Melhores de Todos os Tempos – Aqueles que Faltaram: por Fernando Bueno
Por Fernando Bueno
Edição de Diogo Bizotto
Com Alexandre Teixeira Pontes, André Kaminski, Bernardo Brum, Christiano Almeida, Davi Pascale, Flavio Pontes, Mairon Machado, Ronaldo Rodrigues e Ulisses Macedo
Quando iniciamos a série, eu não imaginava que, primeiro, teríamos tanto sucesso e tanto retorno dos leitores. Muitas discussões e até brigas aconteceram nos comentários. Porém, eu não esperava também que teríamos tantas indicações diferentes. Sinceramente, imaginei que poucos discos seriam votados e praticamente apenas definiríamos a ordem em que apareceriam nos resultados finais. A diversidade acabou me surpreendendo e chegamos ao ponto da necessidade dessas listas individuais com o que cada um entendeu como injustiçado. Pode-se dizer, então, que eu subestimei o conhecimento e o gosto dos nossos consultores e convidados. Sobre as escolhas abaixo, eu, sinceramente, não fiquei com muita dúvida na hora de escolher. Aliás, tentei fazer a lista final o mais rápido possível para que eu não tivesse muito remorso em relação a um ou outro que ficou de fora. Até agora, apenas um dos álbuns que eu colocaria apareceu em listas anteriores – Crosby, Stills & Nash (1969) – e ele deu lugar ao disco do Scorpions. O critério para elaboração desta lista foi a avaliação das minhas anteriores, identificando álbuns em colocações mais altas que acabaram não entrando na classificação final. Sobre um deles, porém, realmente achei absurdo o fato não ter entrado, Goodbye Yellow Brick Road. Esse era o único que senti, durante todo o tempo que fizemos ano a ano, que havia faltado.
Traffic – Traffic (1968)
Fernando: Lembro-me da primeira vez que conheci o Traffic. Foi através da capa de uma edição da Poeira Zine, há alguns anos. Com essa matéria, não descobri apenas uma grande banda, mas também um ídolo musical: Steve Winwood. O Traffic não é lá tão conhecido no Brasil, tanto que eu sequer conhecia o grupo de nome. Quando eu penso nisso, me vem à cabeça que é por causa do Traffic que hoje sou fã do Cream, já que o trio não era uma banda que havia me interessado até então. Acredito que o normal seja o caminho contrário. Sei que outros fãs podem citar outro disco como favorito, mas é o segundo álbum dos ingleses que me fez curtir a banda. Destaque para os clássicos “You Can All Join In”, “Pearly Queen” e, principalmente, “Feelin’ Alright?”. Winwood e Mason dividem os vocais. Aliás, o Traffic é uma banda na qual nem todo mundo tem seu posto exatamente bem definido em estúdio. Cada um toca vários instrumentos e trabalha para a banda, igual a um time de futebol em que o zagueiro faz gols e o atacante ajuda na marcação.
Alexandre: A primeira música, “You Can All Join In”, não me chamou muita atenção, mas, a partir da segunda faixa, encontrei várias canções interessantes. A própria “Pearly Queen” e, principalmente, “Don’t Be Sad”, na qual os vocais divididos entre Steve Winwood e Dave Mason funcionaram muito bem. O single “Feelin’ Alright?”, com backing vocals recheados de soul e permeado pelo sax de Winwood, também se destaca. No lado B, a mesma coisa acontece, pois, no meu entender, a banda escolheu mal as faixas que iniciam os lados do vinil. É interessante a linha de baixo de “Vagabond Virgin”, que tem boa parte da responsabilidade por seu ritmo latino. Ainda assim, a música não me agrada. O resto do álbum segue a mesma fórmula do lado A, em especial a sutileza de “No Time to Live” (minha preferida), com ótimos timbres de saxofone. Também destaco a flauta da boa “Roamin’ Thru’ the Gloamin’ With) 40,000 Headmen” e o refrão carregado de emoção de “Cryin’ to Be Heard”. Acho que o fato de ser dividido entre Mason e Winwood ajuda sobremaneira, trazendo canções bastante variadas entre si e de ótimo gosto. Boa dica entre os álbuns esquecidos de 1968.
André: Eu esperando aqueles “metáu anos 1980” e o Fernando enche a lista de “rock crássico”. Bom para a maioria, que aposto que adorou ouvir a lista toda, inclusive eu e este belo registro do Traffic. Tanto Mason quanto Winwood são ótimos vocalistas. Enquanto o primeiro se sobressai no folk, o segundo prefere o blues, o psicodélico e o fusion, Não tem como não elogiar a conhecida “Feelin’ Alright?”, além das menos conhecidas e tão boas quanto “Cryin’ to Be Heard”, com aquele cravo magnífico dando uma aura barroca a um rock contemporâneo, e “No Time to Live”, meio agoniante em meio a um disco que preza pela sublimidade. Grande escolha!
Bernardo: Banda viajandona que mistura progressivo, psicodélico, jazz, folk e improviso. Tem seus momentos.
Christiano: Neste segundo registro, o Traffic ainda não havia iniciado sua investida em caminhos mais progressivos, como viria a fazer mais tarde. Mesmo assim, a riqueza e a beleza das músicas é inegável. É possível identificar alguns flertes com elementos folk e psicodélicos, mas tudo é feito com tanto bom gosto que o resultado final é um conjunto de canções agradáveis, bastante acessíveis e, ao mesmo tempo, muito ricas e elaboradas. Só a sequência de “Don’t Be Sad”, “Who Knows What Tomorrow May Bring” e “Feelin’ Alright?” já vale o disco, que é uma obra-prima. Essa a é minha fase preferida da banda.
Davi: Bandaça! Só músico fera. Steve Winwood, Dave Mason, Jim Capaldi… O lado folk rock de que Mason tanto gosta é sentido em faixas como “You Can All Join In” e “Vagabond Virgin”, ambas cantadas pelo próprio. Entretanto, sua grande contribuição é o clássico “Feelin’ Alright?”, que ficou imortalizada na regravação de Joe Cocker. Steve Winwood também é responsável por grandes momentos no disco, como “Pearly Queen” e “Means to an End”. Ótima lembrança.
Diogo: Considerada sua importância, o Traffic foi uma descoberta tardia em minha vida. A maioria de seus álbuns, inclusive, precisa ser melhor ouvida por mim. A obra em questão traz um som relativamente eclético, ora mais folk, com uma sensibilidade pop evidente, ora levemente experimental e com climas que passeiam da psicodelia pastoril a influências do outro lado do Atlântico. O mistério se revela quando conferimos os créditos das canções, uma vez que há uma divisão bem evidente entre faixas escritas por Dave Mason e por Steve Winwood (geralmente acompanhado de Jim Capaldi). “You Can All Join In” e “Vagabond Virgin” ilustram bem o primeiro “modelo”, enquanto “Roamin’ Thru’ the Gloamin’ With) 40,000 Headmen” e “Cryin’ to Be Heard” ilustram o segundo (e ambas são magníficas, destacando sopros e teclados). Steve é a voz superior do Traffic e suas canções caem melhor no meu gosto, mas o grande hit do disco é de autoria de Dave. “Feelin’ Alright?” é, com justiça, uma música referencial na carreira do Traffic, daquelas que souberam encapsular uma época e um modo de vida, do mesmo jeito que os Rolling Stones fizeram com “Gimme Shelter” e o The Who com “Won’t Get Fooled Again”.
Flavio: O Traffic faz um rock ‘n’ roll que mistura momentos psicodélicos e de folk rock, calcado nas guitarras leves de Dave Mason e Steve Winwood. Há toques de soul e até de progressivo e, em geral, o disco é agradável. O timbre vocal aveludado de Winwood lembra um pouco o de Jack Bruce e o de Eric Clapton. O próprio som da banda, em alguns trechos (menos folk), lembram o na época recém-extinto Cream, com um pouco menos de vigor. Há misturas de saxofones, flautas e cravos aqui e ali, e posso ressaltar o bom gosto da mistura blues/folk de “(Roamin’ Thru’ the Gloamin’ With) 40,000 Headmen”. Não consegui deixar de notar também uma certa semelhança em “No Time to Live” com “Fool’s Overture”, do Supertramp. Um disco de bom nível, sem muitas novidades, mesmo para a época.
Mairon: Sou fã do Traffic e adoro sua discografia. Essa fase inicial, na qual eles ainda estavam buscando sua identidade, mesclando elementos psicodélicos com rock e blues, exaltados em “Don’t Be Sad”, “Vagabond Virgin” e “Cryin’ to Be Heard” – com Winwood brilhando no cravo – tem várias joinhas interessantes de se ouvir. Neste álbum em especial, destaco as faixas em que Steve Winwood solta a voz, com seu órgão e sua guitarra estraçalhando as caixas de som, principalmente a baladaça “No Time to Live”, a clássica “Pearly Queen” e a arrepiante “(Roamin’ Thru’ the Gloamin’ With) 40,000 Headmen”, na qual a flauta de Chris Wood e o climão acústico já mostra os caminhos que o grupo seguiria anos depois. Ainda temos as linhas mezzo country de “You Can All Join In”, o embalo de “Who Knows What Tomorrow May Bring”, o rockzão de “Means to an End” e a clássica “Feelin’ Alright?” – particularmente, prefiro a versão do Grand Funk Railroad. Aprecio mais a sequência prog da banda, a partir de John Barleycorn Must Die (1970), e, mesmo gostando muito do álbum referendado pelo Bueno, não creio que houvesse espaço para ele na lista dedicada a 1968, a não ser no lugar daquele maldita bomba “velvetundergroundiana”. Mesmo assim, é um baita disco!
Ronaldo: Grupo capitaneado pelo proeminente Steve Winwood. Este segundo disco do Traffic é o mais belo, bem acabado e diversificado trabalho da banda. No equilíbrio entre climas alegres e descontraídos com outros mais instrospectivos e tristes, ele aponta o quanto rock passou a ser permissivo no fim dos anos 1960. Cabia de tudo e o Traffic fez um maravilhoso encaixe de ideias e sons. Difícil destacar alguma faixa, pois todas trazem uma beleza singular, única, repleta de originalidade, instrumentação de alto nível e belas interpretações vocais. Justiça feita a um clássico.
Ulisses: Rock bom é bem assim: divertido, solto, revigorante. Não sei como, mas a mistura de blues, rock, country e folk dos caras é descomplicada, mas nada simples ou destrambelhada. Algumas composições são diretas, outras mais experimentais ou dinâmicas. Chama atenção a presença de instrumentos de sopro em todo o álbum. Destaque para “You Can All Join In”, “Pearly Queen” e “Feelin’ Alright?”.
Caravan – In the Land of Grey and Pink (1971)
Fernando: Com “Golf Girl”, o Caravan me ajudou a entender que o progressivo, por mais underground que fosse quando comecei a ouvir o estilo, tinha muita sensibilidade pop. A música é cheia de camadas e melodias sobrepostas, ou seja, complexa para o ouvinte não habitual, mas possui uma beleza incrível que pode agradar qualquer pessoa. Este álbum também foi minha porta de entrada para o som de Canterbury. Lembro que eu tinha receio de ouvir essas bandas por achar que a conexão que elas tinham com o jazz não me agradaria. O lado B é mais progressivo que o lado A, com a longa suíte “Nine Feet Underground”, suas oito partes e mais de 22 minutos, mas é daquele tipo de música que passa tão rápido que nem percebemos. Claro que alguns grupos da cena Cantebury são difíceis de ouvir, mas começar com o Caravan foi perfeito.
Alexandre: Um pé no progressivo, um no rock britânico do fim da década de 1960. Guitarras limpas, simples, uma cozinha competente (novamente gostei do baixo bem audível), mas o que comanda o álbum são os teclados. Confesso não ter entendido muito bem o porquê da aura acerca deste disco. A parte menos progressiva que domina o começo do álbum tem até seu charme e letras com certo humor britânico aristocrático em “Golf Girl”. Um discreto mellotron é o destaque da canção, que é relativamente simples. O tom menos intricado segue pelas duas músicas seguintes, e essa parte inicial do álbum é ok para mim, mas nada de mais. Trechos cantados sob melodias comuns que se incrementam com as intervenções de teclado. O vocal também não compromete, mas não se destaca. A própria faixa-título não modifica muito esse cenário. A coisa muda totalmente na faixa “Nine Feet Underground”, que toma conta de todo o lado B. Solos com mais espaço. Além dos teclados, há um belo solo de sax tenor no início da canção. Foi a faixa que mais me agradou. O disco acabou me soando em um saudável meio termo. Bom, mas talvez não o suficiente para ficar entre os melhores de um ano tão inspirado como 1971.
André: A cena de Canterbury, junto ao progressivo sinfônico, são meus subestilos preferidos dentro do prog. O Caravan é gigante dentro dela. É o progressivo mais leve e descontraído que a pomposidade do sinfônico, da viagem do psicodélico e da complexidade do avant-prog. Dá para curtir de boa músicas como “Golf Girl” e “In the Land of Grey and Pink”. É o subgênero mais fácil para que um não ouvinte do prog absorva seus sons. E o Caravan ainda deixa tudo melhor com composições de qualidade, caso deste excelente registro.
Bernardo: A cena de Canterbury deve ser o pico de sofisticação do rock, em que o mesmo era desconstruído e dissolvido em um caldeirão de experimentação. Dificilmente o nível é baixo ou enfadonho.
Christiano: Este é considerado por muitos o grande álbum do Caravan. De fato, é um grande disco, uma das principais referências do Canterbury Sound. Embora reconheça todas essas qualidades, não simpatizo muito com os vocais de Richard Sinclair, que acho bastante sem sal. Por isso, minhas faixas preferidas são as cantadas por Pye Hastings: “Love to Love You (And Tonight Pigs Will Fly)” e a maravilhosa “Nine Feet Underground”, com seus quase 23 minutos de duração.
Davi: Excelente! Não conhecia este disco e gostei bastante. O lado A é lindo, lindo, lindo, com faixas como “Golf Girl” e “Love to Love You (And Tonight Pigs Will Fly)”, trazendo uma forte pegada pop. “Winter Wine” e “Nine Feet Underground”, essa responsável por todo o lado B, já trazem os músicos mais soltos, improvisando mais. Excelentes instrumentistas, músicas muito bem construídas. Disco deliciosíssimo.
Diogo: Quem deixa de escutar este disco devido ao rótulo “prog” atrelado a ele não sabe o que está perdendo. Não deixe que uma mera convenção cujo julgamento pode ser arbitrário o impeça de apreciar esta belíssima obra, bem tocada (e isso não quer necessariamente dizer que nela haja técnica exuberante), bem cantada e bem produzida. Mesmo os quase 23 minutos de “Nine Feet Underground” passam como se fossem seis ou sete tão grande é o bom gosto do grupo para timbres e na hora de compor. A única faixa da qual não gosto tanto é “Love to Love You (And Tonight Pigs Will Fly)” (chega a lembrar de leve o clássico “Louie, Louie”, do The Kingsmen). De resto, trata-se de um rock puxado sim para o progressivo (com um quê de jazz), mas com uma latente veia pop. Gosto muito do fato do baixo de Richard Sinclair estar bem à frente na mixagem, pois seu estilo mais melódico conduz as canções com grande segurança, enquanto os teclados de seu primo Dave Sinclair as decoram com muito bom gosto.
