Cinco Discos Para Conhecer: O AOR Canadense
Por João Renato Alves (publicado originalmente no site Van do Halen)
A grande referência quando se fala em Rock e Canadá não poderia ser outra, senão o Rush. Mas o país oferece muito mais para quem se dedica a caçar algumas pérolas. Hoje vamos abordar o lado mais melódico do gênero, mergulhando de cabeça no AOR da terra que vai de mar a mar.
Loverboy – Get Lucky [1981]
(por Igor Miranda)
O Loverboy é mais um exemplo da falta de espaço que as bandas do Canadá têm nos Estados Unidos. O quinteto tentou fechar com várias gravadoras estadunidenses até conseguirem um contrato com a filial canadense da Columbia Records. O debut, autointitulado, deu destaque para o grupo regionalmente. Mas o divisor de águas foi realmente o seu sucessor. Get Lucky foi lançado no final de 1981 e definitivamente colocou os canadenses no mapa. Chegou ao top 10 da Billboard nos Estados Unidos e deu visibilidade para o resto do mundo. Com o carisma de Mike Reno e os teclados de Doug Johnson orientando or egistro, o Loverboy deu um toque radiofônico ao típico AOR praticado na época, o que resume o sucesso desse trabalho.
Mike Reno (vocal), Paul Dean (guitarra), Scott Smith (baixo), Matt Frenette (bateria), Doug Johnson (teclados)
1. Working For The Weekend
2. When it’s Over
3. Jump
4. Gangs In The Street
5. Emotional
6. Lucky Ones
7. It’s Your Life
8. Watch Out
9. Take Me To The Top
Em qualquer lista dos grandes trabalhos de AOR/Melodic Rock que se preze, esse álbum tem que estar. O Alias surgiu graças à união do vocalista Freddy Curci (ex-Sheriff) com o guitarrista Roger Fisher. Completam o time três músicos egressos do Heart, o baixista Steve Fossen, o guitarrista Steve Demarchi e o baterista Mike Derosier. Juntos, eles gravaram esse ótimo play, que rapidamente ganhou disco de ouro nos Estados Unidos e emplacou duas faixas no top 5 da Billboard: “More Than Words Can Say” e “Waiting for Love”. A banda seguiu em turnê para promover o disco, abrindo para o REO Speedwagon, mas logo diferenças pessoais provocaram uma debandada, sobrando apenas os dois que iniciaram o projeto. Músicas para um segundo álbum chegaram a ser registradas, mas não foram lançadas até 2009, quando Never Say Never foi lançado oficialmente pela EMI canadense. Hoje o grupo voltou a hibernar. De qualquer maneira, deixou esse belíssimo trabalho, um verdadeiro clássico do estilo.
Freddy Curci (vocais), Steve DeMarchi (guitarra), Roger Fisher (guitarra), Steve Fossen (baixo), Mike Derosier (bateria)
1. Say What I Wanna Say
2. Haunted Heart
3. Waiting for Love
4. The Power
5. Heroes
6. What to Do
7. After All the Love Is Gone
8. More Than Words Can Say
9. One More Chance
10. True Emotion
11. Standing in the Darkness
Paul Laine – Stick It In Your Ear [1990]
(por Igor Miranda)
Paul Laine é um nome conhecido por ter substituído Ted Poley no Danger Danger. Mas antes de ter ocupado a vaga do loirão, o canadense já havia se destacado na cena com um álbum solo, intitulado Stick It In Your Ear e lançado em 1990 pela Elektra Records. Na época, Laine já havia feito trabalhos de backing vocal em álbuns do Poison e do Scorpions, então não se tratava de um completo anônimo. Apesar de não ter conquistado o devido sucesso, Stick It In Your Ear mostra que tem qualidade para chegar ao topo. Paul Laine apresenta um misto coeso entre AOR e Hard Rock, casando o peso deste com a melodiosidade daquele. Uma porção de músicos de estúdio proporcionaram o ótimo instrumental aqui providenciado, cheio de ganchos melódicos e bons andamentos, mas é Laine que se destaca com sua voz potente, técnica e levemente rasgada. Um grande trabalho.
