Na Caverna da Consultoria: José Natal Queiroz Armani

Na Caverna da Consultoria: José Natal Queiroz Armani

Por Mairon Machado

Tive a honra, o orgulho, a satisfação e a alegria de poder entrevistar um dos meus ídolos em termos de coleção de discos, José Natal. A incrível coleção desse mineiro de Belo Horizonte não restringe-se apenas aos discos, mas também a uma inclassificável coleção de fotos com artistas, sendo José Natal com certeza uma das pessoas que mais autógrafos possui em sua vida. Ele trocou um divertido bate-papo com a Consultoria do Rock, mostrou parte de sua valiosíssima coleção, repletas de variedades que poucos já tiveram oportunidade de ter em mãos, e ainda contou diversas histórias relativas a sua paixão pela música.

Prepare um gigantesco babador antes de conferir o que vem por aí, por que eu não tenho nenhuma dúvida em afirmar que é uma das mais raras coleções que você já viu aqui no site. As mais de 100 imagens que ilustram essa postagem não representam nem 30% do que José Natal guarda em seu lar na cidade de Belo Horizonte. Como diz o cara da TV: “Aja coração!!”.


Vinis de raridades diversos (imagens autoexplicativas)

Meu amigo José Natal, bem-vindo a nossa Caverna. Conte-nos um pouco de sua história pessoal, quem é, onde trabalha, quantos anos, o que curte nos momentos livres e além da música …

Bom. Eu sou de natural daqui de Belo Horizonte. Sou autônomo e presto serviço para três escritórios de advocacia. Tenho 46 anos. Fora a música, gosto de ler sobre vários assuntos, principalmente, sobre História, Geografia e Astronomia e curto muitos filmes e seriados de ficção científica, principalmente ficção espacial, e alguns filmes épicos (momentos históricos e mitológicos).

Como você conheceu a Consultoria do Rock?

Sinceramente, não me lembro como conheci o site Consultoria do Rock, mas se não foi através de você, foi de algum outro ou outros amigos daqui do Facebook, já que viram que gosto muito de rock principalmente setentista, sessentista e progressivo. Por sinal o site é muito bom, mas saber através de quem conheci passou despercebido.

Quais as seções e matérias que você mais acompanha na Consultoria?

Discografias comentadas acho mais interessante.

Além da Consultoria, onde mais você se atualiza sobre lançamentos relativos a música?

Principalmente se for de rock progressivo. Curto muito prog. desde o início da década de 1980. Compro ainda muitos livros e enciclopédia de rock. Mas, busco muita coisas na internet como: a enciclopédia digital Gilbratar (gepr.net), Progarchives, Wikipédia, Veneno, Muro, Prog Magazine, sites oficiais de bandas.

Mais vinis de raridades (mais imagens autoexplicativas)

E especificamente nesses sites, quais os tipos de informação que você busca? Detalhes históricos, biografias, lançamentos, raridades, …?

Bandas antigas que, para mim, ainda são inéditas. Bandas novas que achei interessantes, discos novos de bandas e solos que gosto muito, turnês pelo Brasil, principalmente, se virá a Belo Horizonte.

Falando agora sobre a sua relação com a música, quais as primeiras lembranças sobre ouvir um som e por que você acha que acabou virando um colecionador.

Bom. Vim de uma família muito pobre e na década de 1970 o Brasil estava numa ditadura em processo de decadência com uma economia em recessão por causa das duas crises do Petróleo. Morava num cortiço na periferia de BH, onde faltava muitas coisas. Quando eu tinha 4 anos vim morar com meus avós, pois minha já saudosa mãe ficou grávida do meu irmão mais novo e as coisas em casa apertou. Naquela época ouvia muito “Heya” do J. J. Light, “Na Rua Na Chuva Na Fazenda” do Hildon, Sergio Sampaio, Roberto Carlos, Elvis, Raul, Beatles, Rita Lee e Tutti Fruti, Secos & Molhados, mas era tudo em rádio (tanto na casa de minha mãe quanto na dos meus avós). Isso foi em 1975, eu era muito mexelão e gostava ligar uma vitrolinha Phillips portátil para ouvir alguns compactos, LPs e discos de 78 rpm (na casa dos meus avós tinham duas antigas vitrolas em móveis grandes para discos de 78 rpms, mas nenhum de rock, que hoje são os mais caros e também raros). Na vitrolinha comecei com os compactos de estorinhas ou histórinhas infantis (como vinha escrito nas capas) da Disney e outras. Mas, ainda no final de 1975 descobri uma pilha de LPs de música pop italiana, MPB e rock num armário da sala. Na pilha de vinis havia dois LPs dos Beatles, dois do Mamas and The Papas, um do Four Seasons, um Stones, um do Herman’s Hemits, vários Roberto Carlos (da Jovem Guarda e da fase romântica dele), um Bread, Meddle of The Road, Bob Solo (Elvis italiano), Frank Sinatra, várias coletâneas em LPs e muitos compactos contendo de tudo. Havia também vários LPs de música clássica e óperas que são minhas paixões desde criança. Então eu herdei por conta própria essa pilha de discos. Isso com quatro anos de idade. Essa é a primeira fase. A pilha de discos foi abandonada por minha tia que não tinha muito tempo de escutar e pelo irmão mais novo dela, meu tio, que tinha casado no início da década de 1970 e deixou aquela pilha para trás.

Vinis diversos: Rainbow, SFF (ou Schicke Fuhrs & Frohling), Strawbs, Raridades autoexplicativas, Aphrodite’s Child, Roxy Music e Magma

Que legal. E você ainda tem essa pilha?

Alguma coisa da pilha ainda tenho como o Rubber Soul dos Beatles, dois Mamas And The Papas, Roberto Carlos. Muito depois, já no final da década de 1980 o irmão da minha tia pegou de volta alguns discos, outros alguns demais primos pediam emprestado e não devolviam ou pegavam sem avisar e sumiam infelizmente.

