Na Caverna da Consultoria: Emerson Marques
Por Mairon Machado
O Na Caverna da Consultoria retorna em 2019, apresentando a entrevista do colecionador Emerson Marques, paulista da gema e um dos maiores fãs de Bruce Springsteen em nosso país. Com um site dedicado ao ídolo, Emerson também é um seguidor e apaixonado por jazz, bem como o rock nacional e o rock oitentista em geral. Aprecie a leitura abaixo, e claro, não deixe de comentar.
Olá Emerson, bem-vindo à nossa casa. Obrigado por compartilhar sua paixão pela música conosco. Por favor, apresente-se aos nossos leitores. Quem é Emerson, como ele se sustenta, cor dos olhos e por aí vai.
Nasci e vivo na capital paulista desde 1973. Sou jornalista de formação, mas antes de exercer a profissão trabalhei por uma década no comércio, mais especificamente em lojas de CDs. Tenho dois filhos pequenos e sou casado com uma jornalista.
Quais suas primeiras lembranças de quando se fala sobre sua paixão pela música?
A paixão pelo música vem antes do meu nascimento. Está no DNA da família. Meu bisavô foi proprietário de uma loja de discos, eletrodomésticos e instrumentos musicais chamada Casa Chopin, que existiu durante a década de 1960, na capital paulista. Minha avó e minha mãe são pianistas, mas nenhuma exerceu a música como profissão. Eu até tentei o piano e a guitarra, mas percebi que não tinha talento e, muito menos, paciência para me dedicar a um instrumento. Então, a música entrou por outros caminhos, em especial os 10 anos que trabalhei em lojas paulistanas como HI-FI, Planet Music, Musical Box e Mr. Music.
Qual e por que foi o primeiro disco que você comprou? Que idade você tinha ao adquiri-lo? Você ainda o tem?
Não lembro do primeiro disco, mas ainda tenho todos os LPs que comprei na vida. Tenho a lembrança viva de adquirir discos lá pelos 9 anos de idade. Tenho, por exemplo, o disco Cantando no Banheiro, do Eduardo Dusek, lançado em 1983. Também tenho um compacto do Sergio Mallandro, com as músicas “Vem Fazer Glu-Glu” e “Mas Que Ideia”, de 1982, e o disco de estreia da cantora Nikka Costa, de 1981. Isso sem falar nas trilhas de novela, que no início da década de 1980 dominavam as vendas de LPs.
Qual o momento que você percebeu que adquirir discos ia se tornar um hobbie para sua vida, tornando-se assim um colecionador?
Na verdade não houve um momento. O gosto pela música sempre me levou a consumi-la, mas nunca me considerei um “colecionador”. É claro que tenho mais discos que 90% das pessoas, mas nunca tive a pretensão ou o objetivo de me tornar um colecionador. Compro apenas aquilo que me interessa e que me dá prazer, mas sem o objetivo de colecionar discos.
Apresente os números da sua coleção, as mídias mais comuns e como é a organização das mesmas nas prateleiras?
Por não me achar um colecionador nato, não me preocupo em contar a quantidade de discos que tenho. O CD domina minha coleção, com cerca de mil discos. O LP vem em seguida, cerca de 200. Eu parei de comprar LPs depois que surgiu o CD. Não tenho vontade de voltar a consumir LPs, ainda mais com o preço que estão cobrando. Também tenho uma boa coleção de K7s, todos originais, cerca de 150. Para guardar os CDs, mandei fazer um móvel especial, com 15 gavetas e portas de vidro, que cabe 1.500 CDs. Eu separo por ordem alfabética e por gênero. Eles estão separados em rock/pop, jazz, trilhas sonoras, música brasileira, eruditos e músicos de outras línguas (espanhol, português, de Portugal, e italiano). Os LPs estão em outro móvel, muito bem cuidados, e os K7s estão divididos em caixas de sapatos e outros no mesmo móvel onde estão os CDs.
