Sangue Novo: The Lunar Effect
Por Ronaldo Rodrigues
Nem só de indie-rock insosso vive o rock inglês. Há quem jogue cores e fumaça no panorama. Hoje trazemos para esta seção o som do debutante grupo de heavy-rock psicodélico Lunar Effect. Formado em 2014 pelos irmãos Jon e Dan Jefford (respectivamente guitarrista e baterista) que encontraram uma formação estável para o grupo a partir da parceria com o baixista Brett Halsey e o vocalista Josh Gosling em 2016. Naquele ano, um EP surgiu no mercado, batizado de Strange Land, e começou-se a produzir o burburinho que pavimentou o caminho para o primeiro álbum completo.
De lá pra cá, a banda foi forjando o som presente em seu disco de estréia, Calm Before Calm, lançado no último dia 25 de janeiro pelo selo alemão Kosmik Artifactz Records. Já de cara é importante colocar o Lunar Effect em um lugar de destaque entre as centenas de bandas que praticam rock pesado na escola do Black Sabbath, pois há aqui a presença de um bom vocalista e músicas pensadas para a presença de vocais.
Além disso a banda vai além de Black Sabbath em seu caldo de influências, pois há fortes reminiscências de blues e o lado mais “bad-trip” do rock psicodélico sessentista. Não há como se furtar da lembrança de Jim Morrison em algumas passagens, mas tudo vira do avesso quando Josh Gosling se arrisca nos agudos e nos dá uma interpretação do mesmo nível de Robert Plant ou Peter French (Leaf Hound, Atomic Rooster, Cactus). As guitarras são, da mesma forma, capazes de se arrastar em riffs soturnos ou destilar uma rica interpretação embebida de blues nas músicas mais agitadas. A bateria de Don Jefford, bem como o baixo de Brett Halsey, garantem a mais absoluta solidez para a guitarra e o vocal, e tem diversos momentos de destaque no disco, seja por sua interação ou pelas ricas frases que adornam as músicas.
“Woman” e “Call it in” são claramente assentados nos riffs criados por Tony Iommi; “Stare at the Sun” é um rock possante e agitado e “Weaver” é um dos grandes destaques, pelos climas e a dinâmica heterogênea da faixa. Já “Filterdog” é um blues-rock arrastado e malicioso, onde toda a competência fica evidenciada e a faixa título é uma balada aquecida pela presença de piano, violões e guitarra distorcida. Ao fim de 35 minutos de duração, o ouvinte fica com a sensação de ter ouvido um bom disco de rock pesado, com sonoridade condizente com a tradição setentista, repleto de boas ideias, ainda que esteja demasiado ancorado nas próprias referências, mas no qual é possível ver um reluzente futuro musical.
The Lunar Effect
Gênero: Hard rock, Rock psicodélico
Origem: Londres, Inglaterra
Atividade: 2014 – Atualmente
Discografia:
Strange Land (EP) (2016)
Calm Before Calm (2019)
Pra quem quiser conhecer o som da banda, aqui tem o link do álbum na íntegra:
https://www.youtube.com/watch?v=vRy38wWmWB8
Esse disco é muito bom, acabei de ler o artigo e já fui procurar a banda no youtube. É Sabbathzão total o som dos caras.
Só uma coisa a dizer: infinitamente melhor e superior ao hypado Greta Van Fleet.
Obrigado pelos comentários! Abraços!
O que não é missão difícil, convenhamos. O autor começa falando de “indie rock insosso” (exemplos pra quê, não é mesmo?) e aplaude um som tão bobinho quanto kkkkk