Desplugado: uma nota sobre o melhor dos acústicos – Parte 1
Por Marcella Matos
MTV Unplugged é expert no quesito acústico; mas engana-se quem pensa se tratar de grupos tocando seus sucessos em guitarras acústicas, apenas: Muitas apresentações entraram para a história, bateram recordes de vendagem e são de uma emoção indescritível. A emissora, contudo, não foi a pioneira do formato: O primeiro registro em vídeo, no qual instrumentos elétricos foram substituídos pelos acústicos, foi realizado pela NBC em 1968, e trazia o lendário rei do rock, Elvis Presley. No final da década de 70, Pete Townshend e outros artistas produziram materiais nesse estilo em shows beneficentes, como o The Secret Policeman’s Ball; Esta foi uma apresentação inovadora, pois, na época, era raro um artista consagrado tocar seus maiores sucessos de uma forma tão simples; por outro lado, os acústicos foram popularizados pela MTV, cujo programa de número 1 foi ao ar em novembro de 1989. Entretanto, a empreitada da emissora só se tornaria um sucesso após a segunda temporada, com a participação de Paul McCartney, que lançaria Unplugged (The Official Bootleg) (1991).
MTV Unplugged trazia uma proposta nostálgica: Rememorar as raízes musicais antigas; lembrando que apenas há algumas décadas atrás quase todos os instrumentos ainda eram acústicos. As performances da MTV no estilo banquinho e violão eram protagonizadas, geralmente, por artistas que não se apresentavam nesse molde: envergavam, ao invés de guitarras elétricas e sintetizadores, o benquisto violão em apresentações intimistas. São músicas sob uma nova roupagem e artistas que saem da zona de conforto – para não soarem conforme os padrões estéticos de suas próprias composições, desconstruindo-as. Do mesmo modo, há críticos vorazes do formato, como o produtor musical Steve Albini (In Utero (1994) – Nirvana) que diz: “Do ponto de vista artístico, é uma piada total … Você tira bandas que são fundamentalmente de rock elétrico e colocam guitarras acústicas em suas mãos e fazem com que elas façam uma pantomima de uma performance. No entanto, a MTV Unplugged é um dos programas originais mais bem-sucedidos já produzidos pela MTV”.
Nirvana:
O acústico do Nirvana é cercado de simbologias, digamos assim, pois o fato de ter sido lançado após a morte de Kurt Cobain (o vocalista morreu em abril de 1994 e o disco foi lançado em novembro do mesmo ano), só aumentou o caráter emblemático que cerca a gravação. Os músicos já notavam certo distanciamento por parte do vocalista, que apresentava constantes mudanças de humor ao longo dos ensaios e não apresentava mais àquela leveza de outrora… Kurt passava por grandes conflitos internos e extensa carga emocional que desencadearia no triste acontecido: suicídio, alguns meses depois.
O Nirvana optou, no geral, por covers de artistas menos conhecidos (como Meat Puppets, Leadbelly, The Vaselines) e passou longe de seus grandes sucessos (cantou somente Come as You Are, canção de Nevermind (1991), entrando em conflito, por isso, com a produção do programa. Segundo o baterista Dave Grohl, o Nirvana queria fazer algo diferente: “Nós vimos os outros acústicos e não gostamos muito deles, porque a maioria das bandas queria tratá-los como shows de rock; tocar seus sucessos como eles eram no Madison Square Garden, com a exceção de violões.” Toda a gravação se sucedeu de uma forma bastante orgânica, sem repetições de músicas, com decisões tomadas em cima da hora mesmo, sem scripts ou roteiro.
Uma curiosidade sobre Where Did You Sleep Last Night, canção que Kurt Cobain canta com grande pesar e emoção: os produtores do acústico pediram para que o vocalista a repetisse (pois, tinha errado a letra); ele, claro, se aborreceu e recusou o pedido.
Os ensaios e a pré-produção foram bastante tensos, tendo Kurt Cobain desistido de se apresentar um dia antes do show, pelos motivos já citados (como o embate com a produção do programa). O Nirvana gravou seu acústico em uma única tomada, algo curioso e incomum, pois os artistas faziam em mais de uma, na busca de uma sonoridade mais satisfatória. Até a escolha do cenário (velas e lírios, muito utilizados nos velórios) colaborou para a aura mítica que cerca o MTV Unplugged In New York, do Nirvana (como se Kurt dissesse adeus). Este show foi histórico, porque foi uma das performances televisivas finais de Kurt Cobain, que morreria cinco meses depois. Toda essa soma de elementos atípicos (covers incomuns, ausência de grandes sucessos e com tomada única; cenário inusitado, clima intimista e melancólico, trouxe um resultado particular, bem como almejavam os músicos.
