, de 1967) com a Fantasy era considerado injusto. John caiu na lábia de Zaetz de que a banda conseguiria um acordo melhor quando ficassem famosos. Ele diz que chegou a pedir para que o pai de Stu (um advogado) desse uma olhada no contrato, e a resposta que receberam, através do baixista, foi apenas um “parece OK, podem assinar”. Para completar, Fogerty mantinha a estrutura da banda apertada: era ele quem administrava o grupo, mas sua cabeça dura, dizem, os colocava em apuros: quando conseguiram uma reunião para a renegociação do contrato, no começo dos anos 70, Zaentz ofereceu como cereja do bolo uma porcentagem das ações da Fantasy que Cook e Clifford acharam ótimo, mas Fogerty, que não pensou nem mesmo em contratar o conselho de um advogado, achou pouco, recusando a oferta por inteiro; dizem que isso fez o quarteto deixar de ganhar vários milhões de doláres. Outra macacada entre a Fantasy e o CCR foi que Zaentz conseguiu convencer a banda (leia-se: John foi convencido, e portanto convenceu o restante da trupe) a mover seus royalties para o paraíso fiscal de Castle Bank, nas Bahamas, que algum tempo depois seria alvo de uma investigação da Receita Federal americana por evasão de impostos, dissolvendo-se em 1977 apesar das intervenções da CIA – que se utilizava de Castle Bank para financiar suas operações confidenciais. A Fantasy conseguiu tirar sua parte da grana antes que o castelo caísse, mas a banda perdeu muito dinheiro, é claro, tendo que ir na Justiça recuperar alguns milhões, o que ocorreu em 1983.
O feudo Fantasy-Fogerty só terminou em 2004, quando a Concord Music Group comprou a gravadora e ofertou um novo arranjo à John, que acertou uma volta. Feudo este, aliás, que havia resultado na famosa história do processo por plágio. Explico: em 1985, quando Fogerty lançou Centerfield, Zaentz o acusou de plágio, alegando que “The Old Man Down the Road” soava parecida demais com “Run Through the Jungle”. Em ’88, Fogerty provou que isso era uma baboseira, levando um violão para a corte e mostrando as diferenças na frente de todo mundo. Cinco anos depois, a Suprema Corte ordenou que a Fantasy restituísse US$ 1 milhão e 300 mil dólares de despesas legais para Fogerty, abrindo um novo precedente para este tipo de disputa.
De qualquer forma, em sua carreira solo, Fogerty lançou The Blue Ridge Rangers (1973, sob este nome) ainda na Fantasy, pois ele ainda devia álbuns, mas a Asylum Records conseguiu tirar o contrato das mãos da Fantasy por US$ 1 milhão de dólares (a Fantasy continua com os direitos internacionais), lançando em seguida um álbum homônimo (1975). Mas, para finalmente se livrar da Fantasy, John teve que renegar seus direitos de publicação de todas as composições do Creedence (esses que a Concord devolveu em 2004). Passou quase uma década descansando em sua fazenda em Oregon, retornando com o bem-sucedido Centerfield e o razoável Eye of the Zombie (1986), agora na Warner. Após alguns shows, nas quais se recusava a tocar os clássicos do Creedence, ele logo voltou para a toca novamente e só retornou em 1993, quando o Creedence entrou para o Rock and Roll Hame of Fame. Mas quem disse que ele quis tocar com Cook e Clifford? Os dois ficaram lá no canto, com uma mão na frente e outra atrás, enquanto Fogerty, furioso com o fato de que os colegas venderam seus direitos de veto para a Fantasy em 1988 (segundo consta, por US$30,000 dólares cada), tocava os clássicos da banda junto a Bruce Springsteen e Robbie Robertson. John também havia recusado o convite de tocar com os colegas na inauguração da presidência de Bill Clinton, no mesmo ano. As últimas vezes em que o trio se reuniu para tocar foram no casamento de Tom Fogerty (1980) e numa reunião de alunos da El Cerrito High School (1983).