A segunda fase foi com meus primos em 1976. São filhos de dois tios que possuíam em casa LPs de Secos & Molhados, Raul Seixas, Rita Lee & Tutti Fruti, Aerosmith, Pink Floyd, Deep Purple, Rainbow, Sweet, Triumvirat, Thin Lizzy, Klaatu, Kraftweerk, Vangelis, Led Zeppelin, Grand Funk, Uriah Heep, Elton John, Rick Wakeman.

Só sonzeira …

Em 1976 ganhei meu primeiro disco comprado, um compacto com quatro sambas de raiz. Em 1978, eu comprei meu primeiro LP, um Sgt. Peppers dos Beatles.

Com gigantes do rock nacional: Sergio Hinds (acima), Marcos Vianna e Túlio Mourão (centro) e Sérgio Dias (abaixo), além de compactos relacionados aos Mutantes

A partir de que momento você percebeu que viraria um colecionador de discos?

Bom. Eu já gostava muito de Beatles, pois sempre foi minha paixão e hoje ao lado de várias bandas de progressivo, principalmente o Yes. Eu tinha um tio, já falecido que trabalha com decoração para casamentos, festa de 15 anos e outros tipos. Este meu tio empregava alguns dos meus primos roqueiros para trabalhar e varavam a madrugada de sexta e sábado trabalhando aqui no fundo de casa. Em 1977, havia um rádio toca fitas que eles ouviam músicas e um dos meus primos trouxe uma fita cassete coletânea para ouvir. Lembro-me algumas músicas da fita: “In A Gadda Da Vida” completa do Iron Butterfly, “Light My Fire” do The Doors, “Barracuda” do Heart e “And You And I” do Yes. Lembro delas, pois até hoje adoro as quatro bandas. Desde quando ouvi Yes pela primeira vez fiquei vidrado na banda. Achei muito mágico aquelas guitarras do Steve Howe seus slides, os mellotrons do Rick Wakeman e a voz angelical de Jon Anderson e o coral grupo, mas não sabia onde achar discos da banda.

Com Patrick Moraz

Só foi em 1981 que comprei meu primeiro LP do Yes, a coletânea Classic Yes, pois, além da linda capa do Roger Dean e conter nela “And You And I” que eu queria tanto, achei outras músicas maravilhosas como “Wonderous Stories”, “Starship Trooper”, “Heart Of The Sunrise”. “Roundabout” achava legal, mas a versão era ao vivo e não apreciava muito, porém, já que era ao vivo então deveria existir em estúdio. Foi aí que em 1982 comprei o Fragile. E em quando a banda voltou em 1983 que descobri que a banda em antes estava parada e comprei o 90125, diferente dos outros, mas ainda interessante com “Changes”, “Cinema” e “Hearts”.

Foi a partir daí que comecei uma coleção de disco. Mas minha primeira coleção mesmo foi com Scorpions, pois adorava as baladas da banda. Em 1982 comprei o Lovedrive, Animal Magnetism e depois vieram In Trance, Blackout, Virgin Killer e em 1984 comprei Love At First Sting e 1985 o Tokyo Tapes, World Wide Live Fly to The Rainbow. Pink Floyd comecei com The Final Cut em 1983, mesmo conhecendo o Piper At Gates Of Dawn, Animals, Atom Heart Mother, Meddle, Dark Side, Wish You Were Here e The Wall antes e através dos meus primos. Depois vieram Led Zeppelin, Genesis, Vangelis, Jean Michel Jarre, Deep Purple, Black Sabbath, Kamikaze, Twister Sister, Van Halen, Whitesnake, Overdose, Stress. Mas até coleção de pop rock eu tinha: Duran Duran e a cantora alemã Sandra Lauer uma das primeiras coleções pop, depois Spandau Ballet, David Bowie e Roxy Music dos anos 80, Band Aid, The Cure, Siouxsie And The Banshees, Echo The Bunnymen e muito pop rock nacional no auge.

Até disco de novela e outras coletâneas como Flipper Hits, Vídeo Hits e Isto é Hollywood O Sucesso eu tive, mas é outra história. No final da década de 1980 já tinha uma boa coleção e já até grandinha.

Na década de 1990 desfiz algumas vezes de alguns LPs a primeira foi trocar muito dos pops e rock pesados que gostava por LPs ou CDs de rock progressivo. Eu já gostava de rock progressivo desde de menino e principalmente desde minha pré e adolescência no início da década de 1980. Mas, eu fiquei mais entusiasmado ainda com o novo boom do rock progressivo no início da década de 1990 motivada pelo aparecimento de várias novas bandas progs e dos medalhões da década de 1970 voltando, mais colecionadores que adoravam progressivo e muitos deles trocando suas coleções de vinis por CDs da mesma linha. Então troquei a maioria dos outros estilos por progressivo. Outra foi que eu comecei a aderir ao negócio de trocar minha coleção por CDs, mas parei bem no início de cair na besteira, pois deu preguiça, porque perguntei a mim mesmo: “Pô! Custei a adquirir as coleções em vinil e comprar tudo de novo em CD vou gastar mais tempo e mais dinheiro. Então desisto. Vou continuar com meus vinis“. Foi melhor ainda, para mim, pois muita gente desfazia dos vinis antigos a troco de CDs e até de vinis que não tinham saído em CDs como foi o caso, na época do LP da banda Recordando O Vale das Maçãs, o compacto “Cavaleiros Negros” dos Mutantes e outras bandas que eu era doido para ter já na década de 1980 e que eram difíceis de arrumar. Foi a partir daí que minha coleção cresceu bastante. Depois com os sítios de compra na internet, como os Ebays e o Mercado livre, foi uma maravilha.

Dois momentos com Steve Hackett

O que você acabou fazendo com as coleções de novela e coletâneas? Ainda mais hoje, onde alguns discos de novela – principalmente os CDs dos anos 90 – estão valendo algumas picanhas nas lojas de música

Sim. E incrível é existir disco novela que desde a segunda metade da década de 1990, no caso da trilha da novela A Gata Comeu Nacional de ser bastante procurado e mais caro que muitos daqueles lps raros de novelas década de 1970. Não sei se é isso, mas parece que foi até lançamento não diretamente pela Som Livre. Pois é, eu não consigo entender. CDs como Novela Uga-Uga e Terra Nostra batem até mesmo o clássico O Rebu.