Você possui um site dedicado a Bruce Springsteen. Como surgiu sua devoção ao Boss, e como é sua coleção de discos específicos da carreira dele?
Bruce estourou no Brasil com a música “We Are The World”, em 1985. Quem viveu aquela época sabe o impacto que esta música teve. Ao mesmo tempo, o disco Born In The USA estava estourado nos Estados Unidos e é, até hoje, o disco mais bem sucedido do cantor. Em resumo, era impossível viver naquela época e não ouvir Bruce Springsteen. No meu caso, meu irmão tinha comprado o disco Born In The USA antes de sua “explosão” no Brasil. Então, quando ele se tornou onipresente, eu já estava ouvindo seu LP. Depois de sua “invasão” no país, fui atrás dos discos mais antigos. Eu tinha 12 anos de idade. Desde então, o acompanho e consumo quase tudo o que ele produz.
Como você faz para manter atualizado o site?
O site é uma realização pessoal. Uma maneira de praticar o jornalismo com um assunto que adoro. Há pouca informação sobre o cantor em língua portuguesa. Esse foi um dos motivos de ter criado o site. Tenho um vasto conhecimento sobre sua carreira e por isso decidi compartilhar com as pessoas. O site tem muita informação interessante e dezenas de indicações de links sobre o cantor. Além disso, criei players com vídeos pinçados do Youtube para ouvir diretamente do meu blog. Afirmo, sem medo de ser pretensioso, que não há um site em língua portuguesa sobre o cantor melhor do que o meu. Visitem. Também tenho um playlist que criei no youtube, só com clipes do Bruce.
Quantos shows de Bruce você já assistiu? Qual o mais marcante? Conseguiu trocar alguma ideia com ele?
Estive em quatro shows do Bruce. Os três que ele fez no Brasil e um nos Estados Unidos. O mais marcante foi o primeiro, em 1988, quando ele tocou no Parque Antártica, durante a turnê Human Rights Now. Na ocasião, o show ainda tinha as apresentações de Sting, Peter Gabriel, Tracy Chapman, Youssou N’Dour e Milton Nascimento. Também assisti aos dois shows que fez em 2013, um no Rock in Rio e o outro no Espaço das Américas, em SP. Em 2003, vi o show no estádio Giants, em Nova Jersey (EUA), durante a turnê do disco The Rising. Eu nunca tive a oportunidade de chegar perto do Bruce, mas é algo que nunca me atraiu. Estar próximo de um ídolo nunca foi ou será uma “obsessão” . Caso aconteça, ficarei muito feliz, mas não é um objetivo conseguir isso.
Qual o disco que você mais admira na discografia do Bruce, e qual o que você menos aprecia? Por que?
O preferido é Darkness on the Edge of Town, de 1978. O disco traz “hinos” como “Badlands”, “The Promise Land” e “Prove It All Night”. O que menos gosto é We Shall Overcome: The Seeger Sessions, de 2006. Neste disco, Bruce gravou músicas do compositor folk Pete Seeger, de quem a música não me atrai.
Ao mesmo tempo, você é um apaixonado por jazz, tendo um site e um livro dedicado ao estilo. O que efetivamente lhe atrai no jazz?
O jazz é uma história a parte. Ele simplesmente me abduziu. Durante anos trabalhei em lojas de CDs. Mas nunca tinha chamado a minha atenção de verdade. Mas alguma coisa foi plantada neste período e só aflorou quando eu deixei de trabalhar com CDs e me tornei jornalista na prática. Depois veio um site sobre jazz e livro. Agora sou seu um “refém” para sempre. O jazz é a mais importante expressão cultural dos Estados Unidos. A liberdade do jazz, com o improviso, é algo inexplicável. Você não precisa entender o jazz, apenas sinta.
Conte mais sobre o seu livro.