Paul Laine (vocal, guitarra, teclados, piano), Mickey Curry (bateria), Pat Steward (bateria), John Webster (teclados), Rene Worst (baixo), Kenny Kaos (guitarra), Scott Brown (baixo), Paul GoGo (teclados), Bruce Fairbairn (piano)
1. One Step Over the Line
2. We Are the Young
3. Dorianna
4. Is It Love
5. Heart of America
6. Main Attraction
7. Doin’ Time
8. I’ll Be There
9. Break Down the Barricades
Harem Scarem – Harem Scarem [1991]
Alguns trabalhos tornam-se referência não apenas de uma banda, mas do estilo como um todo. Pensar em Melodic Rock e não lembrar a estreia do Harem Scarem é praticamente impossível. Embora alguns fãs prefiram o trabalho seguinte, Mood Swings, foi com seu primeiro disco que o quarteto canadense pavimentou o caminho para o sucesso, atingindo um êxito comercial que jamais seria alcançado novamente até o encerramento de suas atividades. Muito desse êxito aconteceu graças a uma série de TV local, chamada Degrassi Junior High, que utilizou oito das dez músicas do álbum em sua trilha sonora e no longa metragem que marcou seu final. Temos um trabalho que empolga os adeptos do estilo, sem deixar muito tempo para respirar. Desde a abertura com a clássica “Hard To Love”, já podemos notar que estamos diante de algo diferenciado. Poucas baladas têm o poder de tocar a alma como “Honestly”, um dos exemplares mais bonitos da espécie. O grande hit-single do disco é a lindíssima “Slowly Slipping Away”, que foi longe nas paradas e ganhou um clipe simplesmente maravilhoso. “How Long” é uma das faixas que melhor representa a banda. Ela meio que resume a perfeição que é todo o álbum, unindo todos os elementos em uma faixa. Imperdível!
Harry Hess (vocais), Pete Lesperance (guitarra), Mike Gionet (baixo), Darren Smith (bateria)
Convidado especial
Ray Coburn (teclado)
1. Hard To Love
2. Distant Memory
3. With A Little Love
4. Honestly
5. Love Reaction
6. Slowly Slipping Away
7. All Over Again
8. Don’t Give Your Heart Away
9. How Long
10. Something To Say
Aldo Nova – Blood On The Bricks [1991]
O nome artístico do canadense Aldo Caporuscio pode não dizer muito aos menos atentos. Mas esse conterrâneo de Terrance e Phillip já ajudou a escrever páginas importantes na história da música. Não apenas por ter trabalhado com grandes nomes do Rock, como Bon Jovi (o solo de “Runaway” no disco de estreia da banda é dele) e Blue Öyster Cult. Mas ele também compôs e produziu com artistas de outros estilos, tendo como grande cartão de visitas sua colaboração com Celine Dion, fato que a própria considera como a grande virada de sua carreira, quando abandonou seu estilo mais elitista, passando para algo com maior apelo popular. Mas sua carreira-solo estava abandonada desde o álbum Twitch, de 1985. Até que, em um período de férias, seu amigo Jon, o Bom Jovem, resolveu retribuir os favores de outrora. Lançando um selo próprio, o Jambco Records, o cantor contratou Aldo e colocou-o em estúdio com uma banda de primeira linha, tendo o monstruoso Kenny Aronoff (Alice Cooper, Iommi, Lynyrd Skynyrd) na bateria e Randy Jackson (Journey, Zebra, Richard Marx) no baixo. O próprio Nova cuidaria de todos os vocais, guitarras e teclados. Das dez músicas de Blood On the Bricks, nove foram escritas pela dupla, sendo duas com outros parceiros.
Aldo Nova (vocais, teclado, guitarra), Kenny Aronoff (bateria), Randy Jackson (baixo)
Convidados especiais
Steve Segal (slide)
Jon Bon Jovi (backing vocals)
1. Blood on the Bricks
2. Medicine Man
3. Bang Bang
4. Someday
5. Young Love
6. Modern World
7. This Ain’t Love
8. Hey Ronnie (Veronica’s Song)
9. Touch of Madness
10. Bright Lights
Parabéns pela matéria. As sugestões foram excelentes. Canadá tem bandas ótimas, como o Cowboy Junkies.
Harem Scarem, que banda subestimada por todos. Os dois primeiros discos são obras primas.