Dio – Holy Diver Super Deluxe Box Set [2022]
Por Marcello Zapelini
Se você gosta de heavy metal, é praticamente impossível não conhecer Ronnie James Dio, seja do Rainbow, do Black Sabbath ou do Dio. E esse você conhece o baixinho de voz gigante, provavelmente apontará Holy Diver, lançado em 1983, como seu disco favorito da banda que ele formou após sair/ser expulso do Black Sabbath pela primeira vez. Lançado em 25 de maio de 1983, Holy Diver foi o cartão de visitas da primeira banda que Ronnie James Dio liderou – e que banda! O excelente Jimmy Bain, colega da formação clássica do Rainbow, no baixo e teclados, Vinny Appice na bateria, que Dio trouxe consigo do Black Sabbath, e o pouco desconhecido (e jovem) Vivian Campbell na guitarra. Posteriormente Claude Schnell seria incorporado nos teclados, mas não comparece no disco original. As nove faixas que compõem o LP original podem ser consideradas entre as melhores da carreira não somente do Dio, mas do próprio Ronnie.
Em 10 de julho de 2022, Ronnie James Dio teria completado 80 anos. Para marcar a data, a Rhino Records relançou Holy Diver como Super Deluxe Edition, uma box set composta pelo disco original remixado por Joe Barresi no CD1, uma remasterização do disco original no CD2, um show em Fresno em dezembro de 1983 como o CD3 e uma seleção de outtakes no CD4. Agora vem a pergunta fatal: se você é fã de Dio e já tem Holy Diver em CD, vale a pena investir na box? A resposta é um grande e sonoro “sim” – mesmo para quem tem a Deluxe Edition em CD duplo de 2012.
No CD1, a versão remixada é sensivelmente diferente: quase todas as músicas ficaram um pouco mais longas (“Caught in the Middle” ganhou mais de meio minuto, “Invisible”, quase 50 segundos a mais e “Shame on the Night” está 23 segundos mais longa), especialmente com finais estendidos, na maioria das vezes sem fadeouts, as guitarras ficaram mais altas, e Dio parece estar cantando do seu lado, incrementando ainda mais a já boa sonoridade do original. Há quem não goste de mudanças como essas – eu, particularmente, apreciei bastante ouvir músicas que já conhecia de uma forma diferente, e essa nova versão se tornou a minha escolha quando quero ouvir apenas “Holy Diver”, sem os adicionais. A versão remasterizada no CD 2 não traz muitas mudanças em relação ao disco original e serve como uma comparação para a remixagem.
O CD4, com os outtakes de gravação, não traz músicas novas; apenas “Evil Eyes”, que saiu como lado B do compacto de Holy Diver e depois seria regravada no segundo álbum da banda (The Last in Line), é agregada aqui, incluindo uma versão remixada. “Don’t Talk to Strangers” comparece com versão semelhante à definitiva, agregando pouco. Mas as duas versões alternativas de “Invisible” são muito boas, em especial a segunda, com seu final estendido; Vinny Appice soa absurdamente pesado em ambas e pode ser considerado um destaque. “Rainbow in the Dark”, com solo de guitarra diferente, fará os fãs discutirem qual versão é a melhor; o CD4 traz mais duas versões dessa música lançadas em compacto, em mono e estéreo. Por fim, há duas versões de “Straight Through the Heart” que, como no caso de “Invisible”, são um pouco mais longas do que a definitiva, mas não soam tão diferentes. O quarto CD é muito bom e atrairá os completistas, mas poderia ter incorporado as versões ao vivo de “Stand Up and Shout” e “Straight Through the Heart” disponíveis na Deluxe Edition, pois havia espaço suficiente. Falando nisso, os fanáticos que comprarem a box provavelmente manterão essa edição, pois as músicas gravadas para a King Biscuit Flower Hour não foram disponibilizadas aqui (e poderiam ter sido agregadas ao CD2 sem problemas).
Deixei o melhor para o final, porque o CD3 é excepcional. A performance da banda é simplesmente espetacular em Fresno no final de 1983, superando as já citadas gravações da Deluxe Edition e a apresentação no Monsters of Rock de 1983. “Shame on the Night”, que sempre me fora a música mais fraca de Holy Diver está sensacional, “Holy Diver” (com o bom solo de Vinny Appice no final) mostra tudo o que a banda podia atingir, e uma longuíssima “Heaven and Hell”, com vinte minutos de duração e excelente solo de Vivian Campbell, são os grandes destaques do CD4 para mim. (quase 20 minutos), a melhor “Shame on the Night” que já ouvi (e isso faz diferença, pois sempre foi minha música menos favorita do disco original) e uma excelente “Don’t Talk to Strangers” tornam este lançamento mais interessante que as gravações ao vivo de 1983 anteriormente lançados. De acordo com o Setlist.fm, trata-se do show completo.