Quais eram as principais trilhas de novelas que você tinha, e o que aconteceu com elas?

Eu cheguei a comprar alguns LPs das trilhas internacionais e nacionais daquelas dos anos de 1980 como a própria Gata Comeu, regravação de Selva de Pedra, Roda de Fogo, Tititi, De Quina para Lua. Coisas desse tipo. Mas, há umas músicas que eu gostava tanto de alguns nomes famosos que tinha outras tocando nas rádios e acabei comprando os discos da banda. Foi então que descobri que nos discos de novelas são tantas músicas que para enfiarem todas nos LPs eles absurdamente cortavam os finais de algumas delas. As músicas que eram temas de novelas, nos LPs originais das bandas ou LPs solos de músicos, estavam mais completas. Então, é claro que preferi parar de comprar discos de novelas. E outra coisa é que um disco de novela por ter várias músicas que tocavam em rádios, amigos e vizinhos estranhas vinham até mim, para me pedirem os LPs emprestados. E eu caia na cilada de emprestar e nunca mais ver, pois sumiam com o disco. Eu era meio bobo, pois ficava sem dizer não e ainda mais se fosse a gatinha conhecida ou a boazuda da vizinha da rua ao lado. Outros demoravam a devolver e só devolviam na pressão e eu era chato em perturbar o ladrão até me devolver. Teve um, na cara dura, disse que eu tinha muitos discos e que eu deveria ceder algum para ele. Aí eu tive de avisar a mãe dele para o fazer trabalhar e comprar os discos dele, pois aquilo era roubo. Foi o que a mãe dele fez: devolver meus discos e procurar um emprego. Kkkkkkk! Ahuahauhauhauha. Meu Deus!!

Aqui umas fotos com John Wetton (acima), Eddie Jobson (centro) e uma do encontro oficial com a banda UK (John Wetton, Eddie Jobson e Alex Machacek). As duas últimas com Roger Dean 

AHhauhauahuahuaa. Bom, voltando ao momento em que você fala do Yes, você nos disse que adorou as guitarras do Howe, o mellotron, os vocais mágicos, entre outros. Quais as outras características, não somente no Yes, mas em outras bandas, que lhe fizeram virar um grande fã de progressivo?

Foram as harmonias musicais, as letras (surreais, científicas e algumas vezes até críticas à política mundial), as vozes super afinadas da maioria dos vocalistas e o virtuosismo, tudo aproximando à música erudita, que é uma das minhas paixões musicais à parte. Sempre gostei de música erudita, canto lírico e solos de instrumentos musicais, então o progressivo, principalmente, o prog sinfônico encaixa muito bem das propostas e estudos da música erudita. E também adoro os sons e timbres viajantes dentro do progressivo. Fora que o progressivo além de ter um estilo musical próprio, ele pode englobar de tudo dos outros estilos: música erudita, jazz, rock’n’roll, blues, folk, rock rural e outras músicas regionais de vários países, músicas da antiguidade, medieval e renascentista, hinos ufanistas e até o nosso samba e bossa nova. Até rock pesado e heavy metal, new wave e pop rock gótico o prog consegue englobar. Tem estilo próprio, mas consegue pegar um pouco de tudo e transformar também em progressivo.

Interessante, pois de certa forma, foi por aí que me liguei no progressivo. Por exemplo, amo As Quatro Estações do Vivaldi, bem como estudei violão clássico e sou um seguidor de Andrés Segóvia, Kazuhito Yamashta, John Williams entre outros. 
Grandes nomes da escola de violão clássico. Então você deve ser fã das obras para alaúde de Vivaldi e Bach. Ou até Joaquím Rodrigo.

Com certeza. Sei tocar algumas delas

Muito bom. Então você é um violonista clássico.

Não mais. Há algum tempo parei de praticar. Agora, é só por esporte. Mas ainda consigo apresentar “Mood for a Day” ou “Concerto in D” por exemplo, bem como as “Sarabandes” do Bach. Tenho uma pequena coleção de violão clássico e música clássica. 

Eu também comecei no início da década de 1990, estudos de teoria, canto lírico e violão clássico, mas tive de abandonar por causa da faculdade e de trabalho. É uma pena. Outras coisas nos faz tirar tempo para aperfeiçoar nos estudos musicais.

Acima: Rick Wakeman e Geoff Downess. No meio, Alan White no bar do navio do Cruisin’ to the Edge. Aqui o Steve Howe no restaurante do navio este ano, após eu tentar tirar uma foto com ele. Nem lembrei de fazer um selfie comigo e ele lá atrás se servindo.

Voltando para os discos, como é dividida sua coleção? 

Bom divido em estilos como rock pesado e outros como alguns poucos heavy metal da nova onda britânica (que já está antiga) juntos, progressivo, jazz clássico, black soul e disco music, pop oitentista, pop setentista, rock psicodélico, música erudita e outros estilos. Dentro de cada estilo divido em países. Por países dá para fazer quando é progressivo, rock pesado, pop e música erudita, pois são os estilos em discos que mais tenho, dentro de cada país que eu coloco em ordem alfabética por nome de banda e músicos. E cada discografia de banda e solos de músicos eu coloco ordem cronológica de ano. Mas quando tenho muitos itens em vinil uma mesma banda e solos de seus músicos e outras bandas relacionadas, como é caso do Yes, Genesis, King Crimson e ELP por exemplo, eu tento colocar na seguinte ordem: os discos pré-banda principal, os discos oficiais da banda principal, os discos bootlegs da banda principal, os de entrevistas e shows de rádios (se tiver), os solos e por último bandas relacionadas com a principal. Por exemplo o Yes. Eu coloco antes LPs e compactos de bandas pré-Yes (Tomorrow, The Syn, The Warriors, Mabel Greer’s Toyshop e outras), depois a coleção oficial do Yes, a de bootlegs do Yes, de entrevistas e shows de rádio do Yes, de solos do pessoal do Yes (inclusivea coleção monstro do Rick Wakeman) e bandas relacionadas ao Yes (Asia, GTR, The Flash, The Rabbitt, Buggles, Squackett, Bruford). Isso eu faço o mesmo com Genesis, ELP, King Crimson, Deep Purple, Black Sabbath, Uriah Heep e assim em diante. LPs, CDs, DVDs e livros de músicas ficam separados um do outro. Compactos e programas de turnês sempre deixo dentro do lp. Cds são por bandas. E dvds também. Livros por bandas e por assuntos.

