Europe – Out of This World [1988]
Por André Kaminski
Após o sucesso do clássico The Final Countdown [1986] e sua tour se sucesso com muita grana entrando nos cofres do Europe, chega 1988 e é necessário lançar outro disco. John Norum, descontente com os rumos musicais que a banda tomou no disco e com problemas de relacionamento com o empresário Thomas Erdtman, deixa a banda no começo da tour anterior e no qual a banda recruta Kee Marcello para completá-la. Ao seu término, ele é efetivado na banda e as gravações para este disco Out of the World iniciaram no segundo semestre de 1987.
A banda neste registro quis fazer uma sequência direta do disco anterior. Canções mais leves e com teclados proeminentes é o que encontrará por aqui se comparado aos dois primeiros. Mas isso faz o disco ruim? A meu ver, nem um pouco. Não acho melhor do que o anterior, mas o qualifico apenas um pouco abaixo do ótimo disco de 86.
Você vai encontrar aquele Europe oitentista que conhecemos com muitos backing vocals, melodioso e AORzento. Se tá bom para ti, dá o play e acompanhe com o texto. Joey Tempest compôs praticamente todas as músicas e letras, tendo apenas algumas poucas colaborações de Kee Marcello e do tecladista Mic Michaeli. John Léven no baixo e Ian Haugland na bateria continuam na formação.
Temos a conhecida “Superstitious” abrindo com muito teclado, backing vocals e lindos solos de Marcello. A canção atingiu o número 1 na Suécia e Noruega além de boas posições nos charts europeus. Todavia, não foi ganchuda o suficiente para galgar a primeira posição no mercado americano, embora estivesse num ótimo nono lugar. A segunda música também se tornou outra figurinha carimbada nos shows do Europe que é “Let the Good Times Rock”, com um instrumental mais cadenciado e, a meu ver, até com mais jeito de single principal que a anterior. Esta sendo um pouco mais direta, percebe-se bem que Marcello foi uma grande escolha para ocupar o posto de Norum com uma guitarra muito bem tocada. Mais um single, “Open Your Heart” é uma daquelas semi-baladas que sabem variar bem entre os momentos mais sentimentais dos versos para a energia do refrão.
“More than Meets the Eye” volta com aquele teclado oitentista datado característico que eu, em particular, gosto tanto. Sendo o quarto single lançado em alguns poucos países, conta com mais um excelente solo de Marcello, que por sinal, é bem provável que estivesse no top 5 entre os melhores guitarristas-solo do hard rock da época. Incrível como suas notas saem orgânicas, gostosas de ouvir. “Coast to Coast” é uma boa balada que mantém o nível, embora a própria banda já tenha feito melhores anteriormente. “Ready or Not” fecha o lado A contando com um bom peso junto aos teclados característicos. Esta música lembra o Europe mais pesado e menos comercial dos dois primeiros álbuns.
O lado B é um pouco inferior ao primeiro e aí eu mesmo não tenho muitas faixas a destacar. Daqui, eu gosto da abertura “Sign of the Times” das quais acho as linhas melódicas de teclado muito bonitas quando estas parecem cantar junto a Tempest. Sem contar o próprio desempenho vocal de Joey que a canta com aquela voz angelical de encher os ouvidos e de “Light and Shadows” com uma intro pesada, um refrão bacana e teclados marcantes. “Just the Beginning”, “Never Say Die” e “Tower’s Callin’ são boas músicas, mas não as destacaria como as anteriores. Mantém ali um nível seguro de um álbum muito bom. Já “Tomorrow” considero uma balada muito fraquinha e por mim, nem precisaria estar no tracklist.
O disco até teve boas vendagens na Europa e Ásia, porém, não obteve o sucesso que gostariam na América do Norte. Tanto que nem teve tour por lá. Os shows se concentraram na Europa, Índia e Japão e optaram por pararem para tentar emplacar outro disco nas paradas americanas.
As resenhas da época foram em sua maioria elogiosas, mas mesmo assim, exceto na Índia, a banda não lotava mais estádios como poucos anos antes. O que eu sinto hoje ao ouvir este álbum é um trabalho muito bom, caprichoso e com os caras tocando muito bem, mas naquela época em que todo mundo só estava de olho no farto e endinheirado mercado americano, acabou sendo visto como um trabalho menor do Europe. Se não o comparar com The Final Countdown, terá em mãos um álbum muito bom, que sofre uma pequena queda em sua parte final, mas que é o suficiente para manter sua atenção do início ao fim.
Tracklist
- Superstitious
- Let the Good Times Rock
- Open Your Heart
- More than Meets the Eye
- Coast to Coast
- Ready or Not
- Sign of the Times
- Just the Beginning
- Never Say Die
- Lights and Shadows
- Tower’s Callin’
- Tomorrow
Considero este um dos álbums mais sólidos do Europe, ele não possui mega-sucessos.mundiais como Carrie ou The Final Countdown, mas é um álbum que com 1 ou 2 exceçoes pode ser escutado do começo ao fim sem perder o pique.
Perfeito, eu acho que dá uma pequena caída ali no final, mas ainda assim é um ótimo disco do Europe.