Discografias Comentadas: Focus (Parte II)

Discografias Comentadas: Focus (Parte II)

Por Mairon Machado

Apresentamos a segunda parte da Discografia Comentada do grupo de rock progressivo Focus. Depois de um longo retiro, com apenas dois álbuns lançados em um período de mais de vinte anos, o grupo firmou-se nos anos 2000, lançando álbuns de estúdio regularmente e ressurgindo como uma das maiores forças do rock progressivo atual. Voltando no tempo, em 1985, novamente o nome Focus apareceu no cenário musical, e dessa vez, de forma totalmente surpreendente.

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Jan Akkerman e Thijs Van Leer (1985)

Focus8Focus [1985]

Sem dúvidas, essa é a maior mancha negra da história do Focus, e quiçá da história da música. Quando ninguém esperava, a união de Akkerman e Van Leer foi anunciada em 1984, e assim, criou-se uma grande expectativa para o que seria parido pelos dois gênios comandantes do grupo dez anos após a separação. Quando Focus chegou ao mercado, a decepção foi maior do que a imensa barriga (e careca) estampada por Van Leer na contra-capa do álbum. O excesso de sintetizadores e batidas eletrônicas em nada convergem para os instrumentos acústicos (violão e flauta respectivamente) ostentados pela dupla na contra-capa do LP. O único momento razoável é “King Kong“, principalmente por não conter nada eletrônico, mas nada mirabolante, e a jam “Who’s Calling“, enaltecendo as virtudes de Akkerman na guitarra e Van Leer na flauta. Há alguns momentos interessantes durante “Russian Roulette”, com a participação do baixista Tato Gomez, e “Olé Judy“, que lembra um pouco o que Rick Wakeman fez na mesma época, mas pelo menos dando espaço para a flauta e a guitarra se exibirem agradavelmente. O resto são canções injustificáveis, seja “Indian Summer”, tendo a presença de Tato e também da tabla de Ustad Zamir Ahmad Khan, a participação de Ruud Jacobs tocando baixo durante os insuportáveis dez minutos de “Beethoven’s Revenge ou Sergio Castillo fazendo a percussão eletrônica de “Le Tango”, uma terrível tentativa de tornar o tango moderno. Um disco muito fraco, que é a mais pura demonstração de como os anos 80 serviram para destruir com a carreira de grandes nomes do rock dos anos 70. Recomendado apenas para colecionistas.

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Bert Ruiter, Thijs Van Leer, Jan Akkerman e Pierre Van der Linden, Na reunião de 1990

Em 1990, a principal formação do Focus, com Van Leer, Akkerman, Bert Ruiter (baixo) e Pierre Van der Linden (bateria) voltou a se reunir para duas apresentações nos programas da TV holandesa Veronika e Goud van Oud. Infelizmente, quando todos achavam que a reunião iria vingar, nada mais do que essas duas apresentações surgiu. Em 1993, Van Leer e Akkerman dividiram o palco durante o North Sea Jaz Festival. Van Leer continuou sua carreira solo, e em 1999, reformulou o Focus, trazendo na formação Hans Cleuver (baterista da primeira formação da banda), Ruiter e Menno Gootjes (guitarras). Vários shows pela Holanda foram realizados, e depois de algumas mudanças na formação, eis que o Focus entra nos anos 2000 com toda força. Van Leer juntou-se aos membros da banda CONXI Bobby Jacobs (baixo), Ruben Van Roon (bateria) e Jan Dumée (guitarras) e ressuscitou o Focus. Van Roon nem chegou a esquentar as baquetas, e foi substituído por Bert Smaak. Esse time lança seu nono álbum em 2002.


Focus9Focus 8 [2002]

