Nathan – Era [2018]
Por Ronaldo Rodrigues
O Nathan é um dos diversos grupos italianos que mantém acessa a fornada de um típico estilo de rock progressivo que há décadas atrai ouvintes no mundo inteiro. Sua estreia fonográfica ocorreu em 2016, com o álbum Nebulosa, que foi bem cotado entre apreciadores do gênero e a mídia especializada. Dois anos depois, um novo trabalho batizado como Era, surge em abril através do selo italiano AMS Records. O trabalho foi disponibilizado gentilmente pela banda através da produtora carioca Vértice Cultural.
O rock progressivo executado pela banda é decladaramente sinfônico, equilibrando-se entre a mais clássica tradição italiana e ares mais modernos. Os primeiros segundos de “Figli di Cane” já são a síntese de um trabalho especialmente consistente – um rock progressivo repleto de dinamismo, multiplicidade de climas e variações construídas com inteligência. “Invisible”, a faixa seguinte, já tem sonoridades de teclados mais próximas dos anos 1980; a seção rítmica da música, porém, atesta que o Nathan não se atém às armadilhas do chamado neo-prog, a despeito de ser a faixa com estrutura mais contemporânea do álbum.
“Vie dei canti” rememora um bocado a fase Genesis-pós Peter Gabriel, com guitarras bem presentes e ótimas frases de teclado em sua seção final e “L’Ombra del Falco” é progressiva por excelência, com variações surpreendentes e elementos que tornam a composição bastante coesa e atraente. “L’Ultimo Giro” tem uma introdução empolgante e teclados incríveis em toda sua extensão, mas é a faixa mais pop do trabalho, seja pela melodia vocal ou pelo ritmo marcante da bateria. Já “Indaco” é uma bela balada prog, com ótimas inserções de mellotron e a dramaticidade típica do rock italiano, com um belo solo de guitarra ao término.
“Maschere” lembra o Locanda delle Fate, com uma linha vocal bastante expressiva e “Esistono ore perfette” é um fechamento bem denso, com seções bem distintas e belamente esculpidas, na qual brilham Piergiorgio Abba e Daniele Ferro.
Os teclados de Piergiorgio Abba são um grande destaque no álbum, com uso amplo de timbres, tanto aos que remetem aos clássicos timbres setentistas quanto a sonoridades mais modernas e o uso do piano acústico. O guitarrista Daniele Ferro é outro bastião do som do Nathan, com ataques poderosos nas bases e solos inspirados. Sua sonoridade contudo é um pouco genérica para o estilo. O vocalista Bruno Lugaro mantém a tradição vocal do rock progressivo italiano, o que funciona perfeitamente para quem já é afeito a essa escola. O baixista Mauro Brunzu e o baterista Fabio Sanfilippo entregam com tranquilidade o que se espera da cozinha de uma banda de alta musicalidade, porém a sonoridade de seus instrumentos e sua posição na mixagem do álbum, não os auxilia em obter maior destaque.
Em suma, o segundo álbum do Nathan traz bons momentos para os apreciadores do rock progressivo atual, mantendo-se fiel a tradição do estilo e agradando também os fãs que o estilo ganha a partir da vertente prog-metal. Talvez considerando a alta concorrência entre lançamentos deste estilo, o álbum encontre dificuldades para capturar uma atenção especial nos ouvintes, mas possui predicados para ser devidamente degustado pelo público.
Track List
1 – Figli di cane
2 – Invisibile
3 – Vie dei Canti
4 – L’ultimo Giro
5 – L’ombra del Falco
6 – Indaco
7 – Maschere
8 – Esistono ore Perfette
Ouvi algumas faixas no youtube e, de fato, o peso das guitarras deles quase beira ao prog metal. Gostei principalmente do bom uso dos teclados que são tão chamativos quanto as guitarras.
Valeu André! o som dos caras é bem legal…abraço!
Não conhecia a banda, mas a resenha e o comentário me despertaram a vontade de ouvir. Vou procurar!
Show, Marcello! depois comenta com a gente sobre o que achou.
Músicas interessantes, gostei bastante do trabalho de teclados da banda. Não conheço muito do prog italiano (só as bandas clássicas dos anos 70, como o PFM – e mesmo assim não conheço muito a fundo), mas as músicas que ouvi são boas, sobretudo “Invisible” e “Vie dei Canti”.
Grande Ronaldo
Apesar do texto motivador, ouvi as canções que estão disponibilizadas no youtube, e não foi de meu agrado. É moderno demais para meus ouvidos. Lamento não ter curtido, mas agradeço a indicação.