Discografias Comentadas: Helloween – Parte 2
Muitas vezes mudanças na formação de uma banda significa sua derrocada, principalmente após uma grande fase musical e comercial. No caso do Helloween isso aconteceu após a saída do Kai Hansen e a entrada de Roland Grapow, que se não fosse o principal compositor, dividia muito bem esse papel com Michael Weikath.
Com a entrada de Andi Deris, saindo da promissora banda de Hard Rock Pink Cream 69 no lugar de Michael Kiske, considerado por muitas pessoas, um dos melhores vocalistas de Heavy Metal da história, o natural seria colocar a pá de terra final no enterro do Helloween. Mas não isso que aconteceu. Eles continuaram e o resultado você confere a seguir.
Se você chegou nesse texto, mas ainda não leu a primeira parte dessa discografia comentada acesse o link aqui.
Contrariando todos os prognósticos o álbum Master of the Rings é todo vitalidade, o Helloween encontrou novamente seu prumo. Saindo da poderosa gravadora EMI e seguindo para modesta Castle, alcançaram ótimas vendagens, sobretudo no Japão. Musicalmente a banda finalmente conseguiu entrar nos anos 90 após a fase experimental dos dois álbuns anteriores. Não que fossem discos ruins, no entanto, faltaram-lhe alma. Certamente resultado da divergência do direcionamento musical de Kiske com os demais membros da banda, o que acabou culminando com sua saída. O álbum abre com “Sole Survivor” (single), após a ótima intro instrumental “Irritation” (título que remete às duas faixas de abertura dos Keepers), tendo como cartão de visitas os riffs de bateria do novo bateria Uli Kusch (ex-Gamma Ray), a banda soa mais pesada, mas a principal mudança é a voz de Andi Deris, possuindo um timbre completamente diferente ao seu predecessor, usando mais técnica (abusando dos drives) e mais versatilidade, a música arrepia do início ao fim, é disparada a melhor do disco. A entrada de Deris não modificou apenas as linhas vocais da banda, é notória sua influência musical e principalmente sua parceria com o guitarrista Michael Weikath nas composições. Quatro canções foram compostas pelos dois em parceria, “Sole Survivor”, “Where The Rain Grows”, a bem humorada “Perfect Gentleman” (single) e a boa balada “In The Middle Of A Heartbeat”, além da ótima “Why?” composta apenas por Deris, trazendo muito de sua influência Hard Rock, enriquecendo o repertório musical da banda. A faixa “Mr. Ego”, primeiro single do disco e de autoria de Roland Grapow, detrata o Kiske e traduz a que ponto estava as rusgas entre os membros e o antigo vocalista, de fato foi uma saída nada amistosa.
Após o primeiro disco com a nova formação, em The time of the Oath a banda se mostra ainda mais entrosada e inspirada, lançando o melhor disco desta formação, bem como o melhor de toda a era Andi Deris (ficando um degrau abaixo dos Keepers 1 e 2). Se no álbum anterior voltaram aos eixos, neste chegaram ao seu ápice, pois além de ser coeso, não há qualquer música de preenchimento. Possuindo como temática central as profecias de Nostradamus, o disco é de muita energia e versatilidade, conseguiram colocar muito de suas influências. Andi Deris desponta como principal compositor da banda, além de emplacar composições próprias, compôs canções em parceria com os demais membros da banda, com exceção do baixista Markus Groskopf, que se não assinou nenhuma, apresenta arranjos de muita inspiração. “Power” é daquelas canções que todo mundo que curte metal, seja lá qual for sua vertente, a conhece, principalmente por sua promoção a exaustão saindo em single e video clipe veiculado inclusive na MTV. É a típica música manjada que todo mundo torce o nariz, mas é o primeiro a cantá-la a plenos pulmões ao vê-la sendo executada simplesmente porque ela é ótima e acima da média. Já “Burn”, é a tarimbada faixa veloz perfeita para abrir shows, e “Wake Up the Mountain” é mais voltada para o hard rock, sem deixar de ter as típicas passagens melódicas da banda, com uma ótima linha vocal e um estupendo refrão. Sou apreciador de baladas, desde que seja de bom gosto e não caia na pieguice, no caso de “Forever and One (Neverland)” é a balada das baladas do Helloween e apesar de possuírem outras ótimas músicas do estilo, essa é de uma melodia única, com interpretação e refrão perfeitos, o single saiu uma versão ao vivo. O disco fecha com sua imponente faixa-título, que também saiu como single, além de pesada e cadenciada, possui ótimos riffs e também há seu lado melódico, afinal, é a marca registrada da banda. Em relação a letra, fala sobre o quinto ato da segunda parte de “Fausto”, do escritor alemão Johan Wolfgang Von Goethe, em que Deris interpreta o diabo tentando reivindicar a alma de Fausto, enquanto o coral em latim no final da música representam os anjos que resgatam a alma por ora perdida do personagem.