Focus 8 colocou o grupo no mercado novamente, através de uma extensa turnê mundial, promovendo o melhor trabalho da banda desde Hamburgo Concerto (1974). O álbum resgata a sonoridade marcante do Focus anos 70, sendo por exemplo impossível não lembrarmos de “House of the King” durante o solo de flauta e violão de “Tamara’s Move“, a singela oitava parte (faixa-título) de “Focus”, a bela “De Ti O De Mi”, e também de segurar as lágrimas na arrepiante revisão instrumental de “Brother”, totalmente modificada em relação a péssima canção registrada em Focus Con Proby, tendo Dumée reproduzindo a linha vocal de Proby na guitarra e com uma tímida citação à “Eruption” em seu encerramento. Temos uma mistura inovadora do yodel e peso durante “Hurkey Turkey”, canção que virou o grande sucesso do álbum, trazendo a participação de Geert Scheijgrond na guitarra, “Neurotyka“, uma neta com genes fortemente ligados a avó “Hocus Pocus”, gravada ao vivo no estúdio e com Ruben Van Roon na bateria, e “Rock & Rio”, alegre homenagem à cidade Maravilhosa. O yodel também está presente em duas canções totalmente opostas, a festiva “Flower Shower”, canção bônus totalmente desnecessária, sendo a mais fraca do álbum, e “Što Čes Raditi Ostatac Života?“, sem dúvidas a melhor canção de Focus 8, levada pelo dedilhado flamenco do violão, os longos acordes de órgão e um solo magistral de Dumée, que comanda a suavidade e simplicidade de “Blizu Tebé”, outra fortemente inspirada nos anos 70. A flauta é o principal instrumento de “Fretless Love”, trazendo elementos de Focus 3 com o som dos anos 2000. Um retorno essencial e definitivo, trazendo o grupo novamente para os palcos, e possibilitando a geração de uma nova leva de fãs, além do resgate dos mais antigos.

Uma extensa turnê mundial trouxe o Focus pela primeira vez ao Brasil em novembro de 2002, para shows no Rio de Janeiro, Macaé, São Paulo e Belo Horizonte. Essa turnê foi registrada no DVD Live in America (2002). O grupo voltou novamente ao Brasil em março do ano seguinte, com três concorridas apresentações em São Paulo, duas no Rio de Janeiro, uma em Porto Alegre e uma em Belo Horizonte.

Thijs van Leer,Pierre Van Der Linden, Bobby Jacobs e Niels Van Der Steenhoven. Focus em 2006

Em 2004, Pierre Van der Linden assumiu novamente seu posto, no lugar de Smaak. No mesmo ano, foi lançado o CD Live at BBC de forma oficial. O mesmo já aparecia como bootleg na década de 90, e nele esá uma apresentação da banda na rádio inglesa em fevereiro de 2006. Também é de 2004 o excelente DVD Masters from the Vaults, um documentário repleto de imagens raras e com toda a história dos holandeses, que seguiram excursionando, passando mais uma vez pelo Brasil (em maio de 2005, com quatro apresentações em São Paulo, mais uma apresentação no Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte), até o novo lançamento, em 2006, já com Niels van der Steenhoven no lugar de Dumée. Vale citar que essas vindas ao Brasil ocasionaram um futuro lançamento, como veremos na sequência, graças a uma jam session realizada no “Boteco” Orquídea, em Niterói, junto ao pianista Marvio Ciribelli.


ffocus_9_nebdaf75d4bca23eafa580edFocus 9 / New Skin [2006]

A nova formação deu uma nova cara para o Focus, principalmente por conta da guitarra jovem de Niels, que foge bastante do virtuosismo empregado por Dumée, e assemelha-se mais as linha de Akkerman, sendo que por diversas vezes confundimos os timbres da guitarra e achamos que é o próprio Jan quem está nas seis cordas, principalmente durante as suaves linhas de “Sylvia’s Stepson”, transformando-se em uma pesada canção na parte central, e nas duas partes de “Focus”, no caso a balada “Focus 7″ e a jazzística maluca “Focus 9” (para os curiosos de plantão, “Focus VI” está presente no álbum Reflections, lançado por Van Leer em sua carreira solo, no ano de 1981). Por outro lado, o guitarrista criou um suingue inigualável em “Niel’s Skin”, única faixa de Focus 9 escrita por ele, e que casou muito bem com a cozinha Jacobs / Van der Linden, além de trazer o free jazz como fonte adicional de criatividade para a música clássica durante os épicos e divertidos dez minutos de “European Rap(sody)“, na qual Thijs é o astro principal, seja na flauta, no órgão, no piano e até nas vocalizações que aparecem na canção, citando nomes de canções do grupo que acabam formando a letra dessa pequena Maravilha. O Focus moderno, com Niels e Van Leer emulando as mesmas melodias, está na alegre “Pim” e nas baladas “Ode to Venus”  e “It Takes 2 2 Tango”, a qual poderia ser um pouco mais curta. O álbum traz uma recriação instrumental para “Black Beauty” (de Focus Play Focus), que particularmente considero bem melhor que sua versão original, e a segunda parte de duas canções gravadas pelo grupo anteriormente: “Hurkey Turkey 2″, um pouco mais lenta que a primeira versão (presente em Focus 8), e com yodels simulando as linhas da “Marcha Turca” de Mozart; e “Just Like Eddy”, sequência de “Eddy” (Focus Con Proby) tendo Jo de Roeck nos vocais, e totalmente descartável. Já o excesso de yodels do álbum anterior é desconstruído em Focus 9, aparecendo apenas em “Hurkey Turkey 2″ e em “Aya-Yuppie-Hippie-Yee”, uma agitada faixa, destacando a performance de Van der Linden, assim como a flauta está mais tímida, aparecendo apenas nas partes leves de “Curtain Call”. No geral, um disco muito bom, que mantém a vontade de se ouvir o grupo em alta.

