Pior Música de Cada Disco: Metallica
Por André Kaminski
Daquelas matérias que tem tudo para receber umas tijoladas nos comentários, enfim, elas ainda são ótimas para gerar um bom debate e discussão (pelo menos para àqueles que se dignam a isso). Tive uma ideia de colocar aqui uma lista daquelas que considero as piores faixas de cada disco do Metallica. Não necessariamente significa que a faixa seja ruim (devido a qualidade de alguns álbuns), mas para mim, são aquelas músicas que considero inferiores dentro do disco, destoam do restante em termos de estilo ou qualidade, ou mesmo por questão de gosto puramente pessoal que a canção em si simplesmente não teve o mesmo impacto para mim quanto outras do disco em questão.
Então segue aqui a minha listinha. Comente minhas escolhas ou poste as suas nos comentários lá embaixo!
Kill’Em All [1983] – Hit the Lights
Já sei que vou começar recebendo uma chuva de pedras, mas sim, “Hit the Lights” para mim é a pior canção do primeiro álbum. Sim, logo a faixa de abertura. Claro que essa agressividade juvenil da banda nesse período me agrada, mas sabendo dos que eles viriam a ser depois com muito mais técnica e criatividade em ideias e arranjos, a faixa acaba soando muito apenas como uma canção primitiva de thrash metal, com James indo até o fundo da garganta para se esgoelar por aqui. Não é uma canção ruim, mas diria que é menor perto de outras ótimas qualidades que o disco oferece nas canções seguintes. Fosse eu, abriria com “Phantom Lord” e jogaria esta canção como abertura do Lado B.
Ride the Lightning [1984] – Escape
No disparado, melhor disco da banda até então, até ficou fácil escolher a menos favorita, mas ainda assim me dói o coração ter de pôr “Escape” ao lado de outras tranqueiras que aparecerão dos anos 90 para frente. Os riffs são excelentes e o refrão pegajoso, talvez apenas mesmo o fato de que seja uma música um pouco mais simples em meio aos petardos que há no restante do álbum. “Escape” parece um clássico em meio a outras que surgirão aqui.
Master of Puppets [1986] – Leper Messiah
Aqui pelo contrário, o disco em si é inteiro muito bom e escolher a menos favorita para mim foi bem difícil. Assim como “Escape”, “Leper Messiah” soa como um hit perto de outras aqui. Acho que a letra inferior e a canção toda nessa velocidade midtempo acabou me soando menor também perante as demais. Boa música, porém menor perto das outras deste disco.
…And Justice For All [1988] – The Shortest Straw
No disco sem baixo, é esta canção para mim que mais sofre por deixá-lo escondido. Uma canção que cuja guitarra soa cortante e vibrante, a falta de uma qualidade de baixo para deixá-la mais forte e encorpada fodeu mais com esta canção do que com as outras. Tinha o potencial de ser mais um dos muitos hits e clássicos do Metallica, mas só para sacanear o Jason, cagaram na própria música (na verdade, o disco inteiro que poderia ter sido muito mais do que é).
Metallica [1990] – The God that Failed
Não vou chutar cachorro morto e nem vou ser parte da manada sendo que eu gosto de “The Unforgiven” e “Nothing Else Matters”, que só pelo Metallica ter tido um passado thrash não pode se dar ao luxo de fazer baladas (e duas muito boas baladas). Por isso, fico com a meia boca “The God that Failed” cujo riff não me pegou muito perto dos muitos outros das outras canções e um refrão que também não me faz querer cantar a plenos pulmões. Escuto sem pular, mas assim que começa essa e chega nos três minutos, já fico aguardando “My Friend of Misery”.
Load [1996] – Thorn Within
Saímos da fase “clássica” da banda e entramos no território que já nos facilita mais esta seleção. Não vou dizer que todos os discos dos anos 90 para frente sejam ruins, mas não dá de comparar com os anteriores. Load e Reload são discos bem ouvíveis, mas não são comparáveis aos da fase antiga da banda. Deste aqui, esta faixa meia bomba e repetitiva que é “Thorn Within” é o ponto mais fraco do disco. Esse final é irritantemente repetitivo, longo e chato. Dava de limar esta música do disco que não me faria falta nenhuma.
Reload [1997] – Bad Seed
Para mim, o maior defeito dessa música é James e Kirk querendo imitar as guitarras do Pantera, mas falhando em sequer, prestar uma homenagem decente a Dimebag Darrel. Uma canção que nada mais é do que alguma sobra descartada pelo Pantera que a banda quis aproveitar. Bem ruinzinha.
Garage Inc, [1998] – Free Speech for the Dumb
A música já é originalmente chata e repetitiva e o Metallica só conseguiu arranjá-la de uma maneira que soasse ainda pior do que o pessoal do Discharge fez.
