Heavenless – whocantbenamed [2017]

Heavenless – whocantbenamed [2017]

Por André Kaminski

Banda potiguar lá de Mossoró, posso dizer que fui bem surpreendido com a musicalidade desse trio. Formada por Kalyl Lamarck (vocais, baixo), Vinicius Martins (guitarras) e Vicente Andrade (bateria), os caras lançaram seu debut no ano passado e demonstraram que estão no caminho certo para serem uma banda brasileira referência no estilo death/hardcore que adotaram.

Em várias músicas, percebe-se também que há uma influência do doom e do sludge em sua sonoridade, tornando seu som extremo bastante variado para quem se cansa rápido de velocidade e bumbos duplos. Há até mesmo um certo “groove” na forma em que muitos dos riffs são construídos.

Vicente Andrade (bateria), Kalyl Lamarck (vocais, baixo) e Vinicius Martins (guitarras).

As músicas que destaco são a pancadaria “Hopeless” em que o baterista Vicente Andrade desse a mão sem dó. Adorei a bateria e a forma como eles compuseram essa canção. Varia da velocidade inicial, ao médio tempo a um fim mais cadenciado que não soa estranho aos ouvidos visto que eles foram diminuindo aos poucos. “The Reclaim” inicia mais arrastada e doom, com foco nas guitarras de Vinicius que riffam de forma bastante pesada. Lembra os bons momentos do My Dying Bride. “Hatred” é uma faixa mais hardcore e com um detalhe interessante na percussão: um som ou de triângulo (daqueles típicos do Nordeste) ou de cowbell. Não sou dos entendidos de bateria, mas quem ouvir e saber o que é, me avisa lá nos comentários. Dentre outras ótimas faixas, ainda há “Uncorrupted” com uma sequência de riffs curtos e os vocais guturais de Kalyl sendo bastante acionados em praticamente toda a canção. Ao final dela, um belo solo de guitarra.

Apesar da arte do disco um tanto blasfema e um tom crítico às religiões nas declarações do press release, as letras das canções optam mais por frases soturnas, com temas retratando as trevas e a escuridão ao invés de apelar para o já batido tema satânico e anti-religioso que muitas bandas extremas já abusaram à exaustão. Achei um ponto bastante positivo ao fugir desse clichê, o que demonstra que a banda realmente quer se diferenciar das demais.

No geral, achei um ótimo disco. Demonstrou trabalho sério, dedicação e uma vontade de fazer um som extremo de qualidade. Méritos também a Cassio Zambotto pela produção excelente e que enfatizou o peso das guitarras sem deixar o baixo e a bateria de lado. Para quem gosta, pode ir de boa. A banda ganhou comigo um ouvinte atento aos seus futuros trabalhos.

Tracklist

  1. Enter Hades
  2. Hopeless
  3. The Reclaim
  4. Hatred
  5. Soothsayer
  6. Odium
  7. Uncorrupted
  8. Deceiver
  9. Point-blank
Kalyl Lamarck (vocais e baixo), Vinicius Martins (guitarras) e Vicente Andrade (bateria).

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