O livro – Jazz ao seu Alcance – é um desdobramento de um site que criei em 2001, que trazia indicações de centenas de sites de jazz. Nele, eu falava sobre sites de revistas, artistas, gravadoras, rádios etc. Além disso, o site trazia um tópico com dicas de CDs, no qual eu apresentava discos de jazz que eu admiro e fazia uma resenha sobre cada um deles. O site durou uma década. Antes do site sair do ar, percebi que tinha um volume enorme de informações e que tudo caberia em um livro. Então comecei a busca por uma editora e acabei acertando com a Multifoco, uma editora independente do Rio de Janeiro. O livro foi lançado em 2009 e, desde então, tenho lançado versões atualizadas. Atualmente, o livro tem 700 páginas. Além do conteúdo que migrou do site para as páginas, o livro traz dicas de DVDs e livros, listas com premiações de jazz e 10 entrevistas com personalidades (músicos, empresários e jornalistas) ligadas ao mundo da música, entre eles os jornalistas Zuza Homem de Mello, Carlos Calado e Luiz Orlando Carneiro, e os músicos Nelson Ayres e Daniel Daibem.
Saindo do jazz, você também é eclético o suficiente para admirar o rock brasileiro dos anos 80 e grandes artistas do pop rock mundial. Afinal, o que é a música para você?
Eu cresci no auge do que foi rotulado de Rock Brasil. Todos eles (Blitz, Lulu Santos, Titãs, Legião Urbana, Paralamas do Sucesso, Capital Inicial, Camisa de Vênus, Plebe Rude, Zero, RPM, Kid Abelha , Ira e Ultraje a Rigor) tiveram o auge do sucesso na década de 1980. Tive sorte de ter vivido minha adolescência exatamente quando o rock brasileiro conseguiu seu espaço na mídia. Era o final da ditadura militar e a chegada do Rock in Rio. Parece que a história já estava escrita e nós (todos que viveram aquela época) apenas usufruímos daquele momento importante e inspirador.
A música é um estado de espírito. Não há uma explicação racional para alguém conseguir ter em uma mesma coleção discos do Menudo, Bruce Springsteen, Debbie Gibson, Pat Metheny, Pantera, Otis Redding, Gonzaguinha, RPM, YoYo Ma e Andres Calamaro.
Conte-nos sobre os shows que você já assistiu. Quais os mais marcantes positiva e negativamente.
Tive sorte de ter assistido a muitos shows na época em que não existia essa safadeza chamada “pista VIP” e os preços eram acessíveis. O próprio show do Bruce em 1988 tinha um preço honesto. O mesmo aconteceu com os concertos do Sting (1987), Tina Turner (1987), Michael Jackson (1993), Eric Clapton (1990), Faith No More (1991), Bon Jovi (1993 e 1995), The Cult (1995), Joe Satriani (1996), Steve Vai (1995), Yngwie Malmsteen (1996), Whitesnake (1997), entre outros. Também estive em duas edições do Hollywood Rock, onde assisti Supertramp (1988), Bon Jovi (1990), Extreme (1992) Aerosmith (1994) e Poison (1994).
Nos últimos anos, com os preços nas alturas, vi poucos shows, entre eles Bryan Adams (2007 e 2017), Seal (2008), The Cult (2008), Michael Bolton (2008), Europe (2010 e 2017) e Simply Red (2016). Tenho frequentado mais shows de jazz. Na última década, vi nomes como Pat Metheny, Stanley Jordan, Dee Dee Bridgewater, Cassandra Wilson, Fred Hersch, McCoy Tyner, The Bad Plus, Dave Holland, Herbie Hancock, entre outros.