Após lançar um álbum de grande sucesso, lançar um disco ao vivo, o High Live, e enfim, chegar novamente ao topo, o mais difícil é se manter no alto. Felizmente Better than Raw conseguiu manter o padrão de qualidade do disco anterior, no entanto, esse é “o último álbum realmente bom do Helloween”. Mais à vontade na banda, Uli Kusch compôs várias canções no disco. No entanto, Deris permanece o “fabricante” de hits do grupo, bem como principal letrista. No total consta como autor e participante de sete faixas. Destaque para as faixas “Push”, pesada e completamente speed metal, já “Hey Lord” (single) é aquela música com pinta de radiofônica com pitadas de hard rock, cujo refrão que você se pega cantando horas depois de ter ouvido a canção, a melhor do álbum. “Revelation” possui o DNA do Helloween com pedais duplos a toda velocidade, duetos abafados de guitarra, refrão grudento e riffs que dão uma boa dose de peso, sendo também a que mais diversifica estilos dentro de uma mesma música. Enquanto “Time” é a mais arrastada do álbum, contrastando com a anterior, a interpretação de Deris fica em primeiro plano, com letra profunda e interpretação soberba do vocalista. ”I Can” (single) é aquela típica música contagiante que você se anima ao ouví-la de manhã cedo se preparando para as atividades do dia. Uma curiosidade desse disco é o fato possuir uma faixa com a letra toda em latim, trata-se da canção “Lavdate Dominum”, com temática de louvor a Deus.
Três discos bem sucedidos, turnês mundiais e reconhecimento da mídia especializada. Esse era o Helloween no final da década de 90, o principal ícone do power metal, estilo bastante em evidência à época. Parecia um casamento perfeito, a banda finalmente teria encontrado a formação perfeita para tocar junta até os seus últimos dias, contudo, não era bem assim. Talvez pela saturação da cena pelo excesso de bandas do estilo, o conjunto resolve dar uma guinada lançando o seu disco mais obscuro, com letras sombrias e a tentativa de largar a pecha do happy happy Helloween que os tornaram tão famosos e angariaram uma legião de fãs.Observando os créditos do álbum, não é fácil notar os responsáveis por tal direcionamento, mas ficou mais claro com o que aconteceu após a turnê de divulgação, com as saídas de Roland Grapow e Uli Kuschi. Sobre o disco, não é um álbum ruim, muito longe disso, apenas não possui o vigor de outrora, e apesar de ter uma ar mais sombrio, não é necessariamente conceitual. Saíram da Castle e foram para a promissora gravadora Nuclear Blast, contratando o renomado produtor Roy Z (Judas Priest, Bruce Dickinson, Halford, etc) e Charlie Bauerfiend (Hammerfall, Blind Guardian). Em entrevistas às revistas especializadas à época da divulgação do álbum, o próprio Roy Z estranhou o direcionamento das músicas e disse que foi obrigado a “helloweenzar” algumas. A faixa-título é a melhor música do álbum, composta por Grapow, possui ótimos riffs e melodias que demonstram toda sua influência em música erudita e sobretudo ao seu ídolo, o guitarrista sueco Yngwie Malmsteen. Grapow despediu-se em grande estilo não só com seus ótimos riffs, mas também pelas letras. Várias músicas do disco anterior louvavam a Deus, já “The Dark Ride” vai no sentido oposto, fala sobre vender a alma a satanás, isso deve ter incomodado bastante o chefão Weikath e seu amigo do peito Andi Deris que aos poucos ia tomando as rédeas da banda. Outra faixa de destaque é a música de trabalho “If I Could Fly”, segue a linha radiofônica das composições de Deris, também foi o único single do disco. No Japão o single se chamou “Mr. Torture”, com o acréscimo da faixa “Deliver us from Temptation”.