Korn:
Gravado em meados de 2006, o acústico de uma das bandas precursoras do Nu Metal não agradou, tanto assim, a maior parcela dos fãs… Polêmicas à parte, pois dificilmente um trabalho que saia dos moldes tradicionais (daquilo que se espera sonoramente dos músicos de um determinado estilo) agrada em cheio o público; o MTV Unplugged: Korn (2007) é um álbum interessante, que apresenta algumas versões, digamos, excêntricas, com arranjos bem distintos, que soam por ora um pouco exagerados, mas que se casam muito bem com a proposta do acústico. Depois de munidos todos os elementos do disco, temos um resultado agradável que foge do óbvio e chama atenção pela quantidade de nuances (graças à incorporação de instrumentos como cello, trombones e taiko/percussão japonesa) integrado às músicas.
O acústico do Korn contou com a participação de Amy Lee (Evanescence), Robert Smith e Simon Gallup (The Cure). Logicamente que os covers marcaram presença: Creep (Radiohead) e In Between Days (The Cure); ambas possuem uma atmosfera macabra, melancólica e soturna; resultado de como a banda conciliou vozes, instrumentos, arranjos, ambiência visual (os músicos de apoio se apresentaram de máscaras), etc. de uma forma que surgisse uma atmosfera simbolicamente cinzenta diante dos nossos olhos.
Faixas como Freak on a Leash, Blind, Hollow Life e Falling Away From Me foram apaziguados/amaciados sem perder, com isso, o peso e a rudeza da composição; mesmo assim, muitos fãs estranharam desde o início (e alguns continuaram estranhando até o fim) a sonoridade, acostumados, é claro, com o “outro” Korn …
Legião urbana:
Legião Urbana representa uma época que clamava por mudanças: Políticas, sociais e comportamentais. Expoente do rock nacional, as ideias e o discurso dos brasilienses eram porta-voz de uma juventude em busca de uma identidade perdida, oriunda das marcas deixadas pela ditadura militar. O processo de redemocratização do Brasil foi o marco para àquela geração. Influenciado por bandas de punk-rock, cujas letras abordavam temas políticos e questionavam crenças e valores tradicionais, Renato Russo, ainda adolescente, forma o Aborto Elétrico, banda que foi o embrião da Legião Urbana; esta, contribuiu para a construção da linguagem do rock nacional. As letras compostas pelo trio refletiam as incoerências deste vasto país, mas Brasília era a principal inspiração dos músicos, afinal de contas é o centro político e de poder do país. Críticos vorazes, cada uma das canções compostas pela Legião Urbana ao longo da carreira, demonstram uma realidade tão próxima de todos nós: Geração Coca-Cola narra a imersão dos jovens aos costumes estrangeiros e a letargia contestatória dos mesmos (desinteresse por lutas); já em Teatro dos Vampiros expunha as dificuldades passadas pelo povo brasileiro em decorrência de políticas neoliberais (em terras tupiniquins, onde impera a desigualdade social, é um agravante); citando apenas duas obras do grupo.
Após desembarcar em terras brasileiras, a MTV Brasil produziu sua versão para a série Unplugged; houve alguns pilotos do programa, que não produziram discos ou sequer foram exibidos (como o de Marcelo Nova, por exemplo). Gravado em 1992, o Acústico MTV Legião Urbana, apresenta uma simplicidade de produção, que chama atenção: A banda tocou com auxílio de apenas dois violões e uma singela percussão; até a escolha do cenário (ausência de elementos figurativos) é desprovido de superprodução. É considerado, por muitos veículos especializados, um dos melhores acústicos já realizados pela emissora brasileira. O destaque é a grandiosidade da banda (demonstrada com tão poucos suportes).
Os grandes sucessos não ficaram de fora; Renato Russo, Dado Villa Lobos e Marcelo Bonfá tocaram Faroeste Caboclo, Pais e Filhos, Há tempos… Houve espaço para canções que, até então, nunca tinha sido gravadas, como Teatro dos Vampiros e Hoje a Noite Não tem Luar (versão). Entre os covers que a Legião Urbana executou, estão: Jesus & Mary Chain (Head On) e Neil Young (On The Way Home / Rise). Sucesso de vendas, o acústico MTV Legião Urbana, só na primeira semana, vendeu nada menos que 700 mil cópias.