Além dos shows do Bruce Springsteen, os concertos da Tina Turner, Eric Clapton, Bon Jovi foram os mais marcantes. Tina Turner estava no auge da carreira, com um repertório fantástico e uma presença de palco de tirar o fôlego. Eric Clapton vi no extinto Olympia, em SP. Era a melhor casa de shows da capital paulista. Lugar fechado, pequeno e com uma ótima acústica. Ver Clapton de perto, na época do disco Journeyman, foi inesquecível. O Bon Jovi é um caso a parte. Depois de Springsteen, é o grupo que mais tenho discos. Vi três shows. Todos, sem exceção, foram ótimos, mas o de 1993, da turnê do disco Keep The Faith, foi o melhor. Eles tocaram no estádio do Pacaembu. Estavam em ótima forma e carregavam a experiência de grandes turnês anteriores. Jon Bom Jovi ainda cantava bem. Agora, eles são uma sombra do que foram nas décadas de 1980 e 1990.
O show mais decepcionante foi do cantor de jazz Al Jarreau, em 2014. Ele já parecia cansado. Na época tinha 74 anos. A voz esta fraca e o repertório do show foi bem fraco. Ele morreu em 2017.
Voltando a sua coleção, quais os álbuns mais raros que você tem?
Até onde eu sei, não tenho discos raros na minha coleção. Isso nunca me “interessou”. Consumo aquilo que gosto. Mas, provavelmente, devo ter algum disco difícil de encontrar ou com um preço exorbitante no mercado de LPs. Por exemplo, tenho os discos Let It Be, Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band e Magical Mystery Tour, dos Beatles, todos comprados na época do lançamento, pela minha mãe. Tenho todos os LPs do Bruce Springsteen. Tenho o compacto do Band Aid, da música “Do They Know It’s Christmas”. A realidade é que hoje em dia você encontra “tudo” para comprar na Internet. Basta ter dinheiro. Não existe mais algo que você não consegue encontrar.
Há algum disco que você busca há tempos, mas ainda não achou por um preço justo?
Não. Tenho basicamente tudo que gostaria de ter. Como não consumo mais LPs, não fico na fissura de encontrar este ou aquele título no formato de vinil.
Qual a maior pechincha que você já conseguiu barganhar, e qual o maior diamante que você se fez de seus rins para poder adquiri-lo?
Como disse na reposta anterior, eu nunca fiz loucuras para adquirir um disco, seja ele formato CD ou LP. Sempre tive tranquilidade na hora de comprar discos. É claro que fico ansioso por este ou aquele título assim que é lançado, mas é só isso. Eu espero o disco chegar na loja e compro. Na época que trabalhava em lojas de CDs, sempre comprava o disco assim que aparecia na loja. Minha maior ansiedade foi, sem dúvida, os discos Use Your Illusion, do Guns N’Roses, lançado em setembro de 1991. A expectativa era enorme. O grupo tinha tocado no Brasil, em janeiro de 1991, no Rock In Rio, e eles já tinham lançado o single da música “You Could Be Mine”, que foi tema do filme O Exterminador do Futuro II – O Julgamento Final, lançado em agosto de 1991. E para aumentar a fissura, eram dois discos. Foi um acontecimento.
Como a sua família lida com relação a sua coleção e aos seus discos?
Minha mulher me conheceu assim, ou seja, ela sabe que os CDs e a música são uma parte importante de mim e da minha história. Ela não se incomoda. Meus filhos são pequenos e vão viver outra realidade em relação à música. Compreendo que a música física dificilmente não terá espaço na vida deles.
Qual a maior loucura que você já fez para assistir a um show ou comprar um álbum?
Nunca fiz loucuras por causa da música. Não sou compulsivo com isso. O que faço é tentar comprar o ingresso para os shows dos artistas que gosto. Mas ficar em longas filas e acampar na frente de estádios não são, definitivamente, algo que eu faça. A única fila que peguei para comprar um ingresso foi para o primeiro show do Bruce Springsteen no Brasil, em 1988.
Qual é o disco “Born in the USA”, ou seja, que você faz questão de apresentar aos amigos grupo, e qual o “Nebraska”, ou seja, aquele que você gosta, mas sabe que a galera vai acabar fugindo de sua casa quando você coloca para ouvir?
