Judas Priest – Firepower [2018]
Por Mairon Machado
Vários são os lançamentos de 2018 que deixaram os fãs do Heavy Metal satisfeitos. Com certeza, nas listas que irão surgir em breve, um álbum que irá se destacar será Firepower, o mais recente disco de Rob Halford (vocais), Ian Hill (baixo), Scott Travis (bateria), Glenn Tipton (guitarras) e Richie Faulkner (guitarras), ou seja, o Judas Priest. Décimo oitavo disco dos britânicos, Firepower chegou às lojas em março desse ano. Achei que algum colega Consultor iria se animar a resenhá-lo, mas como não houve nenhuma manifestação em pró-disso, e já estamos encerrando 2018, então resolvi colocar minhas mangas para fora e tecer alguns comentários sobre mais um grande disco do Judas.
Abrindo os trabalhos, a faixa-título nos brinda com um lindo duelo de guitarras gêmeas, aquela pegada típica da bateria de Scott Travis (dois bumbos com uma velocidade absurda, para nos lembrarmos de “Painkiller”), e Halford soltando a voz naquele refrão que fará tremer ginásios. O ritmo avassalador segue em “Lightning Strike”, que resgata a escala egípcia, há tempos afastadas das gravações de gigantes do metal britânico. O clima muda em “Evil Never Dies”, com mais peso e sem tanta velocidade, e uma mudança de andamento bem divergente do que estamos acostumados a ouvir nas canções do Priest. Até a voz de Halford está diferente, um tanto quanto moderna. Se fosse uma faixa do Fight, ficaria muito bem encaixada. De toda forma, não é nada desprezível.
Sintetizadores surgem na introdução de “Never The Heroes”, remetendo-nos diretamente para Power. Porém, a entrada da bateria traz peso e um riff arrastado de guitarra, em uma canção bastante distinta, com a presença de um dedilhado de guitarra limpa e um ar bastante moderno, com certeza obra de Faulkner. Só percebemos que é Priest durante o refrão, onde Halford grava mais um nome de canção na vasta obra do grupo. “Necromancer” segue a linha do que foi registrado em boa parte no antecessor, Redeemer of Souls (2014), mas com muito mais peso.
Adoro o riff de “Children Of The Sun”, com um ar setentista, e principalmente, escutar Halford cantando de forma natural, sem forçar. Dos grandes vocalistas do metal britânico, ele e Biff Byfford são os únicos que ainda conseguem manter o vocal em perfeitas condições sem forçar, e não à toa, Halford ainda é uma referência para os jovens vocalistas do estilo. O trecho de guitarra dedilhada é para irmos direto ao ano de 1975, em Sad Wings of Destiny, e lembrarmos dos melhores momentos de “Victim of Changes”. De chorar!
Também de chorar é a vinheta “Guardians”, 1 minuto e seis segundos de um suave dedilhado ao piano, com a guitarra reproduzindo o mesmo tema, para cair em “Rising From Ruins”, faixa que lembra bastante momentos do ótimo (mas contestado) Nostradamus (2008), e com uma imponência épica descomunal. Não nego que considero essa a melhor canção de Firepower, até por que o trabalho de todo o grupo é muito bem feito (até um mandolin é usado na gravação), mas em especial, pelas guitarras, que estão impecáveis.
“Flame Thrower” é uma faixa rocker, que particularmente não simpatizo muito, e “Spectre” começa com efeitos eletrônicos, mas vai por novos caminhos, um tanto quanto hardeiros, e com um clima de Alice Cooper no ar, principalmente pelas vozes feitas por Halford. Destaque para os solos de guitarra aqui. Não se deixe enganar pela introdução de “Traitors Gate”, outra que está entre as minhas preferidas. Seu começo com guitarras dedilhadas, engana bastante. É uma pancada pesada, com Travis mandando ver e um riff sujo, mas visceral.
“No Surrender” retorna ao estilo de “Necromancer”, sem perder suas modernidades, principalmente durante os solos de guitarra. “Lone Wolf” esbanja peso e referências sabbháticas para os ouvintes em seu riff, e mesmo durante sua audição, temos a sensação de que o velho Iommi bigodudo está nas seis cordas. Por fim, “Sea Of Red” surge com uma linda introdução somente com violões, em um dedilhado hipnotizante e pronto para arrancar lágrimas, trazendo a voz sagrada de Halford, e avança por uma balada maravilhosa, com presença – tímida – de cordas e uma interpretação arrasa quarteirões por Halford, sua melhor em Firepower, encerrando o mesmo em grande estilo.
“Lightning Strike”, “Spectre” e “No Surrender” receberam vídeos promocionais que conquistaram a atenção dos fãs. Nos Estados Unidos, vendeu quase cinquenta mil cópias logo na primeira semana, uma façanha nos dias de hoje, e tornou-se o álbum do Judas Priest a chegar na posição mais alta da Billboard, o quinto lugar.
