AttracthA – No Fear to Face What’s Buried Inside You [2016]
Por Alisson Caetano
Do estilo mais rentável comercialmente nos anos 80 para um período esquisito nos anos 90 e a extrema dependência do revival de sua própria sonoridade na atualidade: este é o resumo enxuto do thrash metal até os dias atuais. O que se tem hoje em dia são muitas bandas veteranas fazendo som para agradar aos próprios fãs — a qualidade fica à cargo do próprio leitor o julgamento — e algumas poucas bandas apresentando uma ou outra sonoridade realmente fresca.
Se estava esperando que o Attractha, banda paulista formada em 2007, fosse uma das exceções criativas, sinto lhe desapontar. O som apresentado pelo quarteto é contido em termos de exibição técnica, apesar de bem executado em boa parte do registro, se valendo de um som encorpado pela presença constante do baixo e da produção bem resolvida (comandada aqui pelo maleta Edu Falaschi). É o metal moderno feito a partir dos anos 2000 em toda sua plenitude.
Em termos de execução, a banda se vira bem dentro de sua proposta básica. Ricardo Oliveira segura a bronca de ser um guitarrista solo em uma banda de metal com riffs curtos e solos operantes. A bateria de Humberto Zambrin, mesmo saltando demais na produção final, possui sua versatilidade, ainda mais quando acompanhada pelo baixo de Guilherme Momesso. O único ponto fraco do conjunto são os vocais limitados de Cleber Krichinak. Ele inclusive me lembrou bastante Blaze Bayley. Não em termos de tonalidade, mas sim no sentido de ser um vocal que não necessariamente agrada, mas que tenta a todo custo se encaixar nas faixas de maneira esforçosa, acalçando um saldo muito flutuante.
O som varia de um thrash metal de bases modernas que procura influências do heavy metal tradicional, indo em um direcionamento mais melódico por vezes, beirando o som que o Black Label Society chegou a fazer em um ponto de sua carreira. O peso é liberado em músicas incisivas e diretas ao ponto, como em “Bleeding Inside”. Em outros, o foco passa para refrão mais grudentos, caso da boa “231” que, a despeito da interpretação estranha dos vocais, possui um ar simpático e acaba agradando. Sobra até espaço para uma balada pesada, a boa “No More Lies”. Sem exageros, bem interpretada, talvez o melhor momento de Cleber no disco e o ponto alto do registro. Por mais que a sensação de novidade nunca venha, o disco cumpre seu papel de entretenimento muito bem, o que para alguns já é mais que o suficiente. As letras possuem o tema de rebelião e certo pessimismo como centrais, mas acabam passando batidos por, novamente, serem repeteco de coisas já escritas antes.
A versão física do álbum, lançamento feito em parceria entre a Dunna Records e a Shinigami Records, merece um destaque a parte. Um digipack muito interessante que se abre em várias abas com as fotos dos integrantes, passa uma sensação de profissionalismo que algumas bandas iniciantes precisam para chamar a atenção de um público maior. Caso tenha se interessado pela música do quarteto, desprender alguns reais no formato físico não seria uma má ideia, definitivamente.
A estreia do Attractha não é o que podemos chamar de explosiva ou arrebatadora. Muitos momentos deixam impressões muito referenciais ou de interpretação equivocada. Seja como for, não há nada aqui que possa ser chamado de descartável ou abaixo da média. É um disco bem correto em todos os quesitos e que tem um público alvo muito bem definido. Sendo seu caso, pode conferir sem sustos que será satisfação quase certeira.
Tracklist:
- Bleeding Inside
- Unmasked Files (Revisited)
- 231
- Move On
- Mistakes and Scars
- No More Lies
- Holy Journey
- Victorious
- Payback Time
Lineup:
Cleber Krichinak – vocais
Humberto Zambrin – bateria
Guilherme Momesso – baixo
Ricardo Oliveira – guitarra
Texto bastante honesto; espero que a banda aproveite e valorize as críticas recebidas.
Abraço,