Dancing Flame – Carnival of Flames [2013]
Por Thiago Reis
Começo esse texto com uma simples pergunta. Por que resenhar um disco que saiu em 2013? A resposta é simples: no cenário heavy metal como um todo saem tantas coisas boas e bem trabalhadas, que algumas acabam ficando de lado por algum motivo, que se torna necessário revisitar alguns desses discos que acabaram “esquecidos” do grande público do gênero.
E este fato nos leva ao segundo disco da banda Dancing Flame, originária de Volta Redonda-RJ tem uma história bem interessante e que já foi bem detalhada pelo guitarrista Emerson Mello em nosso site. Pois bem, vamos à análise do disco Carnival of Flames.
Antes de escutar o disco, já temos ótimas impressões a respeito da capa, de autoria de Mark Wilkinson (Marillion, Judas Priest, Iron Maiden, Fish, entre outros). A preocupação com o material visual neste caso foi a mesma do que com o material de áudio, o que já concede para a banda mais pontos positivos.
Formada à época do lançamento por Emerson Mello (guitarra e backing vocals), Adriano Oliveira( vocais), Glaydson Moreira (guitarra e backing vocal), Rafael Muniz (baixo) e Bruno Martini (bateria), a Dancing Flame deu um salto de qualidade no que tange composição, arranjos e gravação, se comparado ao seu debut álbum lançado em 2009, chamado Dancing Flame.
Carnival of Flames abre os trabalhos com a faixa “Carnival of Flames (intro)” que nos coloca diretamente em um parque de diversões, o que nos remete diretamente a um parque de diversões. Enquanto tudo parecia bem, ouvem-se gritos e sirenes de polícia, nos deixando curiosos para o que está por vir. Uma introdução de bateria entra diretamente e riffs empolgantes dão o tom na introdução de “Dreamweaver”. Vocais muito bem encaixados nos já citados riffs continuam a impressionar o ouvinte. Tudo parece muito bem planejado e no lugar certo. O solo começa e mantém a música em um tom revigorante. Após um mini-solo de bateria, a música volta com tudo a um refrão bem contagiante e assim é conduzida até o final, com diversos momentos em que Adriano Oliveira mostra a sua potência vocal sem se mostra exagerado.
“Follow the Sun” é um dos destaques do álbum, com a participação especial de Mark Boals. Mais riffs característicos do hard rock bem tocado que a Dancing Flame pratica. Parece uma continuação perfeita para “Dreamweaver”, talvez até uma dobradinha indicada para shows ao vivo. Mais uma vez o refrão brilha e toma conta, ditando o ritmo e colocando o ouvinte para cantar. Desta vez temos um solo muito bem construído e que consegue ser simples ao mesmo tempo, fazendo com que as notas fiquem grudadas em seu cérebro. Um fim perfeito para essa música, que se tornou clássico instantâneo da banda.
Continuamos com “Ronnie”, que em seu riff principal nos remete diretamente à faixa “High Wire” do Badlands. Porém é uma grande homenagem a Ronnie James Dio, muito bem feita e que também possui ótimos riffs. Falando sobre guerreiros, dragões e que o céu é o lugar do arco-íris, nos mostra exatamente a homenagem ao grande Ronnie que nos deixou.
O álbum continua em alto nível com “Higher Place”, que é introduzida por um belo dedilhado e uma bateria marcante. Os vocais de Adriano tomam o destaque, mais uma vez mostrando todas as suas habilidades. Mais uma faixa empolgante que também merece lugar cativo nos set lists da banda. Os solos de Glaydson e Emerson também estão em sintonia perfeita com a música, mostrando o entrosamento e maturidade da dupla de guitarristas.
“Don’t Let me Down” vem a seguir com mais um belo dedilhado e um solo muito bem executado por Emerson. Uma música mais lenta veio na hora certa para acalmar um pouco os ânimos, porém o peso dos riffs bem característicos do hard rock se mostram presentes novamente, alternando com os já citados dedilhados. Uma dinâmica diferente, que deu muito certo.
Seguimos com “Runaway Soul”, que tem uma introdução de guitarra bem “melosa”, mais uma vez providenciada por Emerson Mello e que cai perfeitamente nos vocais de Adriano. Seguimos com a mesma dinâmica de “Don’t Let me Down” e que parece ser o correto, já que o álbum possui 15 músicas e se todas seguissem o padrão das cinco primeiras faixas, o álbum acabaria se tornando enjoativo em sua metade, mas não é o que acontece. Temos aqui uma balada muito bem construída, que em sua ponte e refrão ficam um pouco mais dinâmicas, caindo em mais um solo de muito bom gosto de Emerson.