Kiss:
O Hard Rock enérgico do Kiss resistiu a inúmeros modismos e movimentos musicais (dos mais variados estilos) ao longo dos quarenta anos de carreira. Contudo, uma fase relativamente conturbada para a banda foram os anos 90, época que marcou o enfraquecimento comercial do Heavy Metal e subgêneros; neste período lançaram Revenge (1992), disco com ótimas composições que resgata, ao longo das doze faixas, aquele velho espírito do Kiss (que andara um bocado adormecido, perdido em meio a tantos ‘encaixes’). Há nele poderosos e pesados riffs, performances inesquecíveis, solos, andamentos e linhas de guitarra magistrais. Destaque para a ótima fase do quarteto, pois o entrosamento entre os músicos é perceptível (Eric Singer e Bruce Kulick – o guitarrista já colaborara em antigos lançamentos – adicionaram frescor à dupla Simmons e Stanley). O quarteto entrega um Hard Rock poderoso e cheio de vigor; em grande parte, mérito das exímias parcerias: Vinnie Vicent (ex-membro), Russ Ballard (Argent), Jesse Damon (Silent Rage), Kane Roberts (Alice Cooper) e Bob Ezriz (produtor do álbum) participam como co-autores de algumas canções do disco. Ironias à parte, o álbum foi muito bem recebido pelos fãs ao mesmo tempo em que teve uma vendagem modesta nos Estados Unidos (foi bem mais acolhido em outros mercados).
Três anos após o lançamento de Revenge, foram convidados pela MTV a se apresentarem na série Unplugged. Na ocasião, os antigos membros Peter Criss (bateria) e Ace Frehley (guitarra solo) foram convocados, por Simmons e Stanley, a participarem da reunião; as desavenças foram deixadas de lado: os quatro integrantes da formação original não dividiam o mesmo palco desde 1979. Em alguns momentos, Eric Singer e Bruce Kulick retornavam aos palcos para completarem o sexteto. O acústico do grupo faz uma espécie de compêndio, um resumo da obra, pois habilmente revisitam sua discografia; estão presentes canções dos seguintes álbuns: Kiss (1974), Hotter Than Hell (1974), Dressed to Kill (1975), Destroyer (1976), Love Gun (1977), Dynasty (1979), Music From “The Elder (1981), Creatures of the Night (1982) e Revenge (1992).
Eles elegeram 2000 Man como cover; esta canção, composta pela dupla Mick Jagger e Kaith Richards, fora gravada anteriormente pela banda, no disco Dinasty. A versão do Kiss possui um arranjo diferente da original (dificilmente associamos uma à outra), o que traz à música a impressão de ter sido escrita pelo próprio Ace Frehley e companhia.
A reunião clássica foi mantida em segredo pelos produtores do programa até o dia da gravação (imagine a surpresa dos fãs!). Alguns críticos musicais chamam o Kiss Unplugged (1996) de “ambiente majoritariamente eletro-acústico”, mas enfatizam a qualidade das canções: “período clássico da banda”. O concerto acústico equivaleu a uma (competente) retrospectiva da carreira do grupo, que tocaria novamente junto com Frehley e Criss na turnê Alive/Worldwide Tour!(1996/1997).
https://www.youtube.com/watch?v=d9_D-XDcmnA
Aerosmith
The Cure
Paul McCartney
Eric Clapton:
Os produtores do programa não imaginavam que a primeira temporada seria um sucesso absoluto de público, pois era, no mínimo, curioso assistir aos artistas interpretarem seus grandes sucessos sem aquela grande produção por trás; em concertos para lá de especiais, tocavam as músicas do modo como tinham sido compostas. A repercussão positiva dos treze primeiros episódios rendeu à série sua segunda temporada que contou com artistas como Aerosmith (novembro/90), The Cure, Paul McCartney (ambos gravado em janeiro/91) e outros grandes nomes.
Gravado em 11 de agosto de 1990, o episódio do Aerosmith concentrou todos os holofotes no programa, digamos assim, pois a banda de hard rock fez barulho e acabou por divulgar esporadicamente a atração, ao mesmo tempo em que abriu espaço para que outros artistas, tão legais quanto, viessem tocar nesse formato. Mas, diferente de seus colegas de profissão, o Aerosmith não lançou um álbum da performance ao vivo.