Quantos discos, LPs, DVDs, e outros?

Contar discos é complicado. Na década de 1980 até 1993 relacionava meus discos e contava em cadernos, depois fazia listas de discos da minha coleção e para comprar no computador. Depois foi dando preguiça e fui fazendo estimativas. A última fiz há alguns anos e deu em torno de uns três mil LPs e uns 1500 CDs. Dvd, livros nunca contei. Bluray tenho poucos. Em vinil devo ter hoje uns quatro mil ou cinco mil ou mais ou menos e CD menos 2 mil. Por aí, mas não tão confiável.

Vinis do Prog italiano: I Quelli, Premiata, Banco e Area

Eita porra, mas já é algo considerável. Quais são os materiais mais raros que você tem?

Em vinil fica mais fácil de dizer. CC é mais complicado pois sempre estão relançando. DVD e livro acho que o pessoal não faz muita questão. Caixas de CD também se tornam muito raras, pois são poucas que eles relançam. Muitos vinis não se fabricam e nem são relançados em grandes tiragens atualmente. Não sei qual é a tiragem de cada vinil da Polysom e da Akarma, mas devem ser algumas das poucas que fabricam em tiragens maiores. Vinil são vários desde oficiais aos bootlegs e a turma hoje está na moda do original e quando acha o original está um bagaço, porém ainda há muitos bem conservados.

Em termos desses, quais os que você considera mais valiosos?

Um disco raro e caro é a edição nacional do único LP da banda italiana pré Premiata, I Quelli. O LPp é o único e homônimo da banda I Quelli. Saiu no Brasil em 1969 e é bastante raro. Há uma passagem no capítulo sobre o Premiata Forneria Marconi do livro Rock Progressivo (1985) do famoso Valdir Montanari (aquele que fazia textos, críticas e pôsteres para saudosa revista Somtrês e textos para a Rock Brigade) e dita por ele: “Hoje os colecionadores saem até no tapa por causa desse disco“. Lembro que lá por 1997 telefonei para um lojista de São Paulo de uma extinta loja, Cosmic alguma coisa (nada haver com a loja do Ray Captain de São Paulo). Ele queria vender por R$250,00 na época, algo em torno de mais de dois salários mínimos. O cara ainda teve coragem de dizer que enfiava a faca mesmo, porque o disco é raríssimo. Então, na mesma época, um lojista daqui pegou mais de 12 mil discos e compacto de extinta rádio. No grande lote havia muitas raridades que foram vendidos a preços de discos comuns na época. O I Quelli estava no meio e me custou apenas R$15,00. Outro que comprei, mas paguei mais caro foi o LP A Banda Tropicalista de Rogério Duprat, LP psicodélico do maestro Rogério Duprat tendo Os Mutantes em algumas músicas. No do Duprat eu paguei uns R$70,00. Mesmo assim, são belas barganhas, que é difícil encontrar hoje. Edições brasileiras tanto de bandas nacionais quanto internacionais setentistas e sessentistas e inclusive 78 RPM de rock tendem ser mais caros. Do I Quelli, no Mercado Livre, você acha até com certa facilidade os compactos nacionais com capas personalizadas da banda, mas o LP nunca vi. Porém, você pode chegar no mesmo ML e encontrar um perdido por lá. O meu vinil nacional é o único que conheço, mas deve ter alguns livres por aí por pessoas que devem pedir muito caro. Eu já vi no Ebay italiano o LP de prensagem italiana, lá é mais fácil e não tão caro. Mas, tanto aqui quanto lá fora o que deve ser mais raro relacionado com a banda Premiata pode ser um compacto da banda quando mudou o nome I Quelli para I Krel, de 1970. No ano seguinte a banda muda o nome definitivamente para Premiata ou PFM. Tenho o primeiro LP de O Terço e compactos da banda na primeira fase que são bastante raros. Algumas coisas do Mutantes que são raros também como os dois compactos da banda com Caetano Veloso. O primeiro compacto da banda Brazilian Beatles. O LP do Recordando Vale das Maçãs. Alguns do Tim Maia. As trilhas sonoras do filme nacional de disco music Sábado Alucinante. O compacto do trio Paulo, Claudio e Maurício com participação do Marcos Valle. O compacto de 1968 da banda mineira psicodélica Vox Populi, banda e primeira gravação com Marco Antônio Araújo. O lp do Arnaldo e Patrulha do Espaço foi uma história interessante, cara e com muita coincidência.

Acima, Martin Barre e Ian Anderson, nomes do Jethro Tull. Depois, Roy Babbington (Soft Machine)  e (John Lodge (Moody Blues). Abaixo, a PFM, com Franco Mussida e Patrick Djevas

Opa, manda aí

Eu negociei o disco com um vendedor que me deu uma facada no meu bolso. Ainda na década de 1990. Ele pediu muito caro na época, uns 100 Reais. Mais de um salário mínimo na época. Acho que um relançamento da Akarma, que estava começando, que aqui no Brasil pediam caro, era um pouco mais da metade do preço. Um show e único do Yes que teve aqui em BH, em 1998, o ingresso mais caro paguei na época inteira, e me custou 50 Reais, e ainda fui burro, pois poderia pagar meia por ser estudante. O vendedor não baixou o preço nem a pau e tive que tirar dinheiro da conta poupança e comprei o disco, para não comprometer o meu salário na época e poder pagar minhas dívidas pessoais. Na mesma época, um dia liguei a TV e estava passando os canais da TV à cabo e sempre têm aqueles canais locais, só de Belo Horizonte, que aparecem algumas coisas interessantes.

Eita. Eu fui no show do Yes de 98, com o Khoroshev e o Sherwood. 50 paus era um absurdo.