Eu sempre poupo os meus amigos de ouvir Bruce Springsteen. Não sou de tentar “catequizar” as pessoas, por isso Bruce nunca toca quando os amigos vão em casa. Normalmente coloco coisas mais pops. Vou eleger o Listen Without Prejudice Vol. 1, do George Michael, de 1990. O disco que faz os amigos fugirem de casa é o Evolucion, do Menudo, de 1985. Ninguém merece ouvir Rick, Robbie, Ray, Roy e Charlie. Concordo plenamente com meus amigos, mas eu continuo ouvindo os cinco garotos de Porto Rico.
Como você faz para atualizar-se sobre música nos dias de hoje?
Hoje é moleza. A internet é democrática. Basta querer. Há centenas de sites com muita informação. Isso sem falar nos sites com links para fazer download de discos. E tudo isso de graça.
Quais as principais lojas/sites que você utiliza para ampliar sua coleção?
Faz muito tempo que não compro CDs gringos pela Internet. Com a demora na entrega e a tributação sobre a compra, deixei de importar disco. Sempre comprei na CDconnection, loja virtual que fica na Califórnia (EUA). Eles tinham um ótimo acervo e preço, mas agora não compro mais. Já as lojas físicas, continuo visitando a Pop’s Discos, sem dúvida a melhor loja de São Paulo, e sebos da região central da capital paulista. As lojas simplesmente desapareceram com a era da Internet e do streaming.
Que bandas ou artistas da atualidade você indica para nossos leitores darem uma ouvida e conhecer?
Sou completamente ignorante sobre a música atual. Não vou me comprometer. Provavelmente as bandas mais atuais que eu escuto são Thrice e Silvertide. Mas sei que não são atuais. Sinceramente, nada nos últimos anos me atrai, Tudo parece requentado. Outro dia fui ouvir o Mastodon. Eles são legais, simplesmente isso. Legais. Muito pouco para uma banda, não é mesmo?
Quais os dez melhores discos da década de 60?
Antes das listas, quero deixar duas observações. Não inclui discos de jazz, a exceção é o Pat Metheny, e discos de músicos brasileiros. Assim ficou “mais fácil” e menos “doloroso” deixar discos fora das listas. O discos estão em ordem alfabética, pelo nome do artista.
The Animals – The Animals
The Beach Boys – Today!
Beatles – Abbey Road
Cream – Disraeli Gears
The Doors – Strange Days
Elvis Presley – From Elvis In Memphis
Jimi Hendrix – Axis: Bold as Love
Martha and the Vandellas – Dance Party
Otis Redding – The Dock of The Bay
Simon & Garfunkel – Bookends
Quais os dez melhores discos da década de 70?
Beatles – Let It Be
Bruce Springsteen – Darkness on the Edge of Town
Deep Purple – Come Taste the Band
John Lennon – Imagine
Led Zeppelin – Houses of the Holy
Marvin Gaye – What’s Going On
Peter Frampton – Comes Alive
Rainbow – Long Live Rock ‘n’ Roll
Queen – Sheer Heart Attack
Rush – Fly By Night
Quais os dez melhores discos da década de 80?
Bon Jovi – Slippery When Wet
Bruce Springsteen – Tunnel Of Love
Bryan Adams – Reckless
The Cult – Electric
Eric Clapton – Journeyman
Guns N’Roses – Appetite For Destruction
Iron Maiden – Somewhere In Time
Michael Jackson – Thriller
Terence Trent D’Arby – Introducing the Hardline According to Terence Trent D’Arby
Whitesnake – Slide It In
Quais os dez melhores discos da década de 90?
Pearl Jam – Ten
Black Crowes – Shake Your Money Maker
The Cult – Ceremony
Enuff Z’Nuff – Strenght
Joe Satriani – Extremist
Lenny Kravitz – Mama Said
Metallica – Metallica (Black Album)
Phil Collins – Serious Hits…Live!
