Cinco Discos Para Conhecer: Andre Matos

Cinco Discos Para Conhecer: Andre Matos
No último dia 8, completou-se um mês da perda de uma das maiores vozes da música nacional. Em homenagem à Andre Matos, resgatamos esse texto com Cinco Discos Para Conhecer a sua carreira, publicado originalmente no site parceiro Van do Halen, e adaptado para a data de hoje.
Por Igor Miranda
Além de um dos maiores vocalistas da história metálica tupiniquim, Andre Matos foi um músico com raízes eruditas, tendo habilitação até para ser regente de orquestra e, nas horas vagas, fazia cosplay de Steve Perry (Journey). Confira os cinco discos recomendados para conhecer a obra deste grande nome da cena nacional.


Viper-Theatre-Of-FateViper – Theatre Of Fate [1989]

(por João Renato Alves)

Enquanto alguns babacas ficam pregando a “revolussam du metau nassionau” em textos mal escritos e cheios de besteiras, há aqueles que batalham de verdade na cena há décadas. Gostar ou não de Andre Matos é direito de cada um. Mas há de se reconhecer que, ainda garoto, ele já estava em busca do seu espaço. A diferença para os assim ditos injustiçados (que não aparecem por falta de talento mesmo) é que Andre sempre foi do tipo que preferiu fazer a falar. Não é à toa que possui uma carreira pra lá de respeitável, não apenas por esses lados como no mundo todo. Mas, do ponto de vista pessoal, devo confessar que gosto mesmo é de seus primórdios. O fato esse ainda ser o meu trabalho preferido dos que contam com o vocalista é sintomático. Após o início promissor – apesar da qualidade de gravação tosca – com Soldiers Of Sunrise, o Viper dava o passo definitivo para o reconhecimento. Mais experientes e preparados, o quinteto compôs sua obra para a posteridade em Theatre Of Fate. Melodias e arranjos bem trabalhados fizeram com que o disco se tornasse referência para muita coisa que foi vista posteriormente no estilo. Basta conferir o que foi feito desde então e veremos como os brazucas percorreram caminhos nunca antes procurados e que hoje são frequentemente utilizados. Apenas a produção não é digna da grandiosidade musical, mas já é bem melhor que no debut.

Andre Matos (vocal,teclados), Yves Passarell (guitarras), Felipe Machado (guitarras), Pit Passarell (bass), Sérgio Facci (bateria)

1. Illusions
2. At Least a Chance
3. To Live Again
4. A Cry From the Edge
5. Living For the Night
6. Prelude to Oblivion
7. Theatre of Fate
8. Moonlight


 

angraAngra – Angels Cry [1993]

Gravado nos estúdios de Kai Hansen (Helloween, Gamma Ray), na Alemanha, Angels Cry é um verdadeiro marco na história do metal brasileiro e talvez um dos mais importantes discos nacionais do gênero. O disco foi um fenômeno por várias partes do mundo, como no Japão (recebeu até disco de ouro), Europa (com direito à turnê e boas vendagens por lá) e, claro, América do Sul.Arrojado, peculiar e original, Angels Cry se destaca por atravessar as barreiras do metal melódico: suas nuances vão desde música clássica até ritmos folclóricos brasileiros. A inspiração e a química do Angra fluem de forma soberba e o trabalho final é um dos melhores álbuns do estilo em termos mundiais.

Andre Matos (vocal), Kiko Loureiro (guitarra, violão), Rafael Bittencourt (guitarra, violão), Luis Mariutti (baixo), Alex Holzwarth (bateria, percussão)

Músicos adicionais:
Kai Hansen – guitarra em 6
Dirk Schlächter – guitarra em 6
Sascha Paeth – guitarra e violão em 6
Thomas Nack – bateria em 7

1. Unfinished Allegro
2. Carry On
3. Time
4. Angels Cry
5. Stand Away
6. Never Understand
7. Wuthering Heights
8. Streets Of Tomorrow
9. Evil Warning
10. Lasting Child


Virgo-Virgo-2001Virgo – Virgo [2001]

(Por João Renato Alves)

A versatilidade mostrada nesse projeto junto a Sascha Paeth não é nenhuma grande novidade para quem já acompanhava a carreira de Andre. A admiração da dupla pelo Queen foi a base dessa empreitada, que rendeu apenas um disco, mas ficou marcado para aqueles que compreenderam o ecleticismo da proposta. Momentos grandiosos e outros mais simples se alternam em uma obra que vai do Pop ao Hard com total destreza e competência. Um fator importante de se destacar é a total naturalidade com que Matos e Paeth desenvolvem o trabalho, mostrando que são músicos acima de qualquer cliche pré-estabelecido. Da alegria quase inocente de “Baby Doll” ao momento de tirar o fôlego em “No Need To Have An Answer”, tudo parece se encaixar e fazer sentido. Para ouvir de cabo a rabo, em uma verdadeira viagem musical.

