Test Drive: Deflore & Jaz Coleman – Party in the Chaos [2019]
Participantes: André Kaminski, Daniel Benedetti, Mairon Machado, Micael Machado
O Test Drive de hoje apresenta o EP Party in the Chaos, lançado recentemente pelo projeto Deflore & Jaz Coleman, união da dupla italiana Deflore (Christian Ceccarelli no baixo, eletrônicos e sintetizadores; Emiliano Di Lodovico nas guitarras e sintetizadores) com o vocalista inglês Jaz Coleman (que aqui também toca piano e sintetizadores). O EP foi lançado pelo selo SubSound Records no último dia 28 de junho, e conta com três faixas, assim analisadas pelos consultores.
André: O Deflore é uma banda ainda pouco conhecida de metal industrial vinda da Itália. Jaz Coleman é líder de uma banda post-punk com industrial chamada Killing Joke, provavelmente uma referência a uma novel famosíssima do Batman dos anos 80. Não conheço ambas. Ao ouvir, senti uma sonoridade poderosa e ao mesmo tempo angustiante, bem típica do metal industrial aí já se relacionando com as tonalidades melancólicas do post-punk. A primeira faixa “Party in the Chaos” é pesada desta maneira. Mais atmosférico e, por consequência, mais post-punk, “Sunset in the West” nos remete uma mistura de um clima mais Bauhaus com algumas passagens de guitarras pesadas, sendo uma faixa instrumental até bem interessante. “Transhuman World” finaliza sendo uma faixa mais pesada e com um vocal robotizado soltando frases curtas (me lembrou vagamente Kraftwerk). Achei o EP bem bacana, bem produzido, com faixas de qualidade e principalmente um ótimo trabalho de guitarras. Quem curte industrial, confira que vale a pena.
Daniel: O EP Party in the Chaos traz a união da dupla italiana Deflore (formada pelo baixista Christian Ceccarelli e o guitarrista Emiliano Di Lodovico) com o frontman do grupo britânico Killing Joke, Jaz Coleman. O Deflore abriu um show do Killing Joke, em Roma, e Coleman ficou atraído pelo som dos italianos. Party in the Chaos é curto, com 3 músicas e pouco mais de 15 minutos. A faixa de abertura, “Party in the Chaos”, conta com uma bateria eletrônica e uma sonoridade pesada em misto com elementos eletrônicos, enquanto Coleman berra a palavra ‘chaos’. A bela instrumental “Sunset in the West” traz uma abordagem minimalista de Coleman ao piano e que complementa uma sonoridade etérea da Deflore, sendo, de longe, minha canção preferida do trabalho. “Transhuman World” é mais parecida com a primeira música, embora conte com mais elementos da musicalidade industrial e instrumentação pesada – e que não é muito a minha ‘praia’. Enfim, um trabalho competente e, até mesmo por ser tão pequeno em duração, Party in the Chaos deixa um gostinho de “quero mais”, principalmente se surgissem mais canções na linha de “Sunset in the West”.
Mairon: EP curtinho e bem difícil de entender. A audição começa com toda velocidade, na pancadaria da faixa-título que impressiona os ouvidos de cara. Lembra bastante Slipknot ou até Korn, e mesmo não me agradando, não nego as qualidades. Depois, tudo muda em “Sunset in the West”, uma faixa muito bonita onde parece que Vangelis resolveu dar o ar da graça junto a toneladas de efeitos eletrônicos que acabam desfazendo um pouco do brilho da mesma. Os ritmos eletrônicos voltam com força em “Transhuman World”, faixa mais robótica, sem o peso da faixa-título, numa mistura de Kraftwerk com Slipknot que não me agradou. Em 18 minutos, a audição encerra-se deixando uma sensação de vazio bem grande. Não é algo que eu aprecie, e é confuso ouvir algo tão distinto como “Sunset in the West” sanduichada por duas faixas discrepantes, e que são talvez justamente o estilo central do projeto. Honestamente, não sei se irá vingar …
Micael: Jaz Coleman já tem seu nome marcado na história pelos seus serviços como vocalista, compositor e eventual tecladista do Killing Joke (uma super banda inglesa da qual você talvez já tenha “ouvido falar” por causa da cover de “The Wait” que o Metallica registrou no famoso $5.98 E.P.: Garage Days Re-Revisited – aliás, cabe aqui recomendar a excelente entrevista com o cara conduzida recentemente pela lenda viva Gastão Moreira, e disponível no canal do Kazagastão no youtube. Confira!). Mas a carreira do cantor tem muito mais conteúdo do que isto! Dentre arranjos orquestrais para álbuns tributos a bandas como Led Zeppelin, Pink Floyd e The Doors, trabalhos ao lado de diversas orquestras como compositor de música clássica, e colaborações com artistas tão diversos quanto o cantor Maori Hinewehi Mohi, a cantora Sarah Brightman, os “astros” Duff McKagan e Mike McCready (do Pearl Jam) e o grupo francês Tambours du Bronx, o mais novo trabalho de Jaz é ao lado do duo italiano Deflore (do qual eu, honestamente, nunca tinha ouvido falar antes) no EP de três faixas Party In The Chaos. Minha opinião sobre a bolachinha: é um trabalho bastante interessante, mas totalmente esquizofrênico. Enquanto a faixa título é um metal industrial na melhor linha “Ministry das antigas” (com destaque para o marcante riff de baixo que percorre a canção), “Sunset In The West” é quase uma composição de “ambient music”, sendo totalmente instrumental e levada por sintetizadores e piano em um ritmo bem tranquilo, e só com um curto interlúdio mais pesado (conduzido por um aprazível riff de guitarra distorcido e repetitivo) ali pelo meio (repetido brevemente ao final da faixa). “Transhuman World” fecha o play em uma levada que me lembrou as composições do Rammstein, embora menos pesada que o estilo normal dos alemães, além de possuir um bom trabalho de Jaz nas vozes. No geral, um EP bastante interessante (onde a faixa título certamente se destacou para mim), mas bem distante tanto do estilo quanto da qualidade do trabalho de Coleman ao lado do Killing Joke. Se você for muito fã do cara, ou se gostar das bandas citadas, dê uma conferida, pois quase certamente o disco vai lhe agradar. Já se seu estilo for mais “metal com melodias” ou aquelas composições com cheiro e sabor de hard dos anos 1970, passe longe, pois este não é para você!