A banda britânica The Cure foi a primeira atração da versão europeia do MTV Unplugged. A apresentação foi gravada em um pequeno (e intimista) estúdio londrino. O acústico de McCartney viria logo em seguida e mudaria para sempre os meandros da história do programa…
Para o produtor do programa, Alex Coletti, a participação de Paul McCartney foi fundamental para a popularidade, êxito e sobrevivência do MTV Unplugged. A apresentação do músico inglês se configurou como um divisor de águas, que desencadearia no lançamento do primeiro registro da série: Unplugged (The Official Bootleg) (1991).
Diferente dos demais episódios, Paul McCartney se apresenta com instrumentos totalmente desplugados (é comum os artistas fazerem uso dos instrumentos acústicos plugados a amplificadores, na verdade). De acordo com fontes de alguns veículos musicais “os microfones foram cuidadosamente colocados perto de guitarras, pianos, etc. para pegar o som (isso pode ser visto na capa do álbum, onde um grande microfone retangular é retratado na frente do violão acústico de McCartney)”. O apanhado de músicas, selecionadas por Paul, se adaptou perfeitamente ao formato acústico.
Unplugged (1992), álbum de Eric Clapton conquistou feitos memoráveis; o desempenho ao vivo do músico lhe rendeu seis prêmios Grammy, dentre eles o de melhor álbum do ano (inédito para o formato Unplugged). Elogio de crítica e público, o disco vendeu nada menos que 26 milhões de cópias mundo afora. E o fato de ver um dos maiores guitarristas da história do rock trocando sua (quase extensão do braço) Stratocaster por um ‘singelo’ violão é no mínimo inusitado. Nossa admiração pela carreira substancial de um dos músicos mais excepcionais daquela geração só aumenta tamanha a simplicidade dele: Após concluir a ‘tracklist’ da apresentação, Clapton se dirige à plateia e diz um modesto: “é isso”; logo depois, menciona a necessidade de repetirem “duas – não, três – não, cinco músicas… Se vocês não se importarem, eu não me importo…”, complementou.
https://www.youtube.com/watch?v=SjBjd7HJBWc
Destaque para a nova versão de Layla, Tears In Heaven (escrita para seu filho Conor, que morreu ao cair do 53° andar) e Rollin’ and Tumblin’ (gravado pelo Cream, Muddy Waters e outros músicos). Clapton fez (novamente) história, pois a apresentação é considerada como umas das melhores já exibidas, ao mesmo tempo que é tida como referência: de competência técnica, qualidade sonora, talento e versatilidade.
O MTV Unplugged dispões de um passado longo; recebeu uma ampla gama de artistas dos mais variados gêneros musicais e foi palco de encontros memoráveis, como o de Rod Stewart e Ronnie Wood – ambos fizeram parte do Jeff Back Group; com o término da banda se juntaram a Ian McLagan, Ronnie Lane e Kenney Jones (até então integrantes do Small Faces) e formaram o The Faces -. A série de música acústica tão aclamada não ostenta mais o peso e importância de outrora, mas deve ser reconhecida por ter alcançado públicos tão amplos e sido, ao mesmo tempo, “um marco revolucionário e cultural na indústria da música”, descreve uma fonte especializada.
Aguarde a segunda parte deste artigo, que será publicada em 10 de abril.
Belíssima matéria, Marcella. Digo fácil que os acústicos da MTV foram os principais responsáveis por uma sobrevida do rock brasileiro na grande mídia e nas rádios nos anos 90 e 2000. Das bandas internacionais, minhas favoritas são do The Corrs e do Cranberries. Das nacionais, do Engenheiros do Hawaii, Ira e o fantástico acústico do Kid Abelha. Foi uma grande ideia de uma época em que a MTV levava a música a sério.
Verdade André! Programas para lá de especiais, quando a MTV ainda inovava e sua programação era voltada para a música (24 horas por dia/7 dias por semana). Lembrarei de suas sugestões na segunda parte da matéria!
Obrigada pela força.
O Luau MTV também deu um gás legal para as bandas brazucas no início dos anos 2000. O programa do Los Hermanos no Luau é sensacional.
Você me deu umas ideias de próximos textos… hehehe
Série fantástica. Muitos programas inesquecíveis. Dos apresentados aqui, os que mais curto são Eric Clapton (lindo demais), e Legião Urbana, a qual mostrou que dois violões e uma percussão podem alegrar muita gente. Aliás, a versão de “Metal Contra as Nuvens” que eles tocaram no MTV Acústico é muito boa, além de revolucionária para a época (10 minutos na TV aberta não era pouca coisa).
