Melhores de 2022: Por Anderson Godinho

Melhores de 2022: Por Anderson Godinho

Chegando ao final de mais um ano, também, chega o momento em que refletimos sobre tudo aquilo que ouvimos para montar nossas listas. No meu caso, não tive muito tempo de procurar coisas de bandas novas como em outros anos, acabei sendo manipulado pelos algoritmos. Outra coisa que se reflete na minha lista está relacionada com os shows que presenciei, muita coisa rolou nos palcos curitibanos (bem acima do normal) e boa parte delas incluiu novas obras, as quais dei especial atenção. Agora, ao contrário do que comentei ano passado, em 2022, as bandas clássicas e/ou consolidadas não me decepcionaram. Muitas delas não entraram aqui na lista mas poderiam facilmente. Assim, deixo muita despretensiosa contribuição.


1. Saxon – Capen Diem

Pois é, Saxon em primeiro. Não sou um fã incondicional da banda, não esperava nada demais desse álbum (capa horrorosa, diga-se de passagem, e título tosco) e, no entanto, aqui está ele. São 11 músicas totalizando 44 minutos muito bem aproveitados. A receita é a mesma, muita gente reclamou desse álbum e não condeno, ano passado nem cogitei colocar o Iron Maiden na lista em função do mais do mesmo. Todavia nesse ano, com o Saxon colocando algumas das coisas que de melhor fez em sua carreira em um disco curto me deixou apaixonado. Destaco de cara “Carpe Diem (Seize the Day)” que abre o material com louvor. É Saxon puro, sem invenções. Outra que gostei foi “The Pilgrimage” que é mais cadenciada com uma melodia maravilhosa, ainda, “Remember the Fallen” que, por sua vez, é mais seca com uma batida e riffs simples, uma aula de NWOBHM, e um refrão que fica na mente. Por fim, ‘Lady in Gray’ surge com uma performasse um pouco mais elaborada de Byford tal qual a melodia um pouco mais rebuscada nos detalhes de teclado e guitarra. Saxon, simples assim.


2. Megadeth – The Sick, The Dying and The Dead

Mais um tio velho na lista. Nos últimos anos o Megadeth tem se tornado mais sombrio e retomando suas fases mais pesadas e rápidas, isso é fato e notório, o que me agrada muito. Nesse álbum isso se concretiza mais uma vez, arrisco dizer que esse álbum é mais interessante do que o último em função das variações (como na faixa título, por ex.) experimentadas, Dystopia é muito bom, mas em algum momento se torna um pouco repetitivo. Para The Sick… a entrada de Dirk Verbeuren é um fator novo que parece ter ajudado a banda a seguir um caminho mais Thrash, não desmerecendo o trabalho do Adler. Dentre as músicas de destaque não tem como não colocar as rápidas “Life in Hell” e “Night Stalkers” dentre as melhores. Com uma levada menos intensa, mas não menos thrash, “Killing Time”, “Dogs of Chernobyl” e “Misson on Mars” se destacam. Essa última é ótima, ainda mais pelas referências à Rust in Peace e Peace Sells! Da metade para frente é pedrada. Outras como “Sacrifice” ou “Junkie” soam um tanto mais heavy, mas não atrapalham, e ainda, “Police Truck” (do Dead Kennedys) e “This Planet’s on Fire” (cover cantada pelo próprio autor Sammy Hagar) entrando na cota de covers que o Mustaine (e este que vos escreve) adora. Em um álbum longo essas mudanças na constância me agradam. Alguns elementos que aparecem nesse álbum são algumas introduções dedilhadas ou com melodias lentas, prelúdio de porradaria, e, músicas que começam mais cadenciadas para após a metade, deixando letras de lado, a pancada come solta! É um baita de um disco, só esperando por um tour aqui pelos lados do sul do Brasil.