Flavio: Este eu realmente não conhecia. Percebi em In the Land of Grey and Pink um disco leve, puxado um pouco para o rock progressivo, porém sem muito aprofundamento. Gostei do som do baixo, mas, no geral, o álbum traz a predominância do teclado de David Sinclair. Em alguns momentos, o vocal se encaixa bem, principalmente nos trechos mais leves, mas carece de maior expressão ou vigor para me agradar mais. Também não gosto do vocal sobre o teclado em linha melódica lenta, como em “Nine Feet Underground”. Um álbum razoável, que passou sem sustos, mas senti falta de vigor para me cativar.
Mairon: O Caravan é uma banda cuja audição me agrada, mas não é minha favorita. Tanto que não tenho nenhum disco deles na minha coleção. Seu som mistura elementos da psicodelia do fim dos anos 1960 com um pouco daquele british pop de meados da mesma década – ouçam “Love to Love You (And Tonight Pigs Will Fly)” ou a própria faixa-título e digam que estou errado – e pitadas progressivas advindas dos teclados de David Sinclair, o grande nome da banda. Basta ver sua importante contribuição para a trabalhada “Winter Wine”, com seus solos referenciados por diversos timbres, que chapam durante sua bela sessão instrumental. In the Land é considerado o melhor de sua discografia pelos mais entendidos e, apesar de não conhecer toda a longa obra da banda, apenas a longa suíte “Nine Feet Underground” já é uma boa representante para fazer com que o álbum mereça tal mérito, principalmente pelo exímio trabalho instrumental do guitarrista Pye Hastings e do já citado David Sinclair, que criam solos delirantes na melhor linha jazzy-prog que os amantes desse estilo admiram. Além disso, o sensacional saxofone de Jimmy Hastings dá um ar bem “colosseumniano” para o Caravan, sem esquecer da cozinha azeitada da dupla de Richards (Sinclair no baixo e Coughlan na bateria). Há algum tempo não ouvia este disco, mas com ele descobri de onde conhecia o solo de trompete de “Os Assaltimbancos” (El Efecto), já que a introdução de “Golf Girl” é similar. Ok, entraria facilmente no lugar de Blue (Joni Mitchell), mas não acho que seria a opção mais apropriada.
Ronaldo: Diria que este disco, em muitos momentos, tem praticamente o oposto do que os fãs de rock progressivo costumam mais apreciar no estilo. Frequentemente, a instrumentação é econômica e as linhas vocais e harmônicas são das mais acessíveis que se pode encontrar no rock; não se trata de obra conceitual ou que escorregue em delírios psicodélicos; a rítmica é linear na maior parte do tempo. Contudo, o álbum é bastante apreciado nessas paragens (ainda que o Caravan tenha trabalhos mais característicos dentro do estilo). A obra remete a um polimento detalhista das fórmulas do pop barroco inglês, com a marcante voz grave de Richard Sinclair, os sintéticos teclados de seu primo Dave Sinclair e um bom gosto que permeia toda a execução e os arranjos. Destaco os momentos mais introspectivos do disco: “Winter Wine” e trechos da longa suíte “Nine Feet Underground”.
Ulisses: Este álbum tem um senso melódico bastante agradável. Sinclair canta de forma relaxada, fazendo sua grave voz britânica se encaixar naturalmente com a dupla de baixo e bateria cheia de groove da banda, junto a intervenções de metais, sopros e teclados. Os caras sabem criar uma atmosfera aconchegante e um som gostoso de ouvir, escorregando somente na enrolada “Nine Feet Underground”.
Banco del Mutuo Soccorso – Darwin! (1972)
Fernando: O rock progressivo italiano é apaixonante. Não deveria ficar de fora de nenhuma lista de melhores. Poderia ter citado vários outros discos, mas preferi lembrar daquela que eu entendo como a principal obra do estilo feito no país da bota. Já publiquei alguns textos sobre o prog italiano e falo brevemente deste álbum. O estilo, independentemente de sua nacionalidade, sempre foi relacionado com uma cultura mais elevada, e fazer um álbum conceitual sobre a evolução das espécies é, ao meu ver, o ápice. Com dois tecladistas na formação, a liberdade de criação fica quase sem limites e eles sabem dosar tudo isso. Quem nunca ouviu vai identificar timbres bem próximos aos de Keith Emerson. Já a voz de Francesco Di Giacomo é algo fora do comum. Sua versatilidade é impressionante. Este disco deveria ser usado nas escolas. Certamente faria os alunos se interessarem mais por ciência.
Alexandre: Mergulhando fundo no progressivo, uma massa sonora de teclados, pianos, sintetizadores, moogs, toda a sonoridade que uma boa música do gênero pode ter. Não conhecia a banda, conheço apenas o mainstream do mainstream do rock progressivo, mas achei quase tudo aqui bem legal. Além do ótimo trabalho dos dois irmãos tecladistas, gostei também de tudo que o baixista entregou. As faixas são de intricado instrumental progressivo cheio de virtuosismo, recomendo para todo tecladista que gostaria de ter uma referência das possibilidades do instrumento. Em alguns momentos a coisa caminha para o jazz (“Danza dei Grandi Rettili”), em outros os momentos vocais mais harmoniosos lembram até as canções lentas do pop italiano da década de 1970 (“750,000 Anni Fa… L’amore?”). O idioma italiano não me desmotivou a ouvir o trabalho, já que tenho certo receio em ouvir canções em espanhol, por exemplo. Acho que a língua encaixou de forma até razoável na proposta. E a citada “750,000 Anni Fa… L’amore?” tem linhas vocais bem bonitas. Só não gostei muito das duas últimas. “Miserere Alla Storia” é um dos poucos momentos em que o vocal não me agradou, ficou parecendo Zé do Caixão cantando em italiano. E a última, com algum ritmo mais tradicional europeu, ficou um pouco abaixo do restante. Em relação ao conceito sobre a evolução do homem, confesso não ter podido tentar entender a qualidade lírica desenvolvida nessas insuficientes audições. É mais um que vai para o meu rol de aprendizado com bons trabalhos via Consultoria do Rock.
André: Primeiro disco de prog italiano na série. Confesso que esse estilo demorou um pouco para cair no meu gosto e estou na fase de descobrimento do rico progressivo lá do Mediterrâneo. Esses sujeitos sempre estão entre os primeiros a serem lembrados. O disco tem uma sonoridade bastante sinfônica, embora a maioria de seus sons seja emulado de sintetizadores, excetuando alguns poucos. Ainda assim, a atmosfera eletrônica se sobressai perante as guitarras. Gostei muito deste álbum falando sobre a teoria da evolução em italiano. A sonoridade é rica, os sons variam entre o caos e a calmaria e a técnica dos caras é exuberante, principalmente quando o baterista Pier Luigi Calderoni se põe a solar no terço final de “L’evoluzione”. Não é disco para quem prefere algo mais “padrão”. Nem sei como explicar, mas é aquele tipo de situação em que o som dos caras se encaixa legal com os meus ouvidos. Com certeza procurarei mais discos dessa banda.
Bernardo: Desculpa ao Fernando, mas progressivo realmente não é minha praia. Mas é interessante.
Christiano: Não escutava este disco há muito tempo. Lembro que não era um dos meus preferidos de toda a cena de progressivo italiano. Por isso, foi muito bom ter a oportunidade de reconsiderar minha opinião. Musicalmente, Darwin! é surpreendente. Logo na primeira faixa. “L’evoluzione”, a riqueza dos arranjos é exuberante. Cada nuance é trabalhada em seus mínimos detalhes, com várias coisas acontecendo ao mesmo tempo, o que torna a audição muito agradável e interessante. A instrumental “Danza dei Grandi Rettili” é permeada por passagens jazzísticas, sem soar pretensiosa. Outro ótimo momento é “Miserere alla Storia”, com um clima um pouco mais pesado que o restante do disco. Ótima dica.
Davi: Hum… Então esse é o tão falado Banco Del Mutuo Soccorso? Rock progressivo muito bem tocado, teclado com grande destaque em todo o álbum, mas não me cativou. Já vi muitos o considerarem como um dos grandes álbuns do estilo. Não bate com minha opinião em hipótese alguma. O vocal de Francesco Di Giacomo realmente me incomoda, uns arranjos bem chatinhos. Faixa preferida: “Cento Mani e Cento Occhi”.
Diogo: Com Darwin! ocorre caso oposto ao de In the Land of Grey and Pink. Se você não é um aficionado por rock progressivo, muito provavelmente vai querer passar longe deste disco. Mesmo aqueles já bem iniciados precisam ter cautela. Não são poucos os trejeitos típicos do gênero, além de muitos arroubos dramáticos, que brotam especialmente da voz de Francesco Di Giacomo. Em grande parte esses exageros funcionam, como é o caso da tecladeira de “Cento Mani e Cento Occhi” e dos vocais de “750,000 Anni Fa… L’amore?”, que entregam dramaticidade em uma canção que a pede. Em outros, parece que a intenção era colocar os instrumentos à prova, uma vez que as faixas talvez se beneficiassem de mais “limpeza”. Trata-se, apesar de uma ou outra crítica, de um bom disco de uma banda muito talentosa, inventiva e ambiciosa. Não é, contudo, um álbum que pretendo ouvir com frequência.
Flavio: O disco mais surpreendente da lista, que se baseia na teoria evolucionista de Darwin. Há uma boa mistura, mas posso identificar bastantes elementos de rock progressivo, que se diluem na influência operística italiana, fazendo com que Darwin! seja realmente inusitado. Os músicos são bem afiados e nesse contexto abusam de mudanças de estilos e ritmos, mostrando grande qualidade na composição e na execução. Em certos momentos, me desagrada um pouco o timbre da guitarra, mas, no geral, a produção é bem ousada e acerta nos timbres dos instrumentos. Como dito acima, o vocal talvez traga maior influência operística, que às vezes agrada e outras não. Diria que Darwin! foi uma experiência auditiva interessante e recomendo, para entender o panorama, pelo menos apreciar a segunda música, “La Conquista della Posizione Erette”.
Mairon: Bela presença. Afinal, nenhuma banda prog italiana fez parte de edições da série, e o Banco é um excelente representante, principalmente com este disco conceitual sobre a evolução das espécies. É a nata do progressivo exalando através das caixas de som, privilegiando a interpretação absurdamente emocionante do vocalista Francesco Di Giacomo, bem como passagens empolgantes de teclados e guitarras (ouçam a introdução de “La Conquista della Posizione Erette” para entender o que eu falo). Além disso, as novidades de sintetizadores eletrônicos – na linha ELP – explodem aos ouvidos na canção que citei, na delirante “Cento Mani e Cento Occhi” e, principalmente, na suíte” “L’evoluzione”, com Vittorio Nocenzi fazendo misérias nos instrumentos. É uma das melhores canções do prog italiano. Seu irmão Gianni também não fica atrás, exibindo-se com graciosidade ao piano na linda “Miserere alla Storia”. Adoro o jazz de “Danza dei Grandi Rettili”, a agressividade vocal e instrumental de “Ed Ora Io Domando Tempo al Tempo ed Egli Mi Risponde… Non Ne Ho!”, o peso de “750,000 Anni Fa… L’amore?”. Enfim, um discaço. Machine Head (Deep Purple), Harvest (Neil Young) e Talking Book (Stevie Wonder) poderiam ter bailado fácil para que esta joia italiana tivesse entrado na lista abrangendo 1972. Uma pena, mas ainda bem que o Fernando lembrou deles.
Ronaldo: O Banco é uma das bandas italianas progressivas mais reverenciadas pelos fãs (eu incluído). Contudo, é preciso fazer julgamentos justos e afirmar que é um disco apenas para aficionados; a massa passou do ponto. A banda exagera em todos os quesitos e soa incrivelmente pomposa, abrindo a guarda para os detratores. Passagens instrumentais longas e algumas infrutíferas, vocais operísticos e linhas vocais que frequentemente escorregam para a pieguice e emulações desnecessárias das sonoridades que Keith Emerson experimentava com o Moog modular ou os sintetizadores ARP. Além do tema conceitual ser explorado de forma um bocado esquizofrênica. O disco é longe de ser ruim, mas não tem abrangência suficiente para figurar em listas generalistas como esta.
Ulisses: Talvez o disco mais surpreendente desta lista. Rock progressivo italiano, cantado na língua materna, que apresenta uma profusão de teclados e um vocalista que, embora não dê as caras tanto quanto eu gostaria, traz um pouco da expressividade do canto operístico ao registro. Uma surpresa ainda maior é a lírica tratada pela banda, já denunciada no título do álbum; a teoria da evolução, desde os primórdios da vida na Terra até (inesperadamente) a Revolução Industrial – pelo menos até o que as traduções para o inglês que achei na internet me permitiram entender. Musicalmente, há muito virtuosismo e inúmeras mudanças de andamento no lado A (até mais do que eu gostaria), no qual se concentram as duas composições mais longas. No lado B, canções mais curtas, porém não menos bem trabalhadas. Fãs irrepreensíveis de rock progressivo se deliciarão com a forma grandiosa das faixas; já aqueles – como eu – que preferem algo mais palatável gostarão de conhecer o disco, mas não o manterão em sua biblioteca musical para audições constantes.
Elton John – Goodbye Yellow Brick Road (1973)
Fernando: Como afirmei na apresentação, Goodbye Yellow Brick Road foi, ao meu ver, o maior injustiçado na série. Já falei bastante sobre ele e não sei mais o que poderia acrescentar. O álbum possui uma música fantástica na aventura de Elton John pelo progressivo, “Funeral for a Friend/Love Lies Bleeding”, tem alguns rocks anos 1950 e 1960, algumas canções românticas e até ritmos latinos em “Jamaica Jerk-Off”. Sei que a maioria citará outro álbum como favorito do cantor e compositor. Mas, ao meu ver, ele tem suas duas músicas mais conhecidas, que são “Candle in the Wind” e “Goodbye Yellow Brick Road”. Se você não o conhece ou acha que Elton John não é rock, primeiro dispa-se de sua ignorância e então ouça este disco.
Alexandre: Olha, a edição abrangendo 1973 traz uma senhora lista, mas este álbum cairia como uma luva no décimo lugar. Melhoraria uma lista que já é muito boa, mas tem essa imperfeição, no meu entender. Revisitar este disco, que está na minha coleção, foi uma beleza. Que bom ele ter sido citado. Sempre gostei de Elton John, pois passei minha infância conhecendo seus clássicos, seus hits. Neste álbum há vários: a faixa-título, “Bennie and the Jets”, “Candle in the Wind”, “Saturday Night’s Alright for Fighting”. É um começo praticamente perfeito, com várias dessas acima mencionadas. E a melhor de todas, a abertura com “Funeral for a Friend/Love Lies Bleeding”. Aliás, nem precisava da parte final (“Love Lies Bleeding”), o início instrumental é uma obra-prima por si só. Além das clássicas, que são tocadas até hoje nos sets de Elton, o disco traz uma penca de várias boas canções menos conhecidas: “I’ve Seen that Movie Too” me lembra “We All Fall in Love Sometimes”, que é minha faixa preferida de Elton John; “The Ballad of Danny Bailey (1909-34)”, além de ótima, tem uma linha de baixo sensacional. Há algumas faixas mais abaixo da média, mas isso é até normal por ser um disco duplo. A brincadeira com “Jamaica Jerk-Off” é a que menos me agrada, mas, no fim das contas, temos um disco genial. E há de se ressaltar a categoria dos músicos que acompanham Elton. Uma senhora banda, e alguns continuam com o cantor até hoje.
