Hate – Rugia [2021]
Por Thiago Reis
A histórica banda polonesa de death/black metal Hate apresentou em 2021 seu mais novo álbum de estúdio (décimo segundo full lenght da banda) chamado Rugia, mantendo assim sua excelente média de lançamentos nos seus 20 anos de carreira. Para Rugia, a banda contou com Atf Sinner (guitarra e vocais), também responsável pelo conteúdo lírico e musical, Domin (guitarra), Nar-Sil (bateria) e Tiermes (baixo). O álbum foi gravado, mixado e masterizado entre dezembro de 2020 e maio de 2021 no Hertz Studio, em Bialystok na Polônia.
A edição nacional de Rugia saiu em território nacional em uma bela edição slipcase graças ao esforço conjunto da Extreme Sound Records, Misanthropic Records, Blasphemy Records e Black Hearts Records, sob licença da Metal Blade Records. Tendo em vista todas as informações básicas a respeito do álbum, podemos nos aprofundar nas nove canções que compõem o trabalho.
Iniciamos com a faixa-título seus riffs que inicialmente se mostram mais cadenciados, deixando o clima perfeito para o que está por vir. A bateria de Nar-Sil já assume um posto de destaque na música, em parceria com riffs mais pesados e rápidos até que entram os vocais agressivos e certeiros de Atf Sinner. O solo de guitarra também se destaca, colocando novos elementos instrumentais ao trabalho, que é finalizado de forma grandiosa, com riffs e passagens que nos colocam em um cenário de guerra, morte e caos. “The Wolf Queen” é a próxima e mantém o ritmo alucinante com o qual a faixa anterior foi finalizada. Em certos momentos, podemos identificar passagens que nos remetem a bandas como Behemoth e Belphegor. O trabalho de bateria segue inspirado, com passagens criativas e que prendem a atenção do ouvinte.
“Exiles of Pantheon” começa de uma forma um pouco diferente, com uma introdução enigmática, mas que segundos depois é interrompida da melhor maneira possível, com riffs pesados e certeiros, além de uma participação mais do que especial de Nar-Sil, abusando de viradas e blast beat. Os riffs ao longo da música sofrem variações bem interessantes, que são acompanhados de maneira intensa pelos vocais de Atf Sinner. Podemos até encontrar no meio da música alguns riffs inspirados no thrash metal, porém logo em seguida o clima death metal volta à tona com mais peso ainda. “Saturnus” começa com riffs em um andamento mais lento, porém de “pano de fundo” os blast beats de Nar-Sil comandam todo o clima da música. Logo em seguida aparecem riffs mais velozes e poderosos, servindo perfeitamente para que os vocais de Atf Sinner brilhem ainda mais. A variação rítmica para a base do solo também é digna de nota, abrilhantando ainda mais o trabalho de Domin.
“Awakening the Gods Within” tem um início puxado mais para o black metal e sua atmosfera diferenciada, entretanto logo em seguida, parecendo um tanque de Guerra, entram riffs fantásticos e uma “cozinha” realizando um trabalho incrível. O death metal segue no comando com uma excelente alternância de andamento, colocando ainda mais destaque para os riffs e o trabalho impecável de Nar-Sil. Atf Sinner continua a proferir vocais que chamam muito a atenção do ouvinte, de forma a tornar a faixa ainda mais interessante, que a propósito é finalizada da forma mais pesada possível. “Ressurgence” já apresenta em seu riff inicial elementos mais voltados ao black metal, nos remetendo a bandas como Darkthrone e Taake. Quando a bateria surge, podemos apreciar uma verdadeira fusão entre elementos black e death, deixando a faixa ainda mais interessante. O lado death da banda logo assume o comando, com riffs mais rápidos e técnicos, além de blast beats por todo lado. A mudança de andamento, que acontece no meio do caos sonoro mostra de maneira evidente a técnica de todos os músicos envolvidos. De repente nos deparamos com riffs que poderiam ser de doom metal, que ao lado dos vocais de Atf Sinner, finalizam “Ressurgence” de forma grandiosa.
“Velesian Guard” também tem início mais puxado para o Black Metal, deixando a alternância de estilos dentro de uma mesma faixa um fato marcante para o ouvinte. Logo em seguida, aparecem blast beats mas sem sair do lado black da banda. Os vocais também se destacam, sabendo navegar perfeitamente entre os dois estilos ao longo de todo o álbum. Mais para a metade da música, podemos averiguar mudanças nos riffs que nos levam de volta ao Death metal. Em seguida aparece um breve solo, que já é um preparativo para os próximos riffs, ainda mais rápidos e agressivos. “Sun of Extinction” se inicia de forma bem diferente, com a bateria em destaque, apresentando ótimas viradas e andamentos, que já nos preparam para os riffs e vocais cumprindo seu papel perfeitamente. O solo é um dos melhores que Domin apresenta e desencadeia uma sucessão de riffs de muito bom gosto, além de viradas de bateria que beiram ao impossível, dada a velocidade de execução.
Finalizamos com “Sacred Dnieper” com seu peso e velocidade como marcas registradas. Aqui o death metal impera de forma mais evidente, com uma aula de vocais guturais por parte de Atf Sinner, além de um excelente solo de guitarra e principalmente aqui que a força, velocidade, precisão e bom gosto de Nar-Sil. O álbum é encerrado em grande estilo, conferindo ao ouvinte o sentimento de que se tivéssemos mais uma ou duas músicas no trabalho, não seria exagero nenhum.
A banda Hate se configura como uma das principais no atual cenário do black/death metal, com lançamentos consistentes e frequentes. Seu décimo segundo álbum de estúdio é uma prova de que ainda estão no começo de sua trajetória, com a certeza de outros grandes lançamentos ao longo de sua carreira. “Rugia” veio para ficar e se tornar, com o passar do tempo, em um clássico do conjunto polonês.
Track list
- Rugia
- The Wolf Queen
- Exiles Of Pantheon
- Saturnus
- Awakening The Gods Within
- Resurgence
- Velesian Guard
- Sun Of Extinction
- Sacred Dnieper