Isso mesmo. Uma fortuna. Mas era o Yes.

Mais vinis do prog italiano: Latte E Miele, Le Orme, New Trolls, Delirium e Nuova Era

Sim. E com Steve Howe, Chris Squire, Alan White e Jon Anderson. Foi um belo show, ainda mais por que tocaram uma versão sensacional de “Whitefish”.

Antes eu ia até em Sampa para assistir shows de ônibus de viagem comum, sem ser especial e ficava mais caro ainda. Então Yes em BH não podia perder. Fiquei igual atleticano que vendeu tudo para ver o Atlético perder feio no Marrocos. Kkkkkkk! Mas voltando no assunto do vendedor.

Ahahaha. Sim, voltando ao assunto

Alguns dias após comprar o LP Faremos Uma Noitada Excelente do Arnaldo Baptista e Patrulha, eu cheguei em casa vindo do serviço. E mudando de canais locais da TV à cabo, em um canal de Belo Horizonte, vi o mesmo vendedor em sua loja dando uma entrevista. Lembro-me da seguinte pergunta da repórter para o vendedor: “Há discos em vinil ainda e caros sendo vendidos?“. O vendedor respondeu: “Sim. Tanto que vendi nesses dias um disco raro que paguei barato e vendi muito caro“.

Bah, que sacanagem.

Isso depois de uma negociação demorada, que o vendedor não baixava o preço nem pau. Fiquei indo vários dias tentando negociar de tudo para baixar o preço e que me deu prejuízo. Só para fazer raiva ainda vejo o cara rindo de mim na TV. E falou rindo mesmo. Mas como o disco é raro, e hoje é mais raro ainda, acho que foi até bem pago.

Vinis do prog alemão: Primeira imagem é Prog da ex-Alemanha Oriental, com três Lift no alto, quatro Electra no meio e à esquerda embaixo e um Bayon. Depois, discos do OK Stern Combo Meissen / Stern Meissen, Tangerine Dream e Novalis

Se eu lhe contar que paguei 20 reais no meu faremos a noitada, você acredita?

Sem dúvida. Há muita variações no mercado. Ainda dá para achar algumas vezes discos raros, pois sempre tem os desavisados mesmo com a internet e seus ebays, ML, Discogs da vida inflacionando os discos. Mas quem dera eu achar, por exemplo um compacto da banda 14 Bis (não a banda famosa daqui de Belo Horizonte) por uma mixaria de menos de 100 Reais hoje. Teve um que me ofereceu por 4 mil, eu não quis, baixou e baixou até chegar em 1500 Reais, eu não peguei e alguém pediu para o vendedor passar do Discogs para o ML, pois no ML aceita parcelar até 12 vezes. Foi aí que o disco vendeu. Mas, dizem que em São Paulo estão fabricando o LP Louco Por Você e vendendo como original no ML. Se acontece isso, acho que até o Tim Maia Racional vol 1 e vol 2 estão neste mesmo caminho já que no ML costuma aparecer muitos principalmente o Racional vol 1. É estranho dizer que um disco é raro, mas que sempre aparece na internet. E parece que há uma re-prensagem 180 gramas japonesa do Racional vol 1. E eu nem sabia que o Japão voltou a fabricar vinil, pois não conheço nenhum LP japonês que seja novo e lacrado. Só novo e bem conservado.

Seguindo então, qual o máximo de discos que você já comprou de uma única vez?

Bom. Itens que já consegui no máximo de uma vez foram 70 LPs. Mas, não de rock e sim de de música erudita de familiares de um amigo. Pois o tio esse, que eu conhecia também, veio a falecer e deixou uma coleção de mais de 3 mil LPs e 200 CDs de música erudita, mas no meio havia também uns poucos discos do Rick Wakeman, Vangelis, Michel Legrand e do Walter Carlos. Mas, as vezes pego uns 20 LPs e 10 CDs de uma vezes. Nada de lotes grandes.

Os três Racionais (Tim Maia) e s primeiros discos d’O Terço; Roger Hodgson, Steve Morse, a Neal Morse Band (centro) e Neal Morse (abaixo)

Já passou por algum problema com comprar discos demais e não poder carregar? Ou então ver AQUELE álbum que está procurando há algum tempo mas não ter o dinheiro para levá-lo para casa?

A última viagem que eu fiz foi muito boa pois peguei 25 LPs, 4 compactos, 6 CDs e 1 DVD. Esses dos 70 LPs tive de chamar um táxi. Mas não foi tanta dificuldade. Na última viagem tive que apenas remanejar os LPs para poder entrar na mala. Para não ficar sem o disco peço sempre para o lojista guardar. Mas já houve algumas vezes de lojista falar que ia guardar e eu chegar lá e ele ter passado para frente. Um lojista daqui de BH resolveu passar os LPs da coleção dele para frente e no meio havia um do Módulo Mil original. Ele pediu um pouco mais caro que os outros e eu aceitei. Isso tudo no mesmo dia. Eu ia pegar uns seis LPs. Eu chegando lá, o filho da mãe passou para outro que ofereceu mais e teve a cara dura de me falar isso. De raiva, dos seis que eu iria comprar deixei três para trás e fiquei um bom tempo sem ir lá.

Bah, que palhaçada.

Ele ficou puto da vida porque eu separei os discos e não levei todos. Mas vendeu o principal, nem levava os outros. Não podia deixar os outros para trás. Depois de meses, sem vender muito os discos dele, ele me telefonou dizendo que baixou os preços, pois ele tinha aumentado o preço e foi obrigado a baixar mais ainda. Então, os discos que eu tinha separado e que não levei ainda estavam lá. O problema que o cara não tinha muito cuidado com os discos. Para comprar da coleção dele tive que escolher muito. Havia um American Woman do Guess Who muito ruim, pois era tanto chiado que parecia alguém fritando ovo e a capa estava perdendo a imagem. Mas ele tinha discos também em ótimo estado. Já disco que deixei de comprar na hora, aconteceu demais.

Tony Levin (acima) e um Momento Curved Air (Sonja Kristina, Florian Pilkington-Miksa e a banda toda)

Hehehe.  Conte-nos alguns deles.