St. Anger [2003] – The Unnamed Feeling
Abri uma exceção e não considero essa a pior música do disco embora este esteja recheado de músicas ruins. A questão aqui é a decepção que senti ao ouvir esta música. Quando começa a intro com aquele riff pesado, pensei “a única que vai salvar o disco”. Mas aí veio aqueles vocais enjoados de Hetfield, a bateria mal mixada do disco todo e a letra medonha que não diz nada com nada e esta se tornou uma das canções mais decepcionantes de toda a carreira da banda. Por isso coloquei aqui visto que eu realmente acho um horror o que fizeram com esta música. Desperdiçaram um ótimo riff nisso. Ugh!
Death Magnetic [2008] – The Unforgiven III
Mesmo conhecida por seu thrash, eu até dei valor para a maioria de suas baladas, mesmo a dos discos menores. Mas esta aqui é diferente: é sonolenta, com um instrumental preguiçoso e como o disco sofre com uma produção que o deixou sem dinâmica alguma, faz com que uma balada como esta que deveria servir para dar uma relaxada, ao invés disso, incomodasse com o volume alto em que foi mixado. Uma balada fraca e nada original, que a banda já fez muito melhor nos outros álbuns e destoa bastante neste.
Hardwired… to Self-Destruct [2016] – ManUnkind
É o disco que mais gosto da fase atual do Metallica, mas esta canção aqui… um auto-plágio com direito a paradinhas de instrumental e alguns riffs reciclados do Death Magnetic. Mais uma faixa que tinha potencial de ser melhor, mas após o dedilhado até que bonito do baixo de Trujillo, a canção se torna só mais uma comum.
72 Seasons [2023] – Inamorata
Preciso confessar uma coisa para vocês: é a primeira vez que ouço este disco. E olhando em retrospectiva, ninguém aqui da Consultoria do Rock estava animado com este lançamento. Nem uma matéria, nem uma menção, esta é a primeira que temos o disco no site quase 5 meses após ser lançado. Nem mesmo alguém chamou para fazer um Test Drive… enfim, ouvindo o álbum de primeira impressão, parece para mim ali no nível do Death Magnetic, ou seja, apenas bom. Um disco nota 7. Mas tem uma faixa que eu não gostei e é essa “Inamorata”. É a faixa mais longa que o Metallica já gravou, começa com um instrumental meio doom/meio grunge. Comecei a notar umas semelhanças com outra canção e não me lembrava qual. Fui ler algumas resenhas e mencionaram que seria uma espécie de “My Friend of Misery Parte II”, o que acabei concordando. Ainda assim, uma música que caiu na laia do “altamente esquecível” logo após a primeira audição. Uma pena, acho que as ideias aqui foram interessantes, só não a execução.
Realmente deixamos passar completamente esse novo lançamento do Metallica. Unforgiven!!!!
Essa é aquela matéria para dar discussão, mesmo! Admito que nunca pensei muito em qual seria a pior em cada disco, por isso só dois comentários: “The Unforgiven III” é uma das poucas músicas do “Death Magnetic” que ficaram na minha cabeça (acho um disco meia-boca, ao ouvir em retrospecto – porque na época que saiu, depois do desastroso “St. Anger”, gostei bastante), e “Inamorata” achei muito boa, sendo que o “72 Seasons” para mim é o melhor da banda desde os anos 90. Tenho uma resenha do álbum no forno, já programada para publicar, acho que a gente vai ter mais coisa para discutir!
“Pior música” não, por favor… Eu diria “a mais fraca”. Sou muito conservador nesse sentido, entende? Mas em se tratado do Metallica, eu tenho a minha opção de canção fraca para cada disco, pelo menos do Kill ‘em All ao Justice for All, quatro álbuns que representam a fase que eu mais aprecio da banda. Observem:
KILL ‘EM ALL (1983): “Anesthesia (Pulling Teeth)”. Com todo respeito ao finado Cliff Burton, um solo de baixo totalmente desnecessário em um debut repleto de porradas do início ao fim.
RIDE THE LIGHTNING (1984): “The Call of Ktulu”. A mais fraca não apenas por ser instrumental, mas por ser a mais longa (quase 9 minutos de sonolência) e pior, posta como a última faixa do disco.
MASTER OF PUPPETS (1986): Nenhuma. É o meu álbum favorito desses quatro, não vejo canção fraca nele.
AND JUSTICE FOR ALL (1988): “Eye of the Beholder”. Uma das mais injustiçadas canções do Metallica nessa época, eles quase nunca a tocam ao vivo sabe-se lá porque…
Deixo aqui uma menção honrosa para a faixa mais fraca do THE BLACK ALBUM (1991) e – na minha opinião – um de seus maiores fiascos no geral, que com o tempo se tornou uma espécie de “praga maldita” do Metallica por conta de sua excessiva publicidade e também pela “obrigação” da banda em toca-la em todo bendito show. Falo justamente de “Nothing Else Matters”, que para mim soa mais como um esboço de um futuro projeto solo de Hetfield do que propriamente do Metallica. Se essa faixa não estivesse no tracklist do álbum em questão (já que certamente o frontmen não queria coloca-la no CD) junto com a “The God that Failed” (que eu também acho uma canção muito boba liricamente falando, óbvio), seria o meu quinto favorito do Metallica junto com os quatro álbuns anteriores. Apenas isso.