Como dito, o disco anterior fugiu das características da banda, culminando na saída de dois integrantes. Rabbit Don´t Come Easy foi uma tentativa de resgate às raízes da banda, uma espécie de recado aos fãs que o velho Helloween voltou ao lugar da aonde nunca deveria ter saído. Confesso que na época do lançamento do álbum não chamou muito a minha atenção, principalmente devido as entrevistas dos integrantes alegando que era um retorno ao power metal de sempre, nesse período eu estava meio afastado do estilo devido ao seu próprio esgotamento. Para substituir os postos vacantes, foram contratados o guitarrista Sascha Gerstner (ex – Freedom Call) e o baterista Mark Cross (ex-Metallium), no entanto, devido uma tendinite crônica, foi obrigado a deixar as sessões de gravação em seu início, assim, a banda optou pelo renomado baterista Mikkey Dee ( Motörhead, ex – King Diamond) para dar continuidade as gravações, já o baterista Stefan Shwarzmann foi convocado para fazer a turnê de divulgação, saindo da banda após o seu término. O disco possui diversas músicas de preenchimento, é de pouquíssima inspiração, não prende a atenção do ouvinte, no entanto, algumas músicas se salvam, como por exemplo a canção “Just Little a Sign”, único single do álbum, em que a banda demonstra que está de volta ao já famoso happy happy helloween modernizado, possui ótimas melodias, refrão grudento e cativante. A pesada “Liar” foi a música que mais ouvi na época e considero a melhor do álbum, há ótimos riffs e mudanças de andamento interessantes, principalmente os momentos que precedem os solos de guitarra.
Keeper of the Seven Keys – The Legacy (2005)
Dar continuidade a uma obra que fez da banda ser famosa no mundo inteiro é uma responsabilidade sem tamanho, chega até a ser temerário, por um lado há o fator marketing chamando os holofotes para si, por outro há o risco de ser destratado e jogando uma reputação sólida construída por quase 20 anos para a lama. O álbum The Legacy, é a finalização da saga Keepers of the Seven Keys, o que faz inevitavelmente a comparação dos fãs, ou seja, a comparação será com aqueles álbuns e não com os últimos lançamentos, é um tanto quanto audacioso, mas mesmo assim se arriscaram. O disco está muito aquém das citadas obras primas da banda, no entanto, o grande problema dele não são as músicas e sim sua produção. Desde que a banda saiu da gravadora Castle e foi para a Nuclear Blast em 2000 (atualmente SPV/Steamhammer) para gravar The Dark Ride, deixaram de trabalhar com o produtor Tommy Hansen e firmaram parceria com o produtor Charlie Bauerfeind, exceto The Dark Ride que houve também produção do Roy Z, sendo este um trabalho muito superior nesse quesito em relação a Charlie sozinho. A tentativa de modernizar a banda, fez com que soasse muito com as bandas de power metal sinfônico, com excesso de teclados, baterias muito comprimidas (consequentemente sem pegada), efeitos na voz, fazendo com que a banda perdesse seu punch característico da trinca de álbuns Master of the Rings/The Time Of the Oath/Better Than Raw, ou seja, o que a banda tinha de especial, que era mesclar riffs de guitarras com melodia, optou por soar como as bandas que são nada mais que filhotes dela. Por tudo isso, ouvir o álbum é maçante e cansativo, é frustrante ver tantas ideias e arranjos bons serem ofuscados pelo excesso, ou seja, o trabalho poderia ter sido muito melhor, a banda possui DOIS guitarristas, então porque tantos teclados? Difícil explicar, mas talvez seja o medo de cair no ostracismo e ser acusado de datado e obsoleto, assim acabaram fazendo o mais do mesmo. Difícil encontrar músicas de destaque, mas é possível apontar as duas primeiras músicas: “The King for a 1000 Years”, que é um épico de 11 minutos. Pontos pela ‘ousadia’ de não iniciar com uma canção curta e veloz. “The Invisible Man”, possui um ótimo riff na introdução com o baixo cujo o refrão lembra “Hunting High and Low” do Stratovarius. Comparem. A banda contou com um novo integrante, o baterista suiço Dani Löble (ex-Rawhead Rex e Blaze Bayley), bem como contou a participação da vocalista Candice do Blackmore’s Night na música “Light the Universe”, nada que chame a atenção, a música é bem fraquinha. A turnê rendeu o álbum/DVD ao vivo Live on 03 Continents, possuindo várias faixas gravadas em São Paulo.