Um que arrependi de não ter comprado é um duplo ao vivo do Omega.

E por que não levou ele?

Eu ia comprar, mas alguém chegou antes de mim, pois só lembrei tempos depois. Mas peguei cinco Omega de estúdio e alguns SBB na mão do lojista. Esse ao vivo ainda procuro, mas até agora não aprofundei muito na procura.

Bom, passando para outra parte da sua coleção, você também é conhecido nas redes sociais por divulgar imagens com diversos bam-bam-bams da música internacional. Quais os artistas que você mais curtiu conhecer, e quais aqueles que você acabou se decepcionando?

O Alan White é o mais engraçado. E ao mesmo tempo o mais sofrido de saúde. Em 2014, eu o conheci quando ele estava esperando um elevador. Eu o cumprimentei e ele cumprimentou fazendo uma cara de sofrimento por causa de dores na coluna. Em 2013 no show do Yes no Rio ele tocava bateria também com aquelas caretas de sofrimento. Em 2015, eu conversei com ele e parecia que estava dopado de bebida e remédios. Neste ano nos shows do Yes no Cruise ele tocou só no início e no final. Fiquei sabendo que nem no início da turnê ele não tocou devido a recuperação médica. Nem sei se ao certo ele fez cirurgia. Pela situação dele no navio, parece que ele estava já se recuperando, parecia também que ele usava algum colete para se recuperar do problema. Ele é um cara que gosta de tomar umas e outras e todas. A última foto que tirei com ele foi num bar do navio. Pelo menos aproveita a vida, hehehee. Steve Howe, que é meu ídolo da guitarra, é uma decepção com os fãs. Não pode tirar fotos com ele. Das três vezes que fui ao Cruise este ano foi a primeira vez que ele apareceu em público fora dos shows. Mas não quis tirar foto. Pela declarações de um amigos de São Paulo fãs do Yes, ele sempre foi assim. Pelo menos dos anos de 1990 pra cá. Provavelmente desde os anos 60, hehehe. Basta ver os vídeos e fotos do início dele no Yes. Em 2014, também achei estranha a atitude da Annie Haslan do Renaissance. Nas fotos, consegui chegar perto dela, mas ela é difícil atualmente. Não tenho foto minha com a Annie porque ela deixou na mão por duas vezes.

Mais vinis do prog alemão: Eloy, Triumvirat, Grobschnitt e Hoelderlin

Essa dizem que já foi simpática…

Ela era simpática, inclusive, quando veio ao Brasil. Uma vez, no navio, ela me deu um autógrafo no CD do Renaissance que eu havia acabado de comprar na lojinha do Cruise. Eu ia tirar uma foto com ela, a pessoa tirou a foto dela autografando o CD, mas na hora de tirar uma foto minha com ela, o cartão de memória do celular estava cheio, tentei apagar umas fotos antigas na hora, mas ela não esperou nenhum minuto e foi embora. Antes disso, no navio em um dos encontros oficiais de fãs com artistas, uma fila de espera para tirar fotos com Steve Hackett e com o Renaissance. Na fila do Renaissance a Annie Haslan acabou saindo fora e deixou todo mundo na mão. Então o povo foi se dispersando e o restante da banda acabou saindo fora também , já que viram os fãs querendo mais as fotos com a vocalista que com o restante. Um venezuelano me disse que ela andava deprimida com a morte de um dos integrantes do Renaissance e que nem podia abraçar e nem encostar nela. Ela estava muito chata e maluca.

Foi com a morte do Dunford isso …

Acho que sim. O John Wetton no Cruise 2014 com a banda UK, passou por mim e por um amigo no corredor. Chamamos por ele várias vezes e ele nem respondeu. Meu amigo achou a maior falta de educação, mas eu percebi que ele estava doidaço. Ele na época ainda não sabia que estava com câncer que infelizmente o levou. Que Deus o tenha. Mas um dia depois encontrei com o John em um dos restaurante do navio e aí tirei uma foto com ele numa boa e foi muito gentil. Já nos dois shows da banda UK, a decepção maior foi não poder tirar foto. Tudo bem que não poderia filmar, mas não tirar foto é muita sacanagem. Mesmo assim tirei algumas que ficaram boa e nos dois shows fui advertido por dois seguranças, um em cada show. Dois showzaços e nem fotos não poderia tirar.

Änglagård (acima) e Momento Renaissance: John Hawken  e Annie Haslam autografando o meu cd do Renaissance enquanto eu apagava algumas fotos do cartão de memória assim que ela acabou foi embora e deixou eu e uma amigo na mão (abaixo).

Conte-nos por favor um pouco mais sobre a sua incrível história com o Cruzeiro do Yes.

Sinceramente gostei dos três Cruise que fui, mas o de 2014 foi o melhor e maior de todos os quatros já feitos. Eu acho estranho essa questão de não poder tirar fotos nos shows. Não entendo o que o pessoal das bandas fica de cara por causa disso. Fui em 2014, 2015 e 2017. O de 2013, que foi o primeiro, não fui, mas umas de minhas bandas favoritas do prog inglês estava lá com uma formação do auge dela nos anos de 1970. Era o UK com Terry Bozzio, John Wetton e Eddie Jobson. Em 2014, Terry Bozzio já não estava mais. 2016 não houve Cruise To the Edge, mas teve o segundo Cruise da banda Moody Blues e um dos das diversas edições do Cruise Monster Of Rock. O Cruise de 2018, para mim, só tem duas bandas interessantes, o Yes e o Gong pós morte do David Allen, mas ainda deve ter o Fábio Golfetti do Violeta. Mesmo assim o David Allen deve fazer muita falta.

Para quem ficar interessado, como faz para participar destes Cruises?

Pelo site oficial do Cruise. Lá que você se inscreve e paga os valores do Cruzeiro. Não é pela empresa do navio e nem por agência de viagem de turismo. Isso só o navio. Ainda tem as passagens, o hotel da cidade que você vai ficar antes e depois do cruzeiro e a compra de dólares. Essas coisas você já deve saber como são. Mas, para mim, é uma facadinha no bolso que valeu à pena, mas se fosse há uns 15 ou 20 anos seria bem mais difícil de fazer essas gracinhas. Principalmente as passagens aéreas que antes eram caríssimas.

