Cinco Discos para Conhecer: o glam metal do novo milênio
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Por André Kaminski
Gosto muito de quase todos os subestilos do hard rock. Os que me acompanham aqui no site percebem que tenho um carinho especial pelo gênero e sempre invento algum texto para falar mais sobre as bandas e discos cujo auge foi há mais de 30 anos. E agora resolvi falar um pouco sobre o tão amado e odiado glam metal, ou farofada como preferem os mais íntimos.
Sabemos bem que aquele rock mais festeiro com um apelo visual gigante, roupas coloridas, maquiagens, calças de oncinha, sapatos plataforma e bandas fazendo o maior esforço possível para soarem como “rebeldes amantes do luxo” eram o mainstream do estilo há 30 anos. Guns N’ Roses, Mötley Crüe, Poison e tantas outras venderam discos e faturaram muito naquele período. Mas como é comum no mainstream, o tempo de exposição na mídia minguou e as bandas foram naufragando durante a década seguinte, com poucas ainda sobrevivendo. Embora o hard rock tradicional tenha tido um crescimento considerável nos anos 2000 para cá com muitas bandas lançando discos e novas composições, o glam metal teve pouquíssimos lançamentos nos últimos 10 anos. Embora o estilo provavelmente jamais terá uma nova chance na mídia (The Darkness foi o último suspiro com o grande público), algumas bandas novas tem tentado emplacar no underground lançando trabalhos que, se não irão “revolucionar o mundo da música ou mesmo o glam”, ao menos soam bacanas, divertidos e legais para quem ainda curte o estilo. Aqui vão cinco dicas minhas de bandas mais novas que eu gostei de ouvir e recomendo para quem cansou de ouvir as mesmas bandas oitentistas de sempre.
Hell in the Club – Let the Games Begin [2011]
Banda italiana em que o vocalista Damnagoras (Elvenking) deixa um pouco de lado o folk metal para cantar em uma banda glam. O Hell in the Club prefere aqui um som com uma produção mais moderna e suas faixas trazem guitarras com muitos efeitos em suas melodias deixando o som variado entre o melódico do hard comum e momentos mais ríspidos do sleaze. “Natural Born Rockers” é veloz e matadora, lembrando os melhores momentos do Ratt. “Raise Your Drinkin’ Glass” possui uma ótima cozinha de baixo e bateria em uma canção com refrão ganchudo e “Don’t Throw in the Towel” com muito backing vocal em uma faixa bem ao estilo rock modernoso. O pessoal que não gosta do Elvenking costuma ter certos problemas com a tonalidade vocal de Dave “Damnagoras”, mas creio que ele se encaixa melhor aqui do que em sua primeira banda. Dê uma chance a eles que eu acho que podem te agradar.
Lineup: Dave (vocais), Picco (guitarras), Andy (baixo) e Fede (bateria).
Tracklist
- Never Turn My Back
- Rock Down This Place
- On the Road
- Natural Born Rockers
- Since You’re Not Here
- Another Saturday Night
- Raise Your Drinkin’ Glass
- No Appreciation
- Forbidden Fruit
- Star
- Daydream Boulevard
- Don’t Throw in the Towel
Julian Angel’s Beautiful Beast – Adult Oriented Candy [2011]
Julian Angel é um vocalista e guitarrista alemão que já fez muitas composições para filmes de ação. Há alguns anos ele montou a banda Beautiful Beast e lançou este primeiro disco que me agradou bastante. É um glam básico, daquela linha de produção um pouco mais crua e muitas melodias. Músicas como “Showdown” e “Tokyo Nights” te lembrarão muito de bandas como Pretty Boy Floyd e Bai Bang. Uns teclados aqui e ali dão um jeitão até AOR para algumas composições lembrando o Bonfire. Infelizmente ele deu fim nessa banda e agora partiu para a carreira solo. Quem prefere aquele glam “não tão glam” e mais hard rock, poderá ouvir tranquilamente este disco.
Lineup: Julian Angel (vocais, guitarras), Frank Douglas (baixo, teclados e backing vocals) e Ro Lee (bateria e backing vocals).
Tracklist
- Showdown
- Do You Want It
- Ride With the Wild One
- Tokyo Nights
- Juvenile Affair
- Oh Valerie
- Save my Heart
- Rock All Arenas (Born to Rock)
- Wild Tonight
- Still I Dream of You
- Singer and Guitarist in a Hair Band
Crazy Lixx – Riot Avenue [2012]
A mais famosa das bandas listadas aqui, os suecos do Crazy Lixx fizeram um bom sucesso na região em que talvez seja uma das últimas a ainda valorizar o glam metal (Escandinávia). Apesar de muita gente preferir outros discos da banda, sempre achei Riot Avenue o melhor deles. Já me peguei ouvindo este disco mais vezes do que imaginei que faria. E ele não me decepciona quando ouço a energia de “Riot Avenue” ou o peso de “Church of Rock”. É um disco mais simples, cru, pé no chão e menos espalhafatoso que os anteriores, mas que me agrada bastante. O nosso colega Leonardo Castro resenhou o disco com mais detalhes há uns anos e que pode ser conferido aqui.
