Shows Inesquecíveis: Black Sabbath e Megadeth no Brasil em 2013
Há 10 anos, no mês de outubro de 2013, o Black Sabbath vinha ao Brasil pela primeira vez com Ozzy Osbourne nos vocais. Na época, nossos consultores estiveram presentes na turnê de promoção de 13, álbum que colocou Ozzy, Tony Iommi e Geezer Butler em voga novamente no cenário mundial. Vamos rememorar aqueles momentos marcantes dos shows de Porto Alegre, por Pablo Ribeiro, e São Paulo, por Bruno Marise.
Por Pablo Ribeiro (Porto Alegre)
Voltar à este show de 2013 é quase tão quanto incrível quanto pensar que já se passaram 10 anos deste grande momento. Quando, no final de 2012, o Black Sabbath anunciou a volta de sua formação original (com o baixista Geezer Butler, o baterista Bill Ward e o madman Ozzy Osbourne se reunindo com o chefão – e único membro permanente da banda – Tony Iommi) para a gravação de um novo álbum e posterior turnê, criou-se uma enorme comoção no meio do rock. Não por acaso, já que o quarteto supostamente foi o responsável pela criação do Heavy Metal, quando da concepção de seu primeiro álbum – autointitulado – em 1970. Com essa formação, a banda gravou oito álbuns de estúdio até 1978, pelo menos cinco deles obras atemporais obrigatórias em qualquer coleção de rock que se preze. Desde a primeira separação do grupo original, muitas foram as tentativas de reuniões, sendo que o mais perto que se chegou foram alguns shows esporádicos, no final da década de 1990 (que resultaram no excelente álbum ao vivo Reunion em 99) e mais algumas apresentações no festival Ozzfest, em 2005; mas um novo disco de inéditas nunca havia saído do papel até o citado anúncio de 2012. Finalmente, Iommi, Butler, Osbourne e Ward lançariam o primeiro disco de estúdio juntos em 35 anos. Ou quase!
Por diversos motivos Ward não participou do disco, bem como da reunião de promoção do mesmo. Para seu lugar, uma escolha polêmica: o baterista Brad Wilk (Rage Against the Machine, ex-Audioslave). Wilk, apesar de profissional e competente, não chega aos pés de Ward em matéria de peso – nem de pegada. Esse, talvez tenha sido o único pormenor em 13, o disco resultante das sessões de gravações da banda (quase) reunida. Não que isso chegasse a estragar o álbum, muito pelo contrário, pois 13 é considerado por muitos (inclusive por esse que vos escreve) o melhor disco do Black Sabbath desde o racha da banda quase 40 anos antes. Ainda antes mesmo de seu lançamento, foram anunciadas quase 40 datas de shows ao redor do mundo, incluindo o Brasil, com três datas a princípio e uma quarta posteriormente, todas em outubro de 2013: dias 9 em Porto Alegre (RS), 11 em São Paulo, 13 no Rio de Janeiro e 15 em Belo Horizonte (MG), trazendo nos shows os americanos do Megadeth como banda de suporte.
Os ingressos foram disponibilizados para venda cinco meses antes das datas dos shows, o que só contribuiu para aumentar a ansiedade dos fãs em relação às apresentações. Depois de mais de 150 dias de interminável espera, eis que chegou o dia desse momento único na história do rock em terras tupiniquins (lembremos que foi a primeira vez que Osbourne, Iommi e Butler pisariam juntos em um palco brasileiro, o que acabou se repetindo três anos depois, em dezembro de 2016). O local escolhido para a apresentação na capital gaúcha foi o Estacionamento da FIERGS, uma escolha que desagradou (e ainda desagrada) a grande maioria do público, pois o lugar não possui estrutura de arquibancadas (somente pistas comum e VIP foram disponibilizadas), e, devido ao mesmo ser um local aberto, nem sempre a qualidade de som é 100% satisfatória. Além disso, dista cerca de 17 km do centro da cidade, e o começo das apresentações estava programado para as 19h30, dificultando ainda mais o acesso, devido ao acentuado trânsito decorrente do final de um dia normal de trabalho. De qualquer forma, nada disso impediu que quase trinta mil fãs do quarteto de Birmingham se reunissem no local da apresentação (ou seria “do culto”?) para acompanhar o Sabbath desfilar seus clássicos e as músicas novas de 13.
