Artigos Especiais: Rock Brasileiro 1974 – 1976 (Parte 3)

Artigos Especiais: Rock Brasileiro 1974 – 1976 (Parte 3)

Por Ronaldo Rodrigues

Conforme informado anteriormente, esta terceira parte do texto cuidará de falar do rock brasileiro na mídia,  bandas de larga envergadura do período que não lançaram discos e também dos lançamentos fonográficos de 1976. Sugere-se ao leitor buscar referências nas duas partes precedentes para um panorama mais completo de todo o assunto tratado. Nos comentários serão postados links com materiais de referência a este texto. 

O jornalista Nelson Motta na coluna no Jornal Hoje, da Rede Globo, em meados dos anos 70

Na TV, na mídia impressa e no rádio o rock, de alguma forma, crescia. A Rede Globo lançou o programa Sábado Som, que estreiou em março de 1974 e ficou no ar até fevereiro de 1975, deixando a moçada maluca com video tapes de grandes bandas da época e registros de seus concertos – Pink Floyd, Black Sabbath, Mahavisnhu Orchestra, Allman Brothers, Humble Pie, Johnny Winter, etc. Segundo relatos, o Veludo foi a única banda nacional a aparecer no programa. O programa era apresentado por Nelson Motta no início, que logo foi substituído pelo famoso disc joquei Big Boy (nome artístico do radialista Newton Alvarenga Duarte). Todo esse material se perdeu em um grande incêndio ocorrido nos estúdios da TV Globo em 1976 e muitos outros registros de grande relevância para toda a música brasileira.

No rádio, despontava com crescente sucesso entre a moçada a Rádio Eldorado, no FM, mais conhecida como Eldo Pop. O FM era novidade na época e a Eldo tocava material até então inédito no país, principalmente do rock progressivo e hard-rock contemporâneo (não só inglês e norte-americano, mas de vários outros países, inclusive som das bandas locais), sem locuções e com pouquíssimos intervalos, numa longa viagem sonora. A rádio começou em fins de 1972 e durou até 1978, pouco tempo depois da morte de Big Boy (ocorrida prematuramente em 1977), que era quem conseguia o fantástico material que a rádio veiculava e era seu principal programador. Deixou como legado uma imensa legião de órfãos que a cultuavam e que até hoje pesquisam nomes de algumas músicas que tocavam na programação, já que não eram anunciadas enquanto tocavam. Ainda atualmente, grupos de ouvintes da Eldo Pop se reúnem no Rio para celebrar as músicas de sua programação e diversos blogs e fóruns na internet rememoram seu legado.

O lendário Big Boy

Em São Paulo, grande repercussão tinha o programa Kaleidoscópio, apresentado diariamente nas madrugadas por Jacques do Kaleidoscópio. Em uma rádio católica (Rádio América AM), o radialista Jacques Gersgorin botava o fino do rock para rolar, com entrevistas e muito papo cabeça. O público podia assistir e curtir o programa no próprio auditório da rádio e o programa, apesar da vida curta, marcou época.

Página da revista Hit Pop, longeva publicação na década de 70

Como revistas de grande circulação, havia a Hit-Pop (que surgiu a partir da seção de música da revista teen Pop, da editora Abril), Jornal de Música (depois rebatizada como Revista Música) e a Rock: A História e a Glória, que além de anunciarem as novidades lançadas no Brasil e no mundo, encartavam posters de bandas que despontavam na época e traziam algumas resenhas e entrevistas. Acontecimentos como o Festival de Águas Claras e o Hollywood Rock foram notícia em grandes veículos da mídia tradicional da época. As citadas revistas, além de colocar a juventude brasileira a par das novidades do rock mundial e do rock brasileiro (as publicações dedicavam generoso espaço a lançamentos de grupos e artistas estreantes e comentavam lançamentos de artistas nacionais já renomados), contavam com os préstimos de críticos reconhecidos até hoje no ofício – Ana Maria Bahiana, Tarik e Okky de Souza, Ezequiel Neves, Luiz Carlos Maciel, dentre outros. Nestas publicações também era comum aparecerem colunas ou resenhas escritas por músicos e poetas – Jorge Mautner, Egídio Conde, Julio Medaglia, Julio Barroso, Rogério Duprat, etc.

O Jornal de Música resenhando o trabalho da Barca do Sol

Não só no circuito Rio-São Paulo as coisas aconteciam. Em Porto Alegre, a agitação começou a partir da Rádio Continental, com o apresentador Julio Furst, que apresentava um programa patrocinado pela marca de calças jeans Lee. Após ser convidado para atuar como jurado no festival universitário Musipuc, o cara resolve apostar nas bandas locais. Julio propõe a rádio oferecer espaço para gravações semi-profissionais (em dois canais) para as bandas que participaram do Musipuc e outras que surgissem, para rolar em seu programa. Porto Alegre praticamente não possuía estúdios profissionais na época. A direção da rádio em princípio hesitou e colocou o risco do fracasso do projeto nas costas de Julio. Mas o cara seguiu com a idéia, auxiliando as bandas na divulgação do som e levando aquela música a uma amplitude maior dentro da região Sul. As bandas gravavam e as músicas rolavam no programa de Julio, que tinha grande audiência. E a partir disso começaram a surgir os eventos da rádio, com as bandas que tocavam no programa se apresentando nos palcos, principalmente da capital gaúcha.