Gambling With The Devil (2007)
É o melhor trabalho da banda em anos desde o disco The Dark Ride para ser mais preciso. Parece que se tocaram do excesso de produção do disco anterior e voltaram aos riffs de guitarra como cargo chefe. Após anos sem saber que rumo tomar, optaram por uma opção segura, que foi seguir a linha que fizeram no início da fase Andi Deris em meados dos anos 1990. Mesmo possuindo algumas músicas de preenchimento, é um álbum regular e burocrático no sentido de se acomodarem sem experimentarem mais, possuindo algumas boas músicas, destaque para a “Final Fortune”, a melhor do disco, com ótimo refrão e arranjos, rara boa composição do baixista Markus Grosskopf poderia ter sido facilmente a música de trabalho e single, no entanto, optaram pela “As Long as I Fall” , de características semelhantes, contudo, composta por Deris, claramente o atual Big Boss da banda. Finalmente as músicas pesadas retornaram com “ Paint a New World”, “Kill It” , “The Saints” e a cadenciada “The Bells of the 7 Hells”.
A década de 2000 definitivamente não foi promissora para o Helloween, foi marcado pela irregularidade, não de shows, de renda ou de vendas, mas de álbuns de qualidade. 7 sinners se não é o pior disco da banda, é o de menos originalidade, provavelmente devem ter lançado o disco para cumprir obrigações contratuais com a gravadora. Marcado por riffs sem inspiração e escondidos por trás de baixas afinações e sem qualquer timbre em busca de peso, é difícil apontar o que há de bom no álbum. Foi mais uma tentativa frustrada em modernizar o próprio som, dessa vez foi baixando a afinação das guitarras, o que já havia sido feito em The Dark Ride, mas naquele álbum foi muito bem produzido devido a experiência de Roy Z neste quesito e a banda estava muito mais inspirada. Garimpando e ouvindo bem o disco, o que é quase uma tortura, é possível identificar algumas coisas boas, a faixa “Where the Sinners Go”, a abertura do disco, ainda passa a falsa impressão que virá algo de bom. É uma música na linha Hard/Heavy e que lembra Judas Priest. “Who is Mr. Madman?” é legalzinha, o seu ótimo refrão e as mudanças de andamento que não cansam o ouvinte a salvam. O single ficou para a fraquíssima faixa “Are you Metal?”.
Apesar da banda estar passando por umas fase descendente em termos de criatividade na última década, comparando os trabalhos anteriores com esse, podemos dizer que Straight Out of Hell possui músicas interessantes, além de ser mais criativo e com uma produção mais apurada. O baixista Markus Grosskopf que nunca foi um perito em compor músicas, apesar de ser ótimo em criar arranjos para o seu instrumento, dessa vez conseguiu emplacar a faixa-título, ainda que não seja das melhores canções do álbum. Apesar de seu refrão chiclete, conotação que pode ser atribuída a ótima “Burning Sun”, finalmente Weikath largou a preguiça e resolveu compor uma boa música. Há uma versão bônus dela gravada com o órgão Hammond, em homenagem ao lendário tecladista Jon Lord (Deep Purlple), morto em 2012, sendo superior à original, deveria ter entrado para o disco, mas em nome da tal “modernidade” optaram por deixá-la como bônus. Também saiu como single e EP. Outra música que saiu como single foi “Nabataea”, uma canção diferente do repertório usual do Helloween, começando pela sua harmonia, que geralmente possui um direcionamento mais melódico. Desta vez Deris bebeu da fonte de Rainbow, Deep Purple e Yngwie Malmsteen, usando harmonias típicas das bandas citadas em seu riff principal para combinar com a letra, que fala de um um povoado existente no norte da Arábia no período de 37 AC ao ano 100 até que foi anexado pelo Império Romano. A cultura e religião da região foi absorvida e dissolvida pelos dominantes, culminando em seu fim. É uma música forte, com várias mudanças de andamento e riffs criativos, o que torna a audição muito agradável. “Waiting for the thunder” segue a linha Hard’n’Heavy típicas do Andi Deris, mas como uma roupagem mais moderna, com arranjos de teclado, refrão pegajoso e contagiante, com o vocalista alternando entre melodias graves e agudas.
