Nino Grandi – Tales of the Wild Cat [2024]

Por Emerson Mello

Nino Grandi é um músico carioca atualmente estabelecido na cidade de Bad Homburg na Alemanha, onde participa de projetos musicais diversos e também trabalha profissionalmente como tatuador. Estando na Europa por seis anos, ele tem tocado por locais diversos, em países como a própria Alemanha, Espanha, Suíça, Portugal, Itália e alguns festivais como Sommerfest des Jazzclubs, Eurofolk Festival Ingelheim e o badalado Herzberg Festival. Isto certamente agregou mais confiança e uma boa bagagem para o seu voo autoral, o álbum Tales of the Wild Cat, lançado em 15 de março de 2024.

Mesmo sendo um músico versátil e tendo passado por diversos estilos ao longo dos seus 30 anos de carreira, Nino sempre teve uma forte veia Blueseira, tendo como referência os mestres do estilo como Muddy Waters, Eric Clapton, Johnny Winter, Buddy Guy chegando até o Rock com influências de Blues como Faces, Rolling Stones, Black Crowes, ZZ Top e Allman Brothers, então era de se esperar que este trabalho seguisse nesta direção. Tendo o trio como base e com alguns músicos adicionais que ajudam a dar mais corpo no resultado final, Tales of the Wild Cat trás 10 temas próprios com produção de Thorsten von Aufschnaiter (que também é o baixista) e gravado no estúdio da própria banda. Além de Nino e Thorsten, temos o baterista Luca von Aufschnaiter e completando o time de gravação temos Nana Black, Natschy e Steffy (backing vocais), Frank Albersmann, Leo Caputti, Andreas Graf (piano/teclados) e Eduardo Sanna (gaitas). As composições são todas de Nino, sendo algumas letras escritas em parceira com escritor resendense Renato Martini.

O álbum abre com “Coming Home”, um tema excelente pra abrir o álbum e também o show, trazendo um riff de guitarra marcante enquanto o Hammond faz uma cama e os sopros vem dar mais pressão. O refrão “I’m coming home/I’m finding my way” fica na cabeça. A parte vocal traz um arranjo estilo ‘pergunta e resposta’ entre Nino e o vocal feminino, o que dá uma dinâmica bem interessante. “I Was a Fool” tem uma levada na linha do mestre BB King, enquanto a letra conta a história de um amor mal sucedido. Trabalho dos backing vocais ficou excelente e os arranjos de metais deram um molho extra na música. “How Many More Days” o clima sobe e temos o riff de guitarra conduzindo a música e com diversas camadas de guitarra sustentando o arranjo. A cozinha segura bem o groove e Nino manda muito bem no solo, e o tecladista Leo Caputti aparece muito bem também.

“Hard Luck and Trouble” começa bem no estilo Blues de raiz, apenas violão, slide e gaita e vai crescendo até a banda entrar e manter a pulsação. Na sequência temos “Wild Cat” com Nino mostrando suas habilidades no slide e um riff pulsante marcando o andamento. “You’ll Be Gone” vem numa pegada um pouco diferente, uma balada delicada e emotiva, que funcionou muito bem e o uso do Fender Rhodes deu um brilho especial no arranjo. Com certeza um dos pontos altos do álbum. “Bad River Blues” na sequência, traz com a gaita de Eduardo Sanna dando aquele clima do Mississipi e Nino mais uma vez capricha no slide. “You Love Her Too Much” certamente minha preferida do álbum, a típica balada de Blues carregada de emoção e sentimento com execução impecável de toda a banda, com destaque para o solo de guitarra. Em “You Should Never Mess with Me” temos de volta os vocais femininos que funcionam muito bem. “Goodbye Is Just Another Word” vem na linha das baladas da Motown e fecha muito bem este excelente álbum.

As músicas são muito boas e com certeza devem crescer ainda mais nas apresentações ao vivo. Não seria pedir demais uma continuação ou parte 2 deste ‘contos do gato selvagem’.