Melhores de 2023: Por Anderson Godinho
Encerra-se 2023 com muita coisa sendo apresentada aos fãs de música. Essa inclusão musical que os streamings proporcionam é algo que ainda estou aprendendo a conviver. Se antigamente degustava mais os poucos materiais que chegavam, hoje a avalanche de informação causa euforia e frustração ao mesmo tempo. Na parte da frustração, não dei conta de ouvir tudo que deixei reservado, na parte da euforia o acesso a discografias completas, remasterizações, lançamentos é algo fantástico. Sobre esse ano de 2023, uma impressão que deixo para críticas e opiniões é a de que poucas bandas trouxeram materiais realmente impressionantes dentro de suas discografias, talvez o Rival Sons ou o Winery Dogs… falando deles, segue a minha lista.
Rival Sons – DarkFighter e Lightbringer
Pensar que eu fui no show desses caras no Monsters of Rock alguns anos atrás e não dei a devida atenção… Arrependimento. Resolvi agrupar os dois álbuns (DarkFighter e Lightbringer) uma vez que ambos foram lançados em 2023 e há linearidade e conexão entre eles. Quando ouvi DarkFighter percebi na hora que seria difícil não estar aqui, logo de cara identifiquei muita coisa de Southern Rock, um dos meus estilos preferidos e que eles utilizam muito bem. Porém. não se iluda, não vejo possibilidade de tachar como uma banda do estilo. Nesse primeiro álbum a banda começa com uma das melhores: “Mirrors”. É uma pérola que inicia mais calma, ganha densidade e no final a adrenalina já está nas alturas. Outra que destaco é a ótima “Horses Breath” com uma das melhores melodias dos álbuns, mas que poderia ter uma letra mais desenvolvida. Não vou aprofundar, mas recomendo o material por completo. O segundo disco Lightbringer vai por um caminho mais experimental com uma atmosfera própria que me remeteu ao Led Zeppelin (me critiquem!), trata-se de um disco mais lento com algumas músicas mais longas (acima de 5 minutos) cheias de variações e rupturas. Creio que a música mais bonita esteja justamente no final do material, “Mosaic” é um som único nos dois materiais, cereja desse bolo duplo.
In Flames – Foregone
In Flames is back!!!!! A maior e melhor banda de Death Metal Melódico está de volta após um longo, triste, tortuoso e torturante caminho. Recomendo ler o que deixei como referência no fim do ano passado quando falei do The Halo Effect, e também, vale dar uma olhada na discografia comentada, principalmente, ao final quando comento estar em aberto o futuro dessa banda. Fiquei me coçando para colocar eles em primeiro, mas passada a euforia (e clubismo) percebi que não foi a melhor coisa que ouvi esse ano (o Rival Sons me quebrou). Foregone é um ótimo álbum como descrito na resenha, apesar de estar longe do que a banda foi um dia. Em tempo, vale ressaltar que o baterista Tanner Wayne reviveu a banda, e tenho dito!! Uma pena terem vindo apenas para São Paulo em sua turnê. Ouça: “A Dialogue in B Minor”, “Foregone (pt. 2)” e “The Great Deciever” pra ter uma ideia legal.
The Winery Dogs – III
O material que mais vezes ouvi durante esse ano. Um Hard Rock que não enjoa, passeia por várias vertentes desde o hard dos anos 70/80 até o blues. Trata-se de um time de peso que toca fácil e, após vê-los ao vivo, se diverte fazendo música de qualidade Parabéns para o Mr. Richie Kotzen, o monstro Billy Sheehan e o Madman Mike Portnoy. São muitas as músicas ótimas: “Xanadu”, “Mad World”, “Breakthrough”, “The Vengeance”, “Gaslight” … enfim o material todo é sensacional. Acredito que seja o melhor álbum deles, pura inspiração. Ficou na minha terceira colocação apenas em função da experiência que o Rival Sons me proporcionou e da minha insistência que se contenta com migalhas em relação ao In Flames.
Electric Mob – 2 Make U Cry & Dance
Esse play fez com que eu me tornasse fã dos caras, e torço muito para continuarem essa carreira bonita que se desenha e fortalece com este segundo disco (apesar da mudança de baterista recente). Cheguei a mencionar outros projetos que envolveram o vocalista Renan Zonta em outras listas, mas chegou a hora de colocar o projeto principal aqui. Confesso que pensei em resenhar esse ótimo 2 Make U Cry and Dance lá no começo do ano. A banda paranaense é destaque na cena curitibana e estão galgando espaço no país, como por meio da turnê que fizeram pelo país abrindo para o Project46 ou mesmo surgindo no set list do Summer Breeze Brasil de 2024. Atualmente fazem parte das apostas da Frontiers, inclusive os conheci por lá. Se for pra classificar diria que é um Hard Rock feroz e de fácil assimilação, é gostoso de ouvir! Possuem muita melodia, riffs marcantes e criatividade em minha opinião. Deixo como recomendação as ótimas “Sun is Falling Down”, “It’s Gonna Hurt”, “Love Cage”, a paulada “Thy Kingdom Come” e para mim a melhor música do álbum “‘4 Letters’”, mas sendo bem sincero, vale a pena ouvir tudo. Se cruzarem com eles por sua cidade, pode ir que não tem erro.
