Rhapsody of Fire – Legendary Years [2017]

Rhapsody of Fire – Legendary Years [2017]

Por André Kaminski

Amada por muitos, odiada por outros muitos (mesmo entre os fãs de power metal há essa divisão), o fato é que a banda causou na cena quando começou a aparecer lá no final dos anos 90. Embora o Helloween seja considerada a banda pioneira no estilo, eles nunca foram exagerados nessa mistura de heavy metal com elementos sinfônicos e teclados. O Manowar já foi para um estilo mais “guerreiros do metal” com suas tangas de bárbaros e peitoral bezuntado em óleo. Os italianos do Rhapsody preferiram mais aquele estilo “nobres medievais” com suas roupas mais bem elaboradas junto à castelos antigos e canções falando de guerreiros, magos e feiticeiros sendo muito mais o lado “D&D” e “Tolkien” da fantasia medieval do que “Conan, o Bárbaro”.

Junta esse visual com vocais agudos exagerados de Fabio Lione e toda aquela aura pomposa do power metal das quais eles levaram ao limite do tolerável, e aí temos o Rhapsody of Fire. Não nego, sempre gostei quando jovem e continuo gostando já me aproximando dos 40 anos.

A banda alcançou a fama entre o público power principalmente após o lançamento de seu segundo disco, Symphony of the Enchanted Lands de 1998. Faixas como “Emerald Sword” e “Wings of Destiny” caíram no gosto do povo e são algumas das “clássicas” canções deles. A banda foi lançando novos discos que, apesar de algumas pequenas diferenças entre eles (um é mais pesado, outro é mais técnico, outro mais sinfônico, outro tem mais teclados, etc), seguem uma fórmula muito firme em relação àquilo que deve conter um disco do Rhapsody of Fire. Ou seja, pega o primeiro e o último álbum da banda e a diferença não vai ser grande em termos de sonoridade e temáticas.

Mas eu invento hoje de pegar o único álbum deles que causou controvérsia (entre os fãs, lógico). Este disco Legendary Years faz exatamente o que algumas bandas já fizeram e 99% das vezes deu errado: regravar velhas faixas com uma nova formação. O tecladista Alex Staropoli (único remanescente das primeiras formações) lidera hoje a banda após as saídas de Luca Turilli e Fabio Lione. Com um novo vocalista Giacomo Voli e contando com Roberto de Micheli (guitarra), Alessandro Sala (baixo) e Manuel Lotter (bateria), eles resolvem regravar várias músicas dos primeiros cinco álbuns desde Legendary Tales [1997] até Power of the Dragonflame [2002], então já sabe que virão novas versões de muitas músicas amadas pelos fãs.

Aliás, talvez seja um pouco errado falar “novas versões”. Creio que o correto seria “regravações” porque logo que você solta “Dawn of Victory” e “Knightrider of Doom” você percebe que essas versões são muito próximas das originais. Então pelo menos se estava preocupado que iriam transformar “Emerald Sword” numa faixa prog metal ou “Wings of Destiny” iriam acelerar a bateria, fique sossegado. A única que notei uma mudança maior foi em “When Demons Awake”, que usou Giacomo usou um vocal rasgado de lascar…

Não vou fazer um repasse de todas as canções como é comum em resenhas, aqui vou me concentrar no feeling geral do disco e das músicas. Aqui não há como negar, elas ficam todas inferiores às originais em três aspectos: vocais, guitarras e produção.

Começando por Giacomo Voli: ele até tem um tom parecido com Fabio Lione, consegue dar seus agudos e tudo mais. Mas o que eu sinto falta na voz dele é a emoção e os cacoetes que Lione dava nas canções originais, que por razões óbvias, Voli não consegue. Lione interpretava cada linha com aquela frescura que todo fã de Rhapsody adora. Já Giacomo é todo certinho, o que faz com que as canções percam em espontaneidade.

Quanto as guitarras, Roberto era até colega de sala de aula de Luca Turilli em tempos mais jovens. Mas Roberto utiliza de tons mais graves do que a guitarra cantante de Luca fazendo com que o som fique mais agressivo ao invés de mais limpo. O tom e o jeito mais brilhoso de Turilli combina melhor com o som da banda. Roberto honrou Turilli tocando tudo certinho, nota por nota, mas não tem jeito, não tem como emular o mesmo toque pessoal que o velho italiano imprimia originalmente nestas canções.

Por fim, a produção. Por mais que eu tenha minhas reservas com Sascha Paeth e seu excesso de “guitarras lá no alto, baixo lá no baixo”, ele ainda soube dosar melhor os discos do Rhapsody os fazendo soarem como deveriam ser: épicos e fantasiosos. Já o próprio Alex Staropoli junto a Sebastian Levermann fizeram justamente o que eu criticava em Paeth mas ainda pior: jogaram as guitarras ainda mais alto e os teclados (que são tocados pelo próprio Staropoli!) ficaram mais acanhados.

Enfim, é um disco que vale como uma compilação um pouco inferior de vários clássicos da banda com um vocalista levemente diferente. Não digo que seja horrível, mas como 99% das vezes que regravam-se as próprias canções, mantenha-se com as originais.

Tracklist

01. Dawn of Victory

02. Knightrider of Doom

03. Flames of Revenge

04. Beyond the Gates of Infinity

05. Land of Immortals

06. Emerald Sword

07. Legendary Tales

08. Dargor, Shadowlord Of The Black Mountain

09. When Demons Awake

10. Wings Of Destiny

11. Riding The Winds Of Eternity

12. The Dark Tower Of Abyss

13. Holy Thunderforce

14. Rain Of A Thousand Flames

15. Where Dragons Fly

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