Vinis do prog francês: Ange, Clearlight, Atoll e Pulsar

Heheheheehe. Quantos shows você assistiu nesses cruzeiros, e quais o que você mais curtiu?

Como tenho as fotos dos shows que assisti fica mais fácil de lembrar. Em 2014 foram 21 shows que assisti, em 2015 foram 28 mesmo assim foram alguns foram pedaços como o do Marillion e do Haken, que não gostei, e alguns outros. Este ano foram 23 shows.

Você saiu no meio do show do Marillion?

Nos três assisti pedaços de show e não inteiros, pois muitos se coincidiam com outros, mas em 2015 abandonei muitos.

Foram tão ruins assim?

Sim, o Marillion sem Fish já não sou muito fã e como você está em local que a maioria fala inglês com muitos fãs dessa banda, foi uma coisa chata, pois me senti em um programa do Faustão ou do Chacrinha cheia daquelas mulheres que acompanham as músicas cantando. Assim são os shows do Marillion, um punhado de músicas xaropes com seus fãs de língua inglesa cantando junto. É uma merda. Fora que a banda sem o Fish é bastante neoprog farofa.

Acima, Momento Focus, destacando Thijs Van Leer; Spock’s Beard (centro) e Pain of Salvation (abaixo)

Ahauhauhauahuahuauhahuahu. Sensacional. 

Mas, ano passado fui ao show daqui do Marillion por falta de opção, porque eu ganhei o ingresso, já sabia que não teria os chatos cantando junto e fui com meus discos do Trace, Marillion e Darril Way’s Wolf para pegar autógrafos do batera Ian Mosley.

E em toda a sua vida, quantos shows você já assistiu?

Bom. Não sou de contar isso, com esses do Cruise junto, acho que bem mais de 150 shows. Eu assisto shows desde os anos de 1980 (1984) de bandas conhecidas, desconhecidas e bandas covers. Tirando o Cruise, há eventos que assisti por dia uns quatro ou cinco shows por dia.

Grande número com certeza.

Sem dúvida, pois já são 33 anos desde 1984.

No alto bandas argentinas: a dupla hard bluseira Pedro e Pablo, no meio o melhor Vox Dei, a ópera rock hard prog La Bíblia, e a também e mais das veteranas bandas argentinas, Almendra. Embaixo esquerda e a banda hard do Uruguai, Genesis. E do Peru, no centro e direita, respectivamente, as bandas hard Pax e Tarkus. Na segunda foto, embaixo são bandas chilenas; esquerda e centro são os dois únicos LPs da banda Aguaturbia e na direita é a banda Panal. Em cima esquerda é banda mexicana Dug Dug’s. E à direita emcima é a banda boliviana Climax. Depois vinis do grupo holandês Earth & Fire, a clássica Gong, os gregos Socrates Drank the Conium e os italianos do The Trip

Para entrarmos na reta final, temos uma tradição em nossas entrevistas, que são as perguntas que alguns consideram as mais difíceis. Então vamos a elas. Quais os dez melhores discos da década de 60?

Bom. Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band e The Beatles (álbum branco) dos Beatles, Ars Long Vita Brevis e Nice do The Nice, Yes (o primeiro) – Yes, In the Court of the Crimson King – King Crimson, Tomorrow, que é o único LP da banda Tomorrow, Shades Of Deep Purple, A Saucerful Of Secrets do Pink Floyd, Os Mutantes, o primeiro dos Mutantes. Deep Purple – Deep Purple, de 1969, e o On Time, primeiro Grand Funk são também dois discaços, e o The Doors, primeiro do The Doors também
Ficam como bônus esses aí.

Quais os dez melhores discos da década de 70?

Gosto de vários, mas já que tem de sacrificar uns 200 então lá vai: Fragile do Yes, Six Wives of Heny VIII do Wakeman, Brain Salad Surgery do ELP, Heaven And Hell do Vangelis, Per Un Amico do PFM, Selling England do Genesis, Lizard do King Crimson, Snegs do Som Nosso, Moving Waves do Focus, Spartacus do Triumvirat.

Bela lista. Os dez melhores dos anos 80

Não sou de colocar o ano zero por causa da matemática do calendário, já que o ano de 1980 na lógica é considerado década de 1970, e 1970 da década de 1960, mas o pessoal costuma jogar para as décadas anterior. Então estou seguindo pelo costume do povo. 90125 do Yes, o único lp da banda ABWH ou Yes 2, Three Sides Live, do Genesis, Script For a Jesters Tear do Marillion, o primeiro do Sagrado Coração da Terra, o EP da banda mineira Kamikaze, Mob Rules e Born Again do Black Sabbath, Saints And Sinners do Whitesnake, e o Depois do Fim, do Bacamarte.

Coleção de vinis do Toto e de raridades do rock nacional (acima), LPs de Alan Holdsworth, bem como uma foto com o recém falecido guitarrista (segundo da esquerda para a direita) e banda, e Kansas (abaixo)

Os dez melhores dos anos 90?

Key To Ascencion II do Yes, Io e Il Tempo da banda prog italiana Nuova Era, Farol da Liberdade do Sagrado Coração da Terra, Genesis Revisited do Steve Hackett, Res Publica da banda italiana Deus Ex Machina, Il Fiume da banda italiana Le Orme, Vemod da banda sueca Anekdoten, Live in Moscow do Asia, Dehumanizer do Sabbath, Stardust We Are da banda sueca Flower Kings e o único disco da banda argentina Rael.

Os dez melhores discos dos anos 2000 (de 2001 até agora)?

La Buona Novella do Premiata, Elementi da banda italiana Le Orme, Grobschnitt Live 2010, Keith Emerson Live Featuring Marc Bonilla do Keith Emerson, Magnification do Yes, Syndestructible da banda inglesa The Syn, The Six Wives Of Henry VIII – Live At Hampton Court Palace do Rick Wakeman, Heaven & Hell: The Devil You Know do Heaven and Hell, Vivacitas triplo ao vivo da volta do The Nice, único disco da banda Arion.

