Direto do Forno: Blixten – Stay Heavy [2018]
Por Fernando Bueno
A participação das mulheres no metal não é recente. Antes mesmo de Tarja Turunem inspirar milhares de garotas a cantar em uma banda de heavy metal muitas outras mulheres já tinham participado com menor ou maior repercussão em diversas bandas ao redor do mundo. No heavy metal tradicional podemos lembrar com mais facilidade das garotas do Girlschool e de Doro Pesch e seu Warlord.
Quando recebi o CD do Blixten eu não sabia muito o que esperar. Não tinha lido nada sobre eles e a audição foi sem ter parâmetro algum. E a primeira banda que me remeteu quando ouvi os paulistas foram os americanos do Chastain, que era liderado pelo guitarrista David Chastain e que tinha Leather Leone nos vocais. O Blixten tem seu som calcado exatamente na época em que surgiu a banda de Leather, mais ou menos na metade dos anos 80. Quem me conhece sabe que essa época, e essas bandas, recebe um tratamento especial por mim. Muitas vezes eu me pego gostando de coisas desse período que outros desprezam. Então pode ser que quando indico algo nessa linha pode não convencer muita gente, mas prometo que esse não é o caso.
O Blixten é uma banda formada em 2014 na cidade de Araraquara, interior de São Paulo e tem Kelly Hipólito nos vocais, Miguel Arruda na guitarra, Aron Marmorato no baixo e Murilo Deriggi na bateria. Em 2017 foi lançada sua primeira música “Like Wild”. Não encontrei mais informações, mas acredito que apenas em formato digital. O primeiro EP da banda, Stay Heavy, foi lançado de forma independente em março de 2018 e a faixa de 2017 foi incluída junto desse material.
O Blixten se junta a uma leva de bandas brasileiras que estão apostando no heavy metal tradicional oitentista como o Axecuter, Battalion, Hellish War e Grey Wolf. O som do Blixten não é necessariamente igual ao dessas bandas, eles têm uma pitada maior de hard rock, mas as influências são as mesmas o que fica claro já na faixa de abertura – que é precedida por um tema de Mozart – “Trapped in Hell”. A faixa recebeu um vídeo clipe ao exemplo da já citada “Like Wild”.
A faixa que dá nome ao EP já é mais calcada no hard rock e, por mais incrível que pareça, me lembrou “Something for Nothing” do Rush. Certamente alguma sinapse maluca do meu cérebro fez essa associação e em todas as vezes que ouvi o disco a impressão foi a mesma. Em “Maktub” um violão faz a introdução da música que é a mais diferente do disco. Seu andamento é mais lento que o restante das faixas e parece ter sido mais trabalhada no momento d sua composição. “Strong as Steel” é a mais heavy metal das faixas e até agora a minha preferida.
No geral eu gostei de como soam todos os instrumentos entre si, mas achei que a voz parece um pouco deslocada do todo. Porém não entendam que eu não gostei da voz de Kelly, pelo contrário, achei bastante versátil, apenas que nos meus ouvidos ela parece em outro plano que os instrumentos, apesar disso ser difícil de explicar. Ainda sobre os instrumentos, seus timbres podem ter sido baseados com as diversas bandas oitentistas que são influencias da banda, mas por se tratar de um grupo atual acredito que poderiam ter um pouco mais de corpo.
É muito bom ver a proliferação de boas bandas brasileiras e ter a certeza que não ficaremos presos somente às bandas clássicas que surgiram no país. Torço para que o Blixtex consiga se manter, evolua e produza novo material. Sucesso!