André: Estaria mentindo se dissesse que tenho lá grande estima pelo pianista britânico. Mas eu o respeito e sei da sua grande importância para o rock e para o pop. Porém, suas composições nunca casaram com os meus ouvidos. Algo similar me ocorre com Rod Stewart. Ao dar o play, me surpreendi com a primeira faixa, que me passou a pura impressão de estar ouvindo algum progressivo britânico setentista. No restante, John volta ao pop/piano rock com a pegada glam que o caracterizou. Tirando a primeira música, o restante não conversa direito com meus ouvidos e me passa tudo meio em branco, embora sua voz realmente seja um destaque positivo na bolacha. Seus fãs devem adorar este trabalho. Vou parar de elogiar ou perderei a minha carterinha de sócio do clube dos metaleiros acéfalos.
Bernardo: Obrigatório, um clássico essencial não só do rock mas da música popular. Praticamente só clássico: “Bennie and the Jets”, “Goodbye Yellow Brick Road”, “Saturday Night’s Alright For Fighting”, “Candle in the Wind”… Para ouvir até riscar.
Christiano: Achei estranho este disco não ter entrado na série. Isso aqui é um clássico. Lembro que eu tinha uma ideia muito equivocada sobre Elton John. Achava que era um cantor brega, por conta de suas baladas diariamente tocadas em rádios FM. Só entrei em contato com sua obra por causa do Dream Theater, que fez um cover de “Funeral for a Friend/Love Lies Bleeding”. Como achei a música muito interessante, resolvi buscar pela versão original. Foi um choque. Descobri que Elton John era um grande compositor e havia gravado ótimos discos. Além de conter vários de seus clássicos, Goodbye Yellow Brick Road ainda traz pérolas escondidas, como “I’ve Seen that Movie Too”, “Harmony” e “This Song Has No Title”.
Davi: Um dos grandes clássicos da carreira de Elton John. Embora muitos roqueiros ainda insistam em olhar torto para o rapaz, sempre fui um grande fã de seu trabalho. Ótimo pianista, ótimo cantor, excelente compositor. Quem deixar o preconceito de lado e se aventurar em sua obra vai se deparar com verdadeiras pérolas. Um ótimo exemplo é este LP duplo, no qual o cantor demonstra toda sua versatilidade e nos brinda com diversas faixas que se tornaram clássicos ao longo dos anos – como “Candle in the Wind”, “Bennie and the Jets”, “Goodbye Yellow Brick Road” e “Saturday Night’s Alright for Fighting” – e outras pérolas injustamente menos lembradas, como “Grey Seal” e “The Ballad of Danny Bailey (1909-34)”. Discaço!
Diogo: Rapaz, eu não vou dizer que mudaria minha lista dedicada a 1973, mas este disco se encaixaria muito bem nela, assim como na lista geral. Mesmo sendo duplo, Goodbye Yellow Brick Road mantém o nível de qualidade muito bem e traz, além dos clássicos mais óbvios, algumas canções muito boas e menos lembradas pelos ouvintes eventuais. “Grey Seal”, “I’ve Seen that Movie Too”, “Roy Rogers” e “Harmony” são os melhores exemplos. Em se tratando de produção, acho que o Elton John menos glam dos discos anteriores cai mais no meu gosto, mas não dá pra negar que Goodbye Yellow Brick Road é um álbum mais ambicioso e extravagante, então isso acaba funcionando. Há, inclusive, uma leve tendência prog, como fica bem claro na magnífica obra “Funeral for a Friend/Love Lies Bleeding”, melhor música do disco e facilmente uma das melhores da carreira de Elton. “Candle in the Wind” ficou batidíssima após a versão tocada no funeral de Lady Di ter se tornado um dos singles mais bem sucedidos de todos os tempos, mas basta ouvi-la tendo Marilyn Monroe na cabeça para que volte a ser magnífica. Um fato importante dessa extensão da série é poder prestar tributo a artistas que, por mais que não tenham sido representados com este ou aquele álbum, merecem menção pelo belo conjunto da obra. Elton John é uma dessas pessoas.
Flavio: Um disco definitivo na carreira de um grande artista muito bem resgatado pelo Fernando. Goodbye Yellow Brick Road traz canções magistrais que são executadas até hoje nos shows de Elton John. Os clássicos mais do que conhecidos “Bennie and the Jets”, “Candle in the Wind”, “Saturday Night’s Alright for Fighting” e a faixa-título são acompanhadas de outras maravilhosas composições, como a canção de abertura, a suíte “Funeral for a Friend/Love Lies Bleeding”, “I’ve Seen that Movie Too” e “Sweet Painted Lady”. No geral, o álbum tem poucos pontos fracos. Talvez eu não goste apenas de “Jamaica Jerk-Off” e “Your Sister Can’t Twist (But She Can Rock ‘n’ Roll)” em 17 faixas, o que mostra a solidez da bolacha. Por fim, não posso fechar meu comentário sem destacar a maravilhosa banda que acompanha Elton (muitos até hoje em dia), como o guitarrista Davey Johnstone e a cozinha de Dee Murray e Nigel Olsson.
Mairon: Em um ano no qual o prog teve álbuns celebrados (Dark Side of the Moon, Brain Salad Surgery, Tales from Topographic Oceans, Lark’s Tongues in Aspic e Selling England By the Pound), quem ouve este disco logo de cara se surpreenderá, achando que outro gigante prog estava aparecendo naquele ano, pois “Funeral for a Friend” é uma das peças mais maravilhosas do rock progressivo, com seu instrumental carregado de sintetizadores, o piano de Elton fazendo estripulias e a belíssima guitarra de Davey Johnstone. Uma pena que o resto do álbum não siga essa linha, mas volte-se para o glam rock, certamente feito com ótima qualidade. O disco traz alguns dos hinos da carreira de Elton, como as boas baladas dançantes que são a faixa-título, “Sweet Painted Lady” e “Bennie and the Jets”, os rocks pegados de “Saturday Night’s Alright for Fighting” e “Love Lies Bleeding”, as ótimas “All the Girls Love Alice”, com seu climão oitentista, e “The Ballad of Danny Bailey (1909-34)”, além da super clássica baladona “Candle in the Wind”, que Elton tocou no funeral de Lady Di, que, honestamente, acho bem chatinha. Além disso, há boas faixas que ficaram esquecidas na vasta discografia do inglês, que são “This Song Has No Title” (lembra a fase inicial do Queen), a pegada “Grey Seal”, na qual o mellotron surge com destaque, o country rock de “Social Disease” e “Your Sister Can’t Twist (But She Can Rock ‘n’ Roll)”. Porém, ele tem algumas faixas a mais, principalmente “Jamaica Jerk-Off”. Mesmo “I’ve Seen that Movie Too”, com orquestrações, “Roy Rogers”, “Harmony” e “Dirty Little Girl” não se equiparam à grandeza das outras canções e acabam tornando Goodbye Yellow Brick Road um álbum muito monocromático. Se fosse um disco simples, entrava fácil na edição dedicada a 1973, que foi quase perfeita. O único defeito nela é o Stooges, mas nem é tão defeituoso assim. Se Goodbye entrasse em seu lugar, acho que não mudaria muito meu pensamento sobre ela. Trata-se do álbum mais importante de Elton John – vendeu mais de 30 milhões de cópias –, apesar de eu achar seu melhor trabalho o impecável ao vivo 17-11-70 (1971). Além disso, é uma das grandes referências do glam rock. Ah, por favor, desconsidere a capa, hehehe.
Ronaldo: Acho incrível a produtividade em composições da dupla Elton John e Bernie Taupin. Em três anos de carreira, Elton já tinha quatro (bons) discos inteiramente autorais. Em 1973, soltou a magna obra Goodbye Yellow Brick Road, um álbum duplo bastante extenso e justamente aclamado por seu conteúdo. Sobre seus méritos muito já foi falado; há músicas lindíssimas, como a faixa-título, “Candle in the Wind”, “Funeral for a Friend” e bons momentos rockeiros. Destaco (negativamente) a produção apavonada, visando colocar Elton John par e passo a ícones visuais como David Bowie e Marc Bolan. Nesse sentido, a bateria fica incomodamente em destaque em alguns momentos, a cafonice atingiu os arranjos de forma generalizada e vários dos timbres de teclados usados no disco. O estilo singer/songwriter de Elton John casa melhor com a produção mais econômica de seus dois primeiros discos.
Ulisses: Como álbum duplo, eu acho um exagero, mas não dá para negar que há muito material de qualidade. Desde a bela “Candle in the Wind”, até faixas empolgantes e roqueiras como a dupla “Your Sister Can’t Twist (But She Can Rock ‘n’ Roll)” e “Saturday Night’s Alright for Fighting”, além de “All the Girls Love Alice”, sem falar da grandiosa abertura “Funeral for a Friend/Love Lies Bleeding” – é um tracklist que denota diversidade, riqueza musical e polidez, denunciando se tratar de um clássico, mesmo àqueles que não conhecem a obra do pianista inglês.
Electric Light Orchestra – Eldorado (1974)
Fernando: Um álbum conceitual com sinfonia. Talvez você ache que isso não é surpresa alguma. O disco abre como se fosse a trilha sonora de algum musical e de cara temos “Can’t Get It Out of My Head”, que fará qualquer headbanger se render às melodias matadoras do ELO. A história conta uma viagem a um mundo de fantasia. Uma das passagens da faixa citada diz que o protagonista trabalha em um banco e que Robin Hood, William Tell, Lancelot e Ivanhoé não sentem inveja dele. Isso dá uma ideia do que esperar. Não tive contato com o disco original, mas, pelo menos na edição de 2001 que tenho, há comentários de Jeff Lynne para cada faixa. Eldorado é o álbum de que gosto do ELO, já que outros não me soaram tão simpáticos. Tudo bem, confesso, não tentei muitos outros.
Alexandre: Gosto bastante da mistura de cordas com guitarras e bateria que o Eletric Light Orchestra faz, inclusive já indiquei um álbum deles (Zoom, de 2001) em primeiro lugar na minha lista. Talvez seja um pouco exagerado, mas comprova minha apreciação pela banda. É clara a influência de grupos como Beach Boys e Beatles nas harmonias do conjunto. “Mister Kingdom” é quase uma “Across the Universe” trazida para a década seguinte. Considero Jeff Lynne um gênio, não só pelo trabalho no ELO, mas também na participação em alguns trabalhos dos ex-Beatles (e no próprio Anthology, de 1995, do Fab Four) como produtor. O disco em análise apresenta um pop rock delicioso da época, que não se limita ao single super conhecido “Can’t Get It Out of My Head”. “Boy Blue”, “Poor Boy”, “Illusions in G Major” são outros bons destaques. Acho que a voz de Lynne melhorou um pouco à frente, ficou mais suave do que em Eldorado. O conceito me passou ao largo, mas, no fim das contas, Eldorado é um bom álbum. Só não sei se mereceria tanto destaque e algum espaço na edição dedicada a 1974. Pensando bem, ele entraria no fim da lista sim…
André: Adoro cada minuto deste álbum. Sinfônico, agradável, delicioso, bem composto e executado. O rock e as sinfonias se fundem com perfeição. Melhor disco da banda, destaque da década e desta lista. “Mister Kingdom” é uma canção incrível. Mesmo que todo o álbum tenha aquele ar de grandiosidade, o fato é que todos os instrumentos se encaixam e de fato enriquecem a música, ao invés de um querer aparecer mais que o outro. Melhor disco da lista. Fernando ganhou mais uma estrelinha de bom menino que faz o dever de casa.
Bernardo: Álbum conceitual com uma história narrada com o auxílio de arranjos poderosos. Mas acho que datou um pouco.
Christiano: Acho o ELO uma banda pouco compreendida. Mesmo tendo conseguido uma boa repercussão comercial, não percebo muitas pessoas citando seus discos entre seus preferidos. Por isso, gostei muito da escolha de Eldorado, que considero um de seus melhores álbuns. “Can’t Get It Out of My Head” é bastante conhecida do grande público, mas o disco vai muito além dela, uma vez que é um álbum conceitual. Ótimos momentos não faltam: “Poor Boy (The Greenwood)”, “Nobody’s Child” e “Boy Blue” mostram que Jeff Lynne e cia têm o direito de figurar entre os grandes nomes do rock dos anos 1970.
Davi: Grande Jeff Lynne! Gosto desse cara. Este é, provavelmente, o maior clássico do Electric Light Orchestra e é realmente sentida sua ausência na série. Arranjos pomposos, melodias assobiáveis e latente influência de Beatles. Escute “Mister Kingdom” e tente não se recordar de “Across the Universe”. “Boy Blue”, “Nobody’s Child” e o single “Can’t Get It Out of My Head” são minhas preferidas.
Diogo: Nunca havia ouvido um disco do ELO até o Fernando ter feito a indicação. Conheço o trabalho de Jeff Lynne como músico e (especialmente) produtor, conheço Bev Bevan desde a primeira vez que escutei Born Again (Black Sabbath, 1983), mas sabia bem pouco sobre o rock sinfônico do grupo. Gostei da audição. Não chega a ser fantástico, mas Eldorado é uma audição bem agradável, especialmente quando os arranjos orquestrais não se sobrepõem às boas canções nele presentes. Há uma profusão de boas melodias e as influências sessentistas são evidentes (Beatles por todos os lados). “Can’t Get It Out of My Head”, “Boy Blue” e “Laredo Tornado” são as que mais chamaram minha atenção, justamente por ilustrarem esse equilíbrio. A médio prazo, pretendo ir atrás dos álbuns mais conhecidos do grupo.
Flavio: Conheço o ELO de outros discos e nunca havia escutado Eldorado. Há trechos interessantes, como o single “Can’t Get It Out of My Head” e o uso da orquestra na trinca Eldorado (“Overture”, a música propriamente dita e “Finale”), mas há outros que me soam datados (até para a época) e desnecessários, como o rock ‘n’ roll basicão de “Illusions in G Major”. Claro que noto várias características do estilo que conhecia da banda. É praticamente inevitável perceber a influência dos Beatles na totalmente chupada de “Across the Universe” transcrita para o início de “Mister Kingdom”, que a seguir se torna bem enfadonha. Enfim, o disco tem bons atributos, mas é irregular e não me conquistou.
Mairon: Não sei dizer por que nunca fui com a cara do ELO. Parar para ouvi-lo de cabo a rabo foi a primeira vez. E olha que sou um admirador de Jeff Lynne e Bev Bevan. Mais um álbum conceitual nesta surpreendente lista do Fernando, que eu jurava vir cheia de metaleira, mas até que ficou bem boa. As orquestrações de “Eldorado Overture” e o próprio nome da faixa já nos diz que estamos diante de algo grandioso, assim como a dupla “Eldorado”/”Eldorado Finale”, a última uma recapitulação de “Overture”. É isso que percebemos, um disco bem construído, no qual orquestra e banda encaixam-se para criar uma miniópera, que me lembrou várias outras bandas que se atreveram a fazer algo nessa linha, desde The Who até Meat Loaf. Gostei da audição, gostei das músicas no geral, sendo difícil destacar algumas em especial pela homogeneidade (acho que o jazz de “Nobody’s Child” é o momento mais diferenciado do disco).
