Test Drive: Abrahma – In Time For The Last Rays Of Light [2019]

Test Drive: Abrahma – In Time For The Last Rays Of Light [2019]

Participantes: André Kaminski, Davi Pascale, Fernando Bueno, Mairon Machado e Ronaldo Rodrigues

O nosso site tem cada vez mais ampliado o contato com assessorias de imprensas de diversos artistas. Não à toa, as colunas Direto do Forno e Notícias estão frequentemente em nossas publicações, graças aos materiais enviados por incansáveis assessores que, de uma forma ou de outra, remam contra a maré das grandes mídias para divulgar nomes sob suas asas. O Abraham chegou à Consultoria pelas mãos (ou melhor, e-mail) da produtora americana Purple Sage. Ela nos enviou, em primeira mão, o mais recente disco da banda, In Time for the Last Rays of Light, que será lançado no próximo dia 24 de maio pelo selo Small Stoner Records. Vejamos os comentários de cinco consultores,  os quais se aventuraram no desconhecido mundo stoner dos franceses.


André: Gostei bastante do stoner/doom/prog metal destes franceses. Os riffs nem sempre se mantém lentos, dando algumas pequenas aceleradas em certos momentos das canções. Em alguns momentos me senti ouvindo o Dream Theater de mal humor e em outras vezes me pareceu o Candlemass depois da trip de ácido. A segunda música “Lucidly Adrift” é a melhor composição deste disco trazendo um clima soturno e duas guitarras cheias de efeitos dando uma cara psicodélica sem perder o peso, até cair praticamente em um death metal ao final da música. O vocalista Sebastien Bismuth variou bastante seus vocais, desde o mais agudo como um cantor de heavy tradicional até aquele melancólico que lembra o My Dying Bride. Tudo é muito bem variado e bem colado, não soando uma colcha de retalhos em nenhum momento. Ótimo disco, aprovo.


Davi: Confesso que não conhecia o trabalho desse grupo francês. Dei o play sem ter a mínima ideia do que esperar. A jogada dos caras é uma sonoridade puxada para o doom/stoner metal. Ou seja, as canções são todas longas (a maioria entre 6 e 8 minutos), os arranjos são arrastados, melancólicos e sujos. Sonoridade bem pesada. A voz de Sebastien Bismuth não é muito grave, cria um contraste legal com o som praticado pelo conjunto. O trabalho vocal é bem resolvido. Em alguns momentos, suas linhas vocais (não confundir com timbre) me lembrou o Layne Staley (Alice In Chains), em outras me remeteu ao Warrel Dane (Nevermore). A cozinha é eficaz, (embora o baixista – Romain Hauduc – faça nada mais do que o be a bá), contudo o músico mais criativo é o guitarrista. Não dá para saber qual dos três faz a diferença (o vocalista também toca guitarra) porque, como disse, essa é a primeira vez que estou ouvindo, então não tenho como identificar pela sonoridade quem está fazendo o que. Trabalho muito bem gravado e que me surpreendeu positivamente. Faixas de destaque: “Lucidly Adrift”, “Eclipse Of The Sane Pt1: Isolation Ghosts” e “Last Epistle”. Vale uma espiada.


Fernando: Gostei do de algumas coisas do som do Abrahma, mesmo não sendo o estilo de metal que eu normalmente procuro. A faixa “Lost Forever” tem um clima tão claustrofóbico, chamou tanto a atenção, que me fez ver o seu vídeo oficial e ele é perfeito para a sua música. Assisti mais de uma vez. O disco no geral começa bem e vai cansando do meio para o fim, como acontece para mim com quase todas as bandas de stoner. Porém quando joguei o nome da banda no Youtube apareceram algumas músicas dos dois discos anteriores e me parece que o Abrahma é uma banda de singles, pois as faixas de trabalho são interessantes. Ou seja, daqui uns dois ou três anos vale a pena pegar uma coletânea.


Mairon: Para quem não conhece o Abrahma, os franceses vêm conquistando seu espaço nessa década com um stoner rock de boa qualidade. Porém, no auge de sua ascendência, o grupo passou por uma grande reformulação de line-up, que abalou profundamente as estruturas do grupo, mas felizmente, não abalou o som. Da formação original, sobrou apenas o vocalista e guitarrista Sébastien Bismuth, então imaginem que impacto é isso para uma gravação. O disco começou arrastadão, com “Lost Forever” me lembrando um pouco do Dream Theater atual, assim como “There Bears The Fruit Of Deceit”, claro, sem todas as firulas e fritações dos americanos, e beeeeeeeem mais pesadas. “Lucidly Adrift” e “Wander In Sedation” são mais próximas do que espero de uma banda de stoner, pesadona, arrastadas, mas com boas variações de andamento. Não curti as duas partes de “Eclipse of the Sane”, mas a segunda me atraiu mais, principalmente pelos vocais, que me lembraram e muito os melhores momentos do Alice in Chains. “Last Epistle” é um belo destaque, com uma ótima guitarra e uma melodia marcante, que lembra um pouco Ghost, e para mim, a melhor do disco. No geral, agrada bastante.


Ronaldo: O grupo francês Abrahma transita entre as violentas distorções da vertente mais agressiva do stoner rock e a tradição oriunda do grunge de executar um rock orientado para os vocais. A faixa de abertura, “Lost Forever”, cristaliza claramente esse conceito, repleta de um ar desolado, pesado e lisérgico mas com excelentes ganchos melódicos. Os andamentos arrastados estão disseminados no disco todo, bem como as guitarras ora ardidas ora hipnóticas e carregadas de efeitos. Por investir todas as fichas em apenas uma fórmula de som, a audição do disco todo se torna um pouco cansativa, ainda que o disco não seja longo (menos de 50 minutos). Mas há bons momentos espalhados por todo o álbum – o clima épico de “Eclipse of the Sane Pt. 1” a sequência de bumbos duplos na seção final de “Wander in Sedation” ou refrão marcante seguido de um poderoso riff em “There Bears the Fruit of Deceit” são exemplos. Parece ser um som direcionado à agradar em cheio uma fração bem específica dos fãs de stoner rock, mas que por insistir em trabalhar apenas em uma única direção, tem certa dificuldade em se comunicar com um público mais amplo de rock.

3 comentários sobre “Test Drive: Abrahma – In Time For The Last Rays Of Light [2019]

  1. Felizmente o Mairon também notou que na primeira faixa o andamento instrumental lembrou bastante o Dream Theater. Eu fiquei na dúvida se colocaria isso no meu texto por eu achar que eu estava viajando na maionese. Ainda bem.

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