Carr Jam – 21 [2022]

Carr Jam – 21 [2022]

 

Por Davi Pascale

Estrelas da cena hard rock se unem para celebrar o legado do falecido baterista Eric Carr. Criado em 2021, o grupo lança seu primeiro trabalho. Misturando canções do Kiss com canções escritas pelo músico, o projeto deve agradar aos soldados do Kiss Army.

No dia 24 de Novembro de 1991, o mundo do rock perdeu 2 grandes músicos. Freddie Mercury, icônico vocalista do Queen, que influenciou 9 entre 10 cantores que surgiram depois dele, foi vitimado pelo HIV. Já o talentoso Eric Carr, baterista que substituiu Peter Criss em 1980, e que esteve no Brasil na histórica tour de 1983, sucumbiu à um raro câncer no coração. Para muitos fãs, ele foi o melhor baterista do Kiss.

Mesmo que você prefira o estilo gingado de Peter ou a precisão de Eric Singer, é inegável o talento que o músico possuía. A raposa do Kiss sentava a mão sem dó, colocava toda sua emoção nas performances, era um cara extremamente criativo, além de ser conhecido como uma das pessoas mais generosas dentro da cena. Eric Carr era sempre atencioso, fosse com repórteres, com fãs ou com as bandas iniciantes que pediam sua ajuda. Portanto, não é de se espantar que passados mais de 30 anos de sua morte, o rapaz continue deixando saudades.

 

Foto promocional do supergroup Carr Jam

 

Tendo isso em mente, Dregen (Hellacopters, Backyard Babies), Jolle Atlagic (The Quill), Jesper Lindgren (Velvet Insane), Ryan Roxie (Alice Cooper, Slash´s Snakepit), Age Sten Nielsen (Wig Wam), Philip Shouse (Accept, Ace Frehley, Gene Simmons Band), Jesper Binzer (D.A.D.), Martin Ekelund (Bonafide) e Gustav Kronfelt (produtor de vídeos), se uniram e criaram um projeto para homenagear o baterista, com a pretensão de celebrar seu legado e impedir que o mesmo caia no esquecimento. Projeto nobre e extremamente merecido, diga-se de passagem.

Antenados à nova era, os rapazes soltaram uma música por vez, em formato de single online, para somente meses depois lançarem o disco físico. Os 2 primeiros singles foram lançados no ano passado, ano em que se completou 30 anos da morte do músico. A única coisa que não entendi foi por qual razão que optaram por gravar 2 músicas do legado do Kiss, que foram registradas anos antes de Eric entrar na banda. Ok, o release diz que a idéia é celebrar o legado do Eric Carr e do Kiss, mas já que o intuito é homenageá-lo, não faria mais sentido explorar o repertório dos álbuns que gravou com o conjunto? Continuo achando que sim.

Ok, “Snowblind” (canção do álbum solo que Ace Frehley lançou em 1978) e “Lover Her All I Can” (do clássico Dressed to Kill) são grandes músicas e não são sons tão manjados, mas em um projeto como esse, reconheço que preferia ouvir releitura de sons como “Young And Wasted”, “The Oath”, “King of The Mountain”, “Not For The Innocent” ou “All Hell´s Breakin Lose”. Essa última talvez fosse até interessante gravar na roupagem meio Zeppelin que Carr tanto desejava.

 

Eric Carr: músico fez parte do Kiss de 1980 à 1991.

 

Uma sacada muito bacana foi a inclusão de 2 sons do álbum Rockology. “Can You Feel It”, que conta aqui com os bons vocais do cantor do Wig Wam, é dona de um bom refrão. Já “Eyes of Love” é um hard rock de primeira que merecia ter aparecido em algum álbum da banda, e ela aparece aqui justamente nos vocais potentes do saudoso Eric Carr. Os músicos extraíram o vocal de uma demo tape que Loreta Caravello, irmã de Eric, cedeu aos rapazes.

As versões que conhecemos no Rockology já são versões demo, na real. Portanto, não deixa de ser interessante ver como essas músicas soariam caso tivessem sido devidamente gravadas. E o resultado é excelente, elas soam extremamente empolgantes. Os arranjos foram executados de maneira bem fiel. Há uma mudança de tom aqui, uma mudada no solo ali, mas nada muito drástico, nada que descaracterize a canção. São as mesmas vocalizações, os mesmos riffs, o mesmo tempo. Os músicos são de alto calibre, portanto, não é preciso dizer que o material está muito bem executado.

O lance agora é esperar por um volume 2. Música para isso, existe, e até mesmo por ser um EP, o material deixa um gostinho de ‘quero mais’. Ah, sim… Para aqueles que forem grandes fãs e/ou colecionadores do Kiss e/ou Eric Carr, vale a pena correr atrás da versão física. Afinal, toda a verba arrecadada com as vendas será destinada à instituições de caridade. Sendo assim, acho que vale um esforço para importar o disquinho, certo?

 

Faixas:

01) Eyes of Love

02) Love Her All I Can

03) Can You Feel It?

04) Snowblind

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