Solaris – Nostradamus: Book of Prophecies [1999]
Por André Kaminski
Ah, o Solaris! Que apesar de ter surgido na Hungria lá em 1980, lançando o primeiro disco apenas em 1984 (Marsbéli Kronikak, traduzido como Martian Chronicles), teve seu período de maior produtividade somente na década seguinte em diante. Fazia algum tempo que não ouvia o maravilhoso disco do Nostradamus e como a oportunidade para uma resenha surgiu, nada melhor do que falar um pouco sobre a banda e debulhar o disco.
Alguns amigos húngaros de escola eram apaixonados pelo rock progressivo setentista e resolveram ter a fantástica ideia de montarem uma banda de veia bem sinfônica e instrumental. Após alguns singles, em 1984 lançaram o já citado disco das Crônicas Marcianas em 1984. Vendeu mais de 40 mil cópias, números muito bons para uma banda de uma naçãozinha nanica do leste europeu. Curiosamente, o progressivo bombava na Hungria, quando já havia esfriado em boa parte dos grandes centros musicais. Após mais um disco lançado e um período de inatividade no início dos anos 90, eles foram convidados para um show de reunião nos Estados Unidos. Foram ovacionados pelo público proguista sinfônico. Um ano depois, curiosamente, o Solaris se apresenta no Brasil. Cortesia de Leonardo Nahoum, uma autoridade brasileira quando se trata de conhecimento em progressivo.
Em termos de história, difícil encontrar mais informações da banda pela internet exceto que é fato que a banda esteve ativa desde então, lançando discos nos anos 2000 até 2015, seu último álbum. Pelo que sei a banda hoje se foca mais no mercado interno húngaro fazendo shows e em países próximos do leste europeu.
Eu diria fácil que Nostradamus, terceiro registro deles, é o melhor disco da banda. Também está no meu top 10 de rock sinfônico de todos os tempos. A formação contava com Attila Kóllar (flauta, vocais), Czaba Bogdan (guitarra), Robert Erdesz (sintetizadores), Gábor Kisszabor (baixo) e Laszlo Gomor (bateria). Os acentos e tremas nos nomes deles, deixo pela sua imaginação. Um coro de vozes também é utilizado.
O disco tem como tema principal as profecias de Nostradamus imaginando um ambiente místico e espacial da obra do vidente francês. Canções como a suíte “Book of Prophecies” se foca em flauta, guitarra, baixo e os sintetizadores misturando a progressividade do rock com um ambiente gregoriano ocasionado pelas vozes. Após estas três faixas iniciais, passamos aí sim para um ambiente que lembra o que seria um “Jethro Tull após um banho de modernidade”, ou um “Focus menos viajado” já que ambas possuem a flauta como destaque. Faixas como “Wings of Phoenix” destacam seu baixo, flauta e sintetizador variando de velocidade e colocando novas notas a todo instante. As faixas são imprevisíveis, mas tudo te surpreende e não te cansa.
A bateria se destaca em “Ship of Darkness”, te enganando com a calmaria do sintetizador para uma flauta e bateria que lembram algo mais tribal e indígena. O destaque final é mais uma suíte “The Moment of Truth”, com destaque ao saxofone e ao coro de vozes em húngaro em uma canção mais bonita e acessível, deixando de lado as mudanças repentinas de ritmo.
É o tipo de disco que eu adoraria indicar aos meus colegas da Consultoria e aos leitores do site fissurados pelo progressivo (Mairon deixou muitas viúvas por aqui, com o fim do Maravilhas). Vale a pena conhecer este belo registro.
Tracklist
- Book of Prophecies (Part 1)
- Book of Prophecies (Part 2)
- Book of Prophecies (Part 3)
- The Duel
- The Lion’s Empire
- Wings of the Phoenix
- Ship of Darkness
- Wargames
- The Moment of Truth (Part 1)
- The Moment of Truth (Part 2)
Errou, André: se tivesse feito uma matéria sobre os malefícios das marchinhas carnavalescas nestes tempos politicamente corretos, isto aqui estaria lotado de comentários. Agora, Solaris?!!!, banda húngara?!!! Só porque lançou o melhor álbum de prog dos anos 80? Que aliás, nem é esse? Tzk…tzk… vai sambar, garoto!
Ótima resenha, André. Gosto muito do Solaris.
Você já deu uma atenção para o 1990? Acho muito bom.
Eu demorei um pouco mais para assimilar o Nostradamus.
Isso é apelação…..
putz….. ficou legal demais