Oops! I did it again… – Twisted Sister: Still Hungry (2004)
Hoje resgatamos a primeira matéria publicada Por Leonardo Castro (publicada originalmente em 29 de dezembro de 2010)
Ultimamente, em várias áreas como cinema e televisão, a prática do remake, recriar algo que já foi feito, tem se tornado cada vez mais comum. Filmes, novelas e até enredos de escola de samba do passado têm sido refeitos, muitas vezes sob a desculpa de apresentá-los a uma nova geração.
Na música, e mais especificamente no Hard Rock / Heavy Metal, não tem sido diferente, mas normalmente a razão apresentada é a melhoria da tecnologia de gravação se comparada à época do lançamento do original.
Dessas formas, algumas bandas têm optado por regravar um disco clássico por inteiro, enquanto outras têm regravado alguns dos seus maiores hits, criando uma espécie de coletâneas de regravações.
Nesta coluna, analisaremos este tipo de lançamento, avaliando sua qualidade, relevância e, principalmente, a necessidade de regravar clássicos do estilo. Começando com uma das primeiras bandas a regravar por completo um disco clássico:
Twisted Sister – Still Hungry (2004)
Stay Hungry, lançado originalmente em 1984, foi o disco mais importante da carreira do Twisted Sister. Apesar de serem excelentes, o dois discos anteriores da banda não haviam conseguido lançá-los ao estrelato, mas quando Stay Hungry saiu e os clips de “We’re Not Gonna Take It“ e “I Wanna Rock” passaram a ter uma circulação frequente na MTV, a banda explodiu e se tornou uma das mais importantes do Heavy Metal / Hard Rock norte americano dos anos 80. Produzido por Tom Werman (Cheap Trick, Mötley Crüe, Stryper, Poison) o disco tem uma sonoridade excelente, apesar de soar um pouco datado hoje em dia, como a maioria das gravações da década.
Após um longo hiato, a banda se reuniu em 2001 para um show beneficente para os bombeiros de Nova York após os atentados de 11 de setembro. Apesar de fazer apenas shows esporádicos e em festivais, todos foram surpreendidos quando anunciaram que regravariam e relançariam Stay Hungry, agora sob o título de Still Hungry, em 2004. O motivo apresentado foi a insatisfação com a sonoridade do álbum, considerado leve e comercial demais, influenciado pelo produtor e pela gravadora na época. Além disso, a regravação funcionou como uma forma de terapia, uma vez que muitas desavenças surgiram entre a banda durante a gravação original.
Still Hungry, além das 9 músicas originais, apresenta 7 faixas-bônus, que acabam sendo o grande atrativo da regravação. O disco tem uma produção mais moderna e pesada, mas com pouquíssimas alterações se comparado ao original. A performance dos músicos e excelente, e o vocal de Dee Snider está em plena forma. Apenas alguns poucos solos foram alterados, e a audição do disco continua sendo tão prazerosa quanto a do original. Um boa canção, afinal, vai ser sempre uma boa canção, e isso é o que não falta em Stay Hungry / Still Hungry. Já as faixas bônus, na grande maioria compostas na época da gravação do álbum original, são a grande surpresa do disco, uma vez que são muito boas e poderiam ter entrado facilmente nos discos posteriores ao Stay Hungry.
Em resumo, as faixas inéditas fazem deste disco um item obrigatório para os fãs da banda, mas a regravação das músicas originais não tem maiores atrativos, apesar de também não decepcionarem. Quem cresceu ouvindo o disco de 1984 provavelmente preferirá ouvir o original quando quiser ouvir estas músicas, mas um fã novo, que conhecer a banda através da regravação, provavelmente irá se divertir tanto quanto ouvindo o original.
A prova final de como essa regravação foi desnecessária foi que em 2009 a banda lançou uma 25th Anniversary Edition do disco original, em cd duplo e com novas faixas bônus e algumas versões demo, e passou a promovê-la como a “versão definitiva do álbum”, ignorando por completo a regravação de 2004.