O reencontro do Rod Stewart como Ron Wood também trouxe lembranças da Jeff Beck Group
O Acústico do Nirvana é a única coisa da banda que consigo ouvir, mesmo com muita gente, depois, dizendo que o David Bowie “fez um cover” para uma música do Nirvana …
muito legal, Marcella. Curioso para ver a segunda parte
The Man Who Sold the World é um dos covers (acústicos) que mais aprecio. E os integrantes do Nirvana escolheram David Bowie justamente por tudo que ele representa: o de não permiti que as ideias dos outros ou as normas/padrões sociais fossem empecilho para sua música ou qualquer outra forma de manifestação. Kurt era averso a qualquer tipo de preconceito, e Bowie era um ídolo e grande inspiração (não apenas musical, mas sobretudo a humana).
Bem lembrado dos tempos da Jeff Beck Group… Adicionarei ao texto!
Agradecida, Mairon!
Excelente matéria Marcella.
O meu preferido desde sempre é o do Kiss, mas Eric Clapton, Alice in Chains e Nirvana são ótimos também. Pouco tempo antes da MTV começar com esse formato saiu em CD uma apresentação acústica do Bon Jovi, que não vou lembrar onde foi gravado, que é excelente também.
Verdade! Meses antes do Unplugged estrear na MTV, Jon Bon Jovi e Ritchie Sambora se apresentaram acusticamente no Video Music Awards (1989).
Obrigada.
De todos os citados, o acústico do Kiss é bastante especial para mim. Foi só através dele que eu passei a realmente prestar atenção no grupo e fui atrás de toda sua discografia. Todas as versões são muito vívidas, ao mesmo tempo simples e caprichadas, como devem ser. Passado todo esse tempo, o disco mantém seu frescor, ainda mais levando em consideração que muitas músicas geralmente deixadas meio de lado pelo grupo foram executadas. “Comin’ Home” (maravilhosa), “Plaster Caster”, “Goin’ Blind”, “Rock Bottom”… Todas muito bem resgatadas. É uma pena que “Hard Luck Woman” não tenha sido incluída no álbum, pois, além de ser uma de minhas dez canções favoritas do Kiss, Paul Stanley faz um trabalho melhor do que Peter Criss no vocal.
Seria interessante se a segunda parte contasse com o Acústico do Capital Inicial. Entendo que muita gente não goste da banda, especialmente do que fez após esse trabalho, mas desconheço um disco desse tipo que tenha sido tão instrumental no resgate da carreira de um artista. Mais do que isso: a banda se tornou bem maior do que jamais havia sido graças ao renascimento catalisado pelo Acústico. É claro, sem esquecer que o disco realmente é muito bom. Pena que o sucesso maior foi justamente o de “Natasha”, talvez a mais fraquinha e simplória do álbum.
O grande problema do Capital Inicial é o Dinho Ovo Preto que sofre de síndrome de Peter Pan e é um falastrão sem igual! A única coisa que o Capital Inicial fez que eu ouvi e não vomitei e até gostei foi aquele disco com músicas do Aborto Elétrico. E o Capital dos anos 80 por incrível que pareça era menos pior do que o Capital pop e radiofônico pós-acústico. O Dinho até cantava melhor naquela época, pelo menos ele não imitava aquele chatérrimo do Sono Vox digo Bono Vox.
Sim, hoje em dia o Dinho tornou-se um personagem negativamente folclórico, mas acho que seu trabalho nos dois primeiros discos do grupo é bem satisfatório, assim como o trabalho de todos os integrantes. Depois deles a banda deu uma desandada forte, mas o “Acústico MTV” conseguiu resgatar bons momentos mesmo entre os álbuns questionáveis. “Fogo”, por exemplo, ficou bem legal.
Excelente matéria!
Realmente os acústicos da MTV e os afins que se basearam nos do canal, foram e ainda são muito importantes para a música em geral. Alguns arranjos mostram como a canção foi criada, outras, ele reimaginam a música, com outros elementos.
E por isso que estão voltando a produzir mais acústicos.
Seria interessante o site comentar sobre os acústicos que não fizeram parte da MTV.
A cover do Korn para Creep dos Radiohead chega dar uma vergonha alheia de tão ruim que é. Aliás, tudo o que fizeram dá vergonha alheia do ridículo e ruindade do que fazem. MAS… a apresentação se salva quando as vozes de Bob Smith (até então produtivo) e de Amy Lee (num dos raros momentos em que consegue acertar o tom de voz ao vivo) surgem. De resto… é só vergonha.