Ronaldo: O Electric Light Orchestra sempre teve um estilo declaradamente beatlesco de compor. Todas as faixas de Eldorado têm bons ganchos e momentos memoráveis, uma estruturação inteligente e engredada para capturar o ouvinte. Um porém cabe somente ao formato como essas canções foram embaladas e que mostra o quanto o rock e o pop estavam se separando irreconciliavelmente, cada um se radicalizando para um lado. As orquestrações são desmedidas e carimbam o disco com um selo capaz de afastar o público do rock de seus préstimos. Boas músicas vestidas com uma roupagem meio vulgar.
Ulisses: Bem pomposo mas igualmente acessível. Não era exatemente o que eu imaginava de uma banda que é sempre descrita como rock progressivo sinfônico, mas a audição tem várias facetas atrativas, pois o grupo procura unir arranjos do pop e do rock sessentista com aquela grandeza orquestral. O resultado é agradável, mas senti falta de algo mais intenso e arrebatador – elementos que vejo, por exemplo, em vários momentos de “Boy Blue”. Não me parece uma audição indispensável.
Scorpions – Virgin Killer (1976)
Fernando: Por mais que a maioria dos fãs considere In Trance (1975) melhor que Virgin Killer, é a este que recorro mais vezes. Tenho a impressão de que este disco é o que mais tem a ver com o heavy metal oitentista de várias bandas que citam o Scorpions como inspiração. Os outros álbuns deles também podem ser considerados desse modo, mas com graus inferiores nesse quesito. “Pictured Life” é a música que resume esta baita obra. Acho uma pena que a primeira coisa pela qual as pessoas se lembrem deste disco seja a polêmica capa. Não comentarei aqui pois já escrevi a respeito das capas dos Scorpions em 2011.
Alexandre: Outro álbum que está na minha coleção. Sou fã dessa fase com Ulrich Roth (eu não consigo chamá-lo de Uli Jon) e todos do Scorpions dessa época são muito bons. Apenas Fly to the Rainbow (1974) é um pouco inferior. Sei que alguns integrantes da Consultoria talvez o considerem o melhor, é uma questão de gosto. Entre os outros três, é difícil escolher um. Considerando esse fato e também a questão de não se incluir discos ao vivo nestas relações, a citação a Virgin Killer é muito merecida. Ulrich Roth fez um trabalho fenomenal na banda, que tem sua melhor fase encerrada com o histórico Tokyo Tapes (1978), um dos grandes ao vivo de todos os tempos. O álbum começa muito bem, um lado A praticamente perfeito, no qual a faixa-título é a mais fraca. “Pictured Life”, “Catch Your Train” e “Backstage Queen” são fantásticas. Ulrich destila virtuosismo em todas, em especial “Catch Your Train”. “In Your Park”, menos conhecida, também é linda e cheia de intervenções maravilhosas do guitarrista virtuoso. Já o lado B começa mal. “Hell-Cat”, a despeito da maestria de Ulrich, tem uma melodia fraca que complica pela voz ruim do guitarrista. O restante do lado, no entanto, está no nível do lado A e termina muito bem, com duas faixas de Roth: “Polar Nights” e “Yellow Raven”. Preciso ressaltar que em 1976 pouquíssimos guitarristas faziam algo próximo ao que Ulrich deixou registrado. O que ele faz em “Polar Nights” é de cair o queixo. Um gênio que nunca teve o reconhecimento de público próximo ao que seria merecido. Mas como o disco não é só Roth, pontos também para Schenker e Meine pelas composições. Meine canta muito bem durante toda a carreira, mas no ínicio da banda esteve um patamar acima. Portanto, qualquer um dos álbuns do grupo com o “Hendrix alemão” é para mim super bem vindo, pois, além do ótimo nível das canções, traz a voz de Meine na sua melhor forma. Na edição abrangendo 1976, Virgin Killer certamente teria vaga.
André: Em se tratando deste álbum, a capa controversa infelizmente sempre costuma chamar mais atenção do que as músicas. Temos o Scorpions firmando de vez os pés no hard rock e com o excelente Uli Jon Roth solando divinamente. “In Your Park” traz meu solo favorito dele. O cara realmente sabe como emocionar com a guitarra. O disco segue cheio de petardos, como “Backstage Queen”, “Hell-Cat” e “Yellow Raven”. Esqueçam as polêmicas em torno do álbum e aproveitem este ótimo disco com o qual os alemães nos presentearam.
Bernardo: Me choquei mais com a polêmica da capa do que com o disco. Rock básico, bem tocado, mas a própria banda já teve momentos melhores.
Christiano: Um dos melhores discos da melhor fase do Scorpions, quando ainda contavam com Uli Jon Roth, um gênio das seis cordas. Lançado entre duas pérolas gravadas pela banda – In Trance e Taken By Force (1977), Virgin Killer é mais um registro de alta qualidade dos alemães, que praticavam um hard rock altamente elaborado. Muito disso por conta da genialidade de Uli Jon Roth, que costurava todas as músicas com arranjos sublimes de guitarra. Roth também canta algumas faixas, caso de “Hell-Cat”, que traz um dos melhores riffs de todo o disco. Clássico incontestável.
Davi: Ainda contando com as guitarras de Uli Jon Roth, os alemães do Scorpions entregaram um hard/heavy mais direto, mais sujo do aquele que os fãs dos anos 1980 estão acostumados. Ainda que não conte com grandes hits, é um trabalho essencial para entender do que se trata a banda, além de contar com petardos de primeiríssimo nível, como “Pictured Life”, “Catch Your Train” e “Backstage Queen”. O único senão são os vocais de Jon Roth em “Hell-Cat” e “Polar Nights”. As músicas teriam soado muito mais impactantes na voz de Klaus Meine.
Diogo: Entre In Trance, Virgin Killer e Taken By Force, qualquer um deles merece ser citado como o melhor álbum do Scorpions. Tenho uma quedinha por In Trance, mais melódico e de evidente transição para algo mais pesado, mas Virgin Killer atrapalha bastante minha escolha. Ele representou uma metamorfose mais completa para um hard rock puxado quase para o heavy metal mesmo, com muitos riffs furiosos, um guitarrista solo insano e composições caprichadas. Este é daqueles raros casos, inclusive, em que a faixa-título é a menos boa das canções, e ainda assim ela passa bem longe de ser ruim (o riff inicial é ótimo). Muito se fala dos méritos de Uli Jon Roth como guitarrista e compositor (com justiça), mas Rudolf Schenker e Klaus Meine não ficavam para trás. “In Your Park” e “Crying Days” ilustram muito bem o tino para melodias que a dupla tinha, enquanto “Catch Your Train” é um rockaço que não deve nada para aquilo que Uli vinha apresentando. Claro, o excêntrico guitarrista é mesmo genial com seu instrumento na mão, e não dá pra negar que a finaleira, com “Polar Nights” e “Yellow Raven”, é excepcional.
Flavio: Assim como o álbum de Elton John, está presente na minha discografia particular. O terceiro Scorpions da era Uli Roth é outro testemunho da maravilhosa fase da banda, que não obteve o sucesso comercial merecido. Destaco o espetacular trabalho de Uli na bolacha toda, notadamente em “Pictured Life”, “Catch Your Train”, “In Your Park” e “Polar Nights”. Identifico pontos fracos apenas em “Hell-Cat” (não gosto do vocal de Uli) e também na mediana faixa-título. No mais, é pedrada atrás de pedrada, com ótimas interpretações de Klaus Meine e do restante da banda, até o final com a lindíssima e melancólica “Yellow Raven”. Ótima pedida do Fernando. Deveríamos ter outros dessa fase do Scorpions entre as listas de esquecidos…
Mairon: O Fernando tirou mais um da minha lista. Meu álbum preferido do Scorpions é Fly to the Rainbow, mas Virgin Killer é, com certeza, o disco da fase Uli que deveria ter entrado. Nele, a banda consegue mesclar as guitarras ácidas do incrível alemão com canções, digamos assim, mais acessíveis, que marcariam a terceira fase da banda, já nos anos 1980, como percebemos na suave e arrepiante “In Your Park” (Iron Maiden fase Di’Anno certamente bebeu um pouco disso) e na enigmática “Crying Days”, com Uli mandando ver na alavanca. Aliás, o que Uli está tocando é um absurdo, e, não à toa, as faixas em que ele mete a mão na composição são as melhores. Quer comprovar? Então delicie-se com o riffzão de “Pictured Life”, a pancadaria generalizada da faixa-título e especialmente quando Hendrix encarna no corpo do alemão durante “Hell-Cat”, “Polar Nights” e na filha talentosa de “Little Wing”, tão bela quanto a mãe, “Yellow Raven”. Ainda temos o rockaço “Catch Your Train”, com um espetáculo à parte de Uli, e a animada “Backstage Queen” para fechar um tracklist sensacional. Ainda teria Taken By Force, mas acho que, no fim, Uli fez bem em sair do Scorpions, a banda era pequena demais para sua genialidade e talento. EXCELENTÍSSIMA indicação, meu caro Fernando, que abrilhantaria ainda mais a excelente lista dedicada a 1976, talvez no lugar do Ramones ou do Kiss.
Ronaldo: Um ataque de bons riffs de guitarra e uma pegada nervosa. O Scorpions naquelas alturas dos anos 1970 já era uma consistente máquina de rock pesado (os fãs se dividem entre qual seu lançamento favorito no período) e vinha em uma crescente. A banda mostra-se mais madura e, neste caso específico, o guitarrista Uli John Roth consegue emplacar mais sua devoção a Jimi Hendrix, seja em solos ou em composições como “Hell-Cat”, “Polar Nights” e “Yellow Raven”. Sabendo dosar dinâmicas e fazendo bons encaixes entre voz e instrumentação, trata-se de um grande disco de hard rock. Destaco a belíssima balada “In Your Park”, que, em um mundo justo, deveria ser mais conhecida e devotada do que a baba “Wind of Change”.
Ulisses: Tirando a polêmica capa original, é um belo disco. A banda sabia compor um rock bastante entusiasmado que praticamente explode as caixas de som – vide a faixa-título –, mas também trabalhou com esmero as baladas “In Your Park” e “Crying Days”, além do arranjo serpentino de “Hell-Cat”. Em um álbum de qualidade alta e consistente, Roth demonstra por que é um guitarrista tão respeitado por aqueles que o conhecem. Belo resgate, Fernando.
Fleetwood Mac – Rumours (1977)
Fernando: Toda vez que leio que a música pop já foi “bem feita” ou “bem melhor”, lembro do Fleetwood Mac e de Rumours, que é seu grande sucesso. É claro que estou dizendo “pop” na questão de popular, não sob o conceito musical atual. Ouça “Dreams” ou “Don’t Stop”; melhor, coloque para aquele seu amigo que curte música que toca na rádio. Duvido que a pessoa não goste disso. “Don’t Stop”, inclusive, virou hino na campanha à presidência norte-americana do então candidato Bill Clinton. As melodias e as vozes grudam na cabeça sem serem apelativas. Para os que nunca ligaram o nome do grupo às suas músicas, certamente lembrarão de “Go Your Own Way”. É interessante como Peter Green ficou marcado por ter montado a banda, mas, ao meu ver, ele passou longe dos bons discos que o grupo fez.
Alexandre: Um álbum absolutamente clássico, entre os maiores vendedores da história fonográfica. Seria essa já uma justificativa perfeitamente aceitável para entendê-lo aqui? Seria justificativa para incluí-lo na edição abrangendo 1977? No meu entendimento, já bastaria. Mas há mais, pois as entradas de Lindsey e Nicks na banda, no álbum anterior, fizeram com o que o Fleetwood Mac passasse de um competente grupo para esse enorme potencial de vendagem e sucesso. Rumours é um atestado do som pop que venceu na década de 1970, em especial nos Estados Unidos. As canções se sobrepõem ao instrumental, que é competente mas não se sobressai, a não ser para o ouvinte mais atento aos detalhes. Afinal, são bons músicos. Mas não há nada em excesso, tudo é bem encaixadinho para funcionar e fazer o grupo estourar nas paradas. Os vocais, é claro, têm destaque. As harmonias vocais, mais ainda, são espetaculares. Há diversas boas canções, como “The Chain” e “Gold Dust Woman”. “Oh Daddy” e “Songbird” mostram mais especificamente o talento de Christine McVie como compositora. “Never Going Back Again” segue o mesmo exemplo para mostrar as qualidades de Lindsey. Mas é através das músicas de maior acento pop que a banda conseguiu chegar aos incríveis mais de 40 milhões de discos vendidos: “Don’t Stop”, “Go Your Own Way” e “Second Hand News” são bons exemplos. Em um nível acima, “You Make Loving Fun” e, principalmente, “Dreams”. Essa última é, pra mim, a cereja do bolo, graças principalmente a Stevie Nicks, sua voz e sua interpretação.
André: A verdade é que essa banda nunca me chamou atenção. O pouco que ouvi sempre soou insosso, sem ânimo ou simplório demais, tal como uma sopa de batata de presídio. Mesmo este disco famosíssimo, que vendeu horrores, não me cativou em nada. Nem o pop, nem o mínimo de rock, nada mesmo. Trouxe de bom apenas a composição “Dreams”, que depois foi coverizada pelas irlandesas do The Corrs. Que, aliás, deixaram-na muito melhor, como elas sempre fazem em todos os covers que gravam.
Bernardo: Bela escolha, Fernando. “Go Your Own Way”, “Dreams”, “You Make Loving Fun”… Outro álbum que parece uma coletânea. Os reis do soft rock.
Christiano: Mais um que deveria estar na série, sem sombra de dúvida. Rumours é um caso de disco pop perfeito. Seja por sua repercussão comercial ou por conta da qualidade de suas músicas. É tudo tão bem feito que fica até difícil comentar. No entanto, além de hits como “Dreams”, “Don’t Stop” e “Go Your Own Way”, ainda existem petardos como “The Chain” e “Gold Dust Woman”, em que a perfeita sintonia da banda, especialmente entre Lindsey Buckingham e Stevie Nicks, fica evidente. Um clássico.
Davi: Mais um trabalho clássico que injustamente ficou de fora da série. Excelente lembrança. Trabalho com forte acento pop, mas lindíssimo. A situação interna da banda não estava lá aquelas coisas e as letras acabaram refletindo um pouco disso. Contudo, musicalmente, o período negro estava bem longe. Arranjos muito bem executados, ótimo trabalho vocal e melodias muito bem construídas fizeram com que este disco virasse referência no universo pop. Certeza que você já ouviu “Dreams”, “Don’t Stop”, “Go Your Own Way” e “Gold Dust Woman” ao menos uma vez na vida.
