Datas Especiais: 50 anos de Live and Let Die
Por Pablo Ribeiro
Quantas canções podem levar a estampa de clássica? Poucas, com certeza. E dentro de parâmetros ainda mais estreitos, quantas dessas são obras atemporais e significativas não só para um determinado estilo musical, mas para toda a música, transcendendo as delimitações estéticas e cronológicas, sobressaindo-se até mesmo ao Zeitgeist do qual fazem parte, tornando-se um elemento cultural atemporal e indissociável? Poucas. Muito poucas.
Dentre essas, certamente “Live and let Die” desfruta de posição privilegiada!
A concepção desse clássico começa em 1973, quando James Bond, o mais famoso dos agentes secretos, estava prestes a ganhar um novo filme, com um novo ator (após Sean Connery, famoso no papel, ter declinado do convite de gravar mais uma película). “Live and Let Die”, no original, seria o oitavo filme da franquia, e o primeiro com o ator Roger Moore no papel de 007. Para agregar mais valor e um impacto ainda maior ao filme, Harry Saltzman e Albert Broccoli, responsáveis pela produção da película, tiveram a ideia de convidar aquele que já na época era um dos mais respeitados músicos da história. Assim, antes mesmo de o roteiro de Tom Mankiewicz estar finalizado, os produtores entraram em contato com o ex-Beatle (lembremos que o Fab 4 havia se dissolvido há pouco mais de três anos, na época) Paul McCartney para compor a canção tema do filme.
McCartney leu o roteiro e, achando-o muito bom, aceitou o desafio. Paul – juntamente com sua esposa, Linda – começou a escrever a música na mesma tarde, trabalho que se estendeu durante a semana. Segundo o compositor, havia a dificuldade de se criar uma música a partir do título, ao contrário do que acontece normalmente (título a partir da música). Mas nada que o experiente e talentosíssimo multi-instrumentista inglês não tirasse de letra.
Originalmente, o produtor Harry Slatzman pretendia que a cantora galesa Shirley Basey ou a atriz e também cantora Thelma Houston (natural dos EUA) interpretasse a canção. Entretanto, George Martin, responsável pela produção da música, deixou claro que McCartney só permitiria que a canção fosse incluída na trilha sonora se, nos créditos originais da película, a canção fosse tocada pelos Wings (banda de Macca à época). Saltzman, levando em consideração a qualidade do material pregresso de McCartney, bem como seu background como artista, acabou aceitando sem resistência.
Assim que lançado, em 1 de junho de 1973, o compacto de “Live And Let Die” – com “I Lie Around” no lado-B – chegou ao 2º lugar das paradas americanas (logo recebendo disco de ouro por mais de um milhão de cópias vendidas), ficando com a nona colocação na Inglaterra. A canção foi um estrondoso sucesso em vários países, mesmo não constando em nenhum álbum de estúdio de Paul/Wings, além de ser indicada ao Oscar de melhor trilha original. Não é pra menos, já que a música é um dos maiores clássicos do rock, daquelas canções obrigatórias.
Enfim, um dos raros clássicos atemporais que extrapola os limites da música, e se estabelece como estandarte cultural não só de uma geração, mas da história da arte.