Graficamente, a capa é um pouco diferente do disco original. A ilustração da box traz Murray jogando o padre na água (em vez de já dentro) com o braço esquerdo aberto em vez de junto do peito, a contracapa também tem um desenho diferente, e os títulos das músicas estão em folheto solto (que pode ser guardado na box, se você quiser). O livreto, com texto de autoria de Mick Wall, trata da carreira de Ronnie até o lançamento do disco e fala bastante das gravações, recuperando declarações antigas do próprio Dio e de Jimmy Bain, bem como novos comentários de Vivian e Vinny. As fotos são tiradas sobretudo de shows, em especial do Monsters of Rock 1983, e são muito interessantes; há, ainda, as capas dos compactos, anúncios da época, as letras das músicas, e a colagem de fotos que acompanhava a edição original (e que este que vos escreve nunca tinha visto, tendo tido apenas em suas mãos o LP e o K7 brasileiros originais, e a edição em CD de 2005).
Holy Diver: Super Deluxe Edition é um presente para os fãs do pequeno grande homem Ronnie James Dio, e ajuda a matar a saudade de um dos maiores vocalistas da história do rock. Os fanáticos vão comprar a box, mas provavelmente guardarão a Deluxe Edition, mas fã é fã até embaixo d’água (especialmente se foi acorrentado e atirado nela pelo Murray). Minha única bronca é que os CDs 2 e 4 tinham espaço para incorporar as músicas disponibilizadas nas edições anteriores, tornando essa box a edição definitiva de um dos maiores clássicos do heavy metal. Tudo bem; se em 2024 a Rhino fizer uma box igual para The Last in Line, meu disco favorito do Dio, provavelmente ela encontrará um lugar na minha coleção.
Track list
CD1 2022 remix
1. Stand up and shout
2. Holy diver
3. Gypsy
4. Caught in the middle
5. Don’t talk to strangers
6. Straight through the heart
7. Invisible
8. Rainbow in the dark
9. Shame on the night
CD2 2022 remaster
1. Stand up and shout
2. Holy diver
3. Gypsy
4. Caught in the middle
5. Don’t talk to strangers
6. Straight through the heart
7. Invisible
8. Rainbow in the dark
9. Shame on the night
CD3 1983 Live in Fresno
1. Intro
2. Stand up and shout
3. Straight through the heart
4. Shame on the night
5. Children of the sea
6. Holy diver
7. Heaven and hell
8. Rainbow in the dark
9. Man on the silver mountain
10. Starstruck
11. Man on the silver mountain (reprise)
12. Don’t talk to strangers
CD4 Outtakes, singles & B’Sides
1. Evil eyes remix
2. Don’t talk to strangers outtake 1
3. Invisible outtake 1
4. Invisible outtake 2
5. Rainbow in the dark alternative guitar solo
6. Straight through the heart outtake 1
7. Straight through the heart outtake 2
8. Rainbow in the dark mono edit
9. Evil eyes 1983 b’side version
10. Rainbow in the dark stereo edit
Muito massa essa arte. Agora, essa turma das famílias Dio, Hendrix e Zappa tão tentando lucrar muito hein? Fora o Iommi, que relançará DE NOVO o Heaven and Hell e o Mob Rules (e dará uma graninha pra família Dio, lógico).
Também gostei bastante da nova capa, acho-a até melhor do que a original! Hendrix é uma mina de ouro que parece inesgotável, tamanha a quantidade de lançamentos póstumos (só comparar com a Janis, que teve pouquíssimos) – parece que toda as vezes que o cara ligava a guitarra tinha alguém gravando. O Zappa é outro – não bastasse o volume absurdo de lançamentos em vida, as novas boxes do cara são de fazer o aficionado querer assaltar um banco para poder acompanhar. Quanto ao Dio, acho que se essa box fizer sucesso, não vão faltar outras – além do já mencionado Last in Line, posso visualizar tranquilamente o Sacred Heart nesse formato… Não estava sabendo de novos relançamentos do Heaven and Hell e do Mob Rules – são boxes como as do Paranoid, Vol. 4, Sabotage e Technical Ecstasy? Esses três últimos nunca tinham tido nenhum relançamento deluxe, até se justificavam, enquanto que o Paranoid ganhou da primeira edição deluxe, na minha opinião. Resta imaginar o que vem por aí, mas acho que o Never Say Die merecia uma box antes dos discos com o Dio! Obrigado pelo comentário!!
Marcello, aqui está o link para os novos lançamentos da primeira fase do Dio na banda
https://bravewords.com/news/black-sabbath-heaven-and-hell-mob-rules-deluxe-editions-available-in-europe-this-november
Outra banda que lança muito material escondido/novo é o Jethro Tull. Lançaram os 40 anos e agora vem relançando como 50 anos. Virou moda
O Zappa, no documentário que saiu em 2020, mostra o porão das coisas que ele gravou e nunca lançou. Certamente irá render muito lançamento para os tataranetos do dweezil
Podiam lançar um box com o Never Say Die, as gravações do Dave Walker, o DVD daquele show Never Say Die e algo ao vivo da época com o Van Halen. Seria excelente
Seria mesmo… Um CD com o original, outro com outtakes e alternativos, o terceiro ao vivo e um DVD com o filme da turnê! Sonhar não custa nada! Never Say Die tem subido no meu conceito com as últimas audições, seria uma chance para outros começarem a curtir…
Vou correr atrás desse box. Para mim, esse é o melhor trabalho do Dio. Esse disco é perfeito.
Agora que saiu a matéria comemorando os quarenta anos, você conseguiu a box, Davi? O que achou?