Sunroad – Walking the Hemispheres [2021]
Por André Kaminski
Há pouco mais de 2 anos, resenhei o sétimo disco de estúdio dos goianos do Sunroad. Como eu mesmo disse, era um bom trabalho embora tivesse alguns defeitos que apontei na época. Todavia, a banda mudou bastante em relação à formação do anterior para este. Fred Mika (bateria) continua liderando o time mas agora conta com o francês Steph Honde (vocais e teclados), Netto Mello (guitarra) e Van Alexandre (baixo), além do remanescente Mayck Vieira também na guitarra.
Será que os caras partiram para o hard/aor como deram a entender que fariam? Será que voltariam ao estilo anterior num hard/heavy? Vamos ver o que encontramos por aqui.
Primeira canção “Walking the Hemispheres” inicia em uma longa intro de teclado que me deixaria esperando vislumbrar algo tipo Asia. Aí veio o restante da música e foi totalmente diferente do que eu esperava. Veio um heavy metal tradicional. Tradicional mesmo, estilo Judas, Accept, Metal Church e afins. Em resumo, pelo menos de início, já devo eliminar um pouco da minha mente a ideia de que viria um disco AOR. Mas vou te falar: achei bem legal a canção. Animada, empolgante. Honde não exagera na voz e canta ali em um limite confortável para sua tessitura. Um vocal agradável, nesse heavy ele com certeza deve ter se inspirado em Bruce Dickinson na maneira de cantar.
Entretanto, a segunda música já não segue mais aquela velocidade caracterizada pelo Judas e pega uma linha mais Accept de mistura de heavy e hard. Curti a pegada de bateria que Mika usou aqui em “Living in a Dream (Red Sign Mirror)”. Uma coisa meio grooveada, umas viradas rápidas e a produção ainda ajudou bastante a destacá-la. Ele roubou a cena nesta canção.
Mais uma intro de bateria e agora uma música com uma guitarra bem sleaze em “Silence Erupting Inside”. Depois com o teclado fazendo uma atmosfera ao fundo no refrão, o instrumental me pareceu uma fusão entre o Mötley Crüe e o Europe. Algumas boas faixas depois surge a balada “Written in the Mist” tocada principalmente pelos teclados de Steph Honde, daquelas estilo AOR que curto bastante e contando com um lindo solo de guitarra.
Também curti bastante “The Mess and Its Key” que me lembrou algumas das canções mais velozes do Skid Row e da carreira solo de Sebastian Bach. A única música mesmo que não curti muito foi “Halo of Hearts”, que não me pareceu tão bem inspirada quanto as demais (principalmente em relação ao teclado que não achei que combinou muito com o ritmo instrumental).
Falando de uma maneira geral, este disco é bem melhor que o anterior Heatstrokes [2019]. O maior mérito dele é variar bastante entre estilos diferentes do hard rock e do heavy metal mas sem o defeito de soar desconexo. Cada música parece ter sido inspirada e influenciada por uma banda diferente sem soar plágio e com uma certa personalidade própria. A mixagem também melhorou bastante e o direcionamento de quem produziu em relação ao andamento das composições foi mais um mérito. Fiquei feliz com o resultado, espero que colham frutos depois dessa tumultuada época de pandemia.
Tracklist
- Walking the Hemispheres
- Living in a Dream (Red Sign Mirror)
- Silence Erupting Inside
- Crawling Back and Ahead
- Shoot the Clock
- Written in the Mist
- Mighty Beauty and Its Chaos
- The Mess and Its Key
- Halo of Hearts
- Victim of Nowhere
- Detached Picture of Venus
- Try Me (UFO cover)