Notícias Fictícias que Gostaríamos que Fossem Reais: Mamonas Assassinas sobrevivem a acidente aéreo
Por André Kaminski
Notícias Fícticias que Gostaríamos que Fossem Reais é uma sessão da Consultoria do Rock onde apresentamos notícias fictícias, mas que poderiam se tornar reais em algum momento de nossas estadas aqui na Terra. A intenção não é gerar polêmicas ou controvérsias sobre determinados fatos, mas apenas incitar a discussão sobre o que ocorreria se o mesmo fato chegasse a acontecer.
No dia 02 de março de 1996, o Mamonas Assassinas sofre um terrível acidente de avião, mas milagrosamente, todos sobrevivem.
Após uma viagem de retorno de um show em Brasília e se preparando para embarcarem para Portugal, o Learjet 25D que transportava a banda se choca contra a Serra da Cantareira em São Paulo. O piloto Jorge Luiz Martins percebeu a estranha escuridão a frente do jato e segundos antes do choque diminuiu a velocidade do avião fazendo com que o choque fosse menor. Por ironia do destino, o avião caiu justamente em uma clareira em que houve desmatamento ilegal há poucos meses, diminuindo a chance do avião se chocar com muitas árvores em alta velocidade.
Todos os membros da banda mais os pilotos foram feridos gravemente, mas sobreviveram após uma longa recuperação. Dinho sofreu um traumatismo craniano após bater a cabeça em um galho grosso, mas como sempre, faz piada sobre o ocorrido. “Senti uma pancada forte na cabeça e apaguei. Acordei no hospital 20 dias depois. Se o galho estivesse um pouco mais baixo, teria decepado a minha cabeça. Mas vejam pelo lado bom, com essa pancada, acho até que fiquei mais louco em cima do palco.” O amigo Julio Rasec não fica muito para trás “foi fácil me enxergar naquela mata graças ao meu cabelo vermelho. De agora em diante, pretendo variar o meu cabelo entre vermelho, pink e amarelo fosforescente.” Bento Hinoto e os irmãos Sergio e Samuel Reoli tiveram muitas fraturas nas pernas e braços e algumas costelas quebradas. O japonês, inclusive, teve que ficar 10 meses em uma cadeira de rodas e depois mais 8 meses de fisioterapia para fortalecer a musculatura e voltar a andar. “De sequela, só ficou o dolorido de dançar o Vira-Vira”, declara o sempre bem humorado guitarrista.
Desde o acidente, os Mamonas só conseguiriam retornar aos palcos para um show lotado de retorno apenas 34 meses depois do ocorrido. Em 4 de janeiro de 1999, o Ninho do Corvo em Guarulhos lota as arquibancadas e o gramado para o show de retorno. Os 15 mil ingressos (ao valor de 35 reais, preço altíssimo diga-se de passagem) se esgotaram em poucas horas e a fila dobrava quarteirões. Menos extravagantes mas ainda animados, o Mamonas Assassinas emociona o seu público guarulhense ao som dos seus sucessos de sempre.
De acordo com Dinho, os integrantes em 1998 trocaram ideias de músicas e melodias usando o ICQ e o telefone. Nos próximos meses de 1999 os Mamonas se fecham no estúdio e gravam rapidamente (assim como no primeiro disco) com lançamento exatamente no dia 02 de março de 1999, três anos após o acidente, o disco Empacotamos, novamente fazendo piada com a queda. Com bastante sucesso como o anterior, o disco conta com as faixas:
- O Meio de Transporte Mais Seguro do Mundo (piada fazendo graça com aviões)
- Cabecinha do Neném (piada com o samba do É o Tchan e Boquinha da Garrafa)
- Itamar e Itapior (piada das duplas sertanejas)
- Metal Espadinha (piada do power metal em alta na época)
- Sem Bento, Só Lamento (piada com os acústicos MTV)
- Paralelepípedos (piada com a MPB)
- Chupa Cabra (piada com os aliens muito comuns nos programas noventistas)
- A Taça do Mundo é da França (piada óbvia)
- Gyodai aiaiaiaiai (piada com tokusatsus japoneses)
- Pôster do Guarda-Roupa (piada com as boybands)
- Baianinho (piada com o axé)
- Uga Uga ou Morte? (piada de piá de colégio)
O sucesso é grande, os shows voltam a lotar e o espaço na TV é disputado com as bandas de pagode, samba e axé. Julio Rasec inclusive dedica no seu tempo de recuperação a aprender mais de teclado e se torna um instrumentista no mesmo nível dos demais.
Todavia, embora amigos, algumas rusgas começaram a surgir. Os eternos amigos Dinho e Julio começam a aparecer muito juntos em programas de humor na tv, atrapalhando os ensaios e agenda de shows enquanto Sergio e Samuel querem se dedicar mais exclusivamente à música. Bento tenta sempre fazer o meio de campo e serve como a “cola” para manter a banda unida. Isso dura até maio de 2001 quando a banda se separa.
Dinho e Julio são contratados pelo SBT para trabalharem no Domingo Legal, no lugar da dupla ET e Rodolfo que não emplacaram. Também fazem piadas e vídeos de humor no Programa do Ratinho. Fizeram programas próprios (que não duraram muito) e participaram de vários quadros e outros programas dentro do SBT até 2016.