Andre Matos (vocal, teclados), Sascha Paeth (guitarras, baixo, teclados), Olaf Reitmeier (baixo), Robert Hunecke Rizzo (bateria), Michael “Miro” Rodenberger (teclados), Amanda Sommerville (backing vocals)

1. To Be
2. Crazy Me?
3. Take Me Home
4. Baby Doll
5. No Need To Have An Answer
6. Discovery
7. Streets Of Babylon
8. River
9. Blowing Away
10. I Want You To Know
11. Fiction


Shaman-RitualShaman – Ritual [2002]
(por Igor Miranda)

Muita coisa rolou nos dez anos posteriores ao lançamento de Angels Cry. Três integrantes do Angra – Andre Matos, Luís Mariutti e Ricardo Confessori – deixaram o grupo por diferenças pessoais com o empresário Antônio Pirani, se uniram a Hugo Mariutti, guitarrista e irmão de Luís, e registraram um álbum tão bom quanto o clássico de 1993. Ritual é essencialmente Power Metal, mas sem os exageros do estilo. Tem um pé fincado no Heavy Metal por conta do seu peso e conta com a influência da música brasileira, principalmente na construção de rímticas e percussões. O quarteto funcionou muito bem até a briga com Confessori, que culminou numa nova (e fraca) versão da banda.

Andre Matos (vocal, teclados, piano), Hugo Mariutti (guitarra, violão), Luís Mariutti (baixo), Ricardo Confessori (bateria)

1. Ancient Winds
2. Here I Am
3. Distant Thunder
4. For Tomorrow
5. Time Will Come
6. Over Your Head
7. Fairy Tale
8. Blind Spell
9. Ritual
10. Pride


Andre-matos_time-to-be-freeAndre Matos – Time To Be Free [2007]

A saída do Shaman não abalou a carreira de Andre Matos. Pelo contrário, pois logo após abandonar o barco, o vocalista lançou seu primeiro e mais aclamado disco solo, intitulado Time To Be Free. O play fez bastante sucesso, alcançando a segunda posição das paradas japonesas e francesas, bem como a quarta nos charts russos. Os momentos orquestrados e eruditos misturados com Heavy Metal estão mais presentes emTime To Be Free, visto o feedback de Andre, formado em regência musical e piano erudito. Os músicos escolhidos cumprem muito bem suas funções, com destaque ao virtuoso baterista Rafael Rosa. Sobrou espaço até para homenagens ao seu pai Steve Perry (vai dizer que não são iguais?), com o cover de “Separate Ways (Worlds Apart)“, do Journey.

Andre Matos  (vocal, piano), André “Zaza” Hernandes (guitarra), Hugo Mariutti (guitarra), Luis Mariutti (baixo), Rafael Rosa (bateria), Fabio Ribeiro (teclados)

1. Menuett
2. Letting Go
3. Rio
4. Remember Why
5. How Long (Unleashed Away)
6. Looking Back
7. Face The End
8. Time To Be Free
9. Rescue
10. A New Moonlight
11. Endeavour
12. Separate Ways (Worlds Apart)

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5 comentários sobre “Cinco Discos Para Conhecer: Andre Matos

  1. Cinco discaços! Acho que essa seria a minha lista também… eu prefiro o Holy Land e o Reason ao Time To Be Free, mas teria mesmo que ter um álbum da carreira solo para marcar essa fase… E bolíssima dentro lembrar do maravilhoso Virgo, que quase ninguém lembra, e que é um disco maravilhoso!!!

  2. Grande lista! Eu só mudaria o Reason no lugar do Ritual, mas ai é gosto pessoal mesmo. Excelentes comentários sobre esses grandes álbuns do mestre!

  3. Acho que o Holy Land é mais representativo que o Angels Cry. O Angels ainda remete muito ao Viper. o Holy é o Angra no auge da fase André. Disco feito com amor e pegada, segundo os caras. E pra mim já mostra um amadurecimento após apanhar pra fazer o Angels (na Alemanha). E ainda lamento muito… pqp… perdi de ver com Angra, com o Viper na reunion… e com o Shaman no auge…. Só no inferno agora…

    1. Grande Anderson, legal ver teu comentário. Acho que o Andre não estará no inferno, mas tu certamente, kkkk. Abração

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