Mais excursões seguiram-se, com outras três vindas ao Brasil: em junho de 2008 (São Paulo, Rio de Janeiro e Recife); em março de 2010 (Belo Horizonte, Juiz de Fora, Porto Alegre, Goiânia e São Paulo); e março de 2012 (Belo Horizonte, Pouso Alegre, Rio de Janeiro, Goiânia, Votorantim e São Paulo). Nesse meio tempo, foi lançado o ao vivo Live In Europe, lançado em tiragem limitada e vendido exclusivamente nos shows da banda, com registros da turnê europeia de 2008. Em janeiro de 2011, Niels anunciou sua saída oficial do Focus, sendo substituído por Menno Gootjes. Esse time voltou ao estúdio para gravar, seis anos após Focus 9 / New Skin, Focus X.


ffocus_xb324ec95cff521cb903193Focus X [2012]

Contando com uma belíssima arte sob a mão do mestre Roger Dean, para mim, esse é o melhor álbum do Focus sem Jan Akkerman. O grupo está solto, e a cozinha Ruiter / Jacobs funciona como uma máquina perfeitamente ajustada. A pancada “Father Baccus“, que abre a bolacha, entra na lista das melhores faixas que o grupo gravou, e Van Leer comprova seu talento na flauta durante a circense “Talk of the Clown” e a veloz “All Hens On Deck” – que também apresenta um bonito duelo de yodel com guitarra – além de declamar um poema em latim durante a viajante “Hoeratio”. Belo também é o trabalho de piano, violão e guitarra em “Amok In Kindergarten“. A guitarra de Menno conversa com o ouvinte durante “Message Magique” e “Victoria”. Surpreendentemente, temos Ivan Lins fazendo a voz de “Birds Come Fly Over (Le Tango)”, e mais surpreendentemente ainda é que é uma boa canção. Outra canção com convidado é “Crossroads“, apresentando Berenice Van Leer nas vocalizações, e o papai  Thijs fazendo a voz principal. Focus X também abre espaço para as bonitas melodias da última parte de “Focus”, “Focus 10″.  A versão japonesa possui dois bônus: “Santa Teresa”, trazendo Ivan Lins nos vocais, em espanhol, e uma versão ao vivo para “Hocus Pocus”. Recentemente, Van Leer declarou que esse é um dos seus discos preferidos da banda, ao lado de Moving WavesFocus 3.

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Menno Gootjes, Thijs Van Leer, Bobby Jacobs e Pierre Van der Linden

O grupo retornou ao Brasil para mais apresentações em abril de 2014, com uma grande turnê e shows em Florianopolis (09), Curitiba (12), Pouso Alegre (12), Rio de Janeiro (15), Belo Horizonte (16), Catanduva (17), Porto Alegre (18) e São Paulo (19). No mesmo mês, mais precisamente no dia 29, lançam pelo novo selo, In And Out of Focus Records, mais um álbum.


Golden Oldies [2014]

Esse álbum trata de regravações de clássicos da banda com a formação de Focus X. Estão aqui “Aya Yippie Hippie Yee”, “Brother” (similar ao arranjo de Focus 8, e não ao de Con Proby), “Focus 1”, “Focus 3 & 2”, “Hocus Pocus“, “House Of The King”, “Neurotica”, “Sylvia” e “Tommy” (uma das partes de “Eruption”). Com exceção de “Focus 3 & 2”, que faz uma mistura dessas duas partes de “Focus”, e de pequenas modificações em “Focus 1” e “Sylvia”, conforme apresentadas nos shows da época, bem como Van Leer nos vocais de “Brother”, não há nenhum arranjo novo. Apenas uma nova formação interpretando de forma fiel os arranjos originais. Claro que os solos de Menno são bastante diferentes dos de Akkerman (nas faixas em que este era o guitarrista), Van Leer acrescenta novos improvisos aqui e acolá, a cozinha modifica algumas partes de determinados trechos das canções, mas no geral, é mais um caça-níqueis do que um item de exceção na discografia da banda. Vale como uma boa coletânea revisitada.