Julio Furst, vulgo Mr. Lee, e Hermes Aquino

Vieram a tona nestes eventos bandas que ainda hoje permanecem obscuras, por não possuírem registros oficiais (fora os gravados na rádio), como o Bizarro (grupo de hard-progressivo), Inconsciente Coletivo (folk-MPB), Mantra (jazz-rock), Élbia (rock n’ roll), Utopia (folk progressivo) entre outros. Outro grupo importante da cena gaúcha na época era o Saudade Instantânea, que segundos relatos, tinha uma linha de som parecida com a dos Mutantes (fase progressiva). A banda, formada em 1972, era capitaneada pelo guitarrista Cláudio Vera Cruz, que viria a integrar o grupo mais famoso vindo da região sul na época, o Bixo da Seda (sobre o qual falaremos em seguida). A banda participou de vários eventos e esteve envolvida com teatro, criando trilhas sonoras para alguns espetáculos. Um de seus maiores feitos foi abrir o show dos Secos & Molhados em Porto Alegre, em 73. Já as bandas Inconsciente Coletivo, Bizarro e Utopia abriram o show do cantor Bill Halley, em 1975, no Gigantinho.

Na região nordeste (principalmente em Recife, João Pessoa e Fortaleza), acontecia a gestação de toda uma geração de compositores e interprétes, muitos com impressões digitais estritamente rockeiras. A partir de 1972, gente do calibre de Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Lula Côrtes, Marconi Notaro, Zé Ramalho, Fagner, Ednardo, o pessoal do Ave Sangria, Quinteto Violado, Flaviola, passou a cantar em outras freguesias. Recomendo a leitura do valioso artigo de nosso colaborador Eudes Baima a respeito (veja aqui).

Lula Côrtes, um dos expoentes da geração ’70 no Nordeste

Em Minas Gerais, apareceria o Saeculum Saeculorum, que havia começado em 74. Participaram de um grande festival em Minas, chamado “Camping Pop” e em 76 entraram em estúdio para registrar uma fita demo, a fim de negociar um contrato com a gravadora Warner. O contrato não rolou e o material ficou esquecido, com a banda encerrando as atividades em 77. Somente nos idos de 1996 é que esse material veio à luz, graças ao garimpo do violinista do grupo, Marcus Viana (futuro integrante do grupo Sagrado Coração da Terra). A formação do grupo era Marcus Viana (violino e vocais), Giácomo Lombardi (piano), José Audísio (guitarras), Bob Walter (bateria) e Edson Plá Viegas (baixo) e a gravação revela um som de grande qualidade musical, numa linha sinfônica e com instrumental de primeira grandeza.

Saecula Saeculorum

A história do período não ficaria completa se não fossem citados os inúmeros casos de bandas da época que morreram antes de ter algum material oficial lançado (em alguns casos inexistem até mesmo os registros extra-oficiais). Destas, algumas merecem especial destaque por terem sido grande live-acts da época, serem aclamadas por público e crítica, e figurado em festivais e grandes shows – Veludo, Vímana, Soma, Rock da Mortalha e Burmah.

A trajetória do Veludo muitas vezes é confundida com a trajetória do Veludo Elétrico. Não necessariamente uma veio da outra, mas tiveram membros em comum. O Veludo Elétrico era um agrupamento de músicos cariocas que viriam a ficar celébres, seja no mainstream ou no underground do período. Na guitarra, estava um tal Luís Maurício (futuramente denominando-se Lulu Santos), que era tido com um jovem guitar hero da zona sul do Rio. Além dele, Fernando Gama (baixista) e Pedro Jaguaribe (também baixista) e os futuros Mutantes Paul de Castro (após sua passagem pelo Veludo), Rui Motta e Tulio Mourão. Então, dos ossos do Veludo Elétrico, surgiram músicos que abasteceram três das principais bandas progressivas do período – Veludo, Vímana e Mutantes.

Elias Mizhrai, tecladista, vocalista e fundador do Veludo

O Veludo mesmo foi formado a partir da banda de apoio que Zé Rodrix estava recrutando para seu novo show, no fim de 1973. Foi ali que Elias Mizhrai, tecladista, compositor e arranjador, trava encontro com o já rodado guitarrista paulista Paul de Castro (com passagens pel’O Bando e também pelo Veludo Elétrico, já no Rio). Elias tinha uma outra banda progressiva chamada Antena Coletiva, na qual já desenvolvia o som que viria a adotar para o Veludo. Junto com Pedro Jaguaribe (outro ex-Veludo Elétrico) e Gustavo Schroetter (que era baterista da Bolha) estreiam com muito sucesso no reveillon de 1973 no Teatro João Caetano (há um pequeno trecho em super 8 desse concerto, veja aqui), junto com outra estreante, o Vímana. Curiosamente, ambas tem o Veludo Elétrico em sua árvore genealógica. O som do Veludo era um rock progressivo de alto impacto, saindo da linha contemplativa de muitos grupos influenciados pelo Pink Floyd, rasgando-se entre violentas interações de guitarra e teclados e chocando-se com uma sólida cozinha de bateria e baixo, abusando de convenções e mudanças de andamento em suas longas suítes. Se o público se amarrava no som dos caras, as gravadoras tinham uma visão restritiva quanto ao tipo de música praticada; consideravam aquilo como um som para um nicho específico e pequeno, apenas. A despeito da grande repercussão na época, a banda não conseguiu nenhum contrato para gravar um disco. Em um show, inclusive, contaram com uma canja do ex-tecladista do Yes, Patrick Moraz, que estava se radicando no Brasil. Contudo, nem só de louros se conta a trajetória da banda. Ezequiel Neves, um notório detrator do rock progressivo, os detonava sem dó:

