Saxon – Hell, Fire and Damnation [2024]
Por Marcello Zapelini
O ano de 2024 mal tinha começado, e quem gosta do heavy metal dos anos 70 e 80 teve bons motivos para comemorar, pois foram três bons lançamentos de mestres do estilo, começando com o Saxon, em janeiro, e seguindo com Bruce Dickinson e Judas Priest no início de março. O Saxon tem mantido um ritmo de lançamentos espantoso para uma banda com mais de 45 anos de estrada, enquanto Bruce e o Judas Priest não brindavam seus fãs com músicas novas já fazia algum tempo, e por isso escolhi trazê-los antes. O Saxon e o Judas Priest, aliás, iniciaram uma turnê conjunta (com a participação do Uriah Heep – e eu aqui, babando de inveja…) para promover os novos álbuns. Bruce também teve shows – inclusive no Brasil – agendados. Até aí, tudo bem, mas considerando que os discos andam caros e acabando com os suados ganhos dos colecionadores, surge a pergunta: os discos são bons? Se o orçamento estiver apertado e só der para comprar um, qual optar? Espero que meus comentários tenham ajudado os fãs, e hoje encerro essa trilogia com Hell, Fire and Damnation.
Um disco novo do Saxon não chega a ser uma novidade, vamos ser francos aqui. No século XXI o Saxon lançou dez álbuns de músicas inéditas, dois de covers e cinco álbuns ao vivo – desde 2019 a banda já lançou cinco álbuns! Este disco chama a atenção pela ausência de Paul Quinn, que deixou a banda em 2023 e comparece em apenas duas músicas; além de Biff Byford (único membro do original ainda presente), tem-se o baterista Nigel Glockler, com quase quarenta anos dedicados ao grupo, Nibbs Carter (baixista desde 1988) e o guitarrista Doug Scarratt, que ano que vem vai completar 30 anos com os saxões. O quinteto se completa com o guitarrista Brian Tatler, do Diamond Head. Lançado em 19 de janeiro, Hell, Fire and Damnation, produzido por Andy Sneap com Biff Byford, abre com a vinheta “The Profecy”, que segue na faixa-título, tipicamente saxônica!
“Madame Guillotine” é mais cadenciada de ritmo, com bom trabalho de guitarras. Logo em seguida, “Fire and Steel” traz o Saxon tão acelerado quanto consegue, com Nigel Glockler pedalando os bumbos numa velocidade impressionante. O solo faz com que o ritmo diminua um pouco de início, mas a música ganha velocidade novamente. Esta é uma das músicas com participação de Paul Quinn. Na sequência, a banda viaja num disco voador em “There’s Something in Roswell” para visitar, junto com Marco Polo, a corte do grande Khan em “Kubla Khan and the Merchant of Venice”, essa com um clima épico que me fez lembrar de boas músicas do Iron Maiden do passado. Já “Pirates of the Airwaves” leva o nosso velho Biff a lembrar da adolescência, quando as rádios-piratas eram as grandes alternativas à BBC, tocando as músicas que os garotos mais rockers queriam ouvir.
“1066” é outra música com um toque de história, relembrando a conquista da Inglaterra pelos normandos nesse ano – essa é outra música que me trouxe o Iron Maiden à cabeça. “Witches of Salem”, que abre com os gritos das bruxas, é talvez a música que menos gostei do álbum, mas não compromete. “Super Charger” (a segunda com participação de Paul Quinn) encerra lembrando que você não pode ter um disco do Saxon sem uma música que fale de motores, motocicletas, velocidade em geral. Outra que não se destaca muito, mas também não compromete, sendo uma música gostosa de ouvir.
No todo, apesar de o álbum ser curto, com 42 minutos, ele parece ter perdido o gás nas últimas músicas, como se a banda não tivesse material suficiente de qualidade para gravar. Hell, Fire and Damnation não vai figurar nas paradas de sucessos, possivelmente não aparecerá nas listas de melhores do ano – aliás, mesmo sendo um bom disco, está um pouco abaixo do ótimo Carpe Diem, lançamento anterior do grupo, mas é um álbum que frequentará as playlists e o som dos fãs do Saxon, trazendo os elementos musicais que fizeram a banda ficar conhecida e respeitada. Por outro lado, as músicas não me parecem ser do tipo que irão frequentar as setlists dos shows após o término da turnê de lançamento.
Aliás, essa turnê se iniciou em Glasgow no dia 11 de março, e quatro músicas fizeram parte do setlist: a faixa-título, “Fire and Steel”, “There’s Something in Roswell” e “Madame Guillotine”. Um destaque final: embora não pareça ter participado das composições, pelo menos como guitarrista Brian Tatler estreou muito bem, com uma boa interação com o já veterano Doug Scarratt; espero que ele continue com o grupo por muito tempo.