Diogo: Minha lista elaborada para a edição abordando 1977 é das que mais necessitaria de uma reformulação. Citei Rumours em um modesto décimo lugar, mas hoje em dia ele disputaria o primeiríssimo posto e sequer precisaria ser relembrado pelo Fernando. Ainda bem que ele o fez, pois se trata de um dos melhores discos da década. É um álbum que cresce a cada audição, pois é recheado de detalhes que enriquecem composições aparentemente simples e denotam o talento que Lindsey Buckingham tinha como arranjador. A obra é dominada pelas composições de Lindsey, Stevie Nicks e Christine McVie, mas a contribuição de Mick Fleetwood e John McVie também é essencial, especialmente do baixista, que não apenas mostra ótimas performances, mas traz um som de baixo estupendo, redondo, quente. Seria seu Alembic, outro instrumento ou uma combinação? Aliás, a produção é das melhores que já ouvi. Se a intenção era fazer de cada faixa um single em potencial, olha, o pessoal conseguiu. Superou todas as crises conjugais tantas vezes relatadas e mostrou que nada como o sofrimento para fazer aflorar música de qualidade. De um clima pesadíssimo, com pessoas que sequer se falavam direito, surgiu uma obra de uma sensibilidade ímpar e cheia de canções assobiáveis. Rumours é bom de cabo a rabo, mas “Dreams”, “The Chain”, “You Make Loving Fun” e “Oh Daddy” são as que mais me emocionam. Agora, mais criminoso que eu ter citado este álbum em posição tão (relativamente) baixa é o fato de “Silver Springs” ter sido deixada como lado B de single, incluída apenas em relançamentos. Trata-se não apenas de uma parte integral do disco, mas de uma canção tão boa que chega a ser assustadora, tal é a interpretação de Stevie. Não hesito em afirmar que, apesar de haver bons concorrentes, Rumours é a melhor lembrança desta lista.
Flavio: Outro disco coerentemente resgatado pelo Fernando, Rumours é um exemplo de como um álbum rock/pop pode ter qualidade. O trabalho da banda está exuberante e há canções consagradas no decorrer da bolacha toda. Destaco obviamente as conhecidas “Dreams”, “Don’t Stop”, “Go Your Own Way”, “You Make Loving Fun” e “The Chain”, mas o disco é praticamente impecável em todas as suas composições. Não consigo eleger uma música fraca. Rumours traz o auge da banda e vale cada minuto de sua audição.
Mairon: Ouvi Rumours pela primeira vez recentemente, em uma edição da seção “War Room” que a Uol Host apagou. Então repito o comentário final que havia escrito, adicionando novos apontamentos depois de mais uma audição. Esperava bem mais de um disco que vendeu horrores ao redor do mundo e ficou na primeira posição tanto na Inglaterra quanto nos EUA. Não encontrei nada de novo ou que me fizesse virar fã da banda. A versão que a série musical “Glee” fez para o disco é muito fiel, vale uma audição. Com exceção da vocalista McVie e do guitarrista Lindsey, o resto é muito simples e sem firulas. Enfim, as letras devem ter feito a diferença. Agora, que o disco é bem gravado e com uma ótima produção, com certeza, mas a sensação que passa é que o clima na banda era terrível. Salvam-se, musicalmente, a lindinha acústica “Never Going Back Again”, com seu belo dedilhado, o baixão de “Go Your Own Way” e a melhor faixa do álbum, disparado, “The Chain”. Se todo o disco fosse igual a ela, aí sim seria um baita álbum (que baixo, puta merda). Mesmo tendo vendido mais de 40 milhões de cópias, não entraria na edição abrangendo 1977 de jeito nenhum. Aquela lista só tinha como pequeno defeito o Kraftwerk, que deveria ter sido substituído pelo Sex Pistols.
Ronaldo: A segunda metade dos anos 1970 se caracterizou por uma corrida do ouro no filão do chamado rock de arena. Nessa corrida, parecia haver uma busca incessante por uma música pop perfeita. Partindo dessa premissa, o Fleetwood Mac (que havia deixado no passado seu ótimo retrospecto no blues rock) foi uma das mais bem sucedidas bandas nessa empreitada, com uma formidável conjunção entre canções assobiáveis com refrãos grudentos e arranjos absolutamente eficientes. Rico em sutilezas, o disco mostra quanto as composições dependem do arranjo (sonoridade, encaixe da instrumentação e seu diálogo com a voz, encadeamento da música, etc). Prova cabal da eficiência do grupo é a faixa “Dreams”, com seus parcos dois acordes que se desenrolam deliciosamente por quatro minutos. Não é à toa que este disco alçou a posição que lhe cabe na história da música pop.
Ulisses: O que sempre me impressionou em Rumours é o fato de ter sido gravado em uma atmosfera pesada de separações, divórcios e desconfianças. Parece receita para o fracasso, mas o rancor geral da banda foi o combustível para a criação de um álbum absurdamente bem produzido, com letras realistas e composições bastante palatáveis e de ótimo senso melódico, tornando-se um dos álbuns mais bem-sucedidos da história. “Dreams” e “You Make Loving Fun” são minhas favoritas. Uma pena que a primorosa “Silver Springs”, composição de Stevie Nicks, ficou de fora da versão original, só figurando em edições posteriores.
Triumph – Allied Forces (1981)
Fernando: Allied Forces é o meu disco preferido dessa banda que tem uma carreira muito linear. Foi o álbum que fez mais sucesso, fazendo-os tocar no importantíssimo US Festival. É o disco mais rock do Triumph, que começou com um pé no progressivo e chegou até o AOR. A alternância de vozes entre Gil Moore e Rik Emmett é muito interessante, apesar de reconhecer que o guitarrista é melhor nesse fundamento que o baterista. A obra tem todas as características de um bom álbum de hard/heavy da época. Possui músicas mais rápidas, como a faixa-título, baladas marcantes (“Magic Power”), uma releitura das canções dos anos 1950 (“Hot Time (In this City Tonight)”) e aqueles rocks levanta arena (“Fool for Your Love”). Acho que as comparações com o Rush – apenas pelo fato de ser também um trio – só atrapalharam a carreira deles. Destaque também para “Ordinary Man” e “Fight the Good Fight”. Essencial!
Alexandre: Um senhor power trio com dois ótimos vocalistas, um realmente extraordinário (Emmett). Tá aí uma banda que poderia ter ido mais longe em termos de reconhecimento de mídia e público. O grupo não teve muito reconhecimento no início de suas atividades, em meados dos anos 1970. No momento em que lançou este ótimo álbum, o som mais voltado para temas de festas, mulheres, na linha da “farofada”, se anunciava entre as demais bandas do gênero. Basta ver o certo deslocamento do grupo em relação aos demais que se apresentaram no histórico US Festival, de 1983. Talvez seja um exemplo de grupo certo na hora errada, pois seu conteúdo musical e lírico foi um pouco além do que se procurava na época, na linha do hard rock. É uma pena, pois trata-se de um dos melhores álbuns desta lista. As primeiras faixas, no entanto, seguem uma linha mais padrão do desenvolvido por bandas como o Journey, um tanto comuns. Considero que as melhores canções estão mais do meio para o fim, como a própria faixa-título, “Ordinary Man”, a linda peça acústica “Petite Etude” e, principalmente, “Fight the Good Fight”. Uma excelente escolha, que certamente teria algum espaço na edição dedicada a 1981.
André: Conheço pouco do Triumph. Este disco me soou um hard rock bem bacana e agradável, principalmente pelo toque AOR do qual gosto tanto. A banda, apesar de ter iniciado as atividades nos anos 1970, já soava bem oitentista nesse início de década. Gostei principalmente de “Air Raid” e da faixa-título. Estranhei a sequência da primeira para a segunda faixa, porque me pareceram ser dois vocalistas diferentes. Pesquisei e confirmei que o baterista canta em algumas canções. Interessante, achei que seria uma boa se eles dividissem mais os vocais, tipo o Deep Purple da Mark III.
Bernardo: Não me chamou atenção. Hard rock oitentista com tudo o que você espera.
Christiano: Grande power trio canadense. Diferentemente de seus conterrâneos do Rush, o Triumph investe em um som mais voltado para o hard rock norte-americano, pelo menos a partir de Allied Forces, tido por muitos como seu melhor trabalho. A abertura com “Fool for Your Love” já mostra uma pegada mais pesada para quem estava acostumado com discos como Just a Game (1979), que traz uma sonoridade mais próxima de arranjos progressivos. Na sequência, “Magic Power” acalma um pouco a situação, com os vocais mais suaves de Rik Emmett. Outro grande momento, também encabeçado por Emmett, é “Fight the Good Fight”, minha preferida do disco. Enfim, um equilíbrio perfeito entre peso, energia e sensibilidade musical. Grande escolha.
Davi: Empolgante power trio. Gil Moore debulhava na bateria e nos vocais. Rik Emmett destruía nas guitarras e também mandava bem no gogó. Mike Levine brilhava no baixo e nos sintetizadores. O LP é repleto de momentos memoráveis, como “Fool for Your Love”, “Magic Power”, “Hot Time (In this City Tonight)” e “Say Goodbye”. As linhas vocais de Rik ora remetiam a Steve Perry, ora a Geddy Lee. A sonoridade é honesta. Pesada, cortante e melódica ao mesmo tempo.
Diogo: Entre o fim da década de 1970 e o início da seguinte, o Triumph lançou uma sequência de álbuns que solidificou uma carreira com dignidade e qualidade. Eles se equilibraram muito bem entre o AOR, o hard rock e o heavy metal (além de toques progressivos), apresentando composições cativantes, grandes melodias e performances excelentes. Rik Emmett é um baita guitarrista e, como vocalista, é uma espécie de Geddy Lee que deu certo. Gil Moore também canta muito e traz nuances diferentes ao trabalho vocal do grupo. Se tem uma coisa que esses caras sabem é como estruturar uma música de modo que não se torne enfadonha. “Fight the Good Fight” é o melhor exemplo, assim como “Ordinary Man”, que começa lembrando Styx, mas depois descamba para um heavy metal enérgico que deveria atrair mais atenção dos fãs do estilo. Quem gosta disso tem mais um prato cheio na faixa-título, enquanto aqueles mais chegados em AOR têm a obrigação de ouvir “Magic Power” e “Say Goodbye”, pra fã nenhum de Journey botar defeito.
Flavio: Talvez o disco mais consagrado do Triumph, Allied Forces traz uma mistura de heavy metal e hard rock, com boa presença de violões elétricos e teclados para trazer mais harmonia às composições. É justamente nesses momentos que a bolacha me agrada mais. Gosto muito do timbre vocal de Rik Emmett, que notadamente lembra o conterrâneo canadense Geddy Lee. Gil Moore (baterista) divide os vocais principais, também com boa performance. Tirando o rock ‘n’ roll básico de “Hot Time (In this City Tonight)”, o disco é bem forte, com grande presença dos clássicos consagrados da banda, como “Magic Power”, a faixa-título e a que mais aprecio, “Fight the Good Fight”. Ainda destaco a bela “Ordinary Man” em álbum que “desce fácil” e agradará aos fãs do estilo.
Mairon: Descobri o Triumph através do ótimo Just a Game (1979), que foi o terceiro disco do trio e o último a trazer elementos ligados ao progressivo e comparações ao Rush. Com Progressions of Power (1980), a banda começou a enveredar para os anos 1980, próximo ao AOR, fato que torceu um pouco o nariz dos fãs. Em Allied Forces, o Triumph finalmente encontrou-se com o sucesso. Trata-se do álbum com maior quantidade de hinos para os fãs. Rik Emmett é um dos guitarristas mais injustiçados que eu conheço. O cara é um animal tanto no violão quanto na guitarra, e poucos tocam com tanta naturalidade quanto ele. Em Allied Forces, temos as classicíssimas “Fool for Your Love”, “Magic Power”, “Allied Forces”, “Fight the Good Fight” e “Ordinary Man”, cada uma com sua dose “triumphiana” que abre o sorriso de todo mundo que as ouve. “Fool for Your Love” se tornou um grande clássico, com um grudento refrão que fica na cabeça por dias, o mesmo acontecendo com a faixa-título, um bom hard adaptado para os anos 1980, antecedida pela vinheta “Air Raid”, que é uma sequência psicodélica de passos apressados, explosões e sirenes. A leve introdução de “Magic Power” dá origem a uma das mais bonitas canções do grupo, destacando a presença dos sintetizadores de Mike Levine. O rock de “Hot Time (In this City Tonight)” e o slide predominante de “Say Goodbye” são bons aperitivos do LP, além da peça clássica “Petite Etude”, deixando a cereja do bolo para “Fight the Good Fight”, uma bela canção repleta de alternâncias instrumentais e carregada de teclados, além da épica “Ordinary Man”, na qual a presença de um coral introduz uma sensacional canção, que começa como uma balada, ganhando velocidade e tornando-se um fantástico e pesado hard, com destaque para os velozes riffs de Rik, além de um solo arrepiante. Allied Forces virou o LP mais cultuado pelos fãs devido ao grande número de sucessos e, claro, a uma sonoridade perfeita. Entraria fácil no lugar de Discipline (King Crimson), Escape (Journey), Damaged (Black Flag) e, quiçá, Diary of a Madman (Ozzy Osbourne), tanto que o citei em minha lista pessoal para 1981. Sensacional lembrança, Fernando. Poderiam ter entrado também Just a Game, Rock & Roll Machine (1977) e Thunder Seven (1984). Você encontra mais sobre a banda em minha Discografia Comentada.
Ronaldo: Uma bela síntese do hard rock/AOR do início dos anos 1980, com o melhor de seus elementos. Uma pegada intensa e produção (muito) acima da média dos discos de rock do período. O álbum é destaque tanto na instrumentação quanto nos vocais, com canções potentes e cativantes. Um tipo de rock que é puro acerto – divertido, empolgante e que, felizmente, trouxe isso de forma inteligente e bem trabalhada ao ouvinte. PS.: havia esquecido como este álbum é bom, pois há bastante tempo não o ouvia.
Ulisses: Sempre via o Triumph ser comparado ao Rush, por ambos se tratarem de power trios canadenses, por vezes até tratado como o “primo pobre”. Embora isso pareça verdadeiro em termos de reconhecimento, a verdade é que o Triumph também mandava muito bem na parte sonora, soando até um pouco mais pesado, com letras positivas (“Magic Power”), estupendas progressões (“Fight the Good Fight”) e muita empolgação (“Ordinary Man” e a faixa-título). Há pouco do que reclamar em um disco tão sólido; dispenso somente a abertura, “Fool for Your Love”.
