Clouds – Despartire [2021]

Clouds – Despartire [2021]

Por Thiago Reis

A banda de Atmospheric Doom/Death Metal Clouds, com raízes na Romênia e no Reino Unido está de volta após o lançamento dos excelentes Dor (2018) e Durere (2019), com o mais recente álbum do grupo chamado Despartire (2021). O significado do nome do álbum vem da língua romena e quer dizer separação. Pelo título do álbum podemos ter a noção mesmo antes de ouvi-lo de que iremos mergulhar nos inúmeros sentimentos que o ser humano experimenta após uma separação ou rompimento, seja qual for a sua natureza (o término de um relacionamento, o falecimento de uma pessoa querida etc). O grupo liderado por Daniel Neagoe (vocais e orquestrações), ainda contou para a gravação de “Despartire” com Mihai (guitarra), Alex B (guitarra), Alex C (baixo), Cassian (bateria), Corina (violino) e Andrei (flauta e gaita de fole). O álbum ainda conta com participações de Mick Moss (Antimatter), Mihu (Abigail e Mourners) e Aaron Stainthorpe (My Dying Bride).

 

De forma exclusiva, o álbum será lançado no Brasil via Cold Art Industry em uma edição bastante caprichada, contendo slipcase fechado com caixa envernizada, OBI, pôster exclusivo em 24×36 cm frente e verso, uma faixa bônus, adesivo exclusivo 10×10 cm para os primeiros 50 cds e prensagem limitada em 300 cópias. O material se encontra em pré-venda e tem lançamento agendado para dezembro de 2021. Primeiramente, deve-se ressaltar a beleza da capa do disco, que juntamente ao título do álbum compõem toda a temática proposta por Daniel Neagoe. E claro, deve-se destacar as músicas deste mais novo trabalho, o que será feito nas próximas linhas.

O disco começa com “Deepen this Wound”, de forma enigmática e bela, fruto das orquestrações, dos riffs pesados e densos e o violino como a cereja do bolo para essa ótima introdução. Os vocais guturais de Daniel se encaixam perfeitamente com o clima soturno e nebuloso da música. Entretanto, aparecem vocais limpos que contrastam com os guturais de forma muito bem colocada. Mas mesmo com vocais limpos, sente-se a dor e a emoção a flor da pele, colocando de forma evidente as intenções da banda com este lançamento. A bateria também faz um belo acompanhamento, com o ritmo lento que o estilo pede, mas com algumas viradas muito bem colocadas. Os guturais voltam à cena e juntamente com o violino fazem o contraste perfeito, entre dois mundos totalmente paradoxais, mas que se completam de forma brilhante.

“This Heart, a Coffin” conta com a participação de Mick Moss e se inicia com um dedilhado de guitarra bem enigmático, que segundos depois se transforma em uma marcha fúnebre liderada pelo violino de Corina e pelos pesados riffs de guitarra. Os vocais acompanham toda a melancolia da canção de forma a nos levar a uma viagem por nossos sentimentos de perda e separação. Os vocais limpos acrescentam nessa melancolia e tristeza, mostrando a profundeza dos sentimentos humanos. A bateria se destaca novamente, de forma simples e ao mesmo tempo criativa e juntamente do violino se mostram como o acompanhamento ideal para os vocais. A partir dos sete minutos e meio aparecem vocais falados que transmitem ainda mais sentimento à música.

“Your Name in My Flesh” é a próxima e começa com riffs muito bem colocados, juntamente a belas orquestrações e um trabalho de bateria digno de nota. As melodias são muito bonitas e tristes ao mesmo tempo, proporcionando sentimentos contrastantes ao ouvinte. Os vocais guturais aparecem como destaque logo em seguida, aumentando ainda mais a expectativa para o que está por vir. A calmaria após a tempestade aparece, com vocais limpos muito bem colocados e juntamente com o violino apresentam uma ótima combinação que logo é substituída por vocais guturais, fazendo com que o ouvinte perceba cenas de dor e sofrimento. A música se encerra de forma ainda mais gradiosa com um belo piano que é interrompido repentinamente por vocais extremamente pesados.

“In Both Our Worlds the Pain is Real” começa de forma diferente, com vocais limpos e riffs bem cadenciados, nos remetendo de forma bem clara não somente pelo título da música mas também através do instrumental, à dor que o mundo vem passando ao longo dos últimos meses com os problemas causados pela pandemia de COVID-19, ou seja, muitas mortes, a dor da perda, a falta de esperança. A participação de Aaron Stainthorpe é brilhante e passa muita emoção, de forma a colocar “In Both Our Worlds the Pain is Real” como uma das melhores faixas do álbum. As orquestrações também são de muito bom gosto, encaixando perfeitamente com todo o clima criado pelos vocais. O solo de guitarra apresenta incrível feeling, nos mergulhando ainda mais na temática que envolve o álbum.

Seguimos com “The Door We Never Open”, com a participação de Mihu. No início encontramos um belo instrumental, com ótimas orquestrações, teclados e dedilhados de guitarra. Tudo se completa quando ótimos vocais limpos aparecem, apresentando grande emoção e beleza digna de nota. A gaita de fole aparece em momento oportuno, levando o instrumental a outro patamar de grandiosidade. Os sentimentos se misturam quando vocais guturais aparecem, realizando o já citado contraste, nos remete a algo como “The Beauty and the Beast”, ou seja, o contraste de sentimentos. Completa-se a este belo instrumental um solo de guitarra inspirado e muito bem colocado, aumentando ainda mais a capacidade sensorial do ouvinte para a temática apresentada.

“A Place for All Your Tears” é a próxima e mostra riffs mais pesados e mais destacados, com as orquestrações um pouco mais atrás na mix. Os vocais já começam de forma gutural, mas logo são substituídos por um instrumental bem envolvente em que logo apresentam vocais limpos se alternando com os guturais. Os riffs mais pesados voltam à cena, ditando o ritmo da música até uma volta triunfal de vocais limpos e cheios de sentimentos, nos remetendo a sentimentos como arrependimento, tristeza e luto.

 

“See the Sky With Blind Eyes” encerra o tracklist “normal” do disco de forma magistral, com uma introdução regada de sentimentos, em um belíssimo dedilhado e vocais acompanhando com o mesmo feeling e intensidade. Sem dúvida uma das mais belas canções do disco, remetendo a grandes momentos já registrados em discos como Doliu (2014) e Departe (2017). Percebe-se uma tempestade de emoções e quando olhamos diretamente para a capa do disco, podemos nos imaginar exatamente na cena de uma pessoa em total solidão rumando para o desconhecido, ou seja, o rompimento de toda uma vida. Recomenda-se fechar os olhos e se deixar guiar pela beleza de “See the Sky With Blind Eyes” a um mundo de sentimentos.

Para os fãs de Atmospheric Doom/Death Metal, Despartire se apresenta como mais um disco obrigatório da banda Clouds, que segue em um ritmo muito interessante de lançamentos com extrema qualidade. Para os que não conhecem a banda e o estilo, o álbum também se apresenta como uma bela porta de entrada também para conhecimento da genialidade de Daniel Neagoe.

Track list:

1. Deepen This Wound

2. This Heart, A Coffin (feat Mick Moss)

3. Your Name In My Flesh

4. In Both Our Worlds The Pain Is Real (feat Aaron Stainthorpe)

5. The Door We Never Opened (feat Mihu)

6. A Place For All Your Tears

7. See The Sky With Blind Eyes

8. Untitled – Bonus Track exclusiva para o Brasil

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