“O grupo do guitarrista Paul de Castro desaprendeu de forma chocante sua eficaz receita de rock-blues. Agora o Veludo entrou para o rol do som bolo de noiva, marca registrada do Terço, Mutantes, etc… Tudo de uma chatice sem limites. A competência instrumental a serviço da bobagem. Temas fantásticos totalmente jogados fora, sufocados por improvisações totalmente desprezíveis. O fato do Veludo, o Terço e os Mutantes estarem conscientemente batendo com a cabeça na parede, me deixa com pena é da parede”

Gustavo Schroetter e Paul de Castro, baterista e guitarrista do Veludo

No fim de 1974, Nelsinho Laranjeiras substitui Pedro Jaguaribe no baixo e em 1975, após o festival Banana Progressiva, em São Paulo, Gustavo Schroetter também se manda para ocupações mais rentáveis (entrou para a banda de Jorge Ben, tocou com Raul Seixas e depois formou o A Cor do Som no fim da década).  No lugar de Gustavo, o guitarrista Ari Mendes (que já tocara alguns anos antes com Nelsinho Laranjeiras) assume o posto de baterista de forma improvisada.

Elias Mizhrai, fundador do grupo, também buscou uma carreira solo e foi trabalhar com Ney Matogrosso, deixando momentaneamente a banda. Também Paul de Castro, por convite de Sergio Dias (um admirador confesso do grupo) assume o baixo nos Mutantes, no lugar de Antonio Pedro Fortuna. Nelsinho reestrutura totalmente o som do grupo, tornando o mais eclético e agregando elementos mais presentes de música brasileira e latina. A banda entrou em um vaivém de músicos (até o próprio Elias retornou por um tempo nessa nova fase do grupo) e prosseguiu com essa fusão de estilos até sua dissolução em 1978.

Matéria do Jornal de Música, dando destaque a shows do Terço, Veludo e Tony Osannah em 1976

No fim da década de 1990, surge um registro gravado da platéia do show da banda no festival Banana Progressiva, em 1975, no teatro da Fundação Getúlio Vargas, que pode dar uma idéia da qualidade do grupo e do calibre de sua possante fórmula musical (ouça aqui). Nos anos 2000, Elias Mizhrai reativa brevemente a banda e lança o disco A Re-volta; já Nelsinho Laranjeiras revive a segunda fase da banda, lançando em 2016 o álbum Penetrando por todo o caminho sem fraquejar, contando com a participação de alguns dos músicos que integraram a segunda fase da banda, relendo o repertório da época. Atualmente, os dois músicos buscam revitalizar o repertório do grupo separadamente.

Capa do lançamento póstumo do Veludo, ao vivo no Festival Banana Progressiva em 1975

O outro “braço” do Veludo Elétrico (Lulu Santos e Fernando Gama) juntou-se aos remanescentes do Módulo Mil (Candinho, baterista, e Luiz Paulo Simas, tecladista) e fundaram a banda Vímana no fim de 1973. Segundo Luiz Paulo Simas, o início do grupo era basicamente composto de longas jam sessions e sons improvisados. Freqüentes problemas de som atrapalharam os primeiros concertos do grupo, que começou a se desmotivar. Candinho pula fora na hora que percebe os movimentos dos outros colegas para tentar arranjar mais o som da banda e também estava mais interessado em seitas orientais e espiritualidade naquele momento. Nelson Motta dá uma força pra moçada e os coloca pra acompanhar uma peça de teatro da atriz Marília Pêra. No fim de 1974, a banda já estava novamente aquecida, tendo o ingresso de João Luís Woenderbarg, mais conhecido como Lobão, na bateria e do flautista e vocalista inglês Ritchie Court (que já tinha passado pelo Scaladácida em São Paulo, pelo Soma e A Barca do Sol no Rio).

Luiz Paulo Simas, em ação com o Vímana

O som do grupo tinha muito de rock progressivo, mas tinha também um tempero brasileiro com bastante swing, soando como uma fusão bastante elaborada. Essa nova fase (fim de 74 e todo o ano de 75) foi a de maior sucesso e repercussão do grupo; nessa época a banda grava o lendário disco que nunca viu a luz do disco, pela gravadora Som Livre, com produção de Guto Graça Melo. Uma entrevista concedida à rádio Eldo Pop (provavelmente de 1976) revela boa parte do material do que viria a ser o disco (desconsidere a coletânea não autorizada On the Rocks que circula na internet, que é uma salada de diversas fases da banda).