Track list
- The Prophecy
- Hell, Fire And Damnation
- Madame Guillotine
- Fire And Steel
- There’s Something In Roswell
- Kubla Khan And The Merchant Of Venice
- Pirates Of The Airwaves
- 1066
- Witches Of Salem
- Super Charge
Gosto de vários álbuns do Saxon, sou um admirador novato da banda, mas desse disco novo deles eu não gostei. Sem Paul Quinn na formação a fórmula musical deles ficou 100% esgotada e obsoleta em demasia. Os caras poderiam muito bem ter encerrado a carreira com o álbum anterior Carpe Diem (que foi um grande sucesso), mas por mim não havia necessidade alguma de lançar este fraco Hell Fire and Damnation, que fechará a discografia com uma chave de prata – não de ouro. Desde já, deixo o meu muito obrigado a Biff Byford e sua turma por tudo o que fizeram pelo heavy metal em todo o mundo. Desejo uma boa aposentadoria a eles!
Eu até gostei do disco, Igor, mas ele é muito pouco marcante… As músicas não grudam no ouvido, não têm potencial de clássico. Acho que o Saxon está sofrendo de “fadiga de material”, gravando com intervalo muito curto e lançando disco meio que no piloto automático. Quanto ao Paul Quinn, espero que pelo menos ele contribua com composições no futuro, não sei como o Brian Tatler vai se sair nesse quesito! Obrigado pelo comentário!!
Então no caso o Saxon está vivendo dois dilemas terríveis: o primeiro é que esse Brian Tatler no lugar do Paul Quinn não está dando certo na banda (nunca ouvi falar nesse cara), e o segundo é que a banda está lançando discos curtos com duração na casa dos 40 minutos… O limite para mim é até a casa dos 50! Vide o último do Judas Priest, tem quase 56 minutos (na minha versão é o álbum original de 11 faixas com a curta faixa-bônus “Vicious Circle”), e não me incomodo com o Blind Rage do Accept ter 1 hora e 2 minutos e 30 segundos, com 12 faixas. Voltando ao Saxon, acho que é hora mesmo da banda parar, e este novo disco deles comprovou o tamanho cansaço dos veteranos…
Façamos o seguinte exercício: daqui a 20, 30 anos, desejaremos continuar fazendo o que fazemos? Biff Byford tem 73 anos, Paul Quinn tem 72 anos, os demais vão na mesma linha. Obviamente, não lhes falta dinheiro ou mesmo algo (ainda) a provar. No nosso ideal de fãs, queremos que, diferentemente de nós, nossos ídolos parem no tempo! Eu ouço esses caras, assim como os do Iron Maiden, os do Uriah Heep, Deep Purple, Rolling Stones (Jagger e Richards estão com 80 anos – OITENTA ANOS), e penso no meu próprio envelhecimento, no que ainda gosto e quero fazer e no que já fiz, no que não me agrada mais, no que ainda curto… Relativizem seus ouvidos e percebam que devemos ouvi-los como ouvimos os nossos velhos amigos… Já não faço mais as farras que fazíamos juntos, casamos, filhos, esposas, são outros tempos… Sugiro, como trilha sonora dessa reflexão, o disco do Dokken, “Heaven Comes Down”, do ano passado – um típico petardo de quem já viveu muito e que ainda quer sentar-se conosco em uma boa tarde de sol para tomarmos uma e relembrarmos do passado… Abraços e obrigado pela postagem.
Obrigado pelo comentário, Marcelo! Eu, como disse, até gostei do disco – para ser franco, do Saxon eu não gosto de bem pouca coisa – mas acho que ele não surpreende como “Carpe Diem” o fez em 2022 ou “Call to Arms” em 2011, dois álbuns com músicas bem marcantes. Mas realmente é legal ver a banda se esforçando por compor novas músicas e, sobretudo, continuar fazendo o que sempre fez. Tem músicas legais nesse disco que provavelmente nunca mais serão tocadas ao vivo depois que a turnê acabar. É uma pena…
O “Call to Arms” é muito bom mesmo e o “Carpe Diem”, vez ou outra, retorna à vitrola aqui em casa, mas eu sou mais condescendente com os velhos amigos… Sempre boas discussões por aqui, abraços a todos e vida longa ao site de vocês!
Ouvi o “Call to Arms” recentemente e não gostei muito, achei bem fraco pra dizer o suficiente… É um bom disco sim, mas acho que faltou um pouco mais de peso nas faixas e uma produção top, na altura do conteúdo geral da bolacha para tudo sair perfeito. Pergunto: porque a banda – ou melhor, o Sr. Biff Byford – não pensou antes em chamar o Andy Sneap para produzir essa joça?
Engraçado, a produção do “Call to Arms” não me soa comprometedora! Vou até ouvir o disco de novo, e no contexto de outros da mesma época para ver se concordo!! Valeu o toque, Igor
O que me chamou atenção para o disco é que ele pegaram os temas que as bandas mais gostam de tratar em disco de heavy metal. Acho legal a banda continuar lançando material, mas se tivessem condensado melhor o material de todos esses 5 últimos discos em 3, certamente teríamos discos muito mais sólidos.
Pois então… Nunca tinha pensado nisso, mas quem sabe daria para criar um álbum perfeito do Saxon! Mas impressiona o ritmo de produção de novos álbuns que a banda tem mantido, mesmo.