Van Halen – For Unlawful Carnal Knowledge
Vinnie Moore – Time Odyssey
Quais os dez melhores discos dos anos 2001 a 2010 ?
Audioslave – Audioslave
Bruce Springsteen – The Rising
Chickenfoot – Chickenfoot
The Cult – Beyond Good And Evil
John Mayer – Where the Light Is: John Mayer Live in Los Angeles
Keane – Hopes and Fears
Silvertide – Show and Tell
Thrice – The Artist in the Ambulance
U2 – How to Dismantle an Atomic Bomb
Velvet Revolver – Contraband
Quais os dez melhores discos dos anos 2011 até agora?
Bruce Springsteen – Wrecking Ball
Bryan Adams – Get Up
Europe – Start from the Dark
Coheed and Cambria – Good Apollo, I’m Burning Star IV, Volume One: From Fear Through the Eyes of Madness
James Maddock – Wake Up and Dream
Red Zone Rider – Red Zone Rider
Richie Sambora – Aftermath of The Lowdown
Toad the Wet Sprocket – New Constellation
UFO – A Conspiracy of Stars
Vandenberg’s MoonKings – Vandenberg’s Moonkings
Cite dez discos que você levaria para uma ilha deserta, e o que precisaria ter por lá para desfrutar do momento?
Bon Jovi – Slippery When Wet
Bruce Springsteen – Darkness on the Edge of Town
Depeche Mode – Music for the Masses
Eric Clapton – Unplugged
George Harrison – Cloud Nine
George Michael – Listen Without Prejudice Vol. 1
Marillion – Clutching at Straws
New Order – Substance
Prince – Purple Rain
Tina Turner – Break Every Rule
Além dos CDs (mais fáceis de carregar), uma cadeira confortável, um discman (adoro ouvir música no fone de ouvido para apreciar com nota), muito chá mate gelado com limão e, é claro, a patroa…..afinal não dá para ficar sozinho em uma ilha deserta, não é mesmo?
Indique três discos que mudaram sua vida, e conte um pouco por que de cada um deles.
Não posso afirmar que mudaram minha vida. Mas eles estão, sem dúvida, entre os discos que mais ouço. São eles:
Bruce Springsteen – Live 75-85 (1986)
Whitesnake – Slide It In (1984)
Pat Metheny – Secret Story (1992)
O disco do Bruce não foi o primeiro que comprei, mas é o que mais ouço. É uma caixa com 5 LPs, com gravações ao vivo registradas entre 1975 e 1985. Comprei quando tinha 14 anos de idade. Além de contar com quase todos os clássicos de sua carreira, as versões são matadoras. Bruce ao vivo é muito diferente. Sua energia e sua entrega fazem toda a diferença, isso sem falar na The E Street Band, grupo que acompanha Bruce há quatro décadas. “Thunder Road”, música que abre a caixa, é uma das músicas mais emblemáticas da carreira do cantor. Aqui, ele faz uma versão com piano e voz de cortar o coração. É simplesmente um dos registros mais emocionantes de toda a sua trajetória.
O disco do Whitesnake foi o primeiro disco de “rock pesado” que comprei na vida, aos 12 anos de idade. O grupo tinha acabado de tocar na primeira edição do Rock in Rio e tinha a música “Love Ain’t No Stranger” tocando sem parar nas rádios, em uma propaganda de cigarro na TV e em todos os programas de vídeo clipes da TV. Coverdale ainda tinha cabelos pretos e tinha ao seu lado John Sykes, Cozy Powell, entre outros. O disco é o último do grupo antes do Whitesnake virar uma banda de hard rock. Antes da virada, Whitesnake era uma banda de rock cru, com uma pegada de blues. Basta ouvir o disco ao vivo Live… in the Heart of the City, de 1980, e você entenderá sobre o que eu estou falando.