My God Given Right (2015)
Por Fernando Bueno
Não é necessário dizer que a inspiração do Helloween nos últimos anos não está grande coisa. Faz muito tempo que a banda não lança um disco que fica na cabeça dos fãs. E eu nem queria que lançassem novos Keepers ou até mesmo algum daqueles primeiros discos com Andi Deris. Gostei da definição que vi de um fã em algum lugar aí. Era mais ou menos assim: “Podemos resumir o Helloween atual em uma palavra: rotina. A banda finge que lança músicas novas, os fãs fingem que tem um disco novo para ouvir e todos ficam (quase) satisfeitos”. “Heroes” por exemplo é uma faixa ao estilo da banda em primeiras faixas. Um heavy metal mais rápido que até empolga. Vejam, com todo esse comentário eu não estou dizendo que as músicas sejam ruins. A faixa seguinte por exemplo, “Battle’s Won”, tem arranjos interessantes e um refrão bom. A questão é que as músicas não são tão marcantes como uma “Power” por exemplo. Poucas são as faixas que você fica cantarolando depois de ouvir o disco. Talvez a que mais se destaca em My God-Given Right seja exatamente a faixa título. Outra coisa que vai contra a boa intenção de lançar um disco é a insistência de quase preencher todo o espaço disponível do CD, fazendo com que alguns – ou vários – fillers acabem se tornando até necessários. Estou certo que se fosse um pouco mais enxuto com seu set list baseado nas faixas citadas, mais cinco outras faixas – algumas possuem sim várias boas ideias – melhores lapidadas seria um bom disco.
O Helloween nos últimos anos optou por seguir uma direção segura, apesar de lançarem álbuns de qualidade duvidosa, ainda possuem prestígio e conseguem realizar longas turnê, talvez foi a maneira que encontraram para sobreviver ao show business, poderiam ter acabado há muitos anos atrás se optassem a continuar pelo caminho do Chameleon, enfim, nunca saberemos.
Com a reunião dos músicos atuais mais Kai Hansen e Michael Kiske para uma turnê sold-out por todos os lugares que os shows estão marcados é possível que os discos de estúdio demorem um pouco mais para sair. Com esse line-up vitaminado lançaram um single comemorativo para a música “Pumpkins United” que não fez feio. Acho difícil lançarem um disco todo com essa formação de sete músicos. Também ficaria preocupado com o resultado final. O fato é que certamente teremos como próximo lançamento um registro dessa tão aguardada turnê. É esperar pelos próximos capítulos.
Tenho uma relação diferente de gostos com o Helloween. Claro que adoro os clássicos Keepers e os três primeiros álbuns com Deris que são muito elogiados, mas meus preferidos deles ultimamente tem sido justamente aqueles que eles tentam soar “menos Helloween”, casos de Chameleon, The Dark Ride e o Keepers Legacy que é o meu favorito atualmente.
Já os três últimos acho bons, embora não se destaquem aos meus ouvido (o melhor deles para mim é o último desses três). O disco que considero mais fracos de todos é Rabbit Don’t Come Easy, nele só “Never Be a Star” se salva e olha lá.
Eu acho que foi um erro terem feito o Keepers III. Quando uma banda tentar revisitar um clássico ela tem que ter MUITA certeza de que está com um material no mínimo próximo à ele. Podew fazer um pequeno exercício de memória aí. Qual disco que tentou revisitar um clássico que deu certo? O Gamma Ray tentou fazer um Land of the Free II. O King Diamond também derrapou um pouco no Abigail II. E assim vai. O Helloween já tinha uma parte I e II e não precisava de uma terceira. Ainda mais um disco duplo que poderia ter sido lapidado para aí sim poder ser bem melhor.
Mais aí é que está a questão: e se ele não se chamasse Keepers III? Tivesse qualquer outro nome. Mudaria algo na visão das pessoas sobre ele?
Eu acredito que sim. Afinal o nome do disco aumentar as expectativas. E isso é ruim.
Isso é verdade, eu mesmo esperei algo muito bom, não é nem de perto o melhor disco dessa fase da carreira, então eles colocaram essa pressão sobre eles e a expectativa sobre os fãs sem necessidade. Dos anos 2000 pra cá o meu preferido de longe é o Dark Ride, apesar de não soar tão Helloween assim e também curto muito o Straight Out of Hell. O restante é passável e o 7 sinners é o pior, principalmente pela fraca produção.
Um exemplo de um disco que revisitou um clássico e deu certo foi o Bat ou of Hell II do Meat Loaf.
Já a parte III não é tudo isso, apesar de ser um disco bom.