3. Jeff Scott Soto – Complicated

Quando vi que Complicated fora lançado resolvi ouvir despretensiosamente, mas me empolguei muito mais do que imaginava! Que o cara é um monstro dos vocais já sabia, mas nenhuma obra solo dele tinha me cativado. Fica a recomendação! Esse álbum possui o melhor do Hard Rock: vocais bem ecléticos e vibrantes, refrões lindos, arranjos perfeitos, faltam adjetivos para classificar. Podia falar de todas, mas destaco apenas as seguintes: “Disbelieving” com seu refrão e solos; “Don’t Look Back” uma balada animada daquelas pra tocar em rádios, os teclados estão no ponto certo. A rápida “Last Know” traz um arranjo muito encaixado e a linha de voz que Jeff segue é um tanto diferente do restante do álbum, ótimo som. Ainda, não tem como não destacar “Love is a Revolution”, talvez o ponto alto do play, distintos momentos para os distintos instrumentos, além do protagonista, Jeff, em destaque. Perfeita. Por fim, “Thank you”, linda balada, letra muito legal, tudo no lugar. Vale cada segundo, nós é quem agradecemos, Jeff!!


4. Batushka – Maria

A definição de holístico está nos álbuns do Batushka, não existe como ouvir só uma parte. Há um todo contínuo em seus trabalhos. Sobre esse trabalho falei um pouco mais aqui.


5. Arch Enemy – Deceivers

Conheci o Arch Enemy e o In Flames em 2004 e ambas se tornaram bandas das minhas preferidas, tratava-se de um estilo que eu não conhecia quase nada. Depois de tanto tempo e tantas renovações fico feliz de ouvir o Arch Enemy. A Alissa White-Gluz segue firme e forte nos vocais, apesar de eu gostar mais da Angela Gossow, o trabalho da Alissa é incrível. Nesse novo Deceivers é possível encontrar um pouco de tudo que a banda já fez, desde momentos mais agressivos como “The Watcher” ou “Deceiver, Deceiver” até momentos mais cadenciados e com cara de balada como em “Poisoned” (ainda não decidi se gosto disso no Arch Enemy). Gostei bastante das duas saideiras “One Last Time” e “Exiled from Earth” que meio que se completam sendo que a segunda vai esmorecendo aos poucos até deixar apenas a batida e uma vontade de sair metendo o pé num mosh.



6. Alestorm – Seventh Rum of a Seventh Rum

Não faz muito tempo que os conheci, mas, já considero ‘pacas’. Um metal com ares renovados, mais jovens e mais abertos a ideias bestas que deixam a banda divertida! Nesse álbum destaco de cara as três primeiras, todas candidatas a clássicos da banda: ‘Magellan’s Expedition’ épica e com um ar mais séria; “The Battle of Cape Fear” que é a cara da banda com muita velocidade elementos de teclado, coros que dão o tom pirata da temática; e, “Cannonball” perfeita para rodas em shows, aliás destaque para a desenvoltura da banda ao vivo mandando ver. A animada “P.A.R.T.Y.” é a música boba do álbum junto com “Come to Brazil”, porém aquela em que todos batem palmas e cabeça durante o show, ótimas para levantar o público. Um ótimo material que vale ouvir na integra.



7. Skills – Different Worlds

Eis aqui um projeto, mais um daqueles da Frontiers Records, que reuniu o guitarrista Brad Gillis, o baixista Billy Sheehan e o baterista David Huff. Todos muito importantes no cenário internacional, agora, o vocal ficou a cargo do ótimo, primoroso, Renan Zonta. Se você não conhece esse BR, pare e vai ouvir os trabalhos dele no Electric Mob e Brother Against Brother pelo menos. O cara é um monstro, e digo mais, ao vivo é tão bom quanto em estúdio! Da gosto de ver o moleque cantando! Bom, voltando, com um time desse… errar não é opção. O som é um Hard and Heavy bem clássico hora mais pesado, hora mais delicado. A faixa título é uma das melhores puxando mais pro hard, já no heavy ‘Escape Machine’ se destaca principalmente nos arranjos. A balada do play fica por conta da maravilhosa “Just When I Needed You”, show de Zonta na emoção. Nota 10 pra Frontiers e pros músicos.