O disco do guitarrista Pat Metheny é uma obra-prima. Ele conseguiu mesclar jazz, erudito, world music e rock de uma maneira brilhante. Metheny é um dos guitarristas de jazz mais inventivos das últimas quatro décadas. Seu toque único é percebido logo na primeira nota. A turnê deste disco passou pelo Brasil, na edição de 1993 do Free Jazz Festival, e eu tive a sorte de assisti-lo pela primeira vez ao vivo. A música, que era formidável no disco, ficou ainda maior ao vivo. Foi uma experiência única e é, sem dúvida, o show que mais me impressionou até hoje. Você pode assistir a show desta turnê no Youtube, gravado nos EUA.
Você trabalhou por algum tempo em uma loja de discos. Conte-nos alguma história engraçada/curiosa envolvendo a compra/venda de um álbum que ocorreu nesse período, ou algum outro fato que lhe venha à mente relacionado com a música.
Foram 10 anos em lojas de CDs. Os CDs que mais vendi na vida foram Unforgettable, da Natalie Cole, Romanza, do Andre Bocelli, o primeiro disco do cantor Seal, chamado Seal, Per Amore, da Zizi Possi, O Samba Poconé, do Skank, e o disco dos Mamonas Assassinas. A história mais engraçada de todas aconteceu quando trabalhei na loja Hi-Fi, que ficava no shopping Iguatemi, na capital paulista. Fazer as compras para a loja era uma atribuição do gerente, mas eu era o subgerente e dava umas sugestões de títulos. Há um disco de Frank Sinatra chamado Sinatra & Company, com participação de Tom Jobim e Eumir Deodato. É um belo disco, pouco conhecido da maioria do público, que conhece apenas o álbum da parceria entre Sinatra e Jobim, de 1967. Em resumo, eu sempre falava para o gerente pedir este disco, mas ele pedia duas unidades. Eu insistia para pedir pelo menos 20, já que bastava eu colocar o disco para tocar na loja que aparecia um cliente perguntando que disco era aquele e, pronto, eu sempre conseguia vender. Mas o gerente, do alto da sua “sabedoria”, me disse que não pedia mais unidades daquele disco porque ele vendia. Sim, pode acreditar, um gerente de loja não queria pedir um produto específico porque ele vendia demais. Dá para entender? Não tente. Isso foi a coisa mais inacreditável que aconteceu durante esta longa jornada entre prateleiras de CDs.
Qual será o futuro da sua coleção?
Minha coleção cresce bem devagar agora. Quase não compro discos. Hoje em dia baixo na Internet 95% dos discos que no passado eu compraria. Os únicos discos que compro são em promoções e em sebos. Sobre os discos que tenho, já avisei meus filhos, preservem meus discos do Bruce Springsteen. O resto, bom…..aí é problema deles, eu não estarei mais por aqui, mas voltarei para puxar os pés dos meus herdeiros se a minha coleção do Bruce não for preservada….
Alguma coisa mais que gostaria de passar para nossos leitores?
Quero aproveitar para agradecer a vocês pelo espaço e pela iniciativa de dar voz a um “bando” de malucos que tem na música sua maior paixão. Quem ama música sabe que ela é como o oxigênio, ou seja, indispensável para vivermos. Pouco importa se a música que você escuta é robusta, simples, popular, erudito, calma, pesada, intelectual, antiga, nova. Escute tudo o que faz bem ao seu ouvido e à sua alma. A música deve ser consumida sempre, 365 dias por anos e por toda a vida. Aproveito para convidar todos para visitar os meus sites, um do cantor Bruce Springsteen (brucenobrasil.blogspot.com) e outro sobre jazz (jazzaoseualcance.blogspot.com). Um grande abraço e obrigado por se interessarem pela minha história.
Um colecionador bem sui-generis esse!
Abraços,
Gostei muito dos móveis projetados para a coleção. Apesar da admiração pelo Bruce Springsteen, há muitos outros de vários estilos que eu adoraria ter em minha coleção.