Lineup: Danny Rexon (vocais), Andy Dawson (guitarras), Luke Rivano (baixo) e Joey Cirera (bateria).
Tracklist
- Whiskey Tango Foxtrot
- Young Blood
- Riot Avenue
- Fire It Up
- Downtown
- In the Night
- Church of Rock
- Heatseeker
- Sweet, Bad and Beautiful
- Be Gone
- Only the Dead Know
Shiraz Lane – For Crying Out Loud [2016]
Mais uma banda nórdica, os finlandeses do Shiraz Lane já apostam no lado mais exagerado e espalhafatoso do glam: vocais agudos, gritos histéricos e instrumental à la Poison. O próprio vocalista Hannes Kett dá gritos que fariam Jim Gilette do Nitro se sentir desafiado. Mas o maior mérito da banda mesmo são os instrumentistas que conseguem fazer melodias variadas usando o sleaze, o hard tradicional e de vez em quando até umas melodias levemente AOR. “Begging for Mercy” é um exemplo claro disso assim como a semi-balada “M.L.N.W.” cujos vocais de Hannes lembram aquelas frescuras loucas do Justin Hawkins do The Darkness. É um disco diferente dentro do glam atual, o típico caso 8 ou 80, porém eu vejo isso de forma positiva ao invés da mesmice de sempre.
Lineup: Hannes Kett (vocais), Jani Laine (guitarras), Miki Kalske (guitarras), Joel Alex (baixo) e Ana Willman (bateria).
Tracklist
- Wake Up
- Momma’s Boy
- House of Cards
- Begging for Mercy
- Same Ol’ Blues
- Mental Slavery
- Behind the 8-Ball
- For Crying Out Loud
- Bleeding
- M.L.N.W.
Tales from the Porn – H.M.M.V. [2017]
Há algumas curiosidades em se tratando do Tales from the Porn, banda brasileira que lançou o seu debut no ano passado. Primeiro é o fato do vocalista ser ninguém menos que o norte-americano Stevie Rachelle que fez sucesso (e ainda continua) no Tuff. Segundo é o baixista da banda ser o Bento Mello, filho do Titã Branco Mello e que também ficou famoso no aparentemente extinto canal Lokaos Rock Show, site muito acessado pelas entrevistas dos bastidores com várias lendas do rock que fizeram shows por aqui aproximadamente (se a memória não me falhar) entre 2011 e 2016. Quanto a sonoridade do disco, não tem segredo: típica farofada estilo oitentista que gosto tanto falando de festas, sexo e todas as temáticas das quais estamos acostumados. E posso dizer que além de Stevie continuar sendo o grande vocalista que sempre foi, destaco principalmente o belo trabalho de guitarras de Andy Sun e de Bruno Marx que injetam peso e energia em ótimas faixas tais como “Hot Girls Fast Cars” e “Let It Shake”, as que eu mais gostei. Quem curte Mötley Crüe, Poison e o próprio Tuff de Rachelle pode ir fácil neste disco que a meu ver, é um destaque do estilo lançado nesta década.
Lineup: Stevie Rachelle (vocais), Andy Sun (guitarras), Bruno Marx (guitarras), Bento Mello (baixo), Igor Godoi (teclados e backing vocals) e Ed Avian (bateria)
Tracklist
- Back to 80’s
- Runaway Lovers
- Hot Girls Fast Cars
- Tales from the Porn
- Perfect Love
- Girls Wanna Party (In Augusta Street)
- Let It Shake
- Danger Zone
- Scary Movie
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Só novidades hein André. Gostei da capa do Hell in the Club, e dos demais, um dia talvez eu ouça. Mas o glam oitentista, e o setentista principalmente, são muito totalmente excelentes. Valeu as dicas
É um bom disco, Mairon. Creio que vai te agradar. As bandas que citei não trazem de fato novidades ao estilo, mas é aquela coisa: para quem já gosta do sabor, um temperinho diferente sempre é bom.
Vou ver se ouço essa semana e te digo aqui
Cara se nao tivesse Shiraz Lane aqui eu ia hatear a pagina, melhor banda de glam atualmente.
Eu ainda colocaria na lista o Santa Cruz e o Rockless Love, ambas da Finlândia (oh lugar pra ter banda boa).