Kataklysm – Goliath
Aqui uma banda que eu sempre deixava de lado. Deixava! Obviamente que preciso ouvir muito mais deles para poder tirar conclusões, mas esse álbum é muito bom! Muito sujo e rápido. De cara a ótima ‘Dark Wings of Deception’ se apresenta muito veloz e com ótima distribuição dos instrumentos na sonoridade. Bumbo voando. Baixo bem marcante. Outra que destaco é ‘Die as a King’ que possui um prelúdio com uma bateria cabulosa para depois cadenciar com um riff simples, porém, começa para valer voltando para a bateria típica de death metal com movimentos de guitarra interessantes. Ela varia bastante entre fases mais rápidas e outras menos, mas, sempre violenta e nunca lenta. Por fim ‘Gravestones and Coffins’, melhor riff inicial, uma cadência superada antes do primeiro minuto com uma variação de bateria e guitarra. Muito agressiva. Como comentei, é uma banda que ganhou minha atenção esse ano, então não vou aprofundar em comparações, mas esse álbum é altamente recomendado.
The Rolling Stones – Hackney Diamonds
Talvez por estar muito preso ao metal, apesar de ter circulado mais por outros gêneros esse ano, quando esse álbum apareceu resolvi dar uma atenção especial e desfrutar o ocaso de uma das maiores bandas do mundo. Muito divertido, marcante e honesto com o grandioso público e com a carreira da banda. É possível ver a resenha que o Marcello Zapelini fez a qual concordo plenamente aqui.
Angra – Cycles of Pain
Angra é chover no molhado, uma banda que ao meu ver atingiu uma maturidade enorme e um nível de profissionalismo altíssimo com essa formação. Os instrumentistas são fenomenais e a garganta do Mago ainda impressiona. A trupe comandada pelo Rafael Bittencourt nos presenteia com esse belo álbum. Ao meu ver é o melhor com Lione nos vocais, e melhor que alguns com outros vocalistas. Nesse material há um retorno ao melódico frente ao som mais progressivo do anterior (Omni), já em relação ao instrumental achei o pessoal mais entrosado, ou seja, ao ouvir não senti tantas rupturas e sim mais harmonia no momento em que cada um chama a responsabilidade para si em meio às músicas. Uma coisa que me chateou foi a participação pequena do Lenine, poderia ter entrado mais na música (“Vida Seca”). Por fim, trata-se de um trabalho bem executado, que traz elementos históricos, uma temática bonita e bem arquitetada para fazer dar certo. Na minha opinião cumpre sua função com sobras.
Ignea – Dreams of Landes Unseen
Os ucranianos do Ignea conseguiram assinar com a Napalm Records e este é o primeiro trabalho sob o importante selo do metal mundial. Resolvi colocar esse material nesse top 10 apenas após uma revisão de materiais que deixei anotado como potenciais melhores de 2023. Confesso que na primeira audição em maio não achei tão interessante, mas nessas últimas vezes que dei atenção percebi um clima muito intimista e com elementos de músicas tradicionais, um enredo que, após pesquisar um pouco, fez o álbum ter mais sentido. Achei esse terceiro disco mais constante que os demais, apesar de o anterior (The Realms of Fire and Death) possuir momentos mais marcantes. Por vezes aqui algumas ambientações soam repetitivas, mas não comprometeu minha opinião. Deixo como recomendação a audição de Dunes, Incurable Disease, The Golden Shell e Zénith.
The Ocean (Collective) – Holocene
Eu não sou muito fã de progressivo (seja rock ou metal) e já deixei claro em vários textos aqui no portal, mas esses caras tem alguma coisa que me chama a atenção a ponto de trazer eles para minha lista pelo segundo álbum seguido. É um som envolvente, uma atmosfera pesadíssima! Instrumentalmente impecáveis, bastante variação na sonoridade das músicas e, também, muita criatividade. Um disco que possui mais de 50 minutos, mas passa rápido. Não é melhor que o álbum anterior (Phanerozoic II: Mesozoic/Cenozoic – 2020) que é tão bom que fez a banda ganhar um fóssil em sua homenagem (Ophiacantha Oceani), mas mesmo assim fui hipnotizado. Do bom Holocene recomendo fortemente Preboreal que classifico como uma das melhores coisas que ouvi esse ano, Sea of Reeds e a destoante Unconformities.
Nervosa – Jailbreak
Para finalizar minhas recomendações de 2023 eu trago novamente a Nervosa de Prika Amaral. Infelizmente a formação anterior se desfez. Infelizmente pois com certeza Perpetual Chaos (2021) foi o melhor material produzido pela banda em todas as suas fases. Todavia, esse novo rebut nos trouxe uma banda mais parecida com a proposta inicial da banda: o Thrash Metal. Ressalto a salutar entrada de uma nova guitarrista (Helena Kotina), no entanto, ainda não posso afirmar que gosto plenamente dos vocais da Prika. As gravações são ótimas, mas gostaria de ouvir ao vivo antes de tirar conclusões, pois, no álbum o vocal me soou um tanto quanto artificial (apenas uma impressão!). De todo modo é um álbum que impressiona por ser bem direto, criativo em suas composições. Conseguiram desbancar o Metal Church na minha ‘cota para thrash’.