Depois do show de abertura, que aqueceu os presentes, uma pequena pausa, e mais ou menos 15 minutos antes do planejado (às 19h45) o quarteto liderado pelo veterano guitarrista e vocalista Dave Mustaine (acompanhado pelo também veterano baixista David Ellefson, Chris Broderick na guitarra, e pelo baterista Shawn Drover) sobe ao palco para seu show. Com quase 30 anos de carreira e 14 discos de estúdio gravados, o Megadeth deixou para trás – há muito tempo – a sombra do Metallica (por mais que volta e meia o próprio Mustaine pareça não querer acreditar), e se tornou uma potência mundial do Thrash Metal. Para comprovar isso, estão aí os inúmeros clássicos do estilo que a banda cunhou nessas três décadas. E foram exatamente as canções mais representativas do conjunto que deram o tom dos cerca de 50 minutos do show dos americanos. A maravilhosa “Hangar 18” (do clássico Rust in Peace, de 1990) abriu a apresentação levando a plateia à loucura com seu famoso trabalho de guitarras.
Seguiram mais duas clássicas: “Wake Up Dead” e “In My Darkest Hour”, da melhor fase da banda nos anos 80. As seguintes, “She-Wolf” e “Sweating Bullets”, já da década de 90, mantiveram o pique preparando a chegada de “Kingmaker” que funcionou bem ao vivo, mesmo fazendo parte de um álbum irregular (Super Collider, lançado em junho de 2013). Mais duas dos anos 90 (“Tornado of Souls” e “Symphony of Destruction”) precedem mais uma clássica: a excelente “Peace Sells“, antes de fechar a apresentação com a estupenda “Holy Wars… The Punishment Due”. O Megadeth acertou em escolher algumas de suas músicas mais fortes para rechear uma apresentação curta demais para contemplar tantas canções boas, mas a regra do jogo para a banda de suporte era essa, e o quarteto conseguiu, em menos de uma hora, manter a plateia na mão, mesmo que a esmagadora maioria dos presentes estivesse lá para ver o Black Sabbath. Não poderia ser de outra forma, já que o veterano Mustaine sempre produziu – em maior ou menor grau – material de qualidade, tanto em gravações quanto em shows ao vivo. O Megadeth tem conhecimento – e história – de sobra para fazer muito bem aquilo pelo que se tornou famoso: clássicos thrash de altíssima combustão, na medida certa para quebrar pescoços.
Por volta das 21h45 (novamente 15 minutos ANTES do divulgado), a característica voz de Ozzy ecoa pelo estacionamento, anunciando o começo do show, que após uma introdução reproduzindo uma sirene antiaérea, revela o quarteto pelo qual todos (ou pelo menos 99% dos presentes) aguardavam. Ozzy Osbourne, Tony Iommi e Gezzer Butler – o trio original que formou o Black Sabbath do final dos anos 60 até o final dos 70 – sobem ao palco acompanhados pelo jovem e extremamente competente baterista Tommy Clufetos (também integrante da banda solo de Osbourne e ex-Rob Zombie), que em uma acertadíssima jogada substituiu Brad Wilk, que, tenho certeza, jamais teria a pegada e o peso necessários para segurar as canções clássicas do quarteto. É então que “War Pigs” (de Paranoid, 1970) explode nos alto falantes, levando as dezenas de milhares de fãs à loucura. Já nos primeiros segundos da apresentação, fica muito claro o carisma estratosférico de Ozzy (coisa que qualquer um que já tenha visto o sujeito ao vivo já pôde comprovar).
