Cinco Discos Para Conhecer: os guitarristas do Kiss

Cinco Discos Para Conhecer: os guitarristas do Kiss

Por João Renato Alves (Publicado originalmente no site Van do Halen)
Maquiados ou de cara lavada, eles fizeram parte de uma das maiores bandas de todos os tempos, sempre assessorando Gene e Paul em sua constante luta para manter a sonoridade do grupo atualizada. Mas em outros projetos, também tiveram carreiras produtivas – embora não tão lucrativas, é óbvio. Com vocês, os cinco guitarristas que passaram pelo Kiss e os discos que você deve conhecer de cada um.

Blackjack – Blackjack [1979]
Apesar de ter sido o quarto guitarrista dessa “saga”, Bruce Kulick já possuía um nome relativamente consistente no mercado. Primeiro, apareceu como músico de apoio de Meat Loaf, na turnê do épico Bat Out of Hell (1977) – junto com seu irmão Bob, também guitarrista. Logo em seguida, o destino o uniu ao vocalista Michael Bolotin, que posteriormente ganharia fama e fortuna usando o nome Michael Bolton e fazendo música de tia-avó. Com a adição de Jimmy Haslip e Sandy Gennaro, estava formado o Blackjack, que lançou apenas dois discos, mas ofereceu trabalhos memoráveis aos fãs de Hard Rock setentista. Com uma sonoridade que lembra Whitesnake dos primórdios, Boston e outras do gênero, a estreia do grupo é uma verdadeira aula de bom gosto. Sons melódicos e viciantes com um dos melhores cantores que o estilo perdeu com o passar dos anos, aliado a uma banda de primeiríssima qualidade. Não há nenhum ponto fraco, mas é impossível deixar de citar a empolgada abertura com “Love Me Tonight” e a belíssima “Southern Ballad”, uma das melhores faixas lentas já lançadas. O Blackjack chegou a ser atração de abertura de Ozzy Osbourne em suas primeiras apresentações solo. Mas, apesar de toda qualidade, acabou não vingando. Uma pena, pois merecia e muito.
1. Love Me Tonight
2. Heart of Stone
3. The Night Has Me Calling For You
4. Southern Ballad (If This Means Losing You)
5. Fallin’
6. Without Your Love
7. Countin’ On You
9. For You
10. Heart Of Mine

Formação: Michael Bolton (vocals); Bruce Kulick (guitarra); Jimmy Haslip (baixo); Sandy Gennaro (bateria)


Black ‘N Blue [1984]
Apesar de não ter frequentado o primeiro escalão da cena Hard oitentista, o Black ‘N Blue ofereceu bons álbuns aos admiradores do estilo. A força da banda residia muito na dupla Jamie St. James e Tommy Thayer, responsável pela composição de vários de seus pequenos hits. O debut autointitulado mostra toda a gana de um grupo em busca de seu lugar ao sol, sem recorrer às popices do (bom) álbum seguinte, Without Love (1985), no qual produtor e gravadora resolveram meter o bedelho em tudo. Aqui o peso domina, com ótimas melodias e riffs de guitarra muito bem encaixados, fazendo a festa dos adeptos da cena da época. O grande sucesso foi “Hold on to 18”, faixa certeira com potencial radiofônico sem perder a pegada. Outros grande momentos acontecem na acelerada “Autoblast”, a festeira “School of Hard Knocks” e a dobradinha da saideira, “I’m the King” e “Chains Around Heaven”. Uma das influências, o The Sweet, é homenageado com uma bela versão para “Action”, também regravada por Raven e Def Leppard em momentos diferentes. O reconhecimento não veio como se imaginava, mas isso não impediu o Black ‘N Blue de conquistar um lugar na preferência dos mais fanáticos pelo estilo. E Tommy Thayer ofereceu um belo cartão de visitas ao mundo.
1. The Strong Will Rock
2. School of Hard Knocks
3. Autoblast
4. Hold on to 18
5. Wicked Bitch
6. Action
7. Show Me the Night
8. One for the Money
9. I’m the King
10. Chains Around Heaven

Formação: Jamie St. James (vocals); Tommy Thayer (guitarras); Jeff Warner (guitarras); Patrick Young (baixo); Pete Holmes (bateria)