Pretty Maids – Future World (1987)
Fernando: O Pretty Maids é criminosamente esquecido ou relegado ao terceiro ou quarto escalão do heavy metal mundial. Os dinamarqueses têm material para agradar todo mundo. No início dos anos 1980 não havia muita diferenciação entre o heavy metal e o hard rock, e o Pretty Maids conseguiu estabelecer seu estilo perambulando e nunca se estabelecendo em apenas um. Pode sair de um thrash nervoso para um AOR grudento no mesmo disco, como é o caso de “Loud ‘N’ Proud”, seguida por “Love Games”. Chama atenção também a versatilidade vocal de Ronnie Atkins, que entrega em qualquer estilo aquilo que a música está pedindo. Ao citar este disco, chamo atenção para a discografia dessa banda, que continua até hoje lançando bons álbuns. Aliás, não lembro de ter ouvido um disco deles e achado ruim…
Alexandre: Eu até curti boa parte do álbum, mas em 1987 a coisa (no meu entendimento) já havia “farofado” demais para a grande maioria das bandas hard. Teclados exagerados, o ponto principal para a “maionese desandar”, e mesmo já lá em 1987 eu havia deixado essa sonoridade hair metal de lado. Ouvindo hoje, depois de muito tempo, até que passou bem, mas se tivesse de fazer muitas audições, acabaria achando tudo isso meio enfadonho. Não há o que questionar sobre a capacidade dos músicos, e a banda traz um vocal que está acima da média dos bons exemplos no estilo. É o destaque absoluto do grupo. A criatividade, no entanto, ficou devendo um pouco; refrãos que nada de novo possuem ou mesmo possuíam na ocasião. Entendo que todos deveremos trazer exemplos de cunho mais pessoal em nossas listas. Neste caso, eu a vejo como uma escolha muito pessoal do Fernando, motivada por algum fator específico. Fica a cargo dele confirmar ou não esse hipótese. Mesmo sem ter tanto conhecimento assim, eu acredito poder elencar outros melhores no estilo proposto. Ainda assim, não posso dizer que é um álbum ruim, mas é bastante genérico. Não o citaria nem mesmo em um ano que, na década em questão, não é dos mais favoráveis. Destaco a faixa-título; os contrapontos entre guitarra e teclados na cadência acelerada a elevam em relação às demais.
André: Assim como o Triumph, conheço pouco dos dinamarqueses do Pretty Maids. Fazem um heavy metal/hard rock com teclado que me lembrou o Europe, com um vocal que varia do ríspido ao mais melódico, me lembrando vagamente de Dave Meniketti, do Y&T. O pessoal aqui tem uma tendência a odiar esse tipo de rock recheado de teclados, mas eu os achei bem legais. “Yellow Rain” é a música da qual mais gostei, com aquele início de balada antes de acelerar e virar uma beleza cheia de sintetizador.
Bernardo: Não conhecia a banda, mas não me surpreendeu muito. Tem o valor da época, mas glam metal é algo que me satura rápido.
Christiano: Nunca dei muita atenção ao Pretty Maids. Talvez por seus discos serem difíceis de conseguir na época em que comecei a escutar heavy metal. Mesmo assim, em tempos de internet, nunca tive muita curiosidade de pesquisar sobre a banda. Por isso, gostei da oportunidade de reparar essa minha falha. Future World traz aquele tipo de metal característico das bandas da NWOBHM, com alguns flertes com power metal e até mesmo hard rock/AOR. As composições são bem legais, embora não exibam nada de extraordinário. Talvez um ponto negativo seja Ronnie Atkins, cuja voz chega a ser meio cansativa às vezes. No mais, gostei do álbum como um todo.
Davi: Essa é uma banda sobre a qual muita gente já havia comentado comigo, mas que, por alguma razão, nunca havia parado para ouvir. É bacana, mas, por algum motivo, achei as músicas com uma pegada mais comercial, como “Love Games” e “Rodeo”, mais interessantes que as mais porradas. Das mais pesadinhas, a que mais curti foi “We Came to Rock”. Bacaninha…
Diogo: O som pode ser datado, os teclados bregas, mas bah, eu curto muito este disco. A maneira desavergonhada com que esses dinamarqueses mesclaram power metal (de estirpe não alemã) e AOR é única. Às vezes isso ocorre em faixas separadas, às vezes na mesma. De um lado, “Loud ‘N’ Proud”, “Yellow Rain” e a faixa-título mostram o lado mais agressivo da banda, que nem mesmo a tecladeira em alto volume esconde. De outro, “Love Games” (power ballad pra “baladeiro” nenhum botar defeito), “Rodeo” e “Eye of the Storm” se banham em um oceano AOR. Além de Ken Hammer ser um bom guitarrista, outro fator a se ressaltar é a versatilidade vocal de Ronnie Atkins. É como se a banda tivesse dois vocalistas diferentes, tão distinta é sua performance conforme as faixas pedem. Este é aquele tipo de disco que o cara sabe que vai ser criticado por aqui e até entende os motivos, mas, da minha parte, sou quase só elogios. Lembro bem de quando peguei este vinil emprestado e me surpreendi com quão bom ele é.
Flavio: Este é outro dos inéditos para mim. Bem no começo, a introdução me transportou para a trilha sonora do filme “Blade Runner” (1982). A impressão rapidamente se desfez para a entrada de um hard rock/heavy metal no qual o vocal mais agudo não me agrada, meio grunhido demais para o meu gosto. Apesar do exposto, a primeira música talvez seja a de que mais gostei. A seguir, uma avalanche de teclados pasteurizados invadem as próximas faixas, trazendo um tom artificial “poser” para o álbum, que então se transforma no pior da lista.
Mairon: Ainda bem que o Fernando não exagerou na metaleira. Este álbum me foi apresentado em uma edição da seção “Cinco Discos Para Conhecer”, da Van do Halen, e lembro que torci o nariz para os tecladinhos e o vocal dos dinamarqueses. O guitarrista Ken Hammer é muito bom, mas sei lá. Acho que “Yellow Rain” e seus teclados tinhosos são um exemplo do que percebo ao longo de todo o disco: tem uma cara de Europe paraguaio (opa, é dinamarquês), mas que não conquista. Em diversos momentos o álbum me lembra os suecos, principalmente “We Came to Rock” e “Rodeo”. “Love Games”, “Long Way to Go” e “Eye of the Storm” são datadíssimas, meu Deus!! Que coisa tosca esses teclados e esse vocal. Temos alguns bons momentos em poucas faixas, essencialmente quando fazem belos speed metals na faixa-título, em “Eye of the Storm” e “Loud ‘N’ Proud, mas nada que me faça pensar em algum espaço na lista dedicada a 1987, que até tem alguns deslizes, mas nada de menor relevância ou que eu curta menos do que este trabalho. Não é ruim, mas não é um “Melhor de Todos os Tempos”.
Ronaldo: Francamente, para este não há o que destacar de positivo. Achei ruim até dentro do estilo (que já não aprecio muito).
Ulisses: Um hard ‘n’ heavy de respeito, empolgante, bem tocado e bem produzido. Acerta a mão na mistura de peso, melodia e acessibilidade, intercalando faixas velozes, antêmicas e semibaladas. O tracklist gruda na mente com facilidade e, embora praticamente todas as faixas estejam no mesmo nível de qualidade, vale pôr “Needles in the Dark” e a faixa-título à frente como destaques. Típico disco que faz a festa de qualquer roqueiro, mesmo que não venha a se tornar um favorito.
Mötley Crüe – Dr. Feelgood (1989)
Fernando: Este disco influenciou o álbum preto do Metallica. A produção de Bob Rock chamou atenção de Lars Ulrich e fez com que chamasse o produtor para o disco de 1991. Lembro-me que conheci o grupo somente lá por volta de 1994/95, mas quando os ouvi pela primeira vez fiquei maluco. Um amigo tinha todos os álbuns. Na semana seguinte, já tinha todos os discos com Vince Neil em fitas cassete, e as ouvi demais. Nunca havia deixado de gostar de hard rock. Enquanto a maioria dos meus amigos estavam ligados em bandas de rock alternativo, death metal ou hardcore, eu estava lá ouvindo esses caras maquiados. Demorei para entender as letras e fiquei até chocado quando vi que elas eram até bastante explícitas em relação a drogas e tudo mais. Musicalmente, “Dr. Feelgood” é um petardo e “Kickstart My Heart” empolga qualquer um. Não à toa, a faixa é uma das trilhas sonoras de uma montanha russa no Universal Hollywood Studios, chamada “Rock It”. Demais!!!
Alexandre: Uma banda que conheço por sua grande maioria de hits, mas não considerava em seu trabalho mais clássico, com o line-up original, algum disco que fosse bom do início ao fim. O álbum homônimo com John Corabi, que chegou à edição da série abrangendo 1994, é o mais consistente. Nos demais, cito Dr. Feelgood como o que mais me agrada. Ainda que tenha músicas fracas (“Without You” é de doer…), é um álbum mais pesado, a começar pela ótima faixa-título. A produção de Bob Rock ajuda; ele certamente buscou melhores solos de guitarra, melhores riffs, melhores arranjos. Os singles “Kickstart My Heart” e, principalmente, “Same Ol’ Situation (S.O.S.)” são outras boas canções que permaneceram até a turnê de despedida nos setlists. Ou seja, Dr. Feelgood é um disco com mais prós do que contras. Não morro de amores pela banda, não o indicaria para os dez esquecidos, mas dentro do catálogo do Mötley a escolha é adequada.
André: Creio que todo mundo aqui já deve ter ouvido algo deste disco. O Mötley Crüe foi gigante nos anos 1980 e está no top 5 entre minhas farofas favoritas. Mick Mars rouba todos os elogios para si, soltando guitarras ganchudas e pesadas, sendo impossível não acompanhá-las chacoalhando os longos cabelos que possuo. Destaco o disco todo, com apenas uma leve preferência maior por “Rattlesnake Shake”. Banda divertida demais, uma pena que mudaram a sonoridade logo depois, em uma tentativa de se manterem em alta no mercado.
Bernardo: Nunca achei a banda lá muito consistente. Muitos de seus álbuns dos últimos 20 anos são de artistas presos ao próprio gênero, cansados e com medo de ousar. Seu início de carreira, apesar de ter vários hits apaixonantes, também mostrava a banda se descobrindo enquanto compositores e figuras públicas. Dr. Feelgood, para mim, é o único álbum bom do início ao fim, sem pontos baixos e cheio de pontos altos (a faixa-título, “Don’t Go Away Mad (Just Go Away)”, “Same Ol’ Situation (S.O.S.)”, “Without You”…). Resumindo, O disco do Crüe, através do qual a banda se encontrou e soube explorar os horizontes de seu gênero. Ainda uma pancada na orelha.
Christiano: Este é um disco mais pesado do Mötley Crüe, talvez pela influência da chegada dos anos 1990. Mesmo assim, o clima festeiro dá as caras em músicas como a faixa-título, por exemplo. “Kickstart My Heart” é outro exemplo de alto astral e de refrão grudento, características bastante fortes da banda. No entanto, por mais que eu reconheça alguma qualidade nas composições, que transbordam energia, confesso que o álbum, como um todo, é bastante cansativo, principalmente pela repetição de refrãos na maioria das faixas, fato que chega a irritar o ouvinte desacostumado com os exageros da banda.
Davi: Último disco da fase tida como clássica. Não é o melhor nem de longe, mas ainda assim é um bom álbum. Mötley é Mötley. Hard rock divertido, despretensioso e empolgante, com ótimos riffs de Mick Mars, além dos vocais inconfundíveis de Vince Neil e a poderosa bateria de Tommy Lee. Várias músicas venceram a barreira do tempo e se tornaram clássicos da banda, como “Kickstart My Heart”, “Dr. Feelgood”, “Same Ol’ Situation (S.O.S.)” e “Don’t Go Away Mad (Just Go Away)”. O lado B “Sticky Sweet” também é empolgante. Contudo, não gosto muito das baladas, em especial “Without You”, que sempre achei bem chatinha.
Diogo: O Mötley Crüe é uma espécie de banda símbolo do glam metal oitentista. Sua reputação vem do pioneirismo e de bons trabalhos iniciais, mas também de muitos acontecimentos fora dos estúdios e palcos. Dr. Feelgood, felizmente, representa a banda trabalhando muito bem dentro da salinha isolada. Não é seu melhor disco, mas é o que mais solidificou sua reputação. “Time for Change” é constrangedora e “Without You” é fraquinha, só que, de resto, o álbum foi um grande avanço em comparação aos dois anteriores. A produção certeira (grande som de bateria) e uma boa dose de peso fizeram bem demais ao quarteto, que entregou boas performances (Mick Mars está melhor do que nunca e Tommy Lee sempre foi monstro) e desceu a mão na faixa-título (melhor do disco e uma das cinco melhores da banda) e em “Kickstart My Heart” (realmente nos faz sentir em uma corrida de carros). Aquele rock de pegada Aerosmith vem em “Slice of Your Pie” (com direito a participação de Steven Tyler), “Rattlesnake Shake” e “Sticky Sweet” (também com Steven), enquanto “Same Ol’ Situation (S.O.S.)” entrega aquele hard debochado que é a cara do Mötley Crüe. E pra não dizer que a banda não tem o mínimo tino com canções desse tipo, “Don’t Go Away Mad (Just Go Away)” é uma ótima semibalada.
Flavio: Finalizando a lista, o “caçula” de quase 30 anos. Dr. Feelgood traz o que eu imaginava ser a tônica da lista do Fernando: hard rock na veia. Ledo engano, como vimos acima. Deixo claro que tenho várias restrições tanto ao vocal frágil e irregular ao vivo de Vince Neil quanto ao baixo be-a-bá de Nikki Sixx, porém em Dr. Feelgood o produtor Bob Rock conseguiu tirar o melhor da banda. Há bons momentos, com maior peso na guitarra de Mick Mars e boa presença de Tommy Lee. Como ponto baixo, há as insossas “Without You” e “Don’t Go Away Mad (Just Go Away)”, mas consigo destacar a faixa-título, a boa “Kickstart My Heart” e a agradável referência beatlesca de “I Want You (She’s So Heavy)” em “Slice of Your Pie”. No geral, o disco passa bem.
Mairon: Foi com este disco que conheci o quarteto norte-americano e logo de cara virei fã. As performances, principalmente de Mick Mars e Tommy Lee, me agradaram muito em uma época na qual bandas como Guns e Metallica dominavam a grande mídia, mas MTV, Bandeirantes e Manchete abriam espaço para programas de videoclipes e shows que ampliavam as possibilidades de audição em nosso País. Inclusive, atrevo-me a dizer que o Mötley foi bem melhor que o Guns no fim dos anos 1980. Adoro o peso embalado da faixa-título, “Rattlesnake Shake” e “Don’t Go Away Mad (Just Go Away)”, todas boas para sair curtindo pela casa com uma ceva na mão. “Sticky Sweet” sempre me faz pensar como o Led talvez soaria nos anos 1980, mas com uma apimentada dose de Van Halen nas costas. Algumas das músicas que mais curto estão neste disco, que são “Kickstart My Heart” e “Same Ol’ Situation (S.O.S.)”, principalmente porque são faixas roqueiras na essência e não soam datadas. Mesmo com canções de menor expressão – no caso, “Slice of Your Pie” e “She Goes Down”, nas quais apenas Mars (e as letras safadas) se salvam – e as baladinhas “Without You” e “Time for Change” – essa última totalmente desnecessária –, este disco entraria fácil no lugar do Morbid Angel, mas fácil mesmo!! Baita lembrança!!