Fernando Gama, Lobão, Luiz Paulo Simas, Lulu Santos e Ritchie – o Vímana

Uma horda de problemas não permitiu que o material fosse finalizado e lançado e no meio disso tudo, a Som Livre passou a desconsiderar a viabilidade comercial do lançamento. Apenas em abril de 1977 é que uma das faixas do álbum viria a ser lançada – a curta peça prog “Masquerade“, como lado B do compacto. No lado A da bolachinha, uma faixa gravada posteriormente, chamada Zebra, composição de Lobão, que já mostrava a banda partindo para um som totalmente distinto e de apelo mais pop.

Relançamento do compacto do Vímana, com Zebra e Masquerade

Envolvida com o tecladista Patrick Moraz, que queria fazê-los sua banda de apoio, o Vímana passou a buscar um som mais comercial e com mais raízes brasileiras. A relação com o tecladista suíço é conhecida por suas bizarrices, desentendimentos e acusações de ambos os lados, sendo que nada rolou daí além de várias hilárias histórias. Algumas poucas faixas ao vivo (de baixa qualidade sonora) e as participações do Vímana como banda de apoio para Luiza Maria (com a bela balada “Maya“), Fagner e Walter Franco constituem tudo que existe de material sobre a banda. No início de 1978, tudo estava completamente desfeito para os caras. Contribui para o fato da gravação do disco permanecer engavetada até hoje o interesse quase nulo dos ex-integrantes da banda pelo antigo material, já que quase todos eles seguiram a trilha da música pop nos anos seguintes (Lulu Santos, Lobão e Ritchie; Fernando Gama com o Boca Livre e Luiz Paulo Simas na música instrumental e em trilhas sonoras) com bastante sucesso.

Lulu Santos e Fernando Gama ao vivo com o Vímana

O Soma era carioca e a história da banda começa em 1969, com Bruce Henry, jovem norte-americano que veio morar no Brasil em 66. Depois de ver uma domingueira no clube Monte Líbano com a Bolha no palco ficou impactado e decidiu que precisava urgentemente de uma nova banda (Bruce tocava com o grupo beat The Outcasts). A banda começou com Jaime Shields (guitarra e vocal, outro norte americano), Alírio Lima (bateria) e Ricardo Peixoto (guitarra), além do próprio Bruce Henry no baixo. Em pouco tempo de ensaios, já apareciam nos agitos mais loucos da zona sul carioca, em eventos multiculturais e happenings. Gravaram um compacto duplo com Jards Macalé em 1971 e compactos autorais que saíram na obscura coletânea Barbarella, de 1971.

Compacto de 1971 de Jards Macalé junto com o Soma

Participaram ainda de um dos primeiros festivais ao ar livre do país, o Festival de Guarapari em 1971, alternando-se entre sons próprios e releituras. Pela falta de repercussão do material lançado e outras perspectivas deram um tempo fora do país e só voltaram no ano seguinte. Bruce Henry ficou um bom tempo tocando com a poderosa banda de Gilberto Gil em sua fase Expresso 2222. Depois de um tempo tentando alugar um equipado sistema de som que adquiriu na Inglaterra, decidiu remontar o Soma em 1973. Seus espetáculos eram venerados pelo público e sua musicalidade cada vez mais eclética era plenamente apreciada e anunciada. Neste mesmo ano, diversas demos com canções da banda foram gravadas, mas nada de pintar um contrato. No fim de 1973, Ritchie Court ingressa na banda, em uma catártica estréia junto com os Mutantes e O Terço, no auditório do Museu de Arte Moderna (MAM). Nessa época, também contam com o tecladista Tomás Improta na formação do grupo. O único registro que se tem da banda neste período é a música “P.F” (que significava Paris-Frankfurt, mas para o disco foi dada também a conotação de “prato feito” tão típica para a gastronomia brasileira), que saiu no disco do espetáculo Banquete dos Mendigos organizado por Jards Macalé em comemoração aos 25 anos da declaração dos direitos humanos. O disco retrata um show/festival também ocorrido no MAM em dezembro de 1973. Mais alguns shows, com o lendário baterista Áureo de Souza (da banda de Caetano Veloso e do grupo inglês de jazz-rock Riff Raff), e tudo estava acabado, pela estafa de Bruce Henry de lidar com tanta adversidade e falta de grana. Gravaram também a trilha sonora de um filme sobre o famoso ladrão Ronald Briggs, mas nem o filme nem o disco chegaram a ser lançados e se perderam no tempo. O livro Histórias Secretas do Rock Brasileiro (veja nossa resenha a respeito aqui), do jornalista e escritor Nélio Rodrigues, detalha ferozmente a brilhante trajetória do grupo.

