Saxon – Inspirations [2021]
Por Mairon Machado
O que leva um grupo de veteranos do Heavy Metal a gravar um disco de covers de bandas que foram inspirações em sua carreira? Bom, uma pandemia mundial é uma boa justificativa para isso, e foi o que os britânicos do Saxon construíram durante o ano de 2020, culminando com Inspirations, vigésimo terceiro álbum da banda, lançado no dia 19 de março deste ano. O grupo está com Biff Byford (vocais), Paul Quinn (guitarras), Doug Scarratt (guitarras), Nibbs Carter (baixo) e Nigel Glockler (bateria)
Temos aqui homenagens bastante diversificadas, como os dois grandes nomes do British rock nos anos 60, sendo que o disco abre com uma pesada versão para “Paint it Black” dos The Rolling Stones, que mantém as harmonias do original, mas claro, com as guitarras fazendo as vezes do Sitar, ganhou bastante peso, assim como o rockaço de “Paperback Writer”, mais uma versão para uma canção dos The Beatles a entrar no hall de “melhor que a original”, principalmente pela presença das guitarras.
O genial Jimi Hendrix é homenageado com “Stone Free”, bem mais para cima do que a versão de Hendrix, mas diria que num patamar abaixo do que a original, fugindo um pouco do clima que o Deus Negro da guitarra criou, assim como o gigante Motörhead recebe uma paulada versão para “Bomber”, que é um dos grandes momentos de Inspirations. Outro grande trio a ser homenageado pelo Saxon é o Thin Lizzy, com uma fantástica “The Rocker”, que assim como “Stone Free”, ficou bem mais up do que a original, mas aqui, pontos positivos ao Saxon.
A Santíssima Trindade do hard britânico também está no CD, com “Immigrant Song”, versão muito fiel a do Led Zeppelin, até com os agudos bem feitos pela voz experiente de Bifford. “Evil Woman”, original do The Crows, mas mundialmente conhecida pela versão do Black Sabbath, também está bastante fiel ao que a turma de Iommi fez, com o baixão de Nibbs em destaque. E o Deep Purple surge com “Speed King”, outra muito fiel ao original, que peca pela ausência do hammond durante o solo, mas que foi relativamente compensado pelas guitarras, os quais aqui sim criaram solos totalmente novos, que fogem do que foi registrado pelo Purple em In Rock (1970).
Como surpresas, temos AC/DC e sua “Problem Child”, bastante fiel ao que foi gravado por Angus Young e cia, a linda versão de “See My Friends” dos The Kinks, que é talvez a que mais foge dos padrões originais, apenas com as linhas vocais bastante similares, e o surpreendente Toto de “Hold the Line”, que, acredito eu, possa ter sido a inspiração para os britânicos gravarem álbuns como Innocence Is My Excuse e principalmente, Destiny, até por que eles gravaram neste disco a versão de “Ride Like the Wind” (Cristopher Cross), e ouvindo a boa versão do Saxon para esse clássico do Toto, é possível perceber elementos destes discos por aqui, principalmente no refrão.
Curti bastante também a capa do disco, na qual traz as caricaturas dos onze grupos homenageados junto a caricatura do Saxon, sendo divertido ficar buscando cada uma das bandas. Senti falta apenas de alguma canção do progressivo, pois uma banda que fez algo tão sensacional para “In the Court of the Crimson King” (Killing Ground, de 2001) certamente tem referências para serem “inspiradas” em um disco. Enfim, em pouco mais de 36 minutos, o álbum passa de forma divertida e muito bem apreciada para esses tempos difíceis em que o álbum foi criado, mas que certamente, deve ter dado um grande alívio para o quinteto em ter tocado canções tão emblemáticas para a história da música, e como o título do álbum sugere, inspiraram na formação de um dos grandes grupos do heavy metal britânico.
Track list
1. Paint It Black
2. Immigrant Song
3. Paperback Writer
4. Evil Woman
5. Stone Free
6. Bomber
7. Speed King
8. The Rocker
9. Hold The Line
10. Problem Child
11. See My Friends
Muito bom disco. Gostei muito das versões para “Bomber”, “The Rocker” (ainda que o baixo do Lynnott faça falta aqui…) e “Paint it Black”, embora ache que a abordagem da banda não funcionou bem para “Immigrant Song”. Soube que o Saxon o lançou como uma forma de “tapar buraco” porque tem um disco novo de inéditas e não quer lançá-lo antes de poder excursionar para promovê-lo. Alguma informação?
De todo modo, melhor do que o disco de covers do UFO!!
Concordo, bem melhor q o do ufo. Não sei dessa informação Marcello. Vou atras