Datas Especiais: 10 anos de Dream Theater [2013]

Datas Especiais: 10 anos de Dream Theater [2013]

Por Micael Machado

Quando todos esperavam o lançamento do DVD Live At Luna Park, que registra dois shows na cidade argentina de Buenos Aires durante a primeira turnê do grupo com o baterista Mike Mangini, o Dream Theater surpreendeu seus fãs e anunciou que lançaria um novo álbum de inéditas antes do prometido vídeo ao vivo. Lançado em 23 de setembro de 2013 (com direito a diversas edições especiais), o registro, que leva apenas o nome da banda, acabou vazando para audição via streaming no site RollingStone.com com uma semana de antecedência, e despertou opiniões pelos quatro cantos do mundo, sendo a grande maioria positivas!

A vinheta instrumental de abertura, “False Awakening Suite”, com menos de três minutos, tem um início que lembra as composições mais cinematográficas do Nightwish, não fosse pela guitarra de John Petrucci, aqui bem mais pesada que a do finlandês Emppu Vuorinen. A música causa a expectativa de que algo diferente irá aparecer no universo musical do Dream Theater, mas esta é logo desfeita aos primeiros acordes do pesado riff de “The Enemy Inside“, primeira faixa do trabalho divulgada na internet, mas a qual não cheguei a escutar antes da liberação da íntegra do disco para audição. Com um belo solo de teclado por parte de Jordan Rudess, e linhas pesadas de Petrucci e do baixista John Myung durante toda a sua duração, esta composição me lembra muito alguns momentos da famosa “12 Steps Suite”, especialmente partes de “The Glass Prison” e “This Dying Soul”. Como início efetivo dos trabalhos, está mais que aprovada!

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Capa do single “The Enemy Inside”,  primeiro lançamento do álbum Dream Theater

Por falar em “This Dying Soul”, li algumas resenhas comparando o “sentimento” deste novo álbum àquele mais sombrio presente em Train of Tought, registro de 2003 onde esta parte da suíte foi gravada. Algo que faz todo o sentido, se analisarmos o peso dos riffs de canções como a citada “The Enemy Inside” ou de “Behind The Veil” (cujos efeitos do começo lembram a canção “The Great Debate”), ou as passagens repetitivas de “Surrender To Reason” (composição em mid tempo com muitas mudanças de andamento, e destaque para Rudess), além de alguns momentos da maravilhosa instrumental “Enigma Machine“, minha preferida neste disco novo até aqui (de começo sombrio e pesado, mas com muitas variações rítmicas ao longo de seus seis minutos, e onde todos os instrumentistas possuem ao menos um momento de destaque, sem que nenhum consiga superar os demais). Mas também há um lado suave e “esperançoso” em algumas canções (como sempre em um disco do DT), especialmente em “The Bigger Picture” (de início em tons épicos e um final belíssimo) e “Along For The Ride” (talvez a faixa mais progressiva do álbum, em muito graças às linhas de teclado de Rudess), as duas composições mais intimistas deste registro, e possivelmente as que contam com os melhores registros por parte do vocalista James LaBrie, que consegue colocar emoção na medida certa em suas linhas. Cabe citar também que o lado pop da sonoridade do Dream Theater, que por vezes aparece em sua discografia (como em “I Walk Beside You”, faixa presente em Octavarium), também dá as caras por aqui, como em “The Looking Glass” (apesar de esta contar com uma parte mais sombria lá pelo meio) ou no refrão da citada “Behind The Veil”.

Mais uma vez, o Dream Theater encerra um álbum com uma longa suíte, desta vez chamada “Illumination Theory“, com cinco partes em mais de vinte e dois minutos. Embora tenha partes realmente interessantes, esta é uma composição que não consegue se equiparar a “Octavarium“, “In The Presence of the Enemies” ou mesmo “In The Name Of God”, sendo que há uma parte orquestral lá pelo meio que realmente depõe contra a qualidade deste novo épico. Curioso é que a suíte termina efetivamente pouco depois dos dezenove minutos, e, depois de uns trinta segundos, há um calmo tema instrumental levado pelo piano de Rudess e uma guitarra cheia de efeitos por parte de Petrucci, e que funciona como uma espécie de “faixa escondida” do álbum, em mais um daqueles mistérios que o DT tanto curte aplicar aos seus fãs. “Illumination Theory” deverá ser a música de encerramento da apresentações da turnê, se seguir a regra das anteriores, mas terá de crescer muito em meus ouvidos para merecer o status de “clássico” dentro da discografia da banda. Se conseguirá, só o tempo dirá…

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Mike Mangini, John Petrucci, James LaBrie, Jordan Rudess e John Myung

Dream Theater, ainda me causa uma boa impressão, embora inferior ao anterior, A Dramatic Turn of Events, que, como já disse, marcou a estreia de Mangini, que neste então “novo” registro soa bem melhor adaptado à sonoridade do grupo, com linhas de bateria muito interessantes, mas ainda não criativas o suficiente para me fazer esquecer que um dia o dono do banquinho do quinteto foi o “monstro” Mike Portnoy. Ao invés de tentar compilar todas as influências da sonoridade do grupo ao longo de sua duração, como o anterior, este novo lançamento parece mais focado, e realmente lembra o período de álbuns como Six Degrees of Inner TurbulenceTrain of Thought e Octavarium, três registros que, apesar de apreciados e respeitados, dificilmente são citados como os favoritos dos fãs dos americanos.

Aqueles que acompanham mais frequentemente o Consultoria do Rock sabem do meu apreço pelo DT, então, não me furtarei de tecer alguns comentários sobre este novo registro. Claro que fazer uma resenha de um álbum após algumas poucas audições é arriscado, por isso, prefiro dizer que estas são apenas algumas opiniões minhas sobre as músicas, e não uma crítica mais avalizada, até porque, para isso, teria de ter o produto físico em mãos, com o encarte, letras, ficha técnica, etc. Mas acredito que isto não me impede de compartilhar com vocês minhas primeiras impressões sobre o trabalho!

Se este será o destino deste disco, ou se ele se transformará em um clássico da discografia do Dream Theater, responderei a vocês daqui a mais algumas audições (e, principalmente, depois de conferir suas faixas ao vivo, de preferência “frente a frente” em um show aqui no nosso país tropical). Por enquanto, vou ali ouvir de novo esta maravilha chamada “Enigma Machine”.

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As diferentes versões de Dream Theater

Track List:

1. False Awakening Suite

    I. Sleep Paralysis

    II. Night Terrors

    III. Lucid Dream

2. The Enemy Inside

3. The Looking Glass

4. Enigma Machine

5. The Bigger Picture

6. Behind the Veil

7. Surrender to Reason

8. Along for the Ride

9. Illumination Theory

    I. Paradoxe de la Lumière Noire

    II. Live, Die, Kill

    III. The Embracing Circle

    IV. The Pursuit of Truth

    V. Surrender, Trust & Passion

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