Direto do Forno: Anxtron – Jellyfish [2017]

Direto do Forno: Anxtron – Jellyfish [2017]

Por Mairon Machado

Formado em 2003, na cidade de Niterói, o grupo Anxtron tem destacado-se no cenário progressivo nacional por conta de seu inusitado repertório, completamente autoral e instrumental. O grupo já conquistou uma ampla base de fãs, principalmente na região central fluminense, através de shows e marcas importantes, como ser vencedor do Festival Niterói Discos (2009), do Duelo no Saloon (2013), festival realizado no Saloon 79 (tradicional pub carioca) com mais de 100 bandas, o segundo lugar no Festival FBI – Festival de Bandas Independentes, realizado no tradicional Imperator, no Rio, entre 147 bandas participantes, e ainda os prêmios individuais de Melhor baixista, baterista e guitarrista, sendo que os dois últimos ganharam o prêmio da final e do festival, enquanto o baixista foi o melhor da final, além de ter aberto o show do Marillion em 2012, entre outros.

Recebendo premiação no Festival de Bandas Independentes de 2016: Gabriel, GG, Rafael e Eduardo

Apesar de estarem há quase quinze anos na estrada, o grupo está lançando apenas seu terceiro álbum, Jellyfish, tendo na formação Eduardo Marcolino (guitarra), Rafael Marcolino (bateria), Gabriel Aquino (teclado) e GG Souza (baixo), que está saindo do forno – chegou no mercado em janeiro desse ano –  de forma totalmente independente, assim como os antecessores, Brainstorm (2013) e Anxtron (2008).

O grupo tocando ao vivo no Rio, com um pano de fundo exuberante

O disco abre com os sintetizadores oitentistas de “The Oasis”, faixa que lembra bastante o Dream Theater, principalmente pelo emprego de peso e boas passagens de guitarra, baixo e bateria. No centro da canção, temos um belo solo de moog (sintetizado, mas tudo bem) que modifica bastante a primeira impressão, tornando-se uma faixa bem agradável a partir daí, mas em seguida voltam o som oitentista dos sintetizadores, que para mim, não foi a melhor das escolhas aqui, e ficamos num 50% / 50% para os ouvidos.

O timbre oitentista também está em “Pororoca”, mas diferente de “The Oasis”, aqui a guitarra assume um espaço maior, deixando os sintetizadores ofuscados perante os solos de guitarra e ainda uma maior participação do baixo de GG, com slaps e dedilhados que estouram forte nas caixas de som. Apenas o primeiro solo de teclado aqui podia ser algo um pouco mais trabalhado, ou no mínimo, demonstrar um virtuosismo além de notas facilmente reproduzidas e sem uma contribuição maior para a canção, o que no caso do solo do moog, na mesma canção, ficou bem melhor e mais atraente.

Eduardo Marcolino em ação

De qualquer forma, Jellyfish começa a tocar a mente na segunda faixa, “Toca do Lagarto”, canção que abre com um riff bluesísticos, e tem uma divisão entre um andamento intrincado entre guitarra e baixo, com boas passagens de teclados e ainda uma participação precisa de Rafael, e um trecho onde a guitarra torna-se soberana, permitindo a Eduardo mostrar suas qualidades que o levaram ao prêmio citado acima. “Igloo” resgata as lembranças de Dream Theater, centrada na repetição de um tema por moog, baixo e bateria, enquanto Eduardo solta os dedos na guitarra, além de um breve trecho onde os teclados parecem ter fugido de Animals (Pink Floyd).

O que mais me agradou em Jellyfish são as inspirações jazzísticas, as quais brotam efusivamente na ótima “Armadillo Inc.”, aqui sim uma bela escolha de Gabriel – pela qual o parabenizo – para os timbres dos teclados, lembrando um pouco o piano elétrico de Jan Hammer, e sendo uma faixa que rapidamente nos lembra os dias jazzy de Jeff Beck, principalmente por mais um magistral solo de Eduardo, a levada de baixo hipnotizante e a surpreendente guinada que o Anxtron faz para ela na sua segunda metade, transformando-a em um sensacional despejo de solos rasgados de guitarra e o “moog” fazendo também uma brilhante participação.

Imagem promocional divulgando a participação de Nili Brosh em Jellyfish

Essas mesmas inspirações em Jeff Beck estão na ótima “Furry Creatures from Alpha Centauri”, que encerra o álbum através de mais uma magistral participação de Eduardo, em pouco mais de 8 minutos de uma ensandecida quebradeira de baixo para os teclados e a guitarra se divertirem, e que ficará algumas horas fazendo sua mente viajar. Ainda temos a guitarrista israelense Nili Brosh participando de “Talking Toy”, a canção mais curta do álbum, com pouco mais de 4 minutos e que é uma faixa na linha do free jazz, com boa participação do moog e do baixo e ótimos duelos de guitarras.

Um álbum de apenas 40 minutos, muito bem trabalhado, e que certamente, trará um sorriso para os admiradores de um som no mínimo difente. Lembrando que você pode conferir toda a discografia da banda no seu site oficial.

Contra-capa de Jellyfish

Track list

  1. The Oasis
  2. Toca do Lagarto
  3. Armadillo Inc.
  4. Pororoca
  5. Igloo
  6. Talking Boy
  7. Furry Creatures from Alpha Centauri

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.