Mesmo passando dos 60 anos, e com as já famosas sequelas das décadas de abusos de substâncias ilícitas, o cara tem desde o começo a plateia nas mãos, e manteve um ótimo entrosamento com a banda, mesmo que sua performance física no palco – que sempre passou longe de ser atlética – tenha ficado ainda mais restrita. “Into the Void”, de Master of Reality (1971) seguiu com o peso característico da guitarra de Iommi, o maior riffmaker da história do Rock, que, mesmo tratando-se do linfoma diagnosticado há um par de anos atrás, continua com um domínio ímpar de seu instrumento, e segue um mestre absoluto quando o assunto é peso, sendo que “Under the Sun”, de Vol. 4 (lançado em 1972) prova isto novamente. Com seu começo arrastado, logo depois evoluindo para um riff de puro peso, essa é uma daquelas canções que acertam o ouvinte como uma pedrada no meio da cara.
Com pouco tempo para nos recuperarmos, era hora de mais uma do quarto álbum do quarteto. Dessa vez, “Snowblind”, com sua cadência arrasadora, é responsável por derrubar tudo, preparando terreno para a primeira canção vinda do maravilhoso e obrigatório 13, o multiplatinado disco do Sabbath “reunido”, lançado nesse mesmo ano de 2013. A música em questão, “Age of Reason” tornou-se uma das prediletas dos fãs, e se encaixou muito bem no meio de rol de clássicos do BS, com seu andamento contagiante guiado pelos riffs cortantes e um solo absurdo de tão bom, além dos vocais hipnotizantes de Ozzy. Em seguida, o grupo volta 43 anos no tempo para uma trilogia presente no seu autointitulado disco de estreia, iniciando com a própria “Black Sabbath“, que arrepiou a todos com sua abertura tétrica embalada pelo som de sinos e chuva (uma das mais famosas introduções do metal), e que foi cantada praticamente nota por nota por todos, que piraram quando da segunda parte, onde Iommi introduz seus riffs mais velozes. Já “Behind the Wall of Sleep”, apesar de não tão conhecida entre os fãs eventuais, é uma das prediletas dos “fiéis”, e foi logo seguida pelo curto (e clássico) solo do monstro Geezer Butler, o homem que redefiniu os parâmetros de seu instrumento no rock and roll. Solo esse, que, tradicionalmente, é emendado na famosíssima “N.I.B.”, obrigatória em qualquer coletânea da banda.
Hora de mais uma nova, “End of the Beginning” faixa de abertura (e segundo single) de 13, já bem conhecida dos seguidores do meio. Provando a – excelente – aceitação do álbum, o público acompanhou música e letra, e se mostrou por dentro dos passos da banda. Mesmo sendo uma faixa extensa, com variações de andamento, ficou claro que, assim como os outros sons, essa também foi muito bem vinda pela plateia. Aqui, Osbourne demonstra um pequeno cansaço em sua voz, mas não compromete em nada a execução da música. Regressando novamente para o disco Paranoid, a próxima é “Fairies Wear Boots”, com suas influências de Jazz e trabalho irrepreensível de Iommi, seguida pela curta instrumental “Rat Salad” (também do segundo disco do quarteto), que serve como introdução para o solo de bateria de Clufetos. A qualidade técnica do cara é realmente louvável, bem como sua performance de palco. Como citei antes, ele é bem mais pesado – e mais técnico – que Brad Wilk, e basta ter um mínimo de conhecimento (e perspicácia), ou comparar os trabalhos anteriores de ambos, para se chegar a essa óbvia conclusão. Agora, sejamos sinceros: todos ali queriam mesmo era ver Bill Ward, o responsável pelo ataque aos tambores nos clássicos do Sabbath.
