Kansas – The Absence of Presence [2020]
Por Fernando Bueno
O Kansas é um caso singular no meio do rock progressivo. Eles são sempre citados com uma banda de progressivo, pelos aficionados do estilo, mas a grande parte das pessoas, até boa parte dos que dizem fãs, lembram mesmo de “Carry On Wayward Son”, “Dust in the Wind” e “Play the Game Tonight”. Também tem o fato que o estilo de rock progressivo americano sempre foi, no geral, mais melódico do que o feito em países com a Inglaterra e Alemanha. Tanto que quando os medalhões do prog partiram para um som mais AOR, acabaram se aproximando sonoricamente ao que já era feito pelas bandas americanas.
Confesso que o meu interesse pela banda sempre foi limitado ao que fizeram de 1974, em seu álbum de estreia autointitulado, até ali o início dos anos 80, sendo que os álbuns Audio-Visons (1980) e Vinil Confessions (1982) muito por conta das faixas mais radiofônicas do que pelo todo de seu repertório. Entretanto quando soube do lançamento desse novo disco eu acabei me encantando com sua linda capa e não tive como deixar de ouvir. Os tons azuis e a ilustração me remeteram muito às imagens que eram usadas pelas bandas de progressivo italiano, em especial o álbum Forse Le Lucciole Non Si Amano Pio do Locanda Delle Fate.
A faixa título de The Absense of Presence abre o disco e me remeteu à algumas das músicas mais longas daqueles discos dos anos 70, com várias mudanças de ritmos e passagens. Já em ‘Throwing Mountains”, o primeiro single do álbum, abusa dos riffs feitos pelos teclados e traz uma ótima performance vocal de Ronnie Plat. Quem gosta de bandas como Spock’s Beard vai curtir muito “Jets Overheads”.
Chama atenção logo de cara o fato de que, apesar de serem os membros mais recentes do Kansas, Tom Brislin (teclado e vocais) e Zak Risvi (guitarra e vocais) são os que mais contribuíram para o material do disco. Completam o line up atual do Kansas Ronnie Plat (vocal e teclados) que está na banda desde 2014, David Ragsdale (guitarra e violino), Billi Greer (baixo e vocais), além da dupla que navegam esse barco desde o início Phil Ehart (bateria) e Rick Williams (guitarra e vocais).
O prog setentista mais tradicional aparece para iniciar a faixa instrumental “Propulsion 1”, mas depois de um tempo ela ganha peso, principalmente por conta da bateria e mostra que eles estão bastante conectados com as bandas atuais do estilo. Porém a faixa serve quase como uma introdução para a linda “Memories Down the Line” em outro show de Plat. Uma balada, “Never”, encaminha o final de forma emocionante em uma bela alternância de guitarras.
Uma das características que sempre me chamou atenção para o Kansas é o fato de todos os músicos serem multi-instrumentistas o que deixa seus shows ao vivo muito interessantes de assistir. Eu como um guitarrista fracassado fico com uma mistura de inveja e admiração gigante. E essa característica é o que dá a chance de em qualquer momento termos um violino, um sax, ou algum outro instrumento acrescentando na música, como é o caso da faixa que fecha tudo “The Song The River Sang”, a única em que Tom Brislin é o cantor principal.
Com seu jeito particular, bem mais americano, de se fazer rock progressivo, o Kansas acertou em cheio em um álbum de canções repletas de auto referências e bastante alinhadas com as bandas atuais do estilo. Para mim o disco também foi um motivo para voltar ao Kansas e ir atrás dos seus discos mais recentes. Parece que perdi bastante tempo. O álbum estava programado ser lançado no dia 26 de junho, mas seu lançamento acabou sendo adiado para o dia 17 de julho.
No tempo que finalizei o texto e a sua publicação fui ouvir o álbum anterior, The Prelude Implicit (2016) e o achei bem menos progressivo com um apela mais pop do que esse em questão. Para mim esse último é melhor, então para quem gostou do anterior pode aprovar The Absence of Presence.
Track List:
01. The Absence of Presence
02. Throwing Mountains
03. Jets Overhead
04. Propulsion 1
05. Memories Down the Line
06. Circus of Illusion
07. Animals on the Roof
08. Never
09. The Song the River Sang
Preciso ouvir esse disco!!
Interessante! vou sacar em breve!
Hoje fui ouvi os singles! “Memories Down the Line” é maravilhosa. Já aguardando o lançamento em julho.
O meu já está encomendado! Eu achei o disco anterior foda. Se o novo, como disse o Bueno, está mais Prog, vai ser ainda melhor.
Mas vendo que o Brislin agora está na banda e vendo que ele é um dos principais compositores não é de estranhar que o disco seja mais Prog!