Ronaldo: Assim como todo o glam rock, a maquiagem sonora exagerada joga a perder para o estilo. Menos purpurina, para fazer o som maior do que ele realmente é, ajudaria a destacar melhor os bons riffs de guitarra que acontecem ao longo de todo o álbum. Um hard rock com muita energia, envenenando a escola de som que o Aerosmith veio desenvolvendo desde o fim dos anos 1970. O Mötley Crüe firmou-se, respeitosamente, como uma referência nesse tipo de rock luxurioso. Os clichês do estilo (letras, vocais afetados e o modus operandi de rock festeiro), porém, deram argumento de sobra para os detratores, que alguns anos depois varreriam o hard/heavy glam que até então mandava no rock mundial.
Ulisses: Sem nunca tê-lo ouvido na íntegra, a única coisa que eu sabia sobre Dr. Feelgood é que sua produção inspirou Lars Ulrich na construção do autointitulado do Metallica. Mas vejo que eu poderia ter continuado a minha vida inteira sem ouvi-lo. “Kickstart My Heart” e a faixa-título são ótimas, mas o restante do tracklist não traz nenhuma grata surpresa e revela apenas um hard rock competente, embora pendendo para o cansativo, ou mesmo completamente anêmico – “Sticky Sweet” é uma vergonha, “Time for Change” também.
Fernando, ótima lista (uma coisa aqui ou ali) e como disse acima, esperava mais Heavy/Hard, mas só pra ver o que a consultoria e listas como essa fazem, acabei de comprar o vini do Fleetwood. Eu parafraseando acima, imaginem eu, o tal consolidado metaleiro acéfalo…
Bela lista mesmo. Nada de Iron Maiden e afins. O Pretty Maids é a única derrapada grosseira, mas é por causa mais do estilo que não sou tão fã. Parabéns
Fez uma belíssima aquisição. Que mal pergunte, quanto foi? Porque né, hoje em dia tem lojista vendendo até disco que saiu na casa do milhão como “raro” e tacando o preço lá em cima.
Comprei usado de época (ou próximo) em bom estado. Não sou fã de comprar os 180g reissues. Foi 60 reais (é importado).
Bom, não sei qual é o lance do fato de ser importado, mas achei carinho do mesmo jeito, fazer o quê.
O Importado normalmente é mais caro. 60 reais pro atual panorama ta barato. Um novo (reissue) são mais de 100 e as vezes o usado também.
Ainda bem que não tenho muitos buracos para completar, mas a consultoria vem me “impondo” algumas compras…
hahahahaha
Flavio
Eu já vi o Rumours para vender por cincão, e não peguei …
Não à toa, já vai uns sete anos que au não compro mais vinil. Coisa que custava no máximo 10 pilas agora tá, na melhor das hipóteses, pelo triplo.
“O Traffic não é lá tão conhecido no Brasil, tanto que eu sequer conhecia o grupo de nome.”
Não concordo. Acho que muita gente conhece Traffic. O problema é que revistas de Metal não falam quase da banda … (TRETA 1)
Que eu lembre a própria edição da Poeira Zine à qual o Fernando se refere mostra matérias brasileiras da época sobre a banda. Mas posso estar enganado, teria que conferir.
Todos os discos do Traffic, lançados nos anos 70, forma editados no Brasil.
Nesse ponto eu quis me referir aos fãs mesmo. Eu mesmo nunca tinha tido contato com a banda e nunca ninguem me falou dela.
Baaaaaaaaaah, sério?? Traffic foi uma das primeiras bandas que eu conheci. Estranho isso
O Mairon conheceu o Black Sabbath com três anos e com quatro já achava o Dio melhor que o Ozzy. Não vale como parâmetro.
Achava o Dio melhor que o Ozzy e tinha como disco preferido o Never Say Die
DIO X OZZY: Nesse vespeiro não vou mexer….
Ainda bem que o Micael é testemunha …
Como assim o Traffic não é tão conhecido no Brasil? Nos idos de 1976, eu, morador aqui da pacata (?) Porto Velho, já ouvia falar da banda, por intermédio de meu irmão, que curtia Santana, Creedence, Chicago, The Who e Traffic… Como assim? Como assim?
E agora Fernando e Diogo???? Tão vendo. Cara, Traffic para mim foi apresentado antes mesmo de bandas como R. E. M., Dire Straits, Police e Talking Heads, bandas que ferviam nos anos 80. Traffic sempre foi clássico, e tipo, Steve Winwood um mago desde que me conheço como gente.
Tá bom!!! Posso ter extrapolado o conhecimento musical dos amigos que eu tinha e das pessoas que estavam o meu redor para o Brasil todo. Mas EU, EU, NUNCA tinha ouvido falar da banda até ler sobre ela na Poeira Zine.
Continuo achando estranho, mas enfim. Pensando aqui, acho que a primeira vez que vi o Traffic foi nas antigas fichas da Bizz, lá em 89, 90. Pena que o Micael não tá se manifestando, ele deve lembrar melhor
Relaxa, Fernando, já disse que o Mairon não é parâmetro. Com cinco anos o cara já colecionava Bizz, achava a Rock Brigade comédia demais pra levar a sério, garimpava vinil em sebo e sabia tocar a intro de “Heart of the Sunrise” no baixo.
A única inverdade nessa frase é que eu não tocava a intro de Heart of the Sunrise no baixo com cinco anos (foi aos 12). As outras tudo foram com 7 anos…
Eu conheci o Traffic no início da minha trajetória roqueira, mas por um mero acaso. Considerava que o Traffic, assim como o Free e o Mountain já eram bandas para iniciados (e tenho essa opinião até hoje). Foram famosos em suas épocas mas não ultrapassaram a barreira do tempo em tão larga escala como outras bandas que nem preciso citar. Ouvi-os antes de várias discotecas básicas do rock ’60-’70. Mas foi mais por conta da minha trajetória errática e sem direcionamento de alguém que tivesse discos para me emprestar ou ouvir junto do que por qualquer outra coisa. Eu dividia as bandas nesta época mais ou menos em dois critérios – bandas das quais eu mesmo sem conhecer já tinha ouvido falar (Led Zeppelin, Creedence, Janis Joplin, The Who, Jethro Tull, Pink Floyd, etc.) e as quais eu nunca tinha ouvido falar. O Traffic se enquadrava na segunda. Então, nesse ponto, eu meio que concordo com o Fernando. A banda não é obscura (longe disso), mas não é tão famosa e conhecida assim no Brasil.
É bem como o Ronaldo disse, o Traffic (e todas essas outras que ele citou) é banda conhecida apenas para os já iniciados. Duvido muito que alguém tenha “perdido a virgindade” com o Traffic. Podem ter sido famosas e bem sucedidas durante algum tempo, mas essa fama não permaneceu. Aproveitando que foram citados por aqui, Santana (a banda, não o Carlos), Chicago e Talking Heads também se enquadram nisso.
Ei Francisco!!!
Temos que marcar de tomar uma e ouvir um som aqui em PVH hein!!!
Com certeza. Estamos aí.
Traffic, quando eu era menino lá no Aquiraz, já era bem conhecido.
Mais um. Acho que lá na cidade do Bueno é que o pessoal não conhecia (ou por que o Fernando é metalero mesmo, e nunca deu bola para bandas de verdade)
“Quando eu penso nisso, me vem à cabeça que é por causa do Traffic que hoje sou fã do Cream, já que o trio não era uma banda que havia me interessado até então. Acredito que o normal seja o caminho contrário.”
Bom, eu conheci o Traffic por conta daquele vídeo do Santa Monica, isso lá na década de 90. Conheci o Cream por causa do Eric Clapton com certeza, já que o Clapton estava sempre na TV por conta do então lançado “Tears in Heaven”. Mas nas minhas memórias, acho que o Traffic veio antes do Cream, que só fui ouvir mesmo nos anos 2000, quando fizeram aquele show do Royal Albert Hall. Antes eram só canções esparsas e o Wheels of Fire
Tb conheci através desse vídeo e fiquei louco com Mr. Fantasy! o Cream eu já conhecia por causa de uma coletânea do Eric Clapton que tinha umas 5 músicas da época do Cream e coisas da carreira solo dele.
A Crossroads? Aquela caixa de vinis eu fui pegar na mão numa época que não tinha míseros 20 reais para comprá-la. Hoje deve estar uma diária no Copacabana Palace …
“Sei que outros fãs podem citar outro disco como favorito, mas é o segundo álbum dos ingleses que me fez curtir a banda. ”
John Barleycorn Must Die para mim é o melhor da banda, seguido pelo The Low Spark of High Heeled Boys e Shoot Out at the Fantasy Factory. Essa fase inicial do Traffic é interessante, mas quando eles realmente flertaram com o prog é que ficou muito bom (para mim)
Eu escrevi isso pensando no que vc mesmo já tinha me dito sobre o Traffic.
“certa semelhança em “No Time to Live” com “Fool’s Overture”, do Supertramp.”
Putz, pior que tem mesmo …
Foi instantânea a percepção…
Pior que nunca tinha me dado conta …
Tinha percebido de cara também. Faltou a lembrança em registrar. Que bom que o Flávio não esqueceu.
“Senti falta de vigor para me cativar.” É o mesmo comigo, Flávio. Falta um tempero (com a voz do Jacquin) na música do Caravan
Sim um tompero….
AHuhauahuahauhuahauha
Este disco deveria ser usado nas escolas. Certamente faria os alunos se interessarem mais por ciência.
E menos por rock progressivo…
Tum dum tis!
O Ronaldo fez de forma mais incisiva o que eu fiz no meu comentário sobre o Banco, pegando mais leve. Tipo o que o Diego e eu fizemos em relação a “Opel”, do Syd Barrett.
Acho que fui o Régis Tadeu da rodada kkk
Pelo menos você critica com conhecimento de causa, sem apelar pra repetição dos mesmos clichês e frases de efeito, Ronaldo. Não se compare ao Regis.
Obrigado! essa valeu meu dia!
Apenas Fly to the Rainbow (1974) é um pouco inferior. Sei que alguns integrantes da Consultoria talvez o considerem o melhor, é uma questão de gosto.
Só os fora da casinha.
Hahahahaha….
Treta com o Mairon!!!!
VSF!!!
As canções se sobrepõem ao instrumental, que é competente, mas não se sobressai, a não ser para o ouvinte mais atento aos detalhes.
E aí que reside o grande trunfo de “Rumours”. Enquanto em discos como o do Banco os arranjos saltam às caixas de som e soam exagerados em muitos momentos, em “Rumours” eles são mais sutis mas estão presentes, ajudando a construir canções de muito bom gosto. É como uma casa construída sobre fundações sólidas, enquanto outras gastam muito apenas com tinta e reboco.
Eu acho que tem espaço para tudo. Muita tinta, tinta na medida certa, depende da proposta. No caso específico do Fleetwood Mac e do Rumours, considero também um ponto a favor, pela proposta da banda e do produtor, um gênio na questão pop rock. Eles acertaram em cheio neste álbum e há também o fator de se ater aos detalhes. São simples, mas muito bem escolhidos. À primeira impressão, a tendência é mesma algo como : Por que esse álbum vendeu tanto, qual é o diferencial dele? É preciso ouvir um pouco mais, para enxergá-lo dentro da simplicidade e assertividade. É um álbum praticamente inteiro de hits, quase não há faixas destoantes.
Alexandre
André e Mairon honraram suas carteirinhas de METALEIROS ACÉFALOS e avacalharam com o mais belo álbum da lista. Tsc tsc tsc…
Eu não avacalhei com o Virgin Killer …
Mas é sério, como um álbum parado daquele vendeu tanto?
Tb não entendo. Acho que foi por que disseram que era um disco gravado no meio de brigas. Geral comprou achando que ia rolar treta que nem o programa da Cristina no SBT. Só pode
Parado? Falou o rapaz que botou Lacrimosa pra gente escutar!
Mas o Lacrimosa segue no estilo gótico ao qual é devidamente bem ambientado e é o que se espera deles, nunca foi hypado pela mídia e nem foi imensamente promovido para vender milhões de cópias com músicas paradas.
No mais, aqui a música “Dreams” do disco, devidamente consertada e de fato soando pop e bem feita.
https://www.youtube.com/watch?v=8BglEyv5O2Y
Que eu saiba o Fleetwood Mac nunca foi hypado, as músicas é que falaram por si e garantiram o merecido sucesso. Quanto à imensa promoção, acho que no máximo uns pacotes de pura colombiana para os programadores das rádios. Quem souber algo sobre a época e puder me corrigir (ou confirmar), por favor. E a versão do Corrs é decente, mas sem comparação com a original.
Entendo que todos deveremos trazer exemplos de cunho mais pessoal em nossas listas. Neste caso, eu a vejo como uma escolha muito pessoal do Fernando, motivada por algum fator específico. Fica a cargo dele confirmar ou não esse hipótese.
Perfeito, esse é o lugar específico pra isso mesmo. Até fica meio sem graça se a gente quer apenas fazer justiça aos grandes/respeitados que não apareceram.
O fator específico é que Future World é um puta disco feito por uma puta banda. Simples assim…
Mas como bem disse o Alexandre, tem coisa bem melhor nessa área
Eu acho que todos nós deveremos ter exemplos como esse, já vejo pelo menos um ou dois na minha lista. Também acho bem legal que o espaço dado pela consultoria seja utilizado para casos como esse Pretty Maids ou por exemplo o Thundersteel do Riot, na lista do Ulisses. Lendo os comentários ficou mais ou menos comum entre os consultores que o álbum destoa dos demais da lista do Fernando. Eu não achei o álbum ruim, mas realmente não curto tanto a opção pelos timbres de teclados. São arranjos bem característicos daquela época. Mas concordo também quando li nos comentários acerca de versatilidade ( e qualidade) do vocalista,que transita entre vários sub-gêneros do estilo com bastante propriedade.
Alexandre
Dos meus dez prováveis citados, acho que o pessoal vai julgar uns seis ou sete como exemplos de escolha “de cunho pessoal” (rizos).
É bacana, mas, por algum motivo, achei as músicas com uma pegada mais comercial como “Love Games” e “Rodeo” mais interessantes que as mais porradas.
Mas elas são ótimas mesmo, especialmente “Love Games”, uma das minhas preferidas nesse estilo.
Eles têm algum disco que seja inteiro nesse pique?
Francamente, para este não há o que destacar de positivo. Achei ruim até dentro do estilo (que já não aprecio muito).
Pô, Ronaldo, destila melhor seu veneno aí, gostaria mesmo de saber quais são os motivos pelos quais você achou o disco tão ruim.
hahahahaha! cara, eu quis ser econômico pra não parecer chato e com má vontade com o disco. Mas foi um desfile de clichês de um estilo que já não preza pela versatilidade, teclados mal colocados, som muito prevísivel e aquela sonoridade oitentista que me enerva (bateria muito grave, baixo sem destaque nenhum, as linhas vocais exaustivas, etc…). Achei que nessa escolha pesou muito algum carinho especial que o Fernando tenha pelo disco e não exatamente por ele ser bom. Como disse, até pros padrões do estilo achei um disco que não tinha nada demais.
Abraço,
Acho que o pessoal em geral encarou “Future World” como um disco de glam metal por causa de alguns elementos e tal, mas eu vejo diferente, acho que ele traçou um caminho bem peculiar. Mas né, como eu disse, acho normal que um álbum como ele receba as críticas que recebeu.