Depois do solo de Clufetos, Ozzy, Iommi e Butler retornam para aquela que é provavelmente a música mais conhecida do quarteto, não por acaso, já que “Iron Man” (outra de Paranoid) possui um dos riffs mais assassinos de todos os tempos, que se encaixa perfeitamente com sua letra apocalíptica dando conta de um robô vingativo. Um dos maiores clássicos da história do rock, que levou – de novo – a FIERGS a loucura. “God Is Dead?”, primeiro single de 13, lançado antes mesmo de o disco chegar às lojas, abre a quarta parte do show, e agrada a todos com seu começo lento que depois se desenvolve até uma parte mais rápida, replicando o estilo das canções da banda do começo dos anos 70. Destaque para a letra ácida de Butler (responsável, aliás, pela esmagadora maioria das composições líricas das formações da banda em que esteve presente), baseada nos pensamentos do filósofo e poeta germânico Friedrich Nietzsche, letra essa que Ozzy canta praticamente toda com os olhos grudados no teleprompter, coisa que já faz parte da própria persona do cantor, chegando até a ser divertido.
A próxima é “Dirty Women”, uma tremenda música, vem daquele que é um dos discos mais subestimados do Sabbath, o controverso Technical Ecstasy. Com uma atmosfera pessimista e seu andamento lento, merece estar no set list das apresentações do grupo, desde que foi “ressuscitada” no final dos anos 90. Era então chegada a hora de mais clássicos: “Children of the Grave” (de Master Of Reality) e seu ritmo esmagador proto-Sludge, que levou todos a se balançarem no mesmo ritmo, é outra das essenciais do grupo, que qualquer fã que se preze conhece até de trás pra frente, e que encerrou a apresentação com o quarteto deixando o palco após sua execução. Depois de um breve intervalo, os músicos voltam ao palco para tocar a última música do set: a indefectível “Paranoid” (que teve uma pequena introdução com os riffs iniciais da espetacular “Sabbath Bloody Sabbath”, do disco homônimo, de 1973, a qual é uma pena não fazer parte – em sua forma completa – dos shows da banda já há algum tempo) fecha definitivamente, com maestria, a apresentação dos ingleses, deixando todos com um sentimento de satisfação quase palpável!
Por Bruno Marise
Desde que o Sabbath anunciou a reunião com a formação clássica no dia 11/11/11, eu já tinha prometido a mim mesmo que iria no show deles caso viessem para o Brasil, de qualquer jeito. E quase dois anos depois, o dia finalmente havia chegado. Minha sexta-feira começou cedo. Fui com uma excursão saída de Bauru, interior de São Paulo e partimos daqui 10:30 da manhã. Chegamos ao local por volta das 17 horas, um bom tempo depois de os portões terem sido abertos, e ainda assim a concentração de pessoas fora do recinto era grande. Não enrolei muito pra entrar e logo fui procurar um lugar pra me acomodar e esperar as 2 horas para o show do Megadeth.
Vou tentar passar as minhas impressões do dia dividida em tópicos para organizar melhor as ideias, que 10 anos depois, ainda me causam ótimas sensações.
Lugar e estrutura
O evento aconteceu em um aeroporto na zona norte de São Paulo, o Campo de Marte. Achei a localização boa, é relativamente tranquilo de se chegar, tanto pra quem vem de fora quanto para o pessoal de São Paulo, já que fica bem perto da estação Santana do metrô. O espaço era aberto e bastante grande, com uma área ampla de frente para o palco.
Megadeth
Por volta das 19h40, uma animação referente ao último disco do Megadeth precedeu a entrada de Mustaine e Cia no palco. A banda já de cara mandou “Hangar 18″, mas aí veio a surpresa: O som estava péssimo. As guitarras soavam baixas, a bateria abafada e o vocal e o baixo inaudíveis. Lá pela terceira ou quarta músicas, teve uma melhora mas ainda longe do ideal. Em relação ao repertório, o Megadeth não arriscou e mandou um set quase inteiro de clássicos, com apenas uma música do criticado Super Collider, e justamente a única que teve uma recepção morna do público. O restante das músicas foi cantada do começo ao fim. Um set com “Holy Wars”, “Symphony Of Destruction”, “Peace Sells” e “Sweating Bullets” não tem como falhar. A apresentação foi curta, mas intensa. Apesar do som ruim, valeu a pena.