 Vinnie Vincent Invasion [1986]
Incompatibilidade de gênios foi a causa da demissão de Vinnie Vincent. Como o próprio Gene Simmons declara no vídeo X-Treme Close-Up (1992), o guitarrista era muito talentoso, mas também a pessoa mais autodestrutiva que ele já conheceu. Mas a realidade é que o Guerreiro Ankh sempre tentou ser mais que um mero figurante, o que seria impossível em uma banda que possuía donos bem definidos. Sendo assim, a saída era montar o próprio projeto, no qual poderia fazer e acontecer como melhor entendesse. Foi quando nasceu o Vinnie Vincent Invasion e todos descobriram que, de maquiado, o Kiss tinha pouco. Apesar de o segundo disco (All Systems Go, de 1988) possuir uma produção bem melhor – além de ter contado com um vocalista adaptado ao grupo – penso que a estreia ainda traz as melhores músicas. Contando com o ótimo Bobby Rock nas baquetas e o experiente Robert Fleischman no microfone, Vinnie mostra seu ótimo instinto de compositor em hits como “Boyz Are Gonna Rock” (na qual Mark Slaughter já aparece dublando em cima dos vocais de Robert) e “Shoot U Full of Love”, além de “Back on the Streets”, que acabou ganhando também uma bela versão de John Norum. O play vendeu 400 mil cópias apenas no ano de lançamento e até hoje é um dos preferidos dos adeptos.
1. Boyz Are Gonna Rock
2. Shoot U Full of Love
3. No Substitute
4. Animal
5. Twisted
6. Do You Wanna Make Love
7. Back On The Streets
8. I Wanna Be Your Victim
9. Baby-O
10. Invasion

Formação: Vinnie Vincent (guitarras); Robert Fleischman (vocals); Dana Strum (baixo); Bobby Rock (bateria)


Frehley’s Comet [1987]
Foi preciso mais que uma reconstrução de carreira. A luta de Ace Frehley contra o alcoolismo tomou todo o espaço de sua vida após ter saído do Kiss em um ambiente que já era conturbado. Com a situação relativamente estabilizada, era hora de recuperar o tempo perdido. Sendo assim, o guitarrista montou seu próprio grupo, o Frehley’s Comet. Junto a ele, figuras como o velho amigo Anton Fig, hoje baterista da banda do programa de David Letterman, que tocou em seu álbum solo de 1978, além de substituir Peter Criss nas gravações de Dynasty (1979) e Unmasked (1980). Trazendo pauladas certeiras como o hino “Rock Soldiers”, a estreia do grupo conquista o kissmaníaco inveterado sem muito esforço. Falando nos mascarados, Ace retoma uma composição que havia começado em parceria com o saudoso Eric Carr e cria a excelente “Breakout”, um Rock dos bons para balançar o corpo no ritmo. Até o hitmaker Russ Ballard deixa sua marca com a viciante “Into the Night”. Outros destaques vão para “Dolls”, “We Got Your Rock” e a pegajosa “Calling to You”, reestruturação do hit “Mega Force”, da banda 707, antigo grupo do guitarrista Tod Howarth. O álbum chegou ao número 43 no Top 200 da Billboard.
1. Rock Soldiers
2. Breakout
3. Into the Night
4. Something Moved
5. We Got Your Rock
6. Love Me Right
7. Calling to You
8. Dolls
9. Stranger in a Strange Land
10. Fractured Too

Formação: Ace Frehley (guitarras, vocals); Tod Howarth (guitarras, teclados); John Regan (baixo); Anton Fig (bateria)

Mark St. John – Magic Bullet Theory [2003]
De todos os guitarristas que fizeram parte do Kiss, Mark St. John era o que possuía formação instrumental mais abrangente. Com um background jazzístico, foi praticamente um estranho no ninho em sua curta passagem pelo grupo, abreviada graças a um problema de saúde chamado Síndrome de Reiter. Na sequência formou o White Tiger, junto com o vocalista David Donato, que chegou a integrar brevemente o Black Sabbath – sem fazer shows, apenas uma sessão de fotos e gravações de demos. Mas o grupo era muito lugar comum para conseguir algo. Seguiram-se várias tentativas, entre elas o The Keep, que trazia Peter Criss na bateria. Mas foi só em Magic Bullet Theory, seu último trabalho, que Mark teve a oportunidade de mostrar toda sua versatilidade. Para começo de conversa, não se limitou à guitarra, tocando também banjo, bandolim e balalaica, só para citar alguns. Seu irmão, Michael Norton, acompanhou no baixo, enquanto a bateria ficou a cargo de Dave Goode. Trata-se de um disco que pode ser muito difícil de assimilar para quem espera algo nos moldes do Kiss. Aqui, Mark passeia pelo jazz (“Bourbon Street”), flamenco (“Baghdad”) e no Heavy Metal simples e direto (“Slave Driver”). Portanto, mente aberta ao escutar!

1. Awol
2. Magic Bullet Theory
3. Bourbon Street
4. Slave Driver
5. Utopian Trip
6. Communicator
7. Baghdad
8. Wait No More
9. Between the Lines
10. The Lone Gunman

Formação: Mark St. John (guitarras); Mark Norton (baixo); Dave Goode (bateria)
Bruce Kulick e Tommy Thayer

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