Draconian – Arcane Rain Fell [2005]
Por Thiago Reis
A banda sueca de doom metal Draconian tem uma sólida carreira desde sua fundação em 1994. Um dos grandes destaques de sua discografia é justamente o álbum Arcane Rain Fell, de 2005. A essa altura a banda apresentava a seguinte formação: Anders Jacobsson (vocal), Lisa Johansson (vocal), Johan Ericson (guitarra e backing vocals), Magnus Bergstr (guitarra), Jerry Torstensson (bateria), Jesper Stolpe (baixo) e Andreas Karlsson (teclado). O álbum em questão foi gravado e produzido em setembro de 2004 no estúdio Underground por Pelle Saether e a própria banda. As composições ficaram a cargo de Johan Ericson enquanto o conceito lírico foi concebido por Anders Jacobsson e Erik Arvidsson (exceto a faixa “Expostulation”, escrita por Ryan Henry). Já a belíssima capa e o encarte foram concebidos por Travis Smith.
A edição nacional lançada recentemente ficou a cargo da parceria entre a Cold Art Industry e a Mutilation Productions. Como de praxe para esses selos, a qualidade é garantida. E na presente situação, podemos conferir como o cuidado e a preocupação com os colecionadores é prioridade. Para Arcane Rain Fell encontramos slipcase com logo dourado, encarte em papel fosco com 16 páginas, limitado em 500 cópias e pôster exclusivo em 24×36 cm.
Com as devidas apresentações a respeito da banda e do álbum Arcane Rain Fell realizadas, além de um apanhado geral a respeito da edição nacional, seguiremos para abordar as músicas que compõem o trabalho.
O disco abre com “A Scenery of Loss” e seus quase 10 minutos de duração. Começamos com sons de chuva e trovões, nos preparando para o que está por vir. Logo em seguida aparece uma guitarra bem melancólica, com o amparo de um andamento lento na bateria. Vocais com efeito aparecem acrescentando ainda mais ao clima mórbido da música. Na sequência aparecem os guturais e ao fundo, uma pequena alteração nos riffs, se tornando mais agressivos. Entretanto, partes mais lentas e melancólicas aparecem novamente, caracterizando o som com a alternância entre o agressivo e o melancólico. Os vocais femininos de Lisa Johansson aparecem logo em seguida, no momento perfeito, com belas linhas melódicas, diga-se de passagem. Mais uma alternância nos riffs e a liderança dos belos vocais de Johansson dão o tom neste momento, além de um double bass por parte de Jerry Torstensson que abrilhanta ainda mais a faixa.
“Daylight Misery” mantém o ritmo e nos brinda em sua introdução com um riff épico e uma bela aclimatação com dedilhados muito bem colocados e ótimas linhas de vocais limpos. Logo em seguida, aparecem guturais que não duram muito tempo, voltando para outros dedilhados de muito bom gosto, que lembram em alguns momentos, juntamente com os riffs à parte final da épica faixa do Pantera, “Floods”. “The Apostacy Canticle” apresenta riffs interessantes em seu início, de certa forma parecidos com os da faixa “A Scenery of Loss”, o que não é de forma nenhuma algo ruim. Os riffs que se seguem são mais pesados e cadenciados, mais puxados para o estilo doom metal. Destacam-se também as camadas de teclado que ficam ao fundo, fazendo com que a faixa adquira uma aura ainda mais dramática.
“Expostulation” é uma faixa de dois minutos de duração, com um fundo musical adequado para a declamação de um poema. Apesar de curta, o clima e o ritmo mais lento servem como uma boa variação em relação às três faixas anteriores. “Heaven Laid in Tears” apresenta em seu início um clima totalmente guiado pelos teclados de Andreas Karlsson, uma bateria muito bem colocada por Jerry Torstensson e claro, os belos vocais de Linda Johansson, que se alternam com os guturais de Anders Jacobsson, imprimindo uma excelente dinâmica à música. “The Abhorrent Rays” apresenta introdução pesada e envolvente, além de vocais agressivos. Conferimos na presente faixa, elementos mais diretos, sem tanta variedade. Mas é digno de menção as linhas vocais de Linda Johansson na parte final da música.
“The Everlasting Scar” apresenta as mesmas características da faixa anterior, mas mesmo assim apresenta ótimas qualidades, como os riffs e a alternância entre vocais limpos e guturais. “Death, Come Near Me” é um épico de mais de 15 minutos, que se inicia com dedilhados enigmáticos, além de linhas bem interessantes de teclado. A seguir aparecem riffs cadenciados e carregados de emoções, que nos levam aos belos vocais femininos, casando perfeitamente com a proposta da banda. Vocais guturais agora dividem o espaço, de forma primorosa, com os já citados vocais de Linda Johansson. Os teclados também assumem lugar de destaque, criando melodias de muito bom gosto. O fim da canção nos guarda fortes emoções, com uma brilhante participação de Linda Johansson, além da aparição de um dos melhores riffs de todo o álbum.
“Death, Come Near Me” apesar de ter mais de 15 minutos de duração não é nem um pouco cansativa, apresenta belas variações e define muito bem o estilo musical do Draconian: melodias marcantes, melancolia, cadência e riffs excelentes.Para os fãs de doom metal, Arcane Rain Fell é um disco obrigatório. Para aqueles que querem começar a ouvir o estilo e banda Draconian, este é um ótimo ponto de partida.
Track list
- A Scenery Of Loss
- Daylight Misery
- The Apostasy Canticle
- Expostulation
- Heaven Laid In Tears (Angels’ Lament)
- The Abhorrent Rays
- The Everlasting Scar
- Death, Come Near Me
Gosto muito do Draconian, é uma das minhas favoritas dessa linha doom/gothic.
Prefiro o Where Lovers Mourn, mas o Arcane Fell Within vem logo depois como meu segundo favorito.
Excelente banda com discografia muito consistente! Valeu, André!