Gilberto Franco – Cosmoludium [2021]
Por Mairon Machado
O músico gaúcho Gilberto Franco lançou Cosmoludium (Ludo Cósmico), seu sétimo trabalho. O álbum, com distribuição digital selo Tratore, e em edição limitada no formato físico, foi gravado entre maio e novembro de 2020, já durante a pandemia, com um processo de 4 meses na qual Gilberto escreveu e gravou a maior parte dos temas, além de tocar sintetizadores, baixo, percussão, kalimba e guitarra, e contou com a participação de artistas do mundo inteiro, mostrando como o nome de Gilberto ganhou relevância e destaque internacional na última década.
O álbum abre com “Terceira Janela de Barbara”, uma linda peça na qual Gilberto brilha nos teclados, seja ao piano elétrico ou sintetizador, com um andamento singelo e muito bacana, e destacando o solo de violino de Irina Markevich (Ucrânia), seguida de “Pulo do Gato”, uma faixa mais na linha New Age, novamente com os teclados se sobressaindo, e levando o ouvinte para os anos 80, destacando as interessantes mudanças de andamento da mesma e o bonito solo de guitarra, com aplicação perfeita de escalas de jazz. “Regresso Ao Amor” apresenta vocalizações por parte de Gilberto, e é uma canção romântica, novamente com a presença do violino, além do alemão Minor2Go na voz e violões, enquanto “Nas Nuvens” tem uma levada bastante legal, com moog e guitarra sendo o centro das atenções, além de vocalizações indígenas a cargo de Aymara Ruas (Bolívia) e o charango do peruano Carlos Carty.
“Musa” retorna ao estilo de “Terceira Janela de Barbara”, mas agora, ao invés do violino, é a flauta quena de Carlos Carty o instrumento central. Se me dissessem que era Recordando O Vale das Maçãs, eu acreditaria. Já “Flipper” é uma maluca peça que parece uma trilha de jogo de video-game, ou saída de algum arquivo escondido de Robert Fripp nos tempos de King Crimson dos anos 80. Muito bom. Gostei também dos violões, vocalizações e piano de “Ritual”, faixa bastante interessante por conta de sua construção, trazendo a participação de Krisna Setiawan (Indonésia) no piano e de Amine Jmili (Marrocos-França) arrasando no alaúde, e da linha Santana na guitarra solo de “Chasque”, a cargo de Franco Quadroni (Itália), além das alternâncias de instrumento (violino, piano elétrico) com os solos, e as participações novamente de Carlos Carty e Irina Markevich. Esta é fácil a melhor canção de Cosmoludium, cuja faixa-título é a seguinte, trazendo um bonito solo de trompete a cargo do ex-King Crimson Mark Charig.
O álbum encerra-se com “Patagônia”, linda faixa ao violão e moog, com muito som ambiente de pássaros, cachorro e outros animais, também forte candidata a melhor do disco, e “Wonderland”, trazendo uma letra sussurada em inglês por Amy Gedgaudas (EUA), que também possui um climão New Age e que alterna solos de diferentes instrumentos, como o trompete de Mihai Sorohan (Romênia).
O resultado de Cosmoludium é o que o próprio autor define como um World Fusion Prog, e como podemos perceber pelos convidados, e com a necessidade de gravar a distância em meio a pandemia fez com que o músico tivesse a companhia de artistas de 9 países diferentes para auxiliar na criação da obra, em um verdadeiro jogo universal onde o idioma falado são os acordes musicais. Um bom álbum do gaúcho, principalmente para quem quer curtir um som bem diferente neste inverno.
Track list
01. Terceira Janela de Barbara
02. Pulo do Gato
03. Regresso Ao Amor
04. Nas Nuvens
05. Musa
06. Flipper
07. Ritual
08. Chasque