Jards Macalé divulgando o espetáculo que daria origem ao LP Banquete dos Mendigos

O Rock da Mortalha foi um grupo lendário da cena brasileira, porque, segundo relatos, seu som era extremamente pesado, um hard-heavy rock vigoroso, na linha do Black Sabbath. Os membros da banda, formada na periferia de São Bernardo do Campo, tocavam fantasiados e utilizavam temáticas obscuras e fantasiosas em suas letras. Existem relatos conflitantes e desencontrados a respeito da banda e até surgiram gravações de um suposto ensaio do grupo (com péssima qualidade sonora, ouça aqui e aqui) em que realmente percebe-se como o som era pesado. Mas há pessoas que conheceram pessoalmente a banda e seus membros que relatam que o som dos caras não era nada daquilo, e que o material poderia até ser de uma outra banda. Tiveram várias formações e estiveram ativos até o fim da década de 70, já indo numa direção mais heavy metal. Controvérsias a parte, os músicos que faziam parte da banda na época em que tocaram no Festival de Águas Claras (eram eles Orlando Luí no baixo, Marcos Baccas na guitarra e Julinho na bateria) já morreram (ou sumiram) e fica essa lacuna sobre a história do grupo. Também eram acompanhados eventualmente (o que não aconteceu no show em Iacanga) de um dançarino, chamado Lola, que era italiano e fazia performances teatrais durante os shows no período.

O obscuro Rock da Mortalha

Já o Burmah era um grupo argentino, com um dos membros brasileiros, com amigos que se conheceram num navio voltando da Europa. Esse intercâmbio não era exatamente incomum na época: Tony Ossanah era figura carimbada no rock brasileiro dos anos 70, oriundo da lendária Beat Boys que acompanhou Caetano Veloso e Gal Costa, dentre vários outros exemplos possíveis. Sua estreia aconteceu no Teatro Treze de Maio, em São Paulo, no evento Primeira Semana do Rock Paulista, ocorrido em dezembro de 74. O Burmah tocou no Festival de Águas Claras, na Banana Progressiva e no projeto Rock da Garoa, além de diversos eventos na capital paulista, onde estavam baseados. Eram formados por Norton Lagoa (contrabaixo, o único brasileiro no grupo), Eduardo Depose (guitarra), Javier Starrico (teclados) e Juan Piojo Abalas (bateria). Depois de terem problemas com os vistos de permanência no Brasil, a banda passou um tempo de molho; voltou para a Argentina, tocando e tendo boa repercussão por lá e agregando diversos músicos tarimbados na volta ao Brasil, como Franklin Paolilo (do Tutti Frutti), Rolando Castelo Junior (da Patrulha do Espaço) e Manito (Som Nosso de Cada Dia). Alguns registros surgiram em áudio e vídeo de apresentações do grupo (como este aqui), a despeito de não existir nenhum material oficial de estúdio lançado (relatos dão conta de um disco gravado em 1978).

Segunda formação do Burmah em destaque

Várias bandas são meros verbetes em enciclopédias e nem se sabe ao certo o tipo exato de som que praticavam. Aqui vão algumas meras tentativas (agradecemos correções que surgirem nos comentários) de fazer justiça a elas – Montanhas (Rio, hard rock); Movimento Parado (Paraná, rock progressivo), Manga Rosa (Minas, jazz-rock), Mytra (São Paulo, hard rock), Inconsciente Coletivo (Rio Grande do Sul, hard rock), Bizarro (Rio Grande do Sul, hard rock), Tapete Mágico (Paraná, hard rock), 20 Minutos Antes do Começo do Tempo (Minas, blues-rock), Fruto da Terra (São Paulo, blues-rock), Catarse (Minas, rock rural), Biscoito Celeste (Rio, hard rock), Pêndulo Mágico (São Paulo, rock progressivo), dentre outras.

Os gaúchos pauleiras do Bizarro

Durante o ano de 1976, aconteceram diversos lançamentos de grande qualidade musical e que fundamentaram a mensagem daquela geração de rockeiros em nosso país. O Terço, no rastro do sucesso de Criaturas da Noite, lançaram Casa Encantada, um trabalho que aprofundou as experiências sonoras anteriores, mas com um brilho ligeiramente menor. Havia referências mais claras à MPB e ao rock progressivo, porém não com a mesma inspiração. Algumas músicas do período ficaram de fora do disco, como a extensa Suíte, Velho Silêncio, Rapoza Azul, entre outras. . Hoje, esses sons podem ser conferidos no raro e limitado disco O Terço Ao Vivo 76, com uma apresentação da banda no Teatro João Caetano, com versões mais pesadas e intensas do que as de estúdio, como “Flor de La Noche“. O sucesso de Casa Encantada também foi grande e a banda se apresentou cerca de 200 vezes por ano (neste período entre 74 e 76), sem dúvidas, o período mais bem-sucedido do grupo, em público e crítica. No ano seguinte, Flávio Venturini viria a deixar o grupo.