Algumas outras coisas boas:
LandFall – Elevate (Mea Culpa de 2022! É o Mr. Big brasileiro).
Butcher Babies – …’Til The World’s Blind
Metal Church – Congregation of Annihilation
Greta Van Fleet – Starcatcher
Angelus Apatrida – Aftermath
Valeu a menção à minha resenha, Anderson!
Eu gostei do Winery Dogs III, mas para mim acabou sendo o disco mais fraco do grupo até agora (acho que gostei de mais dos outros para poder curtir esse de verdade), e os dois discos do Rival Sons estão muito bons mesmo. Dos outros, preciso dar uma ouvida no In Flames e nesse The Ocean (Collective), sobretudo!
Po, eu curti o III do winery, maaas eu fiz o caminho reverso. Ouvi esse primeiro, talvez tenha influenciado.
Gostei do disco do In Flames, mas não conheço a discografia da banda – até porque eles não são meu estilo. Do The Ocean, fiquei pensando como seria se tivesse mais participação da Karin Park, que deu um toque especial a “Unconformities”, mas no todo o disco é bom e fiquei curioso para conhecer mais deles. Dos demais que não conhecia, só ouvi o Ignea, e foi o que mais gostei dos três – não adianta, banda com vocal feminino sempre acaba me pegando de jeito… Outra banda que não conhecia e que vou procurar mais coisas.
Dentro da sua lista, ouvi apenas o Electric Mob e achei um bom disco.
Meio que escutei poucos medalhões do ano passado. E da sua lista me interessei pelo novo trabalho do The Ocean (banda que conheço de discos anteriores) e este Ignea (não conheço, mas tem jeito de que irei gostar).
Esse no Ocean eu não achei tão bom quanto o anterior, mas gostei bastante. Já o ignea acho que seria legal começar pelo anterior, entender bem a banda pra depois digerir esse atual.
Essa capa do The Ocean é algo hein
Pois então, também me chamou a atenção. O meio da capa lembra o “Equator” do Uriah Heep… O disco não é bom, mas a capa é legal
Causou o mesmo efeito que a capa do Psicoacústica do Ira!
Rapaz, que lista! Primeiro, que vivo a mesma frustração/euforia que você (e as listas me ajudam, sobretudo, no quesito “frustração”, para que eu atente ao que passou batido); segundo, à exceção do Nervosa com seu “Jailbreak” (que não curti) e o Angra com o “Cycles of Pain” (ok, ok, podem me crucificar, mas já dei 2 chances para esse disco e não acho nada disso que falam…), sua lista está sensacional! Até nas posições eu gostei dela (eu subiria os do Ignea e dos Rolling Stones). Parabéns!
Opa, obrigado Marcelo. Sobre o Angra é complicado msm. Eu realmente curti, mas não de primeira. Já com a nervosa fiquei matutando e pensando se era isso mesmo. No final acho que é a lista mais cheia de bandas já consagradas que fiz
Sua lista está excepcional! E, graças a ela, fui ouvir o The Ocean novamente e, após 2 audições completas nas últimas 24 horas, te digo: que discaço! Ele, o do Ignea e o dos Rolling Stones, na sua lista, são para mim os melhores. Obrigado!
Butcher Babies – …’Til The World’s Blind é um album excelente merecia ficar entre os 10. trabalho bom 👍 da por.ra
Metal Church – Congregation of Annihilation foi melhor do que o metállica
Greta Van Fleet – Starcatcher ano passado acertaram em cheio o álbum. está no meu top 10.antigamente eu torcia o nariz pra essa banda e o pessoal exagerava muito dizendo que era uma grande banda como se fosse um medalhão. agora sim fez um grande álbum .musicalmente estão amadurecidos
o in flames com foregone é muito intenso quando eu escutei esse álbum eu percebi que iria ser muito difícil sair do top 10. esse álbum bate forte.
já o angra e o nervosa : os dois fizeram bons álbuns mas eu acho que falta algo e não sei o que é. pois eu não tenho conhecimento técnico. só um produtor musical é que poderia dizer . pra mim é como se fosse uma comidinha com um tempêro gostosinho mas que faltou caprichar mais.
ou usando o jargão do futebol : faltou caprichar no último passe ou na última bola pra fazer o gol. é uns álbuns que divide opiniões alguns acham ótimo outros dizem que é apenas bom. eu percebi essa oscilação em várias listas.
Pronto, você definiu o que penso tanto do Angra quanto do Nervosa – daí eu nem os considerar como melhores do ano, apenas como bons lançamentos.
Sei que ninguém eu bola, mas o novo álbum do Peter Gabriel também é sensacional
Eu ainda não consegui ouvir com atenção. A primeira impressão foi boa, mas não deu de ouvir mais vezes para opinar!
*deu