De 2011 a 2017:

Now What? Deep Purple, 13 do Black Sabbath, Fly From Here do Yes, A Grounding In Numbers do Van Deer Graaf, Grandine Il Vento (Symphony Of Light) da banda Renaissance, A Scarcity Of Miracles do King Crimson, Focus X da banda Focus, Invention of Knowledge da dupla Anderson & Stolt (Jon Anderson com Roine Stolt), Time do Steve Howe e o primeiro da banda Anjo Gabriel.

Coleção de LPs e7″ de Rick Wakeman

Por fim, as três últimas questões: Quais os dez discos que você levaria para uma ilha deserta?

A clássica pergunta da ilha deserta.

Fragile do Yes, Selling England By The Pound do Genesis, Snegs do Som Nosso, Tudo Foi Feito Pelo Sol de Os Mutantes, Brain Salad Surgery do ELP, Storia di Un Minuto do PFM, Darwin do Banco, L’Uomo Di Pezza do Le Orme, In The Wake of Poseidon do King Crimson, Spartacus do Triumvirat.

O que você precisa ter na ilha deserta para acompanhar seus discos

50 tonéis de vinho seco, muito pés de côco, muitos frutos do mar, muitas árvores frutíferas, uma casa de cinco cômodos com gerador de energia solar, um som bacana e uns mil lps e uns 500 CDs, muitos livros, uma academia de exercício (eu estou precisando), uma mata com uma cachoeira bacana, uma criação de galinha, um barco a motor, e atendimento de entrega de pizza, churrasco, comida chinesa, marmitex e sanduíche. Kkkkkkkk!

Obrigado por compartilhar sua história com a gente. Um forte abraço e muita saúde e discos.

Opa. Valeu também. Abraços e muitos discos de boas músicas para você também.

18 comentários sobre “Na Caverna da Consultoria: José Natal Queiroz Armani

  1. Impressionante!!!
    Muitos desses discos aí eu fiquei sem saber do que se trata.
    Esse cruzeiro deve ser show de bola e não é a primeira vez que me falam que o Howe é xarope. No show do Asia, aquele que foi um dia antes do Roger Waters, eles sairam do palco e todo mundo achou que eles voltariam para falar com o público. Não mostraram nem a car mais, mas o Howe me jogou uma palheta. Daí quando falaram que ele não gosta dessas coisas eu achei estranho.
    Até que enfiam alguém que gosta do Elementi do Le Orme!!! Muito bom gosto José!!!

    1. Fernando, tive que fazer uma seleção muito grande na coleção do Zé. O cara tem tudo!!! Peguei aquilo que julguei mais raro, mas ainda ficaram muitas obras de fora, principalmente do rock nacional e do prog europeu

  2. Muito legal a matéria Mairon, bem elaborada com uma história muito Rica. Parabéns José Natal pelo Acervo e pela história de vida !

  3. Grande Natal!

    Não somente eu mas muitos em BH temos um enorme respeito por ele. Além do acervo e do absurdo conhecimento, é uma pessoa genial!

    Parabéns pela entrevista.

    1. Um dia quero conhecer essa coleção de perto. Imagino a loucura que deve ser pegar nas mãos essas raridades. Abraços Luciana

  4. Que sensacional a coleção do cara! Mas confesso que prog não é muito minha praia, muita coisa ali não conheço. Mas legal as fotos com os musicos!

  5. Zé Natal é outro dos meus chegados, por ser fã de rock progressivo como eu. Gostei das citações ao Yes, ao Genesis, ao ELP e o Pink Floyd da primeira fase (com A Sacerful of Secrets).

  6. Sensacional a entrevista e a coleção do José Natal! Babei em cima de muitas das fotos, mas aquela com o Anglagard… essa ficou inutilizada!

    “Assim são os shows do Marillion, um punhado de músicas xaropes com seus fãs de língua inglesa cantando junto”. Bom, eu nunca assisti ao Marillion ao vivo, por também não curtir muito a banda sem o Fish, então acho que teria uma opinião semelhante se tivesse a oportunidade de ir a um show deles lá fora. Aqui no Brasil, como certamente a maioria do pessoal iria ao evento só para ouvir “Beautiful” e “Easter”, certamente deve ser mais tranquilo e apreciável! Agora, fã chato tem muita banda que possui, não é privilégio só do Marillion não!

    Não sabia que os cruzeiros eram tão restritos quanto a fotos, aproximação com os músicos, ter shows simultâneos… afinal, você paga caro para passar um tempo na terra da fantasia (pelo menos esse tipo de evento sempre me pareceu assim), a aí lhe tiram o direito a ter a tal da fantasia? Palhaçada, pô!

    E, sem querer desmerecer o entrevistado, mas, pelo que ele falou e mostrou (e pelo que o Mairon falou que não mostrou), 4 mil LPs e “bem mais de 150 shows” tá é muito pouco! Tem de rever esses números aí, deve ser pelo menos o dobro! Parece até o governo maquiando números da economia para baixo! Transparência nas entrevistas já, hehehe!

    1. Hahauhauhauahuahauau. Esse Micael. Eu fico imaginando o comportamento nosso em um local com vários ídolos. Aja coração!!

  7. Essa coleção é uma humilhação para boa parte da humanidade! kkk
    bela entrevista, creio que já vi o Zé mais de uma vez em shows, mas não sei precisar qual. É que sou ruim pra essas coisas, principalmente após shows onde encontra-se muita gente, mas acho até que já papeamos pessoalmente.
    Abraço,

  8. Coleção monstruosa, diversas fotos muito legais e entrevista nota 1000. Parabéns, Mairon e José!!!!

  9. Muito boa a entrevista, adoro essa sessão! Muitas raridades como a primeira prensagem do “Io Sono Nato Libero”, do BMS com recorte e tudo. Muito bacana. Parabéns!!!

    1. Valeu Diego. E ainda teria muito mais, mas o espaço aqui ficaria com Terabytes de imagens, hehehe. Coleção fabulosa!

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