Encarte do raro e disputado CD com o show ao vivo do Terço no Teatro João Caetano em 76

Um dos mais incríveis trabalhos do rock na época foi devidamente estragado por uma total falta de visão empresarial e outras questões comerciais – Mutantes Ao Vivo. A formação da banda na época era Sérgio Dias, Paul de Castro (creditado como Paulo de Castro, tocando baixo e violino), Rui Motta e Luciano Alves. A banda tinha feito uma temporada de concertos no MAM do Rio em agosto, e havia registrado o material para lançar um ousado projeto – um disco ao vivo quase todo de músicas inéditas. O plano era de que todo o material saísse num disco duplo, com produção gráfica caprichada. Mas foram limados pelo produtor Peninha Schmidt, que alegou que o projeto seria inviável porque o custo de um disco duplo não poderia ser repassado e o disco encalharia. Para piorar, o disco ainda foi todo retalhado – faixas cortadas e mixadas na ordem diferente da que foi executada no show. Isso gerou uma insatisfação muito grande na banda, e é uma triste constatação frente à qualidade do material, lançado no disco simples. Banda entrosadíssima e ótimas composições, boa qualidade sonora e energia pura. Quem sabe esse imenso equívoco seja desfeito possa ser desfeito no futuro e o show surja íntegra, como era o desejo da banda.

Casa das Máquinas, com o vocalista Simbas, ao vivo

O Casa das Máquinas daria uma outra guinada em seu som, dessa vez partindo para o rock n’ roll básico e pesado. Com a entrada do performático vocalista Simbas, a banda assume uma identidade mais “glam” no disco Casa de Rock, disco que teve como hits a faixa título, “Jogue tudo para a cabeça” e “Stress”. Esse seria o último disco da banda, que no fim de 77 se envolveria num polêmico episódio com um técnico da Rede Record. A banda iria tocar no estúdio da emissora e depois de um acidente entre um veículo da emissora e outro da banda, iniciou-se uma discussão que descambou para pancadaria. O técnico em questão apanhou bastante na confusão e já tinha a saúde debilitada. Pra não queimar o filme do pessoal que se envolveu na briga, o técnico foi instruído pela segurança da emissora a não contar nada. No dia seguinte, o cara piorou e morreu no hospital, com rompimento do fígado e duas costelas fraturadas. Isso sujou totalmente a carreira da banda, que só conseguiu seguir por um pouco mais de tempo, até 78. O julgamento acabou inocentando parcialmente os membros da banda, com Simbas pegando 1 ano de prisão por homicídio culposo (que cumpriu em liberdade por ser réu primário) com a responsabilidade sendo dividida com seu irmão, que na época era menor de idade.

Foto promo do Joelho de Porco no Mercado Municipal de São Paulo, com Gérson Tatini (Moto Perpétuo) a esquerda.

Quem estreou em disco em 1976 foi o Joelho de Porco, com o disco São Paulo 1554 Hoje. Existe certa divergência de informação na internet quanto a data do lançamento do disco – alguns dizem ser um disco de 73, outros de 74. Mas em consulta a revistas do período, 1976 é a data em que se propagou este lançamento e os shows que a banda passou a fazer. O grupo era composto pelo baterista e vocalista Próspero Albanense, Ricardo Petraglia (que no futuro viria a formar sua própria banda, Sindicato) no vocal, Tico Terpins no baixo (o principal compositor da banda) e Serginho Sá no piano. A banda passou por várias formações, tendo também a passagem de Gérson Tatini (baixo, futuro Moto Perpétuo) e Rodolfo Ayres Braga (futuro Terreno Baldio). O Joelho de Porco passou a ser um marco no período pela interessante combinação de um rock possante com um humor ácido e escrachado, usando eventualmente para tal, ritmos caribenhos, vaudeville e doo-wop em suas composições. As letras revelam uma visão crítica (feita com bastante irreverência) do cotidiano da megalópole paulista e musicalmente existem ali pérolas do nosso rock setentista, como “São Paulo By Day”, “Meus Vintes e Seis Anos” e “A Lâmpada de Edson”.

Bixo da Seda ao vivo

No Sul, em 1976 o Bixo da Seda aparecia pela primeira (e única vez) em LP. A banda surgiu a partir do grupo Liverpool, formado em 67 no Rio Grande do Sul. Gravada em 69, com o instigante nome de Por Favor Sucesso, a estréia vinílica da banda não surtiu o efeito que o nome pregava, mesmo fazendo um bom som na esteira psicodélica-tropicalista. No ano seguinte, a banda seria responsável pela trilha do filme Marcelo Zona Sul, com Françoise Fourton e Stepan Necessian, hoje bastante disputado por colecionadores. O grupo passou a radicar-se no Rio de Janeiro e encerrou as atividades em 73, com vários dos músicos voltando para o sul. Em 75, um novo encontro dos músicos Foguete (vocal, flauta e percussão), Mimi Lessa (guitarra), Marcos Lessa (guitarra) e Édson Espíndola (bateria) geraria o Bixo da Seda. Após gravarem o disco, em fins de 75, se mudariam novamente para o Rio de Janeiro, onde agregaram Renato Ladeira (ex-A Bolha, tocando teclados) e durante o período também Vinícius Cantuária, numa época em que passaram a tocar com duas baterias. Fizeram muitos shows em Porto Alegre e no Rio de Janeiro. O disco saiu em 76, batizado de Estação Elétrica, mesclando um rock n’ roll de primeira qualidade, por vezes pesado e com alguns toques progressivos no instrumental, como no caso da bela abertura com “Venus“. Depois do disco, houve algumas trocas de formação até o fim dos anos 70, sendo que uma parte da banda passou a acompanhar o emergente grupo pop-disco “As Frenéticas”. O disco acabou sendo o único do grupo, que se desmanchou depois de mais alguns poucos anos.