8. The Halo Effect – Days of the Lost

Se o In Flames abdica de ser o expoente do estilo, de fazer o que de melhor sabe, de revolucionar seu som sem deixar de ser ele mesmo por que não organizar alguém para suprir a lacuna? Surge então, recheado de ex integrantes – Mikael Stanne (vocal), Jesper Strömblad (guitarra), Niclas Engelin (guitarra), Peter Iwers (baixo) e Daniel Svensson (bateria) – do In Flames, o The Halo Effect! Veremos se a banda engrena e se a galera vai abraçar, mas o primeiro trabalho dos caras me agradou imensamente. São as ideias que consagraram o In Flames, o tal Goteburg metal, tocadas pelos próprios. Como sempre há um porém, sou franco em afirmar que acho Stanne pouco versátil (vide “Dark Tranquillity”), no mais é só alegria: os riffs, a velocidade, a ambientação, os reverbs está tudo lá, um brinde aos anos 1990. O mais legal disso é que o In Flames soltou algumas de suas músicas do próximo trabalho, e pelo jeito ficaram animados em voltar a ser metal. Aguardemos! Por hora The Halo Effect na veia.


9. Ratos de Porão – Necropolítica

O 11° álbum de inéditas do Ratos de Porão, lançado no dia 13 de maio (data simbólica do fim da escravidão), surge após um hiato de oito anos, e não tem segredo: é crossover violento, letras críticas e postura política. Tudo maravilhosamente orquestrado. Não sou muito fã da sonoridade do R.D.P. mas confesso que esse disco me quebrou! Gostei quase por completo, pra não dizer que foi tudo alegria achei !Bostanágua” e “G.D.O.” meio fracas, mas a ironia lírica compensa. Dentre as que mais gostei pela sonoridade mais pesada, estão: Aglomeração, Passa Pano pra Elite e Neonazi Gratiluz. Porradaria de primeira.



10. Shaman – Rescue

O debut de Alirio Neto nos vocais do Shaman apresenta um digno retorno da banda aos palcos, demonstrando respeito ao finado André Matos e sua obra (do verdadeiro Shaman: Ritual e Reason). Porém não fica apenas nisso, o material é bom, muito bom! Particularmente foi um tanto quanto emocionante ouvir esse material, acompanhar a banda nas mídias e por fim poder assistir ao show da tour. Tudo muito bonito e emocionante. A fórmula do álbum segue bem a proposta original da banda, ou seja, aquela atmosfera mística atrelada a músicas que permeiam o heavy metal clássico (“Time is Running Out” ou “Brand New Me”) até aquele metal melódico com carinha de Brasil (“The I Inside, What If?” ou “Gone Too Soon”). Vale ressaltar a execução e a mescla entre coisas novas e antigas dos caras ao vivo, principalmente no momento em que a balada “Fairy Tale” se torna “Gone too Soon”, de chorar! Destaco ainda as ótimas “Where are You Now?” e “Resilience”. Fica o desejo de sucesso, continuidade e, também, de elementos novos para o futuro.


Menção honrosa
Kreator – Hate Über Alles
Decapitaded – Cancer culture
Nazareth – Surving the Law
The Troops of Doom – Antichrist Reborn
Hellgun – Hunted Trip

6 comentários sobre “Melhores de 2022: Por Anderson Godinho

  1. Esse ano não consegui ouvir muita coisa, mas se fosse fazer uma lista, três discos dessa lista estariam nela (Saxon, Megadeth e provavelmente o Skills). Veremos as próximas listas

  2. Da sua lista, tem um disco no meu top 10 e ouvi Shaman, Megadeth, The Halo Effect, Arch Enemy e Batushka (por sua própria causa) mas que acabaram cortados aqui.

    Mais ou menos como você, acabei me concentrando nos estilos que tenho preferência, mas até que ouvi algumas bandas mais novas.

  3. Saíram as listas do Gastão e do Massari. Também não gosto muito de algoritmos, então vale a pena sempre dar uma checada em listas preparadas por seres humanos com “notável saber” na área.

  4. Saxon, Megadeth e Batushka (até por causa do Consultoria Recomenda) eu ouvi… Saxon e Megadeth estariam com certeza na minha lista, mas ouvi tão poucos lançamentos que nem me arrisquei a fazer…

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