Black Sabbath
O show do Megadeth durou pouco mais de uma hora. Achei que o intervalo entre as apresentações iria demorar, mas todos foram surpreendidos com Ozzy chamando o público. As cortinas se levantaram, e o som explodiu com os primeiros acordes de “War Pigs”. A comoção foi geral. Eu mesmo custei a acreditar que estava presente naquele momento histórico. Mas aí é que veio outra surpresa: Apesar de o som estar bem superior ao do Megadeth, ainda estava longe do ideal. Durante todo o show dava pra ver Ozzy pedindo pra subir a voz. O mesmo Ozzy comandava o público entre as músicas com os seus famosos “I can’t fucking hear you!“, “let me see your hands” e “I love you all“. Depois de espancar a galera com as cacetadas “Into The Void”, “Under The Sun” e “Snowblind”, o Sabbath mandou “Age Of Reason”, do 13. Particularmente uma das minhas preferidas do disco novo. Ao fim da música é que o negócio ficou feio. Ozzy anunciou “let’s get back to the very beggining, this is one of our first compositions“. O trovão, o barulho de chuva e os sinos anteciparam o que seria talvez o momento mais memorável do show. Uma música que praticamente deu o pontapé ao heavy metal a 40 anos atrás, estava sendo apresentada ao vivo no Brasil, pela primeira vez, juntando várias gerações.
Após esse momento apoteótico, a banda emendou mais 2 clássicos do primeiro disco: “Behind The Wall Of Sleep” e a maravilhosa “N.I.B.”, com o solo de baixo distorcido de Geezer Butler. Acredito que nunca pulei e berrei tanto num show como nessa música. Ver a galera gritando “Oh, Yeah!” entre um riff e outro foi de arrepiar. Marmanjos se abraçavam e iam aos lágrimas ao cantar a história do demônio que se apaixona por uma garota. “End Of The Beginning”, mais uma do disco novo, foi tão intensa que seus 8 minutos duraram segundos. Em seguida veio a trinca do aclamado “Paranoid”, começando com “Fairies Wear Boots”, a incidental “Rat Salad” e um solo destroçador de bateria de Tommy Clufetos. Gostaria de aproveitar para comentar a performance do baterista. Muito se falou e reclamou sobre a desistência de Bill Ward da reunião do Sabbath. Mas todos que acompanham sabem que o velho Bill está mal de saúde e há anos não consegue desempenhar o mesmo papel nas baquetas. Apesar de toda a história de que ele teria pulado fora porque receberia menos, sabe-se que durante os primeiros ensaios, Ward teria colado post-its em sua bateria com as viradas e paradas das músicas, porque já não conseguia lembrar mais. Antes que me apedrejem, eu sou um grande fã de Bill Ward, o cara conseguiu mesclar sua escola de jazz com batidas pesadas. e suas viradas são tão memoráveis quanto os riffs de Iommi, formando com Geezer uma das cozinhas mais violentas do rock. Agora, se o cara não estava em condições de tocar, a melhor coisa foi ter colocado um baterista jovem para segurar a bronca. Clufetos gravou o último disco solo de Ozzy e já tocou com Alice Cooper e Rob Zombie. É um batera monstruoso na escola do Ward e até lembra Bill quando era mais jovem.
A trinca do segundo disco terminou com a aguardadíssima “Iron Man”, com as 70 mil pessoas acompanhando o eterno riff nota por nota. Ver “Iron Man” ao vivo com Iommy, Ozzy e Geezer é um momento que eu vou ter em minha memória pra sempre. “God Is Dead?” a primeira música de trabalho de 13, fechou as músicas do disco novo, e das três foi a que teve a melhor recepção. Provavelmente pelo seu refrão mais grudento que a das demais. Na sequência veio “Dirty Women”, do subestimado Technical Ecstasy. Se nas apresentações mais antigas era o momento de a mulherada da platéia mostrar os peitos, esse papel foi cumprido pelo telão, mostrando uma infinidade de cenas de garotas com os atributos a mostra e com direito a um genial Ozzy soltando “I love dirty women!“. O madman então fez um acordo: “if you go absolutely loco fucking insane on this next one, we’re gonna do two more songs!“. Desafio aceito. Iommi dispara o riff de “Children Of The Grave” despertando mais uma vez os gritos de “não acredito!” “PQP!” e afins. É hora da pausa clássica antes do bis.