Sergio e Samuel revivem o Utopia e chamam o seu velho companheiro Marcio Araújo para os teclados que aceita de imediato. Faltava alguém para os vocais. E eles resolvem chamar Bruno Sutter, na época humorista do Hermes e Renato, para ser o vocalista e guitarrista já que queria uma banda para tocar e cantar. Nestes 7 anos, foram dois discos de estúdio. Todavia, em 2008 Sutter deixa o Utopia para se concentrar apenas no Massacration. Os três remanescentes resolvem encerrar a banda. Sergio e Samuel percebem uma nova plataforma que tem potencial de sucesso na internet, o ainda pouco acessado YouTube. Eles lançam o canal “Mamonadas” fazendo piadas, paródias e algo que viria a se tornar popular, os chamados “reacts”. Foi um dos primeiros canais de grande sucesso do Brasil e hoje conta com 7 milhões de inscritos.
O Sepultura na época oscilava após dois discos de baixa recepção que foram o Nation e o Against. Andreas Kisser sabia que Bento Hinoto era um ótimo guitarrista e o convida para ser a segunda guitarra e backing vocals assim como na época de Max Cavalera. Bento também influencia as composições dos próximos discos já que era muito fã da banda Dream Theater e Awake era o seu disco favorito de todos os tempos. O som do Sepultura passa a adicionar elementos do metal progressivo. Bento resolve deixar a banda em 2016 porque estava com medo das excessivas viagens internacionais visto que aviões ainda lhe causavam pânico.
Neste mesmo 2016, há uma pressão dos velhos fãs do Mamonas para retomarem a banda. Finalmente, após ofertas financeiras enormes por parte dos produtores de shows, os cinco membros originais anunciam em setembro de 2016 o retorno da banda. Novamente, no dia 02 de março de 2017, 21 anos após o acidente, o Mamonas Assassinas lança o disco A Volta dos que Não Foram, com as canções:
- Vampirão (piada com o presidente Michel Temer)
- Só Caguei (piada com as carreiras paralelas deles próprios)
- Lá Vem os Alemões (piada com o 7×1 do Brasil na Copa)
- Lave o Jato (piada com os políticos corruptos da Lava Jato)
- Sertanejo Universiotário (piada óbvia)
- Precúsculo (piada com a série Crepúsculo)
- 9vinha (piada com o funk carioca)
- Grafeno (piada com o deputado Jair Bolsonaro)
- Fuminho de Rolo (piada com narguilé)
- Rédibenga (piada com os metaleiros)
A imprensa destaca o terceiro disco do Mamonas que embora não tenha tido o mesmo sucesso de 1995, foi bem elogiado pela crítica, apesar do politicamente incorreto que sempre marcou a banda.
Desde então, a banda tem feito shows pelo Brasil(preferencialmente de ônibus) e finalmente visitou Portugal, o que era planejado desde 1996. A banda segue nos dias de hoje também presente em todas as plataformas de mídias sociais contando ainda com seus muitos fãs saudosistas principalmente na faixa dos 30 e 40 anos indo aos seus shows e assistindo suas lives em tempos de coronavírus.
Bah, se isso fosse verdade, eu iria a Portugal ver o show. Curiosissimo para saber da letra “Grafeno”, huahaau. Sensacional. Bela lembrança para uma data triste como a de hoje, onde perdemos o genial Aldir Blanc.
Na hora de escolher os nomes das faixas dos discos, fui pela lógica que eles não perdoariam ninguém e nenhum estilo ou moda que estava em alta na época. Provavelmente zoariam todos! hahahahahahahahahaahahahaha
Boa matéria, André! Parabéns pela criatividade, ri bastante com os nomes das músicas e seus “significados”!
Acredito que uma carreira aos Mamonas teria de ser neste modo de “volta-e-retorna”, pois, se ficassem em um ritmo constante de um disco por ano (ou mesmo a cada dois), a piada cansaria logo, e a mídia talvez buscasse “novas novidades”, fazendo o sucesso do grupo diminuir drasticamente…
Mas, como tudo, infelizmente isto é apenas suposição… Impossível prever o que o futuro poderia ter trazido ao grupo não fosse a tragédia ocorrida…
Concordo contigo, Micael. Creio que se não houvesse o acidente, eles lançariam outro disco ali por 96 ou 97 (segundo os familiares, Dinho já tinha rascunhos de novas letras) e talvez no segundo ou terceiro disco o sucesso cairia bastante visto que a mídia brasileira sempre foi de seguir modismos e matar artistas ou bandas em pouco tempo.
Eu acho que um segundo disco poderia ter mantido a qualidade do primeiro, mas dificilmente um terceiro conseguiria manter o nível. Penso, como parâmetro, no Steel Panther que oscila bastante e, de certa forma, fica se repetindo nas piadas.
Dificilmente o Mamonas gravaria o segundo disco, pois a gravadora já tinha começado a ser movimentar nos bastidores para trabalhar em uma carreira solo do Dinho…O acidente foi trágico e lamentável, mas a banda acabaria independente dele.
É muito difícil saber o que teria acontecido com a banda. Já vi uma entrevista com o pai do Dinho onde ele dizia que a banda não teria durado muito. Dizia que o Dinho tinha recebido um convite para trabalhar com o Tom Cavalcante, sem a banda, que ele estava afim de fazer e isso teria criado um racha na banda. Ao mesmo tempo, acho que por conta do sucesso estrondoso do álbum, a gravadora os forçaria a fazer um segundo disco. Terceiro, acho que não duraria.
Musicalmente falando, meu medo, na época, é que eles se perdessem na hora de criar as letras. O Mamonas atingiu um publico infantil grande e o próprio Dinho disse, em entrevista, que teria que levar isso em consideração na hora de criar um novo material. Bom, ficam as memórias. Legal a lembrança, André