Selo do disco Estação Elétrica, do Bixo da Seda

1976 viu a banda A Barca do Sol lançar seu trabalho definitivo – Durante o Verão, novamente com produção de Egberto Gismonti. Tão lírico quanto os anteriores, com mais guitarra elétrica e bateria, esse disco é um ponto alto na música do período, mesmo não sendo puramente “rock”, como a própria banda gostava de deixar claro. Ainda A Barca do Sol gravaria mais um disco, chamado Pirata, em 78 e um outro disco em parceria com a cantora Olivia Byington.

No mesmo ano, também apareceu o lançamento do primeiro disco do Terreno Baldio (que foi gravado ainda em 75), grupo paulistano que já estava na estrada dando o que falar. A formação clássica da banda era João Kurk nos vocais e flauta, Mozart Mello na guitarra, Ronaldo Lazzarini nos teclados, João Ascenção no baixo e Joaquim Côrrea na bateria. A história do grupo começa pelos idos de 66, quando Rodolfo Ayres Braga e Joaquim Correa formaram a banda Islanders, junto de João Kurk e Ronaldo Lazzarini, uma banda de covers que se concentrava em tocar o que havia de mais underground em termos de hard e rock psicodélico. Ficaram juntos nesse projeto até 1971. João Kurk também participou de outro grupo de covers, chamado Utopia. Os músicos foram amadurecendo até que João e Roberto partiram para as idéias próprias, por volta de 73-74, influenciadas pelas grandes bandas progressivas inglesas – Yes, Camel, Renaissance, Gentle Giant, etc. O disco homônimo, estréia da banda, sofreu de um mal similar ao que acometeu o lançamento do disco ao vivo dos Mutantes e também do não-lançamento da suíte “Amazônia” do Som Nosso de Cada Dia. Por pressão da gravadora, a banda não conseguiu gravar todo o material que tinha composto na época, previsto inicialmente para um disco duplo. Seus shows no período eram compostos de três movimentos – Aqueloô, Pássaro Azul e Terreno Baldio. É triste observar a produção pobre do disco, com um som fraco e mal equalizado, anos-luz distante da qualidade musical das composições, da letra e da interpretação do grupo. No ano seguinte, o Terreno gravaria outro importante trabalho – Além das Lendas Brasileiras, com uma formação diferente e uma produção um bocado mais digna.

A primeira formação do Terreno Baldio em ação

No lado mainstream da coisa, Rita Lee continuava botando todo mundo pra ferver com Entradas e Bandeiras e Raul Seixas continuava voando em sucesso com Eu Nasci Há 10.000 anos atrás. E no underground poderia-se citar muitos outros grupos bem ativos, como Sindicato, Flamboyant, Tony Osannah Band, Jazzco, Humauhaca, etc. Esse relato é uma mera síntese. Felizmente, cada vez mais pesquisadores tem se debruçado sobre o rock brasileiro do período, despidos de velhos e caricatos preconceitos. Ainda que seja importante manter sempre em alta a auto-crítica, é precisar dar o devido peso ao contexto e as táticas de guerra que nosso rock precisou adotar para sobreviver. Fica a história ainda obscurecida pela grande mídia nesse período, especialmente pela idéia largamente vendida de um “vácuo” entre a jovem guarda e a onda pop-rock dos anos 80, ignorando sumariamente que muitos dos nomes que despontaram nos anos 80 já tinham experiências musicais bem interessantes em anos anteriores. Seria ótimo ver cada vez mais gavetas e porões sendo abertos e materiais sendo disponibilizados sobre o rock brasileiro dessa época, que ainda carece tanto de fotografias, filmagens, reportagens, artigos e registros de áudio.

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24 comentários sobre “Artigos Especiais: Rock Brasileiro 1974 – 1976 (Parte 3)

  1. Lembro de um programa de rock, concorrente do Sábado Som, que teve curta duração na TV Bandeirantes. Se não me engano se chamava Band 13.

    O Vímana também acompanhou algumas faixas da trilha sonora da peça Feiticeira, da Marília Pera, lançada pela Som Livre em 1975.

    Antes de vir para o Brasil, trazido pela Rita Lee, Ritchie tocou na banda inglesa riponga Everyone Involved. Tocava flauta nessa banda que lançou um disco raro de apenas 1000 cópias, distribuido gratuitamente em um tipo de manifestação que eles faziam nas ruas.

    https://www.youtube.com/watch?v=BThFZ6TvDGM

    Assisti ao vivo o Joelho de Porco na época do Ricardo Petraglia e também o Bixo da Seda (Fuguetti Luz sempre foi uma espécie de herói) e o Casa das Máquinas.

    Mantendo a redundância, parabéns pela matéria, Ronaldo!

  2. Excelente. Parabéns Ronaldo pela ótima matéria. Fico até sem palavras pra comentar. Trabalho incrível você vem fazendo sobre o rock nacional. Dá gosto de ler e vontade de ouvir. Parabéns!