Em 1975 a Fantasy lançou uma coletânea com 14 músicas tiradas dos compactos do Golliwogs. O nome é The Golliwogs – Pre Creedence e chegou a sair no Brasil. Em 1970, o selo alemão Bellaphon lançou uma coletãnea do Creedence junto com o Jerônimo, cada um tomando um lado do disco. Se não me engano as músicas do Creedence são do primeiro disco. Mandou bem, Ulisses. Creedence foi a banda que eu mais amei na minha adolescência. Comprava tudo deles assim que saia por aqui. Interessante é que quando que o rock revelou Elvis, todos os países queriam o seu e a Inglaterra viu esse fenômeno se concretizar nos Beatles. A partir daí, foi a vez dos EUA procurarem revelar seus Beatles. E conseguiram. A banda se chamava Creedence Clearwater Revival.
Jeronimo é outra banda excelente. “There are people”, de 1973, é uma das minhas músicas favoritas de todos os tempos há alguns anos…
Este é, sem dúvida, um dos textos mais NECESSÁRIOS que a Consultoria estava devendo. Finalmente foi feita alguma justiça a essa que é uma das bandas mais estupendas da história do rock, com uma discografia absurda considerando-se o pequeno intervalo de tempo entre o primeiro e o último álbum. Citei dois discos da banda em minhas listas para a série “Melhores de Todos os Tempos” e deveria ter citado ao menos mais um; é uma pena que nenhum deles tenha dado as caras. Eram bons de hit, bons de “lado B” e bons de cover. Não fica muito melhor que isso. Obrigado, Ulisses. Aliás, outra coisa da qual gosto bastante é da simplicidade funcional de suas capas, especialmente das três primeiras, com a banda em meio à natureza. É uma representação muito boa da sonoridade do grupo. Em uma Bay Area infestada de grupos essencialmente urbanos, o CCR fazia música genuinamente rural, de um jeito que hoje em dia faz muita falta.
Diria que o Creedence Clearwater Revival é para o rock o que John Ford é para o cinema americano: genial, mas de uma simplicidade desconcertante. Cresci ouvindo Creedence, pois meu irmão mais velho curtia muito. Mas nunca fui fã de carteirinha. Reconheço, porém, o poder de fogo da banda e sua capacidade de construir hits eternos e de apelo popular. É uma banda clássica, na verdadeira acepção da palavra. Daquelas cujo o som, mesmo soando datado, fazem qualquer pessoa abrir um sorriso…
Ulisses, vc matou a pau! texto fantástico em todos os sentidos – pesquisa, apresentação dos sons, tua interpretação de como cada canção soa. Uma tremenda justiça a essa maravilhosa banda. O CCR é de musicalidade extremamente eficaz, assim como os Beatles. Não eram virtuoses em seus instrumentos, mas John Fogerty sabia como atingir em cheio os ouvidos das multidões. Para mim, é fácil um dos melhores vocalistas do rock dessa época.
Minhas canções favoritas da banda estão também entre os seus destaques – Walk on the Water, Lodi (impossível tocar e eu não cantar junto), I heard it through the grapevine (que versão!), Fortunate Son, Sweet Hitch-Hiker, Pagan Baby, Long as can see the light…são tantas!
Sobre Woodstock, também li que houve uma série de problemas na iluminação do palco, o que atrapalhou a banda em sua execução. Além disso, a filmagem ficou bastante prejudicada.
Abraço!
Eu sempre tive um certo ranço com o CCR pq na minha adolescência em qualquer lugar que tinha musica ao vivo as banda SEMPRE tocavam Have You ever Seen the Rain no final de suas apresentações. Essa e Born to Be Wild. Era uma espécie de ritual de encerramento do show. Isso foi cansando!!! Essas musicas ficaram na minha cabeça como sinônimo de fim de festa. Algo melancólico que me fez afastar da banda. Só mais recebtemente que comecei a ouvir com mais atenção, mas após anos e anos o entusiasmo que tenho em relação à eles é bem menor do que grande parte de seus fãs…
Hehe, eu não sei do que você tá reclamando. Duas músicas tão boas…
Minha sorte é que quando eu era bem pequeno (6 / 7 anos) meu pai tinha um CD coletânea do CCR (até hoje não sei qual era exatamente; ele perdeu depois) que ele botava no som da casa às vezes. Lembro especificamente de “Green River”, “Born on the Bayou”, “Susie Q” e “I Put a Spell on You”. Não sabia o nome das músicas, claro, mas foi quando ganhei um computador com internet que corri atrás da banda.
Tente ouvir uma musica boa centenas de vezes e vc nunca mais vai querer ouvir…