Rotting Christ – Thy Mighty Contract [1993]

Rotting Christ – Thy Mighty Contract [1993]

Por Thiago Reis

O Rotting Christ é um dos maiores expoentes de toda a história do Black Metal e sem dúvida, em seu país, a Grécia, figuram como grande referência no estilo. Em 11 de novembro de 1993, a banda lançou o seminal e clássico álbum Thy Mighty Contract, por muitos considerado um de seus melhores álbuns. A banda formada Sakis Tolis (guitarra e vocal), George Zaharopoulos (teclado), Jim Patsouris (baixo) e Themis Tolis (bateria) lançou em seu álbum de estreia oito músicas do mais visceral, pesado Black Metal e ao mesmo tempo apresentando melodias marcantes.

O álbum foi lançado em 2019 no Brasil em uma bela edição slipcase pela Cold Art Industry, mas o sucesso foi tanto que a prensagem inicial esgotou e agora quem não conseguiu adquirir o disco na primeira oportunidade, terá uma segunda chance. A Cold Art Industry está preparando uma edição exclusiva ainda mais caprichada (neste exato momento em pré-venda) para que o mais exigente fã do Rotting Christ esteja satisfeito. O material limitado em 500 cópias contém slipcase fosco, livreto exclusivo de oito páginas, OBI, o rótulo do CD será preto assim como o LP da primeira prensagem, imagens da banda utilizadas na primeira prensagem do álbum, adesivos e pôsteres exclusivos para os 100 primeiros CDs vendidos, além de duas faixas bônus, que abrilhantam ainda mais este lançamento.

Propaganda do lançamento nacional

A presente resenha tem o objetivo de atingir não somente os fãs da banda e do estilo, mas também pessoas que porventura não conheçam o Rotting Christ e por consequência não conhecem esse grande álbum. Então vamos faixa a faixa, como de costume, dissertar sobre o clássico Thy Mighty Contract. O álbum começa com “The Sign of Evil Existance”, que já começa com sons sombrios e riffs dilacerantes, já nos colocando no clima para o que está por vir. Sakis dá seu cartão de visitas com vocais bem característicos. A bateria de Themis Tolis, com viradas muito criativas também já mostra ao que veio. Em exatos dois minutos conferimos a rispidez, velocidade e agressividade já conhecidas do Black Metal, um prato cheio para os fãs e também um excelente início de trajetória.

Seguimos com “Transform All Suffering Into Plagues” e riffs mais melódicos e muito bem colocados, conferindo um clima quase que medieval ao fundo, cortesia do teclado de George Zaharopoulos. Os riffs são o suporte perfeito para que a voz de Sakis Tolis se destaque e alguns deles inclusive lembram o Slayer do “Show No Mercy”. A mudança de andamento e riffs, acompanhados de melodias bem interessantes também pode ser vista de forma mais refinada em álbuns como “A Dead Poem” e “Sleep of the Angels”. Em “Transform All Suffering Into Plagues” podemos conferir um “embrião” do que viria a ser o estilo consolidado do Rotting Christ.

Rotting Christ no início de carreira: Jim Patsouris, Sakis Tolis e Themis Tolis

Em “Fgementh thy Gift” já começamos com riffs também muito bem estruturados, mas é a voz de Sakis se destaca. Logo depois podemos conferir um solo de guitarra que se esconde um pouco na mix, ou seja, os riffs continuam em destaque e ditando todo o ritmo da canção. A parte instrumental é um pouco maior do que na duas faixas anteriores até que a voz sussurrante de Sakis aparece para assustar até o ouvinte mais atento. Os vocais seguem para partes mais agressivas, conferindo uma dinâmica bem interessante. Nesse momento aparece uma bela linha de teclado, que mostra toda a criatividade e estilo do grupo, que mesmo dentro de um estilo predominantemente pesado, aparecem melodias cativantes em meio ao caos. Isso mostra o quanto a banda foi inovadora, já que inúmeras bandas de Black Metal incorporaram e destacaram teclados nos anos seguintes.

Já com o tecladista George Zaharopoulos (o primeiro da esquerda para a direita)

“His Sleeping Majesty” é a próxima, com a bateria bem à frente e mostrando-se como destaque, além de ótimas variações nos riffs, que vão de passagens um pouco mais lentas a trechos bem velozes. As variações mostram o bom gosto dos músicos e também contribuem para que o trabalho como um todo seja cheio de camadas e surpresas ao ouvinte de primeira viagem. Teclados também aparecem, dando um toque especial à música. “Exiled Archangels” logo de início mostra-se como uma das mais pesadas e sujas de todo o álbum, apresentando também uma ótima variedade nos riffs. Em determinados momentos pode-se ouvir com destaque o baixo de Jim Patsouris, contribuindo para o peso já citado. Partes sombrias e vocais em tom de desespero de Sakis ainda dão outro tempero à música.

“Dive the Deepest Abyss” mostra um Rotting Christ já em seu primeiro álbum full lenght, com vontade de fazer diferente da maioria das bandas de Black Metal. Teclados em destaque, em meio a riffs sujos, pesados e agressivos, torna-se uma característica bastante explorada ao longo dos anos pelo grupo. Além disso, contrasta-se com os riffs mais agressivos do início da música, partes de guitarra mais trabalhadas, apresentando ótimas melodias. “Coronation of the Serpent” já se inicia de forma bem característica ao Black Metal, se credenciando também como uma das faixas mais pesadas de todo o disco. Partes solo de guitarra desta vez são mais presentes e mais destacadas na mix, contribuindo e muito com o produto final. Os vocais além de apresentarem o já conhecido gutural, mostra algumas partes mais “faladas”, destacando um tom ainda mais sombrio à faixa. A bateria em alta velocidade também é um grande destaque e para coroar “Coronation of the Serpent” como uma das melhores faixas do álbum, um teclado que mais parece ter saído das trevas, acompanha de forma sublime a bateria.

O encarte da versão em LP

A versão “normal” do álbum se encerra com “The Fourth Knight of Revelation” e seus mais de sete minutos de duração. Aqui podemos conferir riffs pesados e ao mesmo tempo melódicos, que inclusive em alguns momentos nos remetem a riffs de Hard’N’Heavy clássico, evidenciando assim a abrangência do grupo helênico. A palhetada veloz também lembra momentos de Thrash Metal. As variações aqui ficam ainda mais evidentes, incluindo a participação do teclado, que desta vez se esconde um pouco na mix, mas ouvidos atentos poderão conferir belas passagens, atreladas aos já citados riffs. A música se encerra com riffs que parecem estar nos levando às profundezas, de tão fortes e enigmáticos que são, encerrando assim um dos grandes clássicos do Rotting Christ.

A edição nacional ainda terá dois bônus, as faixas “Visions Of The Dead Lover” e “The Mystical Meeting”, provenientes do fantástico EP Apokathelosis, que abrilhantam ainda mais o relançamento capitaneado pela Cold Art Industry. Thy Mighty Contract é sem dúvidas um grande clássico, um verdadeiro testamento de como deve soar o Black Metal e que veio a pavimentar a grande carreira do Rotting Christ. Para os que não conhecem o som da banda, este é realmente um ótimo começo.

Contra-capa do LP original

Tracklist:

1. The Sign Of Evil Existence

2. Transform All Suffering Into Plagues

3. Fgmenth, Thy Gift

4. His Sleeping Majesty

5. Exiled Archangels

6. Dive The Deepest Abyss

7. The Coronation Of The Serpent

8. The Fourth Knight Of Revelation

9. Visions Of The Dead Lover – Bônus

10. The Mystical Meeting – Bônus

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