Focus 8.5 / Beyond The Horizon [2016]

Apresentando uma série de convidados, e sob o título Focus and Friends Featuring Marvio Ciribelli, Focus 8.5 / Beyond The Horizon foi gravado em nosso país durante a turnê de 2005, como resultado das tours citadas acima. O pianista Marvio Ciribelli é a atração na capa, e um dos arranjadores ao lado de Van Leer. Além do brasileiro, estão também Sérgio Chiavazzoli (guitarras, violões), David Ganc (Flauta), Marcelo Martins (Flauta), Mário Sève (Flauta), Arthur Maia (baixo), Rogério Fernandes (baixo), Amaro Júnior (bateria), Marcio Bahia (bateria, voz), Fabiano Segalote (Trombone, voz), Amaro Júnior (Percussão), Flavio Santos (Percussão), Marcio Bahia (efeitos), Mylena Ciribelli (ela mesma, repórter esportiva, efeitos e vocais), Thaís Motta (vocais), Marcio Lott (vocais), além de Van Leer, Van Der Linden, Jacobs e Dumée. O Focus como banda surge apenas na estonteante “Hola, Como Estas?”, belíssima e quebrada faixa com a participação vocal dos amigos brasileiros. Thijs, Jacobs e Pierre estão em “Surrecit Christus”, faixa hipnotizante, onde as flautas de Thijs, David e Mário Seve são os destaques junto das vocalizações de Thaís, além de um solo de baixo por Jacobs. Os músicos estão improvisando de forma descontraída, sem compromisso, como  comprova-se em “Focus Zero”, faixa fantástica na qual Van Der Linden e Van Leer são o centro das atenções, trazendo o brilhante suingue de Marvio ao piano, Arthur no baixo e Sérgio na guitarra. É legal de ver a influência do som brasileiro em “Millenium”, faixa criada por Dumée, com a participação de Van der Linden, mas onde o principal destaque é o suingue percussivo provocado por Amaro, Flavio, Marcio e Pierre, o piano elétrico de Marvio e o piano acústico do próprio Dumée, que também faz vocalizações na melhor linha Milton Nascimento, sendo essa uma faixa que tranquilamente apareceria em algum disco do Clube da Esquina. Marvio é o responsável pela criação de duas canções, “Rock 5”, faixa linda, dividida entre uma balada que destaca as vocalizações de Thaís e uma dançante sessão instrumental, com Jacobs sendo o único membro do Focus a participar, e “Înãlta”, marchinha com pitadas progs tendo a flauta de Van Leer e as suaves vocalizações de Mylena tornando a mesma ainda mais agradável. Por fim, Van der Linden e Marcio fazem um duelo nada empolgante em “Talking Rhythms”, faixa onde somente as baterias e vocalizações estão presentes, e bem desnecessária. No geral, um bom álbum, que no Brasil, foi lançado com uma capa diferente, trazendo caricaturas dos músicos da banda e de alguns dos “amigos”.

Menno Gootjes, Pierre Van der Linden, Thijs Van Leer e Udo Pannekeet

Também é de 2016 o CD e DVD ao vivo Live In England, com o registro de Bilston, no dia 28 de abril de 2009. Mais uma mudança na formação, com Udo Pannekeet substituindo Jacobs, e assim, surge mais um disco da banda, logo após mais uma importante compilação de sobras, chamada The Focus Family Album.


The Focus Family Album [2017]

