HellLight – Until Silence Embrace [2021]
Por Thiago Reis
Uma das grandes referências nacionais em termos de Funeral Death Doom, o HellLight, lançou em 2021 via Cold Art Industry, o seu sétimo álbum de estúdio, chamado Until Silence Embraces. A banda formada por Fabio de Paula (guitarra, vocal e teclado), Alexandre Vida (baixo) e Renan Bianchi (bateria e backing vocal) gravou o disco nos estúdios Dual Noise e Espaço Som, com a mixagem de Fabio de Paula e masterização a cargo de Landr. O álbum ainda conta com as participações especiais de John Suffering, emprestando sua voz em “Dying Sun” e Fabio Miloch, autor do poema em “The Ephemeral Auroras”.
Para o lançamento físico do álbum, a Cold Art Industry preparou um grande pacote para os colecionadores, contendo o álbum em digipack três painéis, luxuoso com laminação bopp fosca em apresentação mateada e superfície aveludada, com verniz localizado no logotipo, livreto com oito páginas, exclusividades para os 100 primeiros CDs, como photo card 10×15 cm, adesivo exclusivo e pôster A4.
O álbum tem início com a faixa “Rise Above the Stars” e seus mais de 13 minutos, que se iniciam com um teclado misterioso e envolvente, se tornando o pano de fundo perfeito para riffs poderosos e cadenciados. O andamento lento nos leva a dimensões bem profundas de nossa mente, acompanhados dos vocais mais do que bem colocados de Fabio de Paula. A belíssima orquestração também é destaque, fazendo parecer que estamos caminhando por uma floresta escura, fria e cheia de espíritos, exatamente o que a capa do disco nos mostra. “Until the Silence Embraces” começa com outra bela orquestração, nos remetendo aos grandes arranjos da banda Clouds. Os riffs apresentam energia impressionante, mostrando o motivo para que a banda seja uma das referências do estilo no Brasil. O clima nos leva a uma cerimônia fúnebre, deixando à tona os sentimentos mais emblemáticos do ser humano, como o medo e a angústia. Os teclados também fazem papel importante, de forma a ser a base perfeita para um solo inspirado e que com poucas notas, mostra-se perfeito para a ocasião.
“The Dead Moment” é a próxima e já começa de maneira diferente das faixas anteriores, mas mantendo a mesma essência. Um dedilhado na guitarra dita o ritmo e nos encaminha novamente para a escuridão. Os sussurros do vocalista Fabio de Paula caem perfeitamente com a aura criada pela guitarra. Logo em seguida, riffs mais pesados aparecem, complementando perfeitamente a parte instrumental. Inclusive, a parte instrumental de “The Dead Moment” sumariza de forma bem forte do que se trata o Funeral Death Doom. Estamos diante de uma caminhada por cemitérios, por lugares em que a morte é inevitável e não temos outra saída. Nos restam poucos momentos de vida e é exatamente esse o sentimento que o belíssimo instrumental da presente faixa nos mostra. Os gritos de dor e desespero ao final da música evidenciam isso de forma ainda mais clara.
“Dying Sun” se inicia de forma mais pesada que a faixa anterior, com trabalho mais destacado das guitarras. Parece uma trilha adequada para um apocalipse, com a adição de linhas de bateria bem interessantes para a ocasião. Ao final de “Dying Sun” podemos conferir mais uma vez a excelente variação entre dedilhados de guitarra e pesados riffs, contribuindo claramente para a manutenção do clima apocalíptico. O solo em “Dying Sun” é mais uma vez inspirado e muito bem colocado. Seguimos com “Legacy of the Broken Ones”, com o já clássico death doom do HellLight, apresentando linhas vocais inspiradas e riffs nos encaminhando para locais obscuros. A variação de riffs ao longo da música é o maior destaque, mostrando também a capacidade criativa da banda em relação ao instrumental.
“The Ephemeral Auroras” encerra o disco de forma grandiosa. Com seus quase 14 minutos de duração, exala criatividade, sentimento, escuridão e morte. Os riffs são dignos dos maiores expoentes mundiais do death doom, os vocais interpretam todo o sentimento já destacado nas linhas anteriores. O teclado também é destaque, como parte de uma estrutura perfeita para os vocais limpos, que transparecem dor e sofrimento. O final épico com um belíssimo dedilhado encerra de forma perfeita um álbum que tem tudo para catapultar a carreira do HellLight para o exterior. Como o próprio material da Cold Art Industry bem destaca, Until the Silence Embraces é um álbum tipo exportação. E sem dúvida, o estilo Funeral Doom nunca foi tão bem representado.
Track list
- Rise Above The Stars
- Until The Silence Embraces
- The Dead Moment
- Dying Sun
- Legacy Of The Broken Ones
- The Ephemeral Auroras