Remains of Life – Pilgrimage [2021]
Por Thiago Reis
Sempre que aparecem projetos de “one man band” já nos causam um certo interesse. Quando esse tipo de banda aparece no Brasil com o estilo de Progressive Death Metal, esse interesse aumenta consideravelmente. Jorge Silva é o responsável pelo Remains of Life e seu álbum de estreia Pilgrimage foi lançado no final de 2021. Jorge é o encarregado pelos vocais, guitarra, violão, baixo e pela programação da bateria e do teclado. O álbum demorou dois anos para ser concluído e todo o material foi escrito por Jorge Silva, com foco na narração de sentimentos e sentimentos, com a utilização de metáforas. Além disso, o álbum conta ainda conta com a participação especial da vocalista Giovanna Rocha. O lançamento físico se deu através da Cold Art Industry, com uma edição slipcase envernizado e encarte de 12 páginas. Outro ponto de destaque é o trabalho de capa, que casa perfeitamente com a proposta sonora, cortesia de Ulisses Rodrigues.
O álbum começa com a faixa “Path of Misery” que começa com riffs bem pesados, harmônicos bem encaixados, vocais agressivos e mesmo que tenha sido programada, a bateria possui destaque importante na estrutura da música. Algumas passagens vocais remetem ao saudoso Chuck Schuldiner, mesclando com vocais limpos, porém bem melancólicos. O solo de guitarra também é muito bem trabalhado e os riffs que aparecem após metade da música complementam de forma bem interessante o material como um todo. Novamente vocais limpos aparecem, mas com um sentimento diferente da melancolia, ou seja, ao ouvirmos a música passamos por diferentes sentimentos, uma verdadeira viagem. A faixa apresenta mais de 11 minutos, mas sem se mostrar cansativa, o que pode ser encarado como um elogio.
Seguimos com “Consumed by Darkness”, que já começa bem pesada, com riffs bem técnicos, destacando bastante o trabalho de guitarra. Os vocais guturais comandam o ritmo, mesmo que pouco depois apareçam vocais limpos. A bateria também merece destaque novamente, algo raro em álbuns que possuem o instrumento programado, evidenciando todo o cuidado que Jorge Silva teve com os instrumentos. A partir dos cinco minutos, as coisas ficam ainda mais interessantes, com uma mudança de destaque nos riffs, alternando com belos dedilhados. “Shattered Mirror” é a próxima, com um começo bem diferentes das faixas anteriores, sendo esta, comandada por dedilhados na guitarra e teclados bem enigmáticos e melancólicos, servindo como porta de entrada para riffs mais cadenciados e vocais guturais, combinando perfeitamente com todo o clima da música. O solo apresenta um feeling compatível com a proposta para “Shattered Mirror”, mostrando toda a habilidade para composições de Jorge Silva.
“The Lonely Walker” volta com todo peso e agressividade das duas faixas anteriores, com vocais poderosos, riffs pesados e mais velozes e mais uma vez com a bateria muito bem encaixada com os outros instrumentos. A partir dos seis minutos aproximadamente, somos brindados com um belíssimo violão, vocais que demonstram tristeza e descontentamento e que mostram toda a capacidade criativa de Jorge Silva, além de um solo de guitarra com muita inspiração, conferem a “The Lonely Walker” a certeza de ser um dos grandes destaques do disco.
“Eyes of Sorrow” começa com uma bela intro de violão/teclado, nos fazendo viajar em nossos pensamentos, angústias, medos etc. Os vocais limpos de Jorge Silva e a participação especial de Giovanna Rocha conferem um belíssimo tom de melancolia à faixa. Os riffs cadenciados e com influências em doom metal também são destaque e sua alternância com os já citados violão/teclado e com os vocais femininos foram uma ótima sacada do compositor.
O álbum é finalizado com “A Light Hidden in the Dark”, da mesma forma que se iniciou “Eyes of Sorrow”, de forma mais calma e intimista, mas dessa vez o destaque vai para a bela voz de Giovanna Rocha. Logo depois entram riffs bem cadenciados e uma bateria que mostra-se muito bem construída. Os vocais guturais aparecem novamente, com toda força já demonstrada anteriormente. Os belos dedilhados no violão aparecem novamente, conferindo uma aura bem profunda à música. A parte instrumental ao final da canção mostra exatamente como “Pilgrimage” foi um trabalho muito inspirado, encerrando de forma exuberante o álbum.
Jorge Silva e o Remains of Life apresentam-se como um projeto/banda com muito potencial e espaço para crescimento dentro do cenário metal no país. Os fãs do estilo Progressive Death Metal têm um prato cheio de seus elementos preferidos em “Pilgrimage”, o que torna a expectativa para um segundo álbum ainda maiores.
Track list
1. Path of Misery
2. Consumed by Darkness
3. Shattered Mirror
4. The Lonely Walker
5. Eyes of Sorrow
6. A Light Hidden in the Dark