Infelizmente, o álbum marca a despedida de Glen Tipton, por conta do Mal de Parkinson, mas por outro lado, também marca a presença forte de uma das maiores bandas de todos os tempos ainda em ativa, com uma força descomunal e pronta para agradar aos nossos ouvidos por muitos e muitos anos. Um dos melhores discos de 2018, e quiçá, da década atual.
Track list
1. Firepower
2. Lightning Strike
3. Evil Never Dies
4. Never The Heroes
5. Necromancer
6. Children Of The Sun
7. Guardians
8. Rising From Ruins
9. Flame Thrower
10. Spectre
11. Traitors Gate
12. No Surrender
13. Lone Wolf
14. Sea Of Red
Excelente álbum, entrou para a minha lista dos melhores de 2018. Espero que o Judas ainda permaneça conosco por um bom tempo, mas, com a saída do Tipton, não sei…
Ah, finalmente alguém da Consultoria ouviu minhas preces, e finalmente uma resenha de Firepower é publicada aqui no site, a meu pedido. Parabéns e obrigado ao chefe Mairon que se deu enfim ao luxo de resenhar o melhor disco lançado em 2018 e que, devido ao mal de Parkinson do Sr. Tipton, será mesmo o último álbum do meu amado Priest em definitivo. Quanto ao repertório escolhido, não tenho do que reclamar (saiu exatamente como eu esperava), mas só achei estranho o disco encerrar com “Sea of Red”… Mas, tá bom, destaque para “Flame Thrower” a desfavorita do patrão e a MINHA favorita de Firepower. Aproveito para ressaltar só mais uma coisa: o Priest pode até acabar depois desse excelente álbum, mas o que importa é que continuarei a ouvi-los sempre. Obrigado Judas Priest, nós nunca vamos te esquecer!
PS: Méritos para os produtores Andy Sneap e Tom Allom, que realizaram um brilhante trabalho na produção de Firepower. É só comparar com o anterior Redeemer of Souls (2014) para entender a diferença nítida.
Parabéns Mairon, excelente resenha desse magnífico algum, Judas mostrando que ainda é capaz de fazer clássicos, o melhor do ano pra mim.
“Com certeza, nas listas que irão surgir em breve, um álbum que irá se destacar será Firepower”
Já surgiram, né? Só falta a desse site
Esse álbum está em várias listas de melhores álbum de 2018
Fiz umas pequenas alterações no tracklist de Firepower depois que eu baixei o disco pela Internet, a minha versão segue a seguinte ordem:
1. A faixa-título
2. Lightning Strike
3. Evil Never Dies
4. Never the Heroes
5. Flame Thrower
6. Guardians + Rising from Ruins
7. Sea of Red
8. Children of the Sun
9. Necromancer
10. Spectre
11. No Surrender
12. Traitors Gate.
Lembrando que não gosto muito de “Lone Wolf” por achar que ela destoa do restante do tracklist do álbum, portanto encaro-a essa como uma “faixa-bônus” de Firepower.
Igor. você deveria trabalhar como produtor musical, crítico de música, ou quem sabe em um circo, porque parece que vc gosta de fazer papel de bobo aff. Tu não parece ser má pessoa brother, mas pelamordedeus pensa antes de comentar cara. Uma hora alguém ainda vai te ofender de forma contundente e vc vai ficar puto. Abraço. E não to falando em nome de ninguém, sou leitor como vc. e só to falando o que é notório
Meu caro Luiz H., eu apenas expressei a minha opinião. Eu não acho “Lone Wolf” uma música ruim, pelo contrário… Ela é sim uma ótima música (como todo o disco é), mas que para mim não se encaixa no contexto geral de Firepower. Daí a minha opinião dela ser a “faixa-bônus” deste disco. E façamos um favor: vamos maneirar em nossas opiniões e comentários aqui na Consultoria, por favor, né?
Se tem alguém aqui que precisa maneirar nas suas opiniões e no caminhão de comentários desnecessários e sem sentido é você, Igor. O Luiz até que foi bastante educado, considerando o seu histórico. No fundo mesmo acho que você quer atenção e, pois bem, aqui estou eu fazendo papel de otário e lhe fornecendo atenção. Passar bem.
“No fundo mesmo acho que você quer atenção e, pois bem, aqui estou eu fazendo papel de otário e lhe fornecendo atenção. Passar bem.”
Tá certo, chefão! Já entendi tudo. Desculpa as recaídas aí…
Discaço sensacional!!!! É até emocionante ouvir algo tão inspirado do Judas nesse ponto da carreira!
Falou tudo, Zé Carlos! Firepower é realmente uma obra-prima do JP, eu costumo falar que este é o melhor disco da banda desde Defenders of the Faith (1984), o que não quer dizer que eu não goste do Painkiller (1990), Angel of Retribution (2005) e Redeemer of Souls (2014). Gosto destes três álbuns sim mais o Firepower, mas nada se compara aos marcos históricos British Steel (1980), Screaming for Vengeance (1982) e o já citado Defenders of the Faith – com exceção dos famigerados Point of Entry (1981), Turbo (1986) e Ram it Down (1988).
E a turnê do album pra esse ano??? (2019) – marcio “osbourne” silva de almeida – joinville/sc