Mas aí é que está uma diferença minha de vocês que comentaram aqui: eu ouço um disco pelo som, não pelo nome gravado nele. O nome “Keepers” nunca representou para mim que eu ouviria uma nova “Eagle Fly Free” ou uma continuação de “I’m Alive”. Eu escutei o disco por aquilo que ele tem de sonoridade, pois aguardo sempre algo que me cative e soe diferenciado dos demais, embora possa manter algumas características que já me agradaram anteriormente.
Mas sei que no universo das vendas, eu não sou uma maioria. O nome de um disco (na verdade, de qualquer disco) nunca me afetou em nada. Enfim, uma pena porque essa recepção os forçaram a voltar ao tradicional e aí temos esses últimos discos que, aí sim, são verdadeiros “Keepers piorados” apesar de estarem lá outros nomes em suas capas…
Sou um “fã” meio estranho do helloween, pois meus discos preferidos são da segunda fase da banda. Não troco a trinca inicial (deris) + gambling with de devil por nada.
Por que o Metal Jukebox não foi nem citado?
Porque não é um album…
Como não?? É de covers, é, mas é um disco completo, e muito bom. Nas outras discografias que tiveram discos de covers, os mesmos apareceram. Para mim, soa como preconceito só por que tem uma música do ABBA. Uma lástima …
Falando sério, gosto das versões para “Lay All Your Love on Me”, “Hocus Pocus” e “Rat Bat Blue”, mas acho que Space Oddity não ficou boa. O resto do disco é bem interessante
Sim, é um disco interessante e eu gosto de ABBA, mas o critério foi apenas discos com músicas de inéditas, tanto que não tem os ao vivo e um acústico de estúdio, que possuem versões boas e outras nem tanto. Não tem nada de preconceito.
The White Room também ficou muito boa
Better than raw é o melhor. Tá bem caprichadas as músicas
Entendi. Blz então. Mas aqui nos comentários, Othon, dá de rolar uma pequena fala sua sobre o mesmo?
Ok, vou tentar comentar brevemente faixa por faixa, mas nem todas as músicas me são familiares na versão original.
He’s a Woman – She’s a Man (Scorpions) – Achei bem abaixo da versão original, não gostei dos timbres das guitarras, pois a versão original é mais hard rock setentista e essa versão “metalizada” não ficou legal.
Locomotive Breath (Jethro Tull) – Essa versão ficou surpreendentemente boa, pois é completamente da versão original e sua versão mais pesada se encaixou muito bem.
Lay All Your Love on Me (ABBA) – Essa música parece que foi composta para o power metal, as melodias em si são perfeitas para o estilo.
Space Oddity (BOWIE) – A parte instrumental é basicamente calcada na original, mas a interpretação do Deris deixa muito a desejar, porque o Bowie é simplesmente soberbo nessa, em contrapartida o Deris está meio “blasé” nessa.
From Out of Nowhere (Faith no More) – A produção ficou abaixo, pois a voz do Deris ficou abafada em relação às guitarras, o restante não tem muita diferença para a original.
All My Loving (The Beatles) – CAGARAM.
Hocus Pocus (Focus) – Muito parecida com a original, mais encorpada em razão dos recursos disponíveis para uma banda nos anos 90. Curti os solos de guitarra e as linhas de bateria.
Faith Healer (Alex Harvey) – Essa música conheci graças a versão do Helloween, não curto muito nenhuma das duas versões.
Juggernaut (Frank Marino) – Também não conhecia, mas essa música é muito boa. Achei um pouco abaixo as guitarras base em relação ao timbre utilizado (abafado e embolado), já os solos ficaram tão bons quanto os originais e a interpretação do Deris ficou superior à original.
White Room (The Cream) – foda pra caralho, nessa o Deris acertou na interpretação. As linhas de guitarra ficaram ótimas e com uma excelente cozinha, respeitando o groove da original.
Mexican (Babe Ruth) – A versão foi completamente “helloweenzada”, ficando completamente diferente da original, apesar disso gostei dessa versão, pois se apropriaram da música com muita naturalidade. Provavelmente foi uma influência para a NWOBHM e ao power metal.
Rat Bat Blue (Deep Purple) – O Helloween as vezes insiste em timbres de guitarra “sujos”, mas neste caso acertaram e ficou muito boa a versão, conseguiram modernizar sem perder o groove, com alguns trechos claramente improvisados e com ar de jam. Curti isso.
Valeu!!!