Essa coletânea dupla, com mais uma belíssima arte de Roger Dean, traz canções do Focus somadas a faixas solo de Van Leer, Van Der Linden, Gootjes, Pannekeet e do projeto Swung, um trio com Menno, Jacobs e Van der Linden. Concentrando-se apenas nas canções do Focus, há de tudo um pouco. O Brasil participa com o Estúdio Mosh cedendo espaço para a jam session “Mosh Blues”, gravada em 18 de março de 2012, e para “The Fifth Man“, registrada no dia 13 de abril 2014. A primeira é uma jam session com improvisos muito simples, enquanto a segunda é uma faixa muito boa, hardeira e mais trabalhada, pensada inclusive de aparecer em Focus XI, mas que foi descartada. “Santa Teresa” é o bônus da versão nipônica de Focus X, com Ivan Lins nos vocais.Falando em Ivan Lins, Van Leer substitui ele nos vocais de “Birds Come Fly Over (Le Tango)”, cujo instrumental é idêntico ao de Focus X. Do mesmo álbum temos uma versão editada e com nova mixagem vocal para “Victoria”. Ainda, “Five Fourth” nasceu no Brasil, e foi gravada em apenas uma tomada, com os músicos tocando uma sequência de notas escritas por Van Leer no intervalo das gravações de Focus X. “Clair-Obscur” e “Winnie” são versões primárias da mesmas faixas que irão aparecer em Focus XI. “Song For Eva” é uma longa peça de quase dez minutos, trazendo o poema “They Say that Hope is Happiness” de Lord Byron, e com um belo solo de Menno. O vocalista Jo de Roeck, que participou de “Just Like Eddy” em Focus 9, interpreta “Fine Without You”. Da “família”, “Nature Is Our Friend” e “Let us Wander” foram gravadas exclusivamente para o disco, tendo apenas Van Leer na sua flauta, caminhando junto a natureza. “Hazel” e “Two-part Intervention“, também exclusivas do álbum, são lindas peças ao violão clássico, na linha de canções de Bach. Já “Riverdance” e “Spiritual Swung”, solos de bateria, foram retiradas de Pierre’s Drum Poetry, um disco apenas para os amigos e familiares, lançado em 2000, mas que teve uma tiragem mundial em 2018. “Song for Yaminah” é uma das faixas que Pannekeet apresentou em seu teste, enquanto “Anaya” destaca o uso do baixo de seis cordas. Já as duas faixas do projeto Swung são do álbum Swung Vol. 1 & 2, de 2014. Apesar de longo (80 minutos), não é um disco a ser desprezado pelos fãs, valendo muito a pena sua posição nas prateleiras.

No dia 04 de março de 2018, Hans Cleuver, primeiro baterista da banda, faleceu. O baterista, mesmo após sair do Focus, continuou esporadicamente trabalhando com Van Leer e Akkerman nos discos solos dos mesmos.


Focus 11 [2018]

Outra linda capa de Roger Dean dá sequência aos trabalhos e shows que a nova formação já vinha apresentando, com improvisos e muita experimentação, Focus XI encerra (por enquanto) a Discografia dos holandeses no mesmo nível dos álbuns Focus 8 e Focus 9. Das faixas mais Focus, posso citar ” How Many Miles?”, na linha de “Sylvia” e com Van Leer aos vocais, sem yodel, a bela “Theodora Na Na Na”, com um riff de flauta e guitarra hipnotizante, e a intrincada “Mazzel“, para mim a melhor do disco, principalmente pela sua complexidade. Mas quer mesmo Focus, então faça uma emocionante volta ao passado de “Focus II” ou “Focus III” com “Mare Nostrum“, principalmente pelo timbre Akkermaniano da guitarra de Gootjes, mas com uma virada surpreendente em sua segunda metade, ou com “Focus 11“, bem diferente das versões anteriores, e mantendo o nível de capacidade de tocar os ouvidos e a mente ds fãs. No mais, temos de tudo um pouco. Inspirações latinas em “Heaven”, com Van Leer destacando-se ao piano, a mistura de jazz e rock ‘n’ roll de “Palindrome” (um espetáculo a parte de Van der Linden na bateria) e “Who’s Calling”, ambas lembrando os grandes nomes do jazz rock do final dos anos 70, além de um retorno aos anos 80 em “Final Analysis”, momentos de profunda intensidade emocional em “Winnie” (que já tinha dado as caras em Focus Family, aqui registrada com um arranjo idêntico), com a flauta e o piano derretendo corações. “Clair-Obscur”, outra que está em Focus Family, também possui um arranjo similar, mas prefiro a versão anterior, mais crua em termos de equalização. Focus 11 foi lançado em uma limitada tiragem em vinil turquesa, especial para colecionadores.


E para mais histórias e notícias, indico o excelente blog Focus the Band, totalmente dedicado ao maior grupo holandês da história da música.

Um comentário em “Discografias Comentadas: Focus (Parte II)

  1. Pouca gente fala isso, mas sempre senti uma influência do Focus em Wart Hog do Ramones sobretudo no final da música no refrão. Aquele riff com certeza o Dee Dee Ramone se inspirou no Focus.

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