CJ Ramone – American Beauty [2017]
Por Micael Machado
Christopher Joseph Ward passou a fazer parte dos Ramones em 1989, sendo imediatamente “rebatizado” como CJ Ramone, e permanecendo como baixista e eventual vocalista do quarteto nova-iorquino até o encerramento das atividades do grupo, em 1996. Após tentativas de continuar em evidência participando de bandas como Los Gusanos e Bad Chopper, CJ embarcou em uma carreira solo iniciada com o álbum independente Reconquista, de 2012, seguido por Last Chance to Dance, de 2014, voltando sua música à sonoridade tradicional de seus tempos ao lado dos “brothers” de sua banda mais famosa. American Beauty, de 2017 (lançado nas versões CD, vinil preto e em uma linda edição limitada em vinil colorido pela gravadora Fat Wreck Chords, de propriedade do músico Fat Mike, do NOFX, sendo o segundo registro de CJ por este selo), dá continuidade à trajetória do músico, que mais uma vez se fez acompanhar pelas lendas do punk rock Steve Soto (ex-Adolescents, infelizmente falecido em junho deste ano) e Dan Root (ex-Tender Fury e também membro do Adolescents) nas guitarras, além do baterista Pete Sosa (ex-integrante do Roger Miret And The Disasters), em um disco que certamente agradará à enorme e saudosa legião de fãs dos Ramones.
Músicas mais rápidas como a energética “Let’s Go” (que abre os trabalhos e é um dos destaques do álbum), “Girlfriend In A Grave Yard” (onde a guitarra solo tem um pezinho na surf music da década de 1950), “Steady As She Goes” e “Run Around” são similares às faixas com CJ nos vocais que encontramos nos discos dos Ramones de Mondo Bizarro para a frente. “You’ll Never Make Me Believe” e “Moral To The Story” são mais cadenciadas, mas também não soariam deslocadas no meio do track list destes mesmos álbuns, sendo que a última tem uma vibe bem anos 60 que frequentemente aparecia nas composições da ex-banda de Ramone, e que aqui ainda é enfatizada por um interessantíssimo solo de guitarra.
“Be A Good Girl” soa como uma daquelas semi-baladas cheias de romantismo que Joey costumava compor para os Ramones, e não é difícil imaginar Dee Dee na composição e nos vocais da agressiva “Yeah Yeah Yeah”. O riff inicial de “Without You” (com participação especial da cantora Kate Eldridge, do Big Eyes) lembra muito o de “The KKK Took My Baby Away” (embora a canção seja mais lenta que a dos “brothers”), e a semi-balada “Before The Lights Go Out” tem ali no meio uma parte “chupinhada” na cara dura de “I Want You Around”, outra composição da ex-banda de CJ. Até mesmo um cover de Tom Waits aparece no disco (“Pony”, que conta com trompetes mariachi em seu arranjo), remetendo a “I Don’t Want to Grow Up”, gravada “você-sabe-por-quem” no álbum ¡Adios Amigos!, de 1995. Para fechar o track list do disco (e, no caso do vinil, o lado A do mesmo), temos a acústica “Tommy’s Gone”, curta e bela homenagem a Tommy Ramone, baterista original e depois produtor por muitos anos daquele tal quarteto tão falado até aqui, infelizmente falecido em 2014.
Se você procura por originalidade e pelos “novos bons sons” do rock atual, fique longe de American Beauty. Mas, se você quer escutar algo empolgante, com um astral “para cima” e divertido, além de bem composto, gravado (em parceria entre CJ e o produtor e engenheiro Paul Miner) e tocado, com melodias agradáveis e refrões pegajosos (do tipo que você já se pega cantando junto depois de uma única audição), além de emular perfeitamente a sonoridade da melhor banda de rock que já passou por este planeta, então pode se entregar sem medo, pois este é o álbum recomendado para você. Valeu, CJ, e que mais discos assim venham por aí!
Track List:
1. Let’s Go
2. Yeah Yeah Yeah
3. You’ll Never Make Me Believe
4. Before The Lights Go Out
5. Girlfriend In A Graveyard
6. Tommy’s Gone
7. Run Around
8. Steady As She Goes
9. Without You
10. Be A Good Girl
11. Moral To The Story
12. Pony
5 anexos
O C.J Ramone compôs duas músicas excelentes no último álbum de estúdio do Ramones o subestimado e injustiçado Adios Amigos! que são Scattergun e I Got a lot to Say. A primeira cantada pelo próprio C.J e a segunda cantada pelo Joey. E fora que C.J ainda teve a responsa de cantar três temas magníficos composto pelo Dee Dee. Ele podia não ter o mesmo carisma do junkie doidaço do Dee Dee mas foi um baixista excelente para o Ramones, e ajudava Joey nos backing vocals ainda mais que o Dee Dee. E falando em Adios Amigos!, gostaria que um dia vocês fizessem uma resenha completa sobre esse álbum injustiçado e comentassem faixa por faixa desse disco. Só não vale vocês virem com frescura iguais aos críticos frustrados e infelizes da extinta revista Bizz. Falo isso porque naquela revista de jornalista frouxo, corno e filho de puta os críticos só sabiam elogiar discos carne de vaca que todo mundo já cansou de ouvir. Para eles, uma banda que mudava um pouco o estilo e começava a tocar um estilo mais pesado e anticomercial não prestava.
Poxa vida, essa página deixou passar em branco o relançamento do White Album dos Beatles com vários outtakes e a nova remasterização do álbum. Gostaria que vocês fizessem uma matéria sobre esse grande disco dos Beatles, mas ao que me parece o Mairon ou o Maicon não gostam deles. hahahaha
Isso sem contar que o White Album está completando 50 anos, e nada mais justo do que uma grande página sobre rock promover um debate sobre esse disco clássico.
Estão nos meus planos uma matéria abordando o relançamento do White Álbum (Beatles) e do Imagine (John Lennon). Estou tentando conseguir os box sets para poder comentar não apenas a história do disco como os bônus que estão chegando agora no mercado.
Pô, eu acho o The Beatles (Album Branco) muito bom
Da fase final é o melhor mesmo!! O grande barato do White Album é o fato de mostrar uma faceta mais roqueira e barulhenta dos Beatles. Porque normalmente críticos de música só falam ou do Sgt Pepper ou das músicas românticas dos Beatles. A partir dessa fase o Paul McCartney iria maltratar(no bom sentido) a garganta dele, forçando, berrando e gritando com toda a força.