Grande entrevista!
Rapaz… eu e o Emerson temos muita coisa em comum, bah… Bela coleção. Agora deixo uma pergunta. Considerando que “We Shall Overcome” é um disco de covers, qual é o álbum realmente autoral de Springsteen que você coloca no degrau mais baixo?
Ótima coleção. Gostei de ver o Strenght do Enuff Z Nuff representado nos melhores dos anos 90. Eu também o coloquei na minha lista. E o Ceremony do Cult que quase ninguém cita e eu adoro. Abraço!
Muito legal!! Estava ansioso pela primeira entrevista de 2019! Parabéns pela coleção! Estou a montar a minha para um dia ser o entrevistado da Caverna da Consultoria!
Marcelo, basta mandar um e-mail para consultoriadorock@gmail.com . Estamos aguardando. Abraços
Diogo….sem dúvida que “The Ghost of Tom Joad” é um disco difícil do Bruce. Eu nunca tive paciência para a música folk….mas os americanos adoram. Bruce, inclusive, ganhou com esse disco o Grammy de melhor disco de folk contemporâneo, em 1996. É claro que entendo a importância deste tipo de música na história americana, mas eu não gosto. Então, The Ghost of Tom Joad é, definitivamente, o disco mais difícil da carreira do cantor, seguido de “We Shall Overcome: The Seeger Sessions” e “Devils & Dust”. Valeu.
“The Ghost of Tom Joad” sem dúvida é difícil, mas, em se tratando de qualidade, acho que eles está acima de uma boa quantidade de outros álbuns dele, ao menos para mim. Algumas composições me agradam muito, como a faixa-título, “Straight Time”, “Highway 29”, “Across the Border” e, especialmente, “Youngstown”. “Devils and Dust” é outro disco difícil. Talvez seja o que menos ouvi entre todos, mas não acho que seja o mais fraco. Muito se fala sobre “Human Touch” ser inferior a todos, mas a faixa-título é absurda de boa e outras canções muito me agradam, como “Soul Driver”, “Roll of the Dice” e “Man’s Job”. No momento, acho que o que menos tem me agradado é “Working on a Dream”, pois mesmo suas melhores faixas não me causam reação tão positiva quanto as que citei anteriormente. Abraço!
Na verdade, o disco “Working On a Dream” é um álbum inexpressivo. É claro que há músicas boas, como “Life It Self” e, em especial, “The Wrestler”, mas nada que empolgue. Sobre “Human Touch” e “Lucky Towm”, os discos são ótimos. Há muita má vontade porque não tem a participação da The E Street Band, É preciso ver o contexto de cada disco e da época em que foram gravados. Bruce tem uma obra sólida e muito rica, tanto nas letras como nas melodias. “Nebraska” é um belo disco, mesmo com arranjos acústicos. Mas para o brasileiro ele soa estranho, já que o país descobriu o cantor apenas com Born In The USA, um álbum de rock, forte e empolgante. Em resumo, vai muito de cada pessoa. Mas não há como negar que Bruce é um artista de várias facetas, sempre muito honesto com o momento que grava cada disco.
Não sou especialista na carreira do Bruce e eu concentrei minha compras dos discos dele até o Born in the USA. No show do Rock in Rio, que foi fantástico, quando ele disse que tocaria o Born in the USA inteiro eu achei legal, mas no fundo no fundo eu queria algum disco como o Darkness on the Edge of Town ou o Born to Run. Claro que eu entendo a importancia do Born in the USA. A carreira dos anos 90 até mais ou menos 2010 eu praticamente não ouvi. Sei que é uma falha minha, mas é a verdade. Então para mim um disco mais difícil do Bruce é o Nebraska pela comparação do que eu conheço.
Ao escolher “Born in the USA” pra tocar na íntegra ele mostrou tato e conhecimento do tipo de público que estava encarando. Foi uma tacada certeira.