Ozzy lá dos bastidores puxa “one more song, one more song!“, o público repete e os velhinhos voltam pro palco. Iommi puxa a intro de “Sabbath Bloody Sabbath”, mas fica só nisso. Uma pena que não saiu inteira. Mas pra compensar, veio a já esperada “Paranoid” pra esgotar todo e qualquer restante de energia que tenha sobrado no público. Vi neguinho de cabelo branco chorando. Fim de papo. “I love you all, God bless you, good night!” Ozzy encerra aquela que com certeza foi uma das melhores noites da vida de muitos dos 70 mil presentes no Campo de Marte.
Considerações Finais
Já disse isso mas repito. Foi um dia histórico. Muita gente ali sequer imaginaria a ideia de ver o Black Sabbath com Ozzy ao vivo no Brasil. A equalização ruim não atrapalhou a experiência de ver esses senhores destruindo tudo em cima de um palco. Iommi nem parece um homem de 60 poucos anos com câncer. O cara esteve inteiraço, com sua performance contida de sempre mas uma habilidade sobre-humana na guitarra, arrancou lágrima de muito marmanjo com os riffs e solos. Geezer Butler é um MONSTRO! O som do baixo estava absurdamente pesado e o velho segurou as 2 horas de show sem pestanejar um segundo. Muito se fala sobre Ozzy, mas pra um homem de 64 anos com décadas e mais décadas de excessos e abusos de tudo que é droga existente, conseguir fazer uma turnê mundial e cantar todas as músicas com sua voz única já é uma vitória. E ainda assim achei que o cara estava muito bem, se movimentando e comandando a platéia com o seu carisma de sempre. Agora uma pequena decepção: A platéia. Pelo menos do lugar em que fiquei, pouquíssimos pareciam conhecer as canções e só sem empolgavam mais nos clássicos já manjados como “Iron Man” e “Paranoid” e olha lá. Ouvi mais pessoas reclamando dessa apatia, mas aparentemente dependia do lugar já que o recinto era enorme. Mesmo assim é decepcionante. Esperava uma atuação caótica da plateia, pra compensar todos os anos de espera e vontade em ver uma das maiores bandas de todos os tempos em sua formação clássica. Fica a impressão de boa parte das 70 mil pessoas presentes estavam lá mais pelo nome do Sabbath ou apenas pra não perder a oportunidade única.
Saí de lá morto, cansado, dolorido, rouco mas com a sensação de ter realizado um verdadeiro sonho e ter completado um dos itens na checklist da vida. Obrigado Mr. Iommi, Osbourne e Butler, o dia 11/10/2013 jamais será esquecido.
Setlists (São Paulo)
• MEGADETH:
• BLACK SABBATH:
Assisti o show em Porto Alegre, e como fui em uma excursão, não tive os problemas de acesso que o pessoal enfrentou. Realmente o som estava ruim, e como fiquei um pouco longe do palco assisti mais pelo telão! Mas depois de quase 30 anos de adoração pelo Sabbath, quem disse que eu me importava? Ótimo show, e o Megadeth também foi excelente.
Independente das dificuldades de se ver o show, foi um baita show. O som na hora do Megadeth estava muito ruim, mas o Sabbath detonou. Em 2016 a coisa foi diferente, Ozzy já estava desgastado demais, e a energia dos velhinhos não era mais a mesma, mas mesmo assim, foi muito bom ter visto eles duas vezes em menos de 4 anos, e esse show de 2013 foi muito, mas muito marcante, ainda mais que na saída do show, o Geezer, dentro de um carro, passou por nós e nos cumprimentou. Inesquecível