Legal ver que a gurizada pega o Emerson como referência para o Banco, eu inclusive. Mas esquecemos que são contemporâneos. Quem influenciou quem nessa história? Se é que houve influência … Na mesma linha, se houve influência deles, hoje em dia por que não temos mais uma banda que influencie tão fortemente quanto as das de 60 e 70?
No começo dos anos 70 as coisas aconteciam mais rápido no meio musical; as influências eram assimiladas muito rápido, bem como havia também um desenvolvimento muito rápido e intenso de novas tecnologias para a música, especialmente por conta do advento do rock progressivo e as experimentações com teclados, que cairam no gosto da geral. Neste caso acho que sim, o Emerson foi uma influência, apesar de ambas as bandas serem contemporâneas. Em fins de 72 o ELP já tinha 4 discos lançados (1 ao vivo) e tava na crista da onda. O primeiro disco do Banco (também de 72) vc pode perceber que não tem essa sonoridade. E outras bandas/artistas contemporâneas ao ELP também foram influenciadas com o uso de sintetizadores – Rick Wakeman/Yes, Genesis, Gentle Giant…todos eles passaram a usar sintetizadores de 72 em diante, quando o Emerson já usava sints regularmente desde o fim de 1970.
Abraço,
Por isso que ele e o Marco são meus gurus. O cara resume tudo numa tranquilidade.
Achei estranho o pessoal taxar o Pretty Maids de farofa. será que ninguem ouviu as musicas mais pesadas? Acho que o povo ouviu o disco sem atenção e só nos refrões é que eles vtavam pra ouvir o que tava rolando. O que eu mais gosto nessa banda é a alternância de estilos. Talvez se eu tivesse indicado o Red, Hot and Heavy o povo teria gostado mais
Também não acho que a banda seja “farofa”, glam metal ou o que valha. Eles passeiam por subestilos ao decorrer da carreira, mas com muita naturalidade. Quem sabe se o pessoal ouvir “Back to Back” e “Night Danger”, do disco anterior, mudam um pouco sua concepção sobre o grupo. Ali é speed/thrash que passa muito longe de tecladeira e afins.
A grande surpresa desta lista do Fernandão focando os “esquecidos” discos que deveriam ter entrado nas listas anteriores de “Melhores de Todos os Tempos” aqui da Consultoria, foi a inclusão do mestre Elton John e a obra máxima de sua carreira: Goodbye Yellow Brick Road. Um dos 5 melhores discos do pop mundial e um dos meus 10 discos ingleses preferidos, que ficou de fora da lista de 1973, onde apareceram discos que eu aprecio bastante como The Dark Side of the Moon (Pink Floyd), Selling England by the Pound (Genesis), Tales from Topographic Oceans (Yes), Houses of the Holy (Led Zeppelin) e Brain Salad Surgery (ELP). Ñão vou falar sobre o álbum senão vou me tornar cansativo. Boa lembrança meu caro!
Agora, o lado negativo desta lista foi a citação de Virgin Killer, do Scorpions. A verdade é que eu não gosto muito da fase inicial do grupo alemão com Uli Jon Roth, e sempre dou preferência para a fase mais clássica deles, que vai de Lovedrive a Crazy World (1979-1990), isto é, tirando o Love at First Sting (1984) que eu considero o álbum mais fraco da fase oitentista do Scorpions e um dos menos inspirados de sua discografia (corrijindo então todas as vezes que eu disse que LAFS é o pior trabalho do Scorpions, apenas é um dos mais fracos). Mas voltando ao disco escolhido pertencente a era Uli Jon Roth, não acho que Virgin Killer seja uma boa escolha para representar esta fase (não vou nem comentar a capa tosca da garotinha nua), mas como alguns falaram aqui, qualquer disco desta fase podia muito bem ocupar esta lista e não Virgin Killer.
Considero o Scorpions da fase setentista, à exceção de Fly to the Rainbow e Lovedrive, puro Heavy Metal. Não há hard rock ali, até mesmo pelas temáticas das letras, arranjos e riffs, itens que pesam bastante na hora de fazermos a diferenciação. Somente a partir de Animal Magnetism, os alemães entrariam definitivamente no Hard Rock.
E à exceção de Lonesome Crow também, claro.
Mas a fase oitentista do Scorpions tem algumas exceções de heavy metal também, como “Don’t Make no Promises”, “Another Piece of Meat”, “Dynamite”, “Blackout”, “Now!”, “Can’t get Enough” e, mais notadamente, “Coming Home” a única música 100% excelente daquele que eu considero o disco mais fraco desta fase da banda.
Sim. É verdade. Sempre reservaram um espaço, inclusive no Savage Amusement.
Savage Amusement, o disco que antecipou Crazy World e que veio 4 anos depois do disco menos inspirado do Scorpions durante os anos 80, é dos meus 5 preferidos também. Pena que muitos fãs também não valorizam este trabalho, tal como Animal Magnetism…
Interessante ver o pessoal pagando pau para o Elton John. Achei que iam cair em cima …
Também tive essa impressão…o disco foi bem recebido…acho que na real eu fui o mais crítico com os discos nessa edição.
Abraço,
O comentário do Ronaldo para Eldorado é lúcido e justíssimo. Parabéns!!
Valeu Mairon!!! =)
É a mais pura realidade
“Apenas Fly to the Rainbow (1974) é um pouco inferior.”
Oigalê.É o melhor deles
Eu gosto do Fly to the Rainbow, é outro na minha discografia, mas prefiro os outros três. E ainda, gosto mais do In Trance e Taken By Force do que o Virgin Killer.
“em um mundo justo, deveria ser mais conhecida e devotada do que a baba “Wind of Change”” Sábias palavras
Alguns falando mal do vocal do Uli Roth, mas convenhamos, Hendrix também nunca foi lá um exemplo de vocalista né?
Com certeza, mas não é porque um é ruim, que o outro pode também ser… No fim os dois estão acima dessa questão vocal e ainda bem que existe o Klaus Meine. E vamos lá, o que os dois que apresentam na guitarra já basta.
Melhor vocalista que o Uli o Hendrix é.
Hendrix era melhor vocalista,sem dúvida. O que não é nenhuma vantagem, convenhamos…
Ele não é lá um grande vocalista, mas não é dos piores tb…agora, falando em voz, os backing vocals da In Your Park são qualquer coisa, né?! dão uma tristeza na música…e quando não há eles, colocaram aqueles harmônicos incríveis de guitarra permeando…a música tem uma dinâmica animal.
Uli Roth como cantor é uma vergonha perto do titio Klaus Meine no Scorpions, tal como Peter Baltes perto de Udo no Accept… Por exemplo, a música “Breaking up Again” cantada por Baltes no disco Breaker (1981) poderia muito bem ser um B-side de um single qualquer do Accept e não ser parte do álbum citado, destoando das outras nove canções (todas cantadas por Udo), que formam, aliás, um trabalho consistente (sem a música cantada pelo Baltes) e desse modo, um embrião da fase clássica do grupo que vai de Restless and Wild (1982) á Russian Roulette (1986). E outra coisa: a capa do Breaker supera a de Balls to the Wall (1984) em termos de “tosquice” e falta de criatividade.
Chefão Mairon, você tá esquecendo que o Scorpions também possui outras lindezas em forma de balada como “Lady Starlight”, “Send me an Angel”, “When the Smoke is Going Down”, “Believe in Love”, “Under the Same Sun”, “Always Somewhere” e “Holiday”, além daquele plágio que eles fizeram com uma música do saudoso Dio: “Shame on the Night” (que não tem nada a ver com o estilo do Black Sabbath) foi transformada em “Still Loving You” gravada no fraquíssimo Love at First Sting, disco de 1984 cujo sucesso comercial pouco me importa. O enorme sucesso desta baladinha corta-pulsos nos anos 80 foi um terrível erro que felizmente o Scorpions pode consertar ao gravá-la novamente no disco de 2000 Moment of Glory, com o apoio da Orquestra Filarmônica de Berlim em sua versão definitiva.
O melhor disco do Scorpions pra mim é Blackout (1982), e o único que pode desbancá-lo é o Crazy World (1990), o álbum da eterna “Wind of Change” que é a mais emblemática canção criada por Klaus Meine e seus amigos na minha opinião, do mesmo jeito que eu considero “Firth of Fifth” a “canção de assinatura” do Genesis, por exemplo.
Na verdade, estou indeciso entre “Firth of Fifth” e “Cinema Show”, ambas do SEBTP, o melhor disco britânico de todos os tempos a meu ver.
Na fase pós Ulrich, eu concordo que o Blackout é o melhor.
Pós Ulrich para mim o melhor é o Lovedrive, depois o Blackout e o Crazy World
Muito obrigado Flávio, Blackout é pra mim o “Magnum Opus” do Scorpions, o disco pelo qual sempre vou me lembrar do grupo alemão.
Engrosso o coro pelo Blackout. E o Tokyo Tapes é um dos top 10 entre os álbuns ao vivo de todos os tempos pra mim.
Alexandre
Pós-Uli, o melhor pra mim é “Lovedrive”. Quarto melhor álbum da banda. O próprio cara exagera sua importância, mas não dá pra negar que pesou a mão de Michael Schenker em algumas músicas.
Putz, “Shame on the Night” não tem quase nada a ver com “Still Loving You”, tem certeza que não se enganou de música não?
Não me enganei não, Diogo. É a verdade purinha! Em breve, Schenker e Meine estarão prestando contas com Ronnie James Dio lá no céu para conversar sobre este assunto…
Eu também confesso não ter encontrado alguma semelhança entre as canções.
Alexandre
Mas que lambeção de saco para Rumours. Acho que sou surdo …
Ainda bem que geral também pagou pau para o Triumph, o que só atesta que as escolhas do Fernando foram de alto nível.
Pra xingar Triumph só se o cara tiver tanta repulsa aos rótulos com que associam a banda que não se dê nem ao trabalho de ouvir direito.
Bernardo elogiando Mötley = MEDO DO FIM DO MUNDO!!
Ulisses detonando Mötley = MUITO MEDO DO FIM DO MUNDO!!
Por quê? Eu dificilmente elogio o hard rock 80s, ainda mais com pitadas de farofa. Motley eu sempre dispenso.
Pessoal, mais uma vez obrigado pela oportunidade de trocar idéias e adquirir conhecimento. A lista do Fernando é excelente, e me deu a oportunidade de conhecer um pouco da Itália, até !
Valeu! E aí vem uma lista de METAU!!!
Alexandre
Alexandre
Despois dá uma lida nas matérias que fiz sobre o progressivo italiano e quem sabe se aprofunde…
Certo que não vai se arrepender…
Obrigado pela dica. Certamente vou querer ouvir mais sim, preciso de algumas referências, vou pelas suas.
Alexandre
Para um metaleiro inveterado e incorrigível como o Fernando, uma surpreendente e bela lista. Nem vou falar de algumas farofadas incluídas porque aí também já seria vandalismo. Único senão sério da lista é a inclusão do insosso ELO, uma espécie de Roupa Nova do prog…ops, não, Roupa Nova já é o Supertramp.
Não sei se agradeço ou se me incomodo com o comentário final. Afinal é um absurdo relacionar o GRANDE ROUPA NOVA à essas bandas aí.
Um absurdo mesmo Fernandão. Nada a ver comparar a maior banda musical do Brasil com o ELO e Supertramp, mas uma coisa é certa: se o Roupa Nova fosse heavy metal, seu nome seria JUDAS PRIEST!
[comentando o que conheço]
1) Esse do Elton John seria uma opção ótima para a lista de 1973. Poderia entrar no lugar do Wings, que é de seara similar, no do Houses of the Holy e claro, na posição de progressivos mofados como o Tale of the Topographic Oceans (blergh).
” Se fosse um disco simples, entrava fácil na edição dedicada a 1973, que foi quase perfeita. O único defeito nela é o Stooges, mas nem é tão defeituoso assim.”
Existe versão em disco único sim, fui descobrir no fim de semana passada numa feira! Sobre a segunda parte: falou aí a mesma pessoa que teve a pachorra de dizer “a única coisa boa do disco é a produção do Bowie”. Considerar Stooges defeito em lista de ROCK é mais que vergonhoso, impeachment pra ontem no Mairon – ou muda aí pra consultoria do Prog (#dedo na ferida).
2) Rumours foi ausência bizarra em 1977. Mais relevante que o disco do Yes (ô clubismo hein), Rush e Lynyrd (boas bandas). Se bobear, até que o Animals. Se a discussão for “melhor”: só perde pros dois do Bowie entre os dez ali; possível empate técnico com o Sin After Sin.
3) O Mötley Crüe foi devidamente considerado na série. É verdade que este quiçá (tendo em conta que o Faster já havia entrado em 81) merecesse mais que os de 1994 e 2008, mas acho que dava pra escolher bandas mais injustiçadas aqui.
Comentando os comentários:
Esse do Elton John seria uma opção ótima para a lista de 1973. Poderia entrar no lugar do Wings, que é de seara similar, no do Houses of the Holy e claro, na posição de progressivos mofados como o Tale of the Topographic Oceans (blergh).
Concordo em parte. Não dispenso alguns dos progs mofados. King Crimson? Essencial. Yes? No!
Rumours foi ausência bizarra em 1977
Passado um tempo considerável da publicação da série, ainda mais de listas mais antigas, é claro que eu mudaria muita coisa, tanto por ter amadurecido opiniões quanto por ter conhecido material diferente. “Rumours” é um disco que obviamente subiria várias posições na minha lista e talvez entrasse na lista graças a isso, descartando a necessidade desse resgate. Aliás, minha lista de 1977 seria toda chacoalhada. Acho que “Aja” (Steely Dan), especialmente, subiria para a primeira posição.
Fala, Diogo, à vontade… logo menos eu chego no seu hahaha por enquanto peguei leve, tem uns que não vai dar pra poupar muito.
Quanto ao prog mofado, falava mais das que citei mesmo. Jamais botaria King Crimson nesse bolo e, mesmo não considerando o Larks para um top 10 de 73, não acho sua entrada injusta – adoro o disco! Se por ventura o Dark Side of the Moon se enquadrar na ala progressiva, idem (não faz mais parte do meu cânone particular, mas a gente conta nos dedos lista de tal ano sem ele).
É verdade que a tendência é que os gostos mudem, tanto que até minhas listas em 2006 e 2010 alteraria alguma coisa. Mas pelo “perfil” dos votantes e pela fama do Rumours, é um disco que daria como certo para tal edição.
Como eu não percebi a presença de Rumours aqui nessa lista? Caramba, eu descobri esse álbum do Fleetwood Mac há um bom tempo e não pude ouvi-lo justamente no momento em que foi resgatado pelo Fernandão aqui nessa lista… Foi tudo graças a um vídeo de um skatista bigodudo em que ele aparece andando de skate, bebendo um suco e dublando a música “Dreams” e a escolha de “The Chain” para ser o tema de abertura de O Sétimo Guardião (novela global de 2018) que decidi correr atrás do Rumours em sua integridade e, com isso, me desculpar pelo erro cometido. Pela sua história, afirmo que este LP do Fleetwood Mac foi, basicamente, uma das heranças deixadas pelo impacto de Blood on the Tracks, lançado dois anos antes pelo gênio Bob Dylan, talvez o disco “fim de relacionamento” por excelência.