“Fortress of Belief” é a próxima e tem uma introdução de violão, muito bem feita, com harmônicos e um ritmo que podemos acompanhar. Essa é uma balada em seu estilo mais puro, lembrando algumas bandas dos anos 1990, como Skid Row, Extreme e outras. Backing vocals muito bem executados por Angélica Ribeiro e Carol Karpezi, colorindo ainda mais as harmonias. Consigo visualizar essa música em um clipe, à beira da praia com uma fogueira e todos os músicos ao redor. Uma bela balada, para aumentar ainda mais a variedade musical encontrada em Carnival of Flames.
“Dry my Tears” tem a participação especial de D.C. Cooper e é mais uma música lenta, porém com um refrão característico de uma power ballad. O clima mais lento volta após o refrão, com vocais bem variados de Adrino Oliveira, mostrando mais uma vez o seu bom gosto e alcance. Para os fãs de um hard rock muito bem tocado, “Dry my Tears” se mostra perfeita e sem alguns dos exageros do estilo, tornando-a ainda mais atraente ao ouvido de um fã do estilo que nunca ouviu a banda.
O álbum prossegue com “Warrior’s Path”, música que nos remete ao começo do álbum. Pesada, riffs bem dosados e a cozinha segurando muito bem a onda lá atrás. “Warrior’s Path” também pode muito bem compor o set list da banda, já que possui todos os ingredientes para empolgar uma plateia. A ponte nos prepara muito bem para mais um belo refrão que está por vir. Mais uma vez a dupla de guitarristas, Emerson e Glaydson brilha, com ótimos solos e um trabalho de base perfeito. Mas uma surpresa agradável é solo de baixo, muito bem composto por Rafael Muniz e que caiu como uma luva na música e que nos guia para a última parte da música.
“The Highest Hill” tem uma introdução diferente, com a banda cantando “Runing Out” em couro. Caiu muito bem, já que ficamos logo depois apenas com a voz de Adriano e a guitarra de Emerson. Caímos mais uma vez para riffs cadenciados e que ao mesmo tempo são pesados, tudo na medida certa. Mais um hard rock certeiro e de muito bom gosto.
Seguimos com “Queen or Clown (Riddles in the Dark)”, que é introduzida por um riff comum, porém os vocais de Adriano e os backing vocals de Angelica Ribeiro e Carol Karpezi abrilhantam a composição. Nesta música quem tem os holofotes são os vocalistas participantes, apesar do belo solo no meio da música, providenciado por Glaydson, além de linhas de baixo muito bem construídas por Rafael. Bruno Martini, assim como em todo o restante do álbum faz um belo trabalho, segurando os ritmos, sendo rápido quando necessário e cadenciando as ações sempre que preciso também.
“Kalash” é a próxima, com uma bela introdução de baixo, marcando muito bem o ritmo para o belo riff que está por vir, com claras influências orientais. Com certeza “Kalash” tem potencial para funcionar ao vivo, além de candidata a clássico da banda, já que mostra uma grande maturidade nas composições. Também é o estilo de música que grita por um vídeo clipe, possuindo bons momentos do começo ao fim.
“Your Heart Must be Strong” e “Life is Like a Wheel” são as bonus tracks, encerrando em grande estilo o álbum e mostrando a clara evolução ao longo dos anos da banda. O terceiro disco da Dancing Flame está quase saindo do forno e a nova formação, que agora conta com Leonardo Necas (guitarra), Emerson Mello (guitarra), Adriano Oliveira (vocais), Rafael Muniz (baixo) e Eduardo Coimbra (bateria) prometem o sucessor de Carnival of Flames para o primeiro semestre de 2018. Agora temos que aguardar para verificar a evolução da banda. Para os que nunca ouviram, aconselho escutarem o mais rápido possível e que venha o próximo ano com o terceiro disco e quem sabe o relançamento dos dois primeiros álbuns.
Track list
- Carnival Of Flames (Intro)
- Dreamweaver
- Follow The Sun (Feat. Mark Boals)
- Ronnie
- Higher Place
- Don’t Let Me Down
- Runaway Soul
- Fortress Of Belief
- Dry My Tears
- Warriors Path
- The Highest Hill
- Queen Or Clown (Riddles In The Dark)
- KalashBônus
- Your Heart Must Be Strong
- Life Is Like A Wheel
Mais uma vez agradecemos a Consultoria e ao Thiago pelo espaço cedido pra divulgar nosso trabalho!
Não precisa agradecer, música boa é para ser compartilhada mesmo! Grande abraço!!!