  3. Material incrível Ronaldo, parabéns. Uma aula de história do rock nacional para a eternidade.

    Cito aqui, no Mainstream, Bandido, segundo disco do Ney Matogrosso com a clássica “Mulheres de Atenas”. No mais, raridades que um dia pretendo tê-las em totalidade nas minhas prateleiras.

    Parabéns!

  4. O pior é que perdi de comprar o Bixo da Seda por 20 Lulas, na versão capa dupla. Hoje não se acha por menos de 100 Temers

  5. Já ouvi falar que o ex vocalista do Golpe de Estado, Catalau, era letrista do Casa das Máquinas. Alguém confirma isso?

  6. Duas observações na terceira parte da excepcional matéria do Ronaldo:

    1. Não sei se li direito a redação, mas entendi que Jornal de Música e Rock: a história e a glória seriam publicações diferentes. Se não é isso, relevem. Se é isso mesmo, corrijo: o Jornal de Música trazia um encarte chamado “Rock, a história e a glória”, dedicado a biografar os grandes nomes do estilo, em largas matérias, muito bem escritas e com belo design. A publicação era editada pelos hoje decanos da imprensa pop, José Emílio Rondeau e Ana Maria Bahiana. Também tenho dúvida se a revista Música foi a continuidade do Jornal de Música. Tenho a impressão que não.

    2. Depois do Sábado Som, bastante centrado em gigantes do estilo, grupos mais conhecidos no país, ali por 76/77, a Globo lançou também aos sábados à tarde o programa Rock in Concert, com material do programa americano Rock Concert, com bandas bacanas, mas menos conhecidos no Brasil. É desse que me lembro mais. Era muito moleque no período do Sábado Som.

    1. Olá Eudes e Marco, obrigado pela colaboração e elogios. Não mencionei o Rock Concert, mas sim, fato que ele veio na esteira do Sábado Som. Inclusive, uma curiosidade – o show do Focus no teatro Rainbow em 73, um vídeo muito conhecido aqui no Brasil por ter passado no Rock Concert da Globo não é muito conhecido no exterior…um fã citou que tinha o vídeo desse show ao Thijs Van Leer em uma de suas muitas vindas ao Brasil e o Thijs fez questão de ir na casa do cara pra pegar uma cópia do vídeo!
      Eu como neófito, nunca tive a oportunidade de ter uma dessas revistas na mão (apenas leituras virtuais) não sabia qual era qual, mas é possível observar na capa da Rock: A história e a Glória, a relação entre as duas. Quanto a Revista Música, a relação com o Jornal da Música realmente não é aparente, mas alguns editoriais dela me levam a crer que eram.

      Abraço!

    2. Primeiro saiu a revista, Rock A História e a Glória, quando ela deixou de ser revista e passou a ser um encarte para vc montar no Jornal da Música. Nessa época eu era leitor assíduo.

    1. Vou corrigir o Eudes que corrigiu o Ronaldo: tenho vários exemplares do Rock a história e a glória. O Jornal de música é que vinha encartado. Funcionava assim: uma revista de 22 páginas falando sobre determinada banda ou artista e algum assunto sobre a história do rock. No meio da revista vinha um poster em papel mais encorpado. O jornal de música eram 16 páginas ensanduichadas pelo poster.

        1. A Revista Música, que circulou entre o fim dos anos 70 e o começo dos 80, de fato não tinha relação com o Jornal de Música. A revista era editada por uma editora chamada Imprima (Sistema Imprima de Cifras) que, se não me engano, era associada a uma escola de música de São Paulo.
          Esta editora era especializada em revistinhas de cifras, cujos título mais famoso era o Violão e Guitarra, popularíssima.
          Hoje não tenho mais nenhum exemplar comigo, mas comprei bastante. Tinha um cara que escrevia uma porrada de matéria todo número, um tal de André Mauro.

          1. Eles também editavam uma revistinha chamada Rock Star, que eu ainda devo ter vários exemplares guardados em casa…o André Mauro era o editor dessa revista,e muuuuitos anos depois eu vim a saber que é o pseudônimo de Celso Lungaretti,um cara que fez parte da luta armada e foi muito torturado.Levei um choque quando soube disso

    1. Oooooooooooooooo, o Eudes voltoooooooooooooooo,
      o Eudes voltoooooooooooooooo
      o Eudes voltoooooooooooooooo
      o Eudes voltoooooooooooooooo ooooooooooooooooo
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  7. Que material fantástico. Com o Spotify agora tentei ouvir tudo o que consegui dessa época (Som nosso de cada dia, O Terço, Casa das máquinas, Moto Perpétuo etc). Matérias muito legais (partes 1, 2 e 3), realmente uma pena que tantos registros em áudio e vídeo dessa época se perderam. Década de 70 foi de longe a melhor época na música brasileira (obs: nasci em 1990).

    1. Valeu pelos comentários Bruno…sim, vi essa notícia sobre o Fughetti luz mas ainda não ouvi seu novo trabalho. Abraço!

  8. Faltou SPECTRO (Campinas 1974) Tocamos junto lado a lado com Rock da Mortalaha e Burmah.Temos hoje resgatado o primeiro disco em CD (Medusa e Luz Eterna selos) Também foi o